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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Crianças no ringue: estilo MMA


Marcus Tavares: Crianças no ringue

Estima-se que cerca de três milhões de meninos e meninas se enfrentam, inclusive aos gritos de incentivo dos pais

O Dia

Foi divulgado, nas últimas semanas, na imprensa internacional, que crianças — dos cinco aos oito anos de idade - vêm participando, nos EUA, de lutas livres ao estilo do MMA (Mixed Martial Arts).

Estima-se que sejam cerca de três milhões de meninos e meninas que se enfrentam semanalmente nos ringues, muitos, inclusive, sem nenhuma proteção e aos gritos de incentivo dos pais. O tema veio à tona depois que o fotógrafo Sebástian Montalvo percorreu alguns estados americanos e produziu um ensaio fotográfico. Triste de se ver (confira em http://cnnphotos.blogs.cnn.com/category/sebastian-montalvo ).

Qualquer pai, mãe ou responsável que vê as fotos, já divulgadas nas redes sociais, fica sensibilizado e contrário à prática. É óbvio que as cenas chocam pelo incentivo e exposição à violência em que as crianças estão sendo colocadas. Em sã consciência quem é que pode ser a favor? Não tem como.

Mas me pergunto se algumas famílias brasileiras que inscrevem seus filhos e netos em escolinhas de futebol – ou em qualquer outra modalidade esportiva que acaba promovendo campeonatos internos – estão tão distantes assim das cenas americanas. Acredito que não.

Vocês já presenciaram um final de campeonato infantil de futebol?

Não é raro ver pais incitando sentimentos de competição, rivalidade e rendimento, muito longe dos valores positivos da prática esportiva, como comprometimento, solidariedade e respeito. Tornando-se muitas vezes, ao que parece, tão (ir)responsáveis como os pais das crianças americanas, reproduzindo o mesmo modelo.

Diante de tremenda pressão, meninos e meninas têm de ser os melhores, têm de conquistar medalhas, têm que se destacar, subir aos pódios. A busca para atender aos anseios dos pais é proporcional ao estresse gerado no contexto diário das crianças. Perde-se com isso um espaço que poderia ser lúdico e enriquecedor para o crescimento de todos, adultos e crianças.

Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia

Reproduzido de O Dia/IG
16 nov 2013

domingo, 8 de julho de 2012

Crime de Realengo: o sutiã lilás na tromba do elefante verde e amarelo


Crime de Realengo: o sutiã lilás na tromba do elefante verde e amarelo
                                                                                                
Maria Cristina Schefer [1]
Amanda Motta Angelo Castro [2]
Blasius Silvano Debald [3]

RESUMO: Este artigo, escrito a seis mãos plugadas à rede, examina, do ponto de vista dos estudos culturais: linguagem e gênero, o assassinato de 12 adolescentes brasileiros. Esse crime ocorreu numa única ação, dentro de uma escola, na periferia do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, praticado por um ex-aluno, evento que inaugurou a presença do Brasil no cenário global das brutalidades gigantescas, aquelas fadadas à não-conclusão. Isso, dado as inúmeras variáveis que atravessam as tentativas de se desenhar um “elefante”, sem nunca ter visto ou sequer tateado o animal. O recorte aqui demarcado e o problema da imprecisão serão delineados na ciência técnica da dificuldade de se enxergar para além do aparente, bem como na verificação dos perigos inerentes à banalização de um crime mediante a disputa pela informação entre a mídia e os órgãos investigativos oficiais. Quando, ambos, passam a supor ou nomear fatos (terrorismo, esquizofrenismo) e “coisas” (crianças-terroristas), no calor da emoção, sem distanciamento e rigor, ignoram, respectivamente, outras possibilidades (crime de gênero-exclusão) (jovens-mulheres) e legitimam aquilo que o senso comum e o Ibope alimentam. Recorre-se, como tentativa de dirigir um olhar ampliado, principalmente, à arte cinematográfica e às lentes de aumento de Gus Van Sant [4] (2003), em seu documentário crítico sobre o “similar caso” de Columbine (EUA).

