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sexta-feira, 6 de março de 2015

Dicionário feito por crianças revela um mundo que os adultos não enxergam mais

O professor Javier Naranjo e alguns de seus alunos

Dicionário feito por crianças revela um mundo que os adultos não enxergam mais

Na Feira do Livro de Bogotá, um dos maiores sucessos foi um livro chamado “Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças”. Nele, há um dicionário com mais de 500 definições para 133 palavras, de A a Z, feitas por crianças.


O curioso deste “dicionário infantil” é como as crianças definem o mundo através daquilo que os adultos já não conseguem perceber. O autor do livro é o professor Javier Naranjo, que compilou informações durante dez anos durante as aulas. Ele conta que a idéia surgiu quando ele pediu aos seus alunos para definirem a palavra criança e uma das respostas que lhe chamou atenção foi: uma criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir cedo.


Veja outros verbetes do livro.

Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)

Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos)

Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos)

Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos)

Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos)

Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos)

Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos)

Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos)

Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos)

Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos)

Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos)

Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos)

Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos)

Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos)

Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos)

Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos)

Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos)

Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos)

Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos)

Universo: Casa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos)

Violência: Parte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos)

Reproduzido adaptado de Repertorio Criativo
06 mar 2015

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Juliana Doretto: Por que gosto de crianças


Por que gosto de crianças.

Por Juliana Doretto
Coluna Ruth de Aquino
Época

Esqueça essa história de que elas são puras, angelicais e ingênuas. O ser humano não é assim; e elas não são alienígenas. Também não quer dizer que perto delas nos sentimos mais jovens. Balela: elas têm uma energia que nos faz lembrar como já tivemos mais fôlego. Elas são engraçadas o tempo inteiro? Ao contrário. As menores não se constrangem em mostrar a tristeza e, como num drama televisivo mexicano, aprofundam a dor enquanto podem.

Eu gosto de crianças porque elas são um desafio. Pouco treinadas na arte das regras sociais, subvertem os códigos das respostas esperadas, dos comportamentos aceitáveis, do contrato de boas maneiras. Eu não quero dizer que adoro crianças birrentas e mimadas. Aliás, é comum ouvirmos hoje que os “miúdos”, como se diz cá em Portugal, estão cada vez mais terríveis. Mas não há nada de errado ou diferente com os meninos e meninas de hoje. O que parece ter mudado é o crescimento de uma dificuldade profunda dos pais em mostrar a seus filhos que a vida cotidiana é formada também por tijolos de frustração, entremeados por incompletude em massa.  O processo de educar, no sentido doméstico do termo, é mostrar que fazemos o possível, e conseguimos o que podemos.

A subversão a que me refiro é a resposta malandra, a esperteza de se saber mais inteligente do que seu interlocutor, mas esconder isso. Ou melhor: estar acostumado a sempre ser subestimado, e dar a volta, com brilhantismo, nessas situações. Eu, como pesquisadora e como jornalista, entrevisto meninos e meninas há uns bons anos. Já cansei de contar em quantas situações me senti uma estúpida, depois da argumentação brilhante da criança à minha questão – que eu achava muito bem articulada, até o seu desmonte total.

Não comece, caro leitor, com o discurso de que são as tecnologias que as fazem mais brilhantes do que nós éramos quando crianças. Você e eu já não nos lembramos muito bem das situações vividas na nossa infância. E, pelo que eu saiba, todo pai e mãe babões dizem ter filhos superdotados até que o contrário seja mostrado. E isso desde muito antes do telefone de disco.

Além disso, em minha pesquisa de doutoramento, entrevisto crianças com diferentes graus de uso das tecnologias. E não houve, nesse ponto em questão, nenhuma diferença berrante. A criança é esperta porque está aprendendo a viver num mundo onde poucos acham que ela tenha algo importante a dizer: e isso se refere sobretudo ao lugar que lhes é atribuído por excelência, a escola. Que o digam os bravos professores que lutam contra essa ditadura do silêncio infantil na sala de aula.