Palavras-chave: Linguagem. Mídia. Terrorismo. Gênero.

Introdução

A parábola budista Os cinco cegos e o elefante, que conta o desafio que um sábio propôs a cinco cegos, para que descrevessem o paquiderme apenas tateando parte do animal, trata-se de uma analogia (de origem popular) que aponta para a impossibilidade de compreensão de um todo, quando se atém a apenas uma parte. Tal conto serviu de inspiração para nomear o documentário de Gustav Van Sant, Elephant (2003) sobre o crime de Columbine (EUA). Ao utilizarem esse “Elephante” para construir o título deste artigo, sobre o crime de Realengo, os autores (por tabela) imprimiram-lhe a parábola citada. Isso sugere aos leitores estudos preliminares (via cinema e narrativa popular) para a “pesada” leitura que segue. De outro modo, os doutorandos buscaram, nesses mecanismos exploratórios, inspiração para refletir sobre outra questão crucial presente ao longo da história da humanidade: a narrativa de fatos em meio a “cegueiras contingenciais”. Especificamente, no caso do crime brasileiro, é possível verificar o velamento da violência praticada contra a mulher, chamando a atenção para o poder de autoridade social dos relatores, dos informantes, de certos excertos e silêncios textuais, que mudam não apenas a manchete de uma “ocorrência”, mas todo o tratamento dado à questão. Pobres, meninas pobres da “escola” brasileira.

Os fatos

Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011. A data no quadro foi escrita. Aparentemente, nenhuma novidade na rotina da Escola Municipal Tasso de Oliveira, situada no bairro do Realengo (zona oeste). Iniciava-se, o que poderia ter sido, mais uma manhã de confraternizações e estudos. Poderia! Não se sabe exatamente, mais ou menos, às 8h30min adentrou, em uma das salas do segundo andar, um suposto palestrante. Tinha um jeito familiar (disseram) e carregava uma bolsa que parecia pesada. Ou ele era pesado?  O fato é que abriu a “tromba” sobre a mesa da professora (que, instintivamente, aguardou pela surpresa próxima da porta); sacou duas armas e começou o que, segundo relatos, pareceu inicialmente uma brincadeira. Uma sequência de mais de cem disparos, nessa e em outra sala, (com pausa para recarregar os revólveres de calibres 38 e 32), ausentou do caderno de chamada, para sempre, 12 adolescentes, dentre eles, dez do gênero feminino. E, desse modo, não foram alvos aleatórios, pois houve uma pré-seleção por parte do agressor; os rapazes foram poupados, bem como as duas professoras. Fato, que foi verificado na perícia, na materialidade do crime, nos depoimentos, pois, segundo os estudantes ainda presentes, o meliante centrou sua fúria na cabeça dasmeninas.  De gaiato ou por identificação, pois memória de elefante é grande, morreram: Igor Moraes da Silva, 13 anos, e Rafael Pereira da Silva, 14 anos. O primeiro sonhava ser jogador de futebol; o segundo, amante de jogos virtuais, estava encaminhando documentação para trabalhar no programa Menor Aprendiz. [5] Algo nesses dois ratinhos (machos) incomodou o assassino.

Já as escolhidas para morrer foram: Mariana Rocha de Souza, 12 anos, estudiosa, jogadora de handebol e de queimada [6] na escola, fã do Restart [7] e de Luan Santana [8]; Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos, somente reconhecida pela família um dia depois do incidente;Bianca Rocha Tavares, 13 anos, gostava de crianças e sonhava ser pediatra; Géssica Guedes Pereira, 15 anos, jogadora de vôlei na escola, gostava de dançar funk; Larissa dos Santos Atanázio, 13 anos. Na foto fornecida à imprensa, aparece posando para modelo; Laryssa Silva Martins, 13 anos, sonhava com a carreira militar: “Ela queria entrar na Marinha”, declarou um familiar; Milena dos Santos Nascimento, 14 anos, sonhava ser modelo e entrar para a faculdade e, por último, Samira Pires Ribeiro, 13 anos, frequentava a escola de Realengo a menos de um mês. Teriam os pais dessa moça dito, à porta da escola: “Aqui vais encontrar o mundo!” [9] (POMPÉIA, 1996, p. 1). Visto que os problemas sociais de um modo ou de outro acabam se refletindo no comportamento dos estudantes, nas práticas escolares, por mais altos que sejam os muros que uma escola possua, eles são ineficazes no que diz respeito a barrar a violência e outras inferências da sociedade.

Como lido, os mortos tinham sonhos situados e datados, de jovens ordinários, [10] periféricos, crentes nas possibilidades de emersão social futura. Na convergência desses desejos, agora imersos, tem-se a identidade dos estudantes.

Contudo, cabe asseverar que, discursivamente, a adolescência lhes foi negada pela mídia, pela sociedade, pois, ao contrário do que delimita o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069/1990), como faixa etária da infância:

 Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade,

Os narradores da tragédia optaram por designar os mortos como crianças, infantes (não falantes). Já, objetivamente, os sobreviventes viraram informantes; doutro modo, os noticiantesnegligenciaram o ECA, no que diz respeito ao uso da imagem de pessoas na faixa etária entre zero e 18 anos: “Art.17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias, crenças, dos espaços e dos objetos pessoais.”

Nesse aspecto, é bom “videolembrar” que uma das “crianças”, um menino, agonizou por cerca de 10 minutos. E, ao que pareceu o seu tamanho (juvenil), não comoveu nem policiais nem outros civis que circularam seu corpo (“sem dó”) após a morte do invasor. Ele não foi salvo,salvou-se, convalesceu por dias numa Unidade de Terapia Intensiva; pouco se ouviu a respeito de sua recuperação. E, talvez, esse jovem seja a única vítima capaz de descrever, não o motivo do crime, mas a dimensão do terror social lá vivenciado. Sofreu ao mesmo tempo diversos ataques: físico, de identidade, de insignificância, de desrespeito.

Paralelamente às informações materiais que, quase em tempo real, foram sendo divulgadas na mídia, as suposições vieram à tona. Instalou-se um “eurekismo” por parte dos jornalistas, “auxiliados” por técnicos das mais diversas áreas, que aproveitaram “as deixas” para palpitarem em rede nacional.  Um crime globalizado! Uma notícia dantesca!

Leia o texto completo no Blog Maria Docente, clicando aqui.

Reproduzido de Blog Maria Docente
06 jul 2012


Leia também em Filosomídia:



"Escola de segurança máxima? - Para educador, a tragédia de Realengo pode reforçar estilo bunker que já entrincheira a sociedade", por Christian Carvalho Cruz . Aliás/Estadão Online (09/02/11) clicando aqui.

"Excesso de violência nas TVs abertas pode causar problemas às crianças", por Priscilla Mazenotti (Repórter da Agência Brasil - 08/12/11) clicando aqui.


"Violência em horário impróprio", por Por Flávia Péret no Observatório da Imprensa (29/3/2011) clicando aqui.

O campeonato midiático-macabro sobre a tragédia acontecida na escola do Realengo em "Perguntas, mortos e feridos" por Washington Araújo no Observatório da Imprensa (12/04/11) clicando aqui.

sexta-feira, 16 de março de 2012

"A televisão me deixou burro, muito burro demais"...


Televisão

Titãs

A Televisão
Me deixou burro
Muito burro demais
Oi! Oi! Oi!
Agora todas coisas
Que eu penso
Me parecem iguais
Oi! Oi! Oi!...

O sorvete me deixou gripado
Pelo resto da vida
E agora toda noite
Quando deito
É boa noite, querida....

Oh! Cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro
Que o espirro
Fosse um vírus sem cura
Vê se me entende
Pelo menas uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...

A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixa
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!

É que a televisão
Me deixou burra
Muito burra demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...

Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...

A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixo
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!...

É que a televisão
Me deixou burra
Muito burra demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...

E eu digo:
Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe...

Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Excesso de violência nas TVs abertas pode causar problemas às crianças


Excesso de violência nas TVs abertas pode causar problemas às crianças

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
08 dez 2011

Brasília – O excesso de violência exibido na programação das TVs abertas pode causar efeitos duradouros nas crianças, diz o diretor adjunto do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, Davi Pires.

“Algumas crianças podem sentir medo. Dependendo da faixa etária, podem ter pesadelos, problemas no sono, irritação durante o dia e até comportamentos violentos”, ressaltou Pires, ao participar de audiência pública sobre o assunto na Câmara. Ele destacou, porém, que o problema mais grave é achar que a violência é algo banal.

Davi Pires considera a classificação indicativa é importante para que pais e educadores protejam as crianças de cenas violentas exibidas na televisão. Ele lembrou que o critério para classificação de um programa por idade é a incidência de cenas de sexo, de uso de drogas e cenas violentas. “Programas jornalísticos, noticiosos, esportivos, eleitorais e publicidade não passam pela classificação”, explicou.

A classificação indicativa também foi defendida pela representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) na Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Roseli Goffmann.

“As TVs no Brasil são controladas por poucas famílias. São concessões públicas. É mais do que razoável que obedeçam a normas e regras passíveis de punição”, disse. “A classificação indicativa é a única forma de regular as TVs”, completou.

A representante da Associação Brasileira de Radiodifusores, Heloísa Helena de Macedo, por sua vez, alertou que não cabe ao Estado definir a programação. Heloísa Helena defende que a classificação seja apenas indicativa, para que os pais em casa possam escolher o que vai ser assistido.

"Todo e qualquer controle deve ser combatido. Cabe aos pais educar os filhos. É um dever dos pais que não deve ser tomado pelo Estado ou agente”, destacou.

Edição: Nádia Franco

Reproduzido de Agência Brasil

Comentários de Filosomídia:

A não classificação indicativa de telejornais e programas noticiosos, em especial, continua um mistério em pleno século XXI a ser des-velado. Se queremos proteger as crianças das cenas de violência que passam em programas que são "ficção" (novelas, filmes, séries) e passam pela classificação, por que não protegê-las dos programas que são ou falam da violência na "vida real" (telejornais, programas noticiosos).

Se as crianças sentem "medo" em frente ao que se passa nos telejornais, os pais estariam dialogando com elas sobre isso? E, os professores nas escolas também o fazem?

Qual (anti)ética move esse mundo dos meios de comunicação desmandando a torto e a direito, demandando informações criando pautas que aterrorizam não só as crianças, mas adultos também? O que há por detrás dessa não classificação?

Teorias da conspiração à parte, não é por demais estranho que no próprio Superior Tribunal Federal (STF) essa discussão sobre a classificação indicativa seja considerada in-constitucional, com ministros dando depoimento e votos contra o ECA, afirmando que a classificação indicativa de programas vai contra a "liberdade de expressão"?  Liberdade? Expressão? De quem, das grandes empresas de comunicação que monopolizam a informação, que fazem questão de que a violência seja mostrada com requintes na grade de programação, inclusive dos telejornais?

Qual o verdadeiro interesse por detrás da não classificação indicativa, em especial de telejornais, quando sabemos dos "esforços" das grandes empresas pela não regulação dos meios de comunicação?


Leia mais sobre a classificação indicativa aqui no blog Filosomídia, clicando aqui.

sábado, 21 de maio de 2011

Televisão: janela para o mundo infantil


Janela para o mundo infantil

"O tema foi objeto de trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia (Grupem) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) com crianças entre seis e sete anos de idade. Uma das constatações do grupo foi que para esse público as notícias da TV constituem um conceito ambíguo e difuso, que poderia incluir fatos e situações ocorridas a qualquer tempo. O trabalho também aponta uma dificuldade das crianças de situar esses acontecimentos nos seus devidos espaços e também uma tendência a confundir jornalismo, ficção e imaginação.