Vamos a exemplos, para clarificar meu ponto. Dou um livro a um menino e pergunto se ele gostou: “Não sei, ainda não li”. Pergunto a outro se ele é amigo de todas as pessoas que ele tem no Facebook: “É claro que não. Desde quando amigo do Facebook é amigo de verdade?”. Pergunto à menina se o celular dela já tocou no meio da aula: “Já, foi sem querer, mas eu tento cumprir as regras. Já minha professora atende sempre...” E, no meio da entrevista, a garota disse que o papo estava muito chato, e resolve parar a conversa para tocar violão.

Já o adulto resiste bravamente à entrevista moribunda, e responde a todas as questões do entrevistador, mesmo com ar enfadonho. Afinal, é preciso ser educado. Falar mal de outra pessoa numa conversa com um jornalista? É preciso pensar bem nas consequências do ato. Mostrar que a pergunta do investigador foi estúpida? Melhor não ser rude, ainda que a expressão facial do entrevistado não esconda (por mais que ele queira) sua opinião.

Por isso, para se relacionar bem com crianças que não são nossas filhas ou alunas (ou seja, com quem não temos muita convivência) é preciso, em primeiro lugar, ter respeito. Porque dali não virá o tipo de comportamento a que estamos acostumados. Dali virá uma esperteza refinada e uma sinceridade ponderada: elas já sabem que não podem contar tudo, mas a forma como escolhem o que dizem não está no nosso catálogo social. Faz parte da maneira como elas descobrem o mundo, dos códigos que já absorveram ou não.

Por isso eu gosto de crianças. Porque elas são tão mais bem-humoradas do que os adultos. Elas tiram sarro na nossa cara, e fingem que não têm consciência do que estão a fazer. Com as bobagens que andamos ouvindo em época pós-eleitoral, seria bom aprender com a brejeirice das crianças.


Juliana Doretto . Paulista, jornalista e faz doutorado em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa

Reproduzido de Época
09 nov 2014

Conheça a página “O Jornalzinho” (Diário de uma pesquisa de jornalismo infantil) de Juliana Doretto, e o perfil da jornalista/pesquisadora, clicando aqui. Mais informações sobre seu livro "Pequeno leitor de papel", clicando aqui.


Comentário de Filosomídia:

Gostei muito de sua crônica e das cutucadas que nos dá para refletirmos a respeito de como nos relacionamos com as crianças - filhas e mesmo as desconhecidas - na vida, em casa, na escola e na pesquisa nesses dias atuais. Nossa "desconcertância" em frente a elas coloca esse desafio de apurarmos nossas percepções e superarmos limites que colocamos nessa relação eventualmente marcada por preconceitos, presunção na "vontade de dominação" delas e, decerto mal humor.

Lembrei de Jorge Larossa em "O enigma da infância" no "Pedagogia Profana" e algumas citações bem provocativas dele, por exemplo, Peter Handke: "nada daquilo que está, constantemente, citando a infância é verdade; só é aquilo que, reencontrando-a, a cita". Você, Juliana Doretto, citou e mandou bem. Obrigado e, vamos que vamos nos desconcertando, des-cobrindo essa criançada e nos des-cobrindo com elas em meio a esse mundo, digamos, tão complicado, que nós insistimos em viver...

Bem ver, bem ouvir e bem falar com as crianças é difícil, é fácil...

Paqonawta

domingo, 29 de junho de 2014

“Constelações”, o novo livro de Severino Antônio


“Constelações”, o novo livro de Severino Antônio

É com a conhecida delicadeza no uso das palavras de seu escritor que o livro “Constelações” dá espaço e voz às crianças, apresentando, por meio de textos e pequenos poemas, a experiência da escuta poética de Severino Antônio com os pequenos.

“A matriz criadora deste livro é precisamente a conversa com as crianças, o acolher a escuta poética que elas fazem. Contrariamente à etimologia da palavra infante, a infância tem voz e precisa ser ouvida.” Assim como Severino escreve na introdução do livro, as 72 páginas de “Constelações“ trazem a reflexão da criança como sujeito, “sujeito ativo e criador de conhecimento e de vida. Sujeito que precisa de diálogos para a educação de sua inteligência, de sua sensibilidade, de sua imaginação”, como afirma o escritor. O livro tem objetivo de conversar poeticamente com leitores de diferentes idades, de dialogar com eles suas experiências de escrever e reescrever o texto da sua existência.

“Os textos, expostos no livro, são impressionantes, parecem criados por grandes escritores, artistas, pensadores. Representam a capacidade de linguagem e de pensamento das crianças, de todas as crianças: não há vida que seja desprovida de sensibilidade, de inteligência, de imaginação. Infelizmente, essa capacidade vai sendo destruída ao longo da vida”, explica o escritor, que defende questões permanentes como não dissociar inteligência e sensibilidade, principalmente na educação das crianças; educar os adultos para que escutem as crianças e valorizem as perguntas filosóficas e imagens poéticas que elas criam; poetizar o pedagógico, para que não seja desfigurado o desejo de conhecer e a alegria de pensar.

A obra é dividida em duas partes. A primeira leva ao leitor textos criados com vozes e histórias de crianças, suas imagens poéticas, suas perguntas filosóficas e seus fazeres criadores. Já na segunda parte do livro uma constelação é formada com pedaços de poemas e outros pequenos poemas; são evocações e invocações com ressonâncias e correspondências. O livro constitui de uma poética de reencantamento do mundo, que concebe a poesia como raiz da linguagem e utopia da palavra.

“Constelações” é o segundo livro do escritor pelo selo Adonis e o primeiro da série “Amigos da poesia”, que reúne a publicação de grandes nomes e revelações da poesia nacional, dentre eles, Rubem Alves, Tarcísio Bregalda, Regis de Moraes, Carlos Rodrigues Brandão e Margareth Brandini Park.

Reproduzido de Azul celeste
12 mai 2014

Currículo Lattes do autor, clicando aqui.

Áudio de entrevista a Marilu Cabañas (Rede Brasil Atual) clicando aqui.


Educar é criação de sentido, formação humana. Essa é a concepção que atravessa as páginas deste livro, que traz uma breve constelação de experiências criativas a ser feitas com crianças, para desenvolver sua capacidade de linguagem e pensamento, de diálogo e convivência, e também para que possam se reconhecer e ser reconhecidas como autoras de palavras, de ideias, de imagens, de ritmos. 

Severino Antônio
Cursou Letras e, mais tarde, o Mestrado e o Doutorado em Educação. Faz quarenta anos que trabalha com ensino de Redação e Leitura, Literatura, Filosofia, e também com formação de professores. Tem ministrado palestras e cursos em muitos lugares do Brasil sobre a questão do desenvolvimento da capacidade de criação no escrever, no ler, no pensar. É professor do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária Unisal-SP. 

Katia Tavares 
Graduada em Serviço Social e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, professora, psicopedagoga, especialista na teoria e programa de desenvolvimento cognitivo e avaliação da aprendizagem, de Reuven Feuerstein, do Centro Internacional de Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem (ICELP), de Jerusalém, Israel. Tem formação em pedagogia Waldorf e fundamentação em Antroposofia; formação em Terapia Biográfica (cursando) e em Filosofia para crianças, de Matthew Lipman. Atualmente é professora no Colégio Drummond, em Lorena (SP), e psicopedagoga no Colégio Emílio Ribas, em Pindamonhangaba (SP). Ministra palestras sobre educação e desenvolvimento humano e áreas afins.

Reproduzido de Editora Adonis

Outras obras do autor:

"Uma pedagogia poética para as crianças" (Adonis, 2013)
"Uma nova escuta poética da educação e do conhecimento" (Paulus, 2009)
"A menina que aprendeu a ler nas lápides" ( Biscalchin, 2008)
"O visível e o invisível" (Verus, 2008)
"Poetizar o pedagógico" (Biscalchin, 2012)
"Escrever é desvendar o mundo" (21ª edição, Papirus, 2010)
"A Irmandade de todas as coisas - diálogo sobre Ética e Educação"(Ed. Diálogos do Ser, 2010)
"Novas Palavras" (FTD, 2011)
"A utopia da palavra" (Lucerna, 2002)
"Educação e Transdisciplinaridade" (Lucerna, 2002)



terça-feira, 4 de junho de 2013

Projeto Criança Pequena em Foco: Vamos ouvir as crianças?