Embora desperte interesse, o sensacionalismo impresso nos telejornais também causa repulsa, resistência e, às vezes, até medo nas crianças. Muitas delas declararam ver telejornal porque à noite os adultos assumem o comando do controle remoto. Ou seja, se sentem obrigadas a assistir aos noticiosos.

Elas percebem a importância de se manterem informadas, mas se tivessem opção, prefeririam outros programas. “Há também uma percepção de que os telejornais só veiculam notícias ruins e tristes. Elas [as crianças] são apresentadas a realidades que prefeririam evitar. Outro problema é que há um hiato entre o que é veiculado e os desejos e interesses infantis. Parece que elas não conseguem estabelecer qualquer tipo de interlocução com o modelo de programa jornalístico brasileiro”, explica a diretora do Núcleo de Publicações e Impressos (NPI) da MULTIRIO, Maria Inês Delorme, cujo tema da tese de doutorado, em andamento na PUC-Rio*, é o conceito de notícia sob a ótica infantil.

Na opinião do jornalista Marcus Tavares, editor do site do RIO MÍDIA, o público infantil tem acesso a uma infinidade de informações, contextos e realidades que nem sempre são de fácil compreensão, quando diante das reportagens. No entanto, o que é apresentado faz parte do mundo em que as crianças vivem. Por isso, negar este acesso seria negar o conhecimento da própria realidade. Porém, ele afirma que é papel tanto dos pais quanto da escola trabalhar a notícia com a criança, sem minimizar ou superdimensionar os acontecimentos. Também é necessário dosar a exposição das crianças diante da TV e mostrar a elas que há outras coisas interessantes e animadoras na programação.


Para Tavares, os meios de comunicação causam forte impacto nas crianças, o que muitas vezes não chega a ser percebido ou questionado pelos adultos. “Antes de tudo, a TV dá unidade às relações que as crianças estabelecem entre si. Por meio dela, elas se entendem como um grupo coeso que compartilha padrões, escolhas, sentimentos e valores políticos, estéticos e éticos. De diferentes contextos socioculturais e econômicos, elas se parecem e se identificam umas com as outras. Falam a mesma língua, vestem-se igual, consomem os mesmos produtos, usam os mesmos acessórios. Tornam-se um grupo que entende o mundo da mesma forma, tem os mesmos sonhos e brinca com, pela e a partir da televisão”, explica."


Fábio Aranha


Leia o texto completo na página de Educamidia clicando aqui.
* O texto acima foi postado sem data. A tese disponível no Portal Domínio Público clicando aqui.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ensaio fotográfico de Jonathan Hobin: as crianças não são mais protegidas pelo horror da notícia e da mídia


"A influência das mídias no mundo infantil

Pesquisas comprovam que a mídia mais presente na vida das crianças é a televisão. A maioria delas acha que assistir TV é uma brincadeira. Muitas vezes sim, mas, como diz o velho ditado popular: “Nem tudo que brilha é ouro”. Existem certos horários e programas de TV que nem é bom elas estarem por perto para assistir, vista a infinidade de horrores que essa mídia traz – pois o público infantil projeta fantasias trazendo-as para o mundo real. Dito isso, não são recentes essas preocupações e indagações dos adultos em relação ao poder da imagem, das possíveis influências da violência televisiva e também dos jogos eletrônicos.

Baseado nessa linha de pensamento, o fotógrafo canadense Jonathan Hobin fez um ensaio querendo mostrar esse mundo cruel, onde as crianças não são mais protegidas pelo horror da notícia e da mídia. Revela ainda como as crianças já brincam de ser “gente grande”. A tragédia de 11 setembro nas Torres Gêmeas, a morte de Diana e American Idol são alguns dos temas apresentados nesta incrível série. Confira:"

Reproduzido de ClicRBS
28 abr 2011

Veja as fotografias do ensaio na página do ClicRBS clicando aqui.

In the Playroom by Jonathan Hobin 

"In the Playroom" is a metaphor for the impossibility of a protective space safe from the reach of modern media. The quizzical disposition of youth and the pervasive nature of the media are symbolically represented in my images through tableau-vivant re-enactments of the very current events that adults might wish to keep out of their child’s world. Just as children make a game of pretending to be adults as a way to prepare and ultimately take on these roles in later life, so too do they explore things that they hear or see, whether or not they completely understand the magnitude of the event or the implications of their play.

Reproduzido de Behance Network
2010

Veja álbuns na página de Jonathan Hobin clicando aqui.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Violência na TV: quais são os limites do jornalismo televisivo?


Violência em horário impróprio

Por Flávia Péret em 29/3/2011

Uma indignação profunda me motiva a escrever este texto. Nos últimos 15 dias assisti na TV (precisamente Rede Globo, Jornal Nacional e Jornal da Globo) a matérias sobre tentativas de assalto seguidas de assassinato que foram gravadas por circuitos de segurança interna e, posteriormente, exibidas. Cenas de execuções sumárias, imagens violentas, veiculadas em horário impróprio para crianças e adolescentes.

Na primeira matéria, um rapaz universitário, em São Paulo, é abordado por dois homens ao chegar em casa à noite. Depois de uma confusão que não entendi totalmente, os assaltantes vão embora, o rapaz volta para fechar o portão, um dos bandidos reaparece e atira na cabeça dele. Na imagem, vemos o corpo caindo, o sangue e, minutos ou segundos depois, os pais apavorados que vêm ao encontro do filho morto. Toda a cena foi filmada pela câmera particular da família e reproduzida (com autorização de quem?) pelas redes de TV.

Nas imagens de hoje (23/3), outro jovem é a vítima, agora de policiais militares (acho que de Bélem). O jovem é abordado, levado para um canto na rua e, de repente, um policial dispara em direção ao corpo do rapaz, ele balança e o tiro parece atingir a barriga. Nesse momento, decido que não vou continuar vendo as imagens e mudo de canal.

Imagens assustadoras

Legalmente, a mídia pode exibir essas imagens? Existe um código de ética que trata da questão? Por que a mídia exibe e reproduz essas imagens? Por que é preciso mostrar a morte? Por que precisamos conviver com essas imagens? Conviver, sim, porque enquanto faço minha aula de ginástica uma TV ligada mostra o assassinato do rapaz em São Paulo. Não tenho o direito de desligar a TV, como fiz hoje em casa. Mostrar a morte, além de desrespeito com os familiares, é uma banalização da violência. Acho que esse assunto merece uma discussão mais profunda, cuidadosa e ética.

Quais são os limites – limite não é censura – do jornalismo televisivo? Qual o futuro do telejornalismo num contexto cada vez mais fotografado, vigiado, filmado? A lógica do furo? Da "melhor" imagem? Da informação "completa"? Do direito à informação? E quando os cinegrafistas são "substituídos" por câmeras que funcionam 24 horas e gravam tudo? É preciso mostrar tudo? Não mostrar a morte é esconder que vivemos num país cada dia mais violento? Mostrar reiteradamente assassinatos tem alguma função, além de criar paranoia e medo na população? Precisamos ver assassinatos como esses para acreditar que eles existem?

Peço desculpa pelos erros e informações incompletas, escrevi no calor da hora, uma espécie de desabafo, espero que vocês de alguma forma possam reverberar essas questão. Por que o cinema (um certo tipo de cinema) discute tanto essas questões e o jornalismo não? As implicações éticas de uma imagem, as representações e ideologias que as imagens engendram e reproduzem, as construções parciais e frágeis de mundo que sustentam, o modo como jornalismo tem lidado com essas imagens me assusta profundamente.


Saiba mais sobre a Classificação Indicativa para telejornais e programas noticiosos no debate online promovido pelo Ministério da Justiça, clicando aqui.

Leia também o texto “Novela sexual: indicada para crianças e jovens?” na Revistapontocom clicando aqui.



sábado, 16 de abril de 2011

O campeonato midiático-macabro sobre a tragédia acontecida na escola do Realengo


"Perguntas, mortos e feridos

Manhã do dia 7 de abril de 2011, uma quinta-feira como outra qualquer na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio. Passos apressados levam Wellington Menezes de Oliveira, um ex-aluno de 24 anos, a entrar por volta das 8h20m na sala de aula nº 4 do 2º andar dizendo que vai fazer uma palestra. Coloca a bolsa em cima da mesa da professora, saca dois revólveres e dá início a um massacre em escola sem precedentes na História do Brasil. Nos minutos seguintes, a atrocidade deixa 12 adolescentes mortos e 12 feridos.

As 96 palavras que escrevi no parágrafo acima fazem uso de 444 caracteres sem espaço para contar que foram assassinados 12 jovens em Realengo e feridos 190 milhões de brasileiros. O resto da história ficará estampado nos telejornais e nos programas de auditório da televisão. Continuará pendurado nos portais noticiosos e também nos blogues da internet. E será recitado por apresentadores e comentaristas de rádio do Brasil.

Saímos da tragédia para investir com armamento pesado na repercussão. Em um primeiro momento a corrida pela emoção nublava de vez qualquer iniciativa de investigação jornalística. Não importa sabermos que a “objetividade” deve ser perseguida a todo custo, em casos como o de Realengo a própria objetividade se encontra presa de pesares e aflições indizíveis. Havia 10 caminhos a percorrer:

1. Testemunhos dos alunos sobreviventes;

2. Testemunhos do policial militar que cumpriu a missão de sua vida: interromper o massacre matando o autor;

3. Testemunho passivo das câmeras de vigilância da Escola colocadas no corredor do 2º andar;

4. Testemunhos dos pais e parentes das jovens vítimas e também das que se encontram em tratamento intensivo nos hospitais cariocas e testemunhos da professora e de outros funcionários da Escola Municipal Tasso da Silveira;

5. Carta do assassino: sinais de distúrbio mental, sociopatia, fundamentalismo religioso, provável vítima de bullying, angústia sexual;

6. Visita exploratória à casa do assassino: tudo destruído, computador quebrado e destruído por fogo e depoimentos de familiares, vizinhos e conhecidos do alucinado Wellington Menezes de Oliveira;

7. Depoimentos de psicólogos sobre como tratar os sobreviventes da chacina e familiares das vítimas;

8. Depoimentos de defensores da tese do Desarmamento Total com convocação de novo plebiscito;

9. Depoimentos da presidenta Dilma Rousseff, do governador Sergio Cabral e do prefeito Eduardo Paes e decretação de luto oficial por três dias no país, no estado e na cidade do Rio de Janeiro;

10. Homenagens às vítimas nos campos de futebol (minuto de silêncio antes do início de vários jogos pelo Campeonato Brasileiro de Futebol; camisas de jogadores trazendo o nome de cada criança assassinada; balões brancos carregando seus nomes e cobrindo as torcidas; Bono Vox do U2 em show no Morumbi, em São Paulo, pedindo desarmamento e telão passando os nomes das 12 vítimas).

(...) Continuo pensando que os profissionais de imprensa, principalmente os que trabalham para emissoras de tevê, deveriam fazer algum curso para saber se portar com um mínimo de decência, um pouco que fosse de humanidade em uma situação como essa da escola em Realengo. Não preciso fazer cinco anos de faculdade de psicologia para compreender que situação tendo um franco atirador em sala de aula é mais que suficiente para gerar trauma profundo. E sei que ser induzido a desabafar suas emoções ao vivo e em cores, para todo o Brasil, em um, dois ou três diferentes telejornais certamente não faz parte de nenhum curso de primeiros socorros psicológicos para vítimas testemunhais de pesada violência.

Queremos apelar? Vamos lá, então. Se fosse a escola onde estudassem os filhos dos editores, dos apresentadores de telejornais, dos donos de revistas, das repórteres mais reconhecidas por seu talento e profissionalismo... será que seus filhos seriam obrigados a passar por todo aquele batalhão com agendas claramente inquisitoriais? Sei que a resposta é não. Não faltaria quem lhes dissesse algo como: “Não, minha filha não vai dar entrevista coisa nenhuma. Nem vem que não tem. O que ela precisa agora é de descanso, uma viagem, esquecer tudo isso e não lembrar tudo isso!”

E que ninguém tenha dúvida: seriam imediatamente atendidos."

Washington Araújo

Leia o texto completo no Observatório da Imprensa clicando aqui.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Comportamento de risco pode ser influenciado por imagens de filmes e televisão


Dando o exemplo: comportamento de risco pode ser influenciado por imagens de filmes e televisão

Um estudo que revisou mais de 25 anos de pesquisa na área aponta que ser exposto a imagens de atividades arriscadas – incluindo filmes, videogames e televisão – aumenta a incidência de comportamento de risco.

A metanálise buscou os dados colhidos em diversas pesquisas feitas entre 1983 e 2009 e que, juntas, somavam mais de 80 mil entrevistados entre 16 e 24 anos. Os estudos usavam diversos métodos, formatos de mídia e focavam diferentes tipos de comportamentos de risco. Os resultados da metanálise, liderada por Peter Fisher, pesquisador da Universidade de Regensburg, na Alemanha, foram publicados no periódico Psychological Bulletin.

De acordo com o autor, os efeitos desse tipo de exposição midiática podem ser sentidos em curto e longo prazo, ou seja, os comportamentos ligados a essa exposição podem aflorar anos depois e quanto maior o tempo de exposição, maior o nível de riscos assumidos.

“A partir de nossa metanálise, a ‘glorificação do risco’, como aparece na TV e nas mídias de uma forma em geral, pode ter consequências e contribuir para aumentar os limites para os comportamentos arriscados e isso, como sabemos, também envolve consumo de álcool e outras drogas e, consequentemente, pode levar a fatalidades diversas, como as vistas no trânsito, por exemplo”, diz Fisher. “Nossos resultados vão à direção de diversas linhas de pesquisas atuais que corroboram a ligação entre risco e influência midiática e como isso afeta nossa cognição e nossas emoções.”

UOL Notícias . 08 abr 2011


A mídia e o caso da Escola Tasso da Silveira no Realengo: visibilidade de vilão e heróis


“O homem não é lobo do homem. O homem é irmão do homem.”

A psicóloga Lidia Aratangy, entrevistada no Jornal da Manhã, falou sobre a importância que a mídia dá para os assassinos nos casos de violência. Em entrevista, ela afirma que as ações de solidariedade entre os seres humanos são maiores do que as de criminalidade.

Por José Armando Vannucci . JP News . 11 abr 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Atriz Carolina Dieckmann critica programação de TV aberta para crianças


Carolina Dieckmann: "Meus filhos não assistem televisão aberta. Hoje não há motivos para isso"

Na gravação do programa Vídeo Game, de Angélica, Carolina Dieckmann e Preta Gil enfrentaram Cleo Pires e Suzana Pires. Nos bastidores, Carolina Dieckmann foi perguntada se esse programa se encaixava entre aqueles que seus filhos assistiam.

Meus filhos não assistem televisão aberta. Hoje não há motivos para assistirem. Os canais pagos fazem uma programação específica para o gosto deles", contou a atriz para o site da revista Contigo!

Ela ainda acrescentou que José, seu filho de dois anos, só quer saber de Batman e Davi, de 11, prefere assistir futebol: “Nada além de SporTV”.

Já a apresentadora Angélica discordou: "Meus filhos podem assistir o que eles quiserem. Claro que no Jornal Nacional, por exemplo, não vou deixar verem nada que possa assustar. Mas eles assistem, adoram". Sobre opções de programas para crianças assistirem em TV aberta, ela garantiu: "Claro que tem! O Vídeo Game, por exemplo, é uma opção".

Para apimentar a história, o diretor Boninho deu sua opinião: “Escreve aí: a Carol é chata”. Ops...

Debora Luvizotto . Vírgula UOL . Famosos
08/04/2011 09h00

Reproduzido do Vírgula UOL. RT + Facebook