Vamos ouvir as crianças?

Crianças entre 4 e 12 anos podem ajudar a formular políticas públicas? Não só podem como devem. E se alguém tem alguma dúvida de como ouvi-las neste processo de escuta, o projeto Criança Pequena em Foco, do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip) dá boas pistas. Ao longo de 2012, cerca de 100 crianças das favelas Santa Marta, Babilônia e Chapéu-Mangueira, localizadas no Rio de Janeiro, foram convidadas a participar de diferentes oficinas para retratarem as comunidades e identificarem as necessidades locais, auxiliando assim a construção de políticas públicas.

As dinâmicas foram sistematizadas e reunidas na publicação “Vamos ouvir as crianças?” que acaba de ser lançada pelo Cecip. O livro divulga as metodologias utilizadas nas oficinas. “A publicação surge no contexto da iniciativa Cidade Amiga da Criança do Unicef, que defende que o respeito aos direitos das crianças nas cidades passa por incluir sua participação no planejamento e execução de ações a elas destinadas. O Projeto Criança Pequena em Foco também acredita nessa ideia e esse caderno é uma ferramenta que convida órgãos públicos e organizações não-governamentais, escolas e organizações comunitárias a incluir nas suas práticas a escuta das crianças. Seria um desperdício não aproveitar sua criatividade, imaginação e desejo de contribuir com o diagnóstico e com a solução para os problemas que afetam a todos”, destaca Moana Van de Beuque, coordenadora do Projeto Criança Pequena em Foco.

A obra traz os detalhes de cada uma das dez oficinas realizadas: confecção de crachás, leitura do livro crianças como você; brincadeira lugares da comunidade; jogo os caminhos das crianças; como se brinca na rua?; mapa afetivo; linha do tempo; o que é bom e o que é ruim na sua comunidade?; vídeo jornal das crianças; e passeio fotográfico. “A metodologia não é um camisa de força para a elaboração das oficinas, mas uma referência, apenas. A partir das experiências dos facilitadores e das características de cada grupo, novas propostas serão construídas e adaptadas, em um aprendizado constante. A metodologia apresentada também pode servir de inspiração para que outros temas e questões sejam trabalhados e pesquisados com crianças”, destaca trecho da obra.

Faça o download do livro.

Reproduzido de Revistapontocom
30 mai 2013

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sobre as desgraças: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais...


Sobre as desgraças

Inês Teotónio Pereira

Um dos meus filhos que é do Sporting, habituado portanto ao dissabores e às desilusões da vida, confessava-me que as únicas notícias que ele gosta de ver na televisão são as notícias sobre futebol.  Porque, e cito, “as notícias de futebol não falam de desgraças”. Isto dito por uma criança do Sporting, que nem sequer gosta muito de futebol, exige o dobro da atenção e é bastante revelador: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais. E percebe-se porquê.

É certo que a vida é difícil, que existem guerras a mais no mundo e que o ânimo foi de férias para parte incerta, mas também é verdade que as notícias deprimem ainda mais do que a realidade. E deprimem uma família inteira. As crianças não se esforçam para gostarem ou para se interessarem pelas coisas – elas gostam ou não gostam - por isso também não se esforçam para ver um telejornal. Acham tudo aquilo deprimente e voltam as costas ainda o apresentador não acabou de ler o primeiro parágrafo no teleponto.

Qualquer família que se reúna em volta de um qualquer telejornal é ao fim de meia hora uma autêntica bomba relógio de má disposição e representa um verdadeiro perigo para os seus membros, para a boa disposição nacional e até para a alegria familiar.

Ora, isto é um dilema para um pai ou para uma mãe que se queira manter toda a família informada e ao mesmo tempo preservar em casa um ambiente alegre. Impossível. A televisão, não deixa. Alegria, boa disposição e optimismo são absolutamente incompatíveis com qualquer telejornal português. E é por isso que os meus filhos confundem notícias com crise, realidade com depressão e jornalismo com drama.

A boa notícia é que as derrotas do Sporting já são, no fundo, boas notícias. Quanto ao resto, receio que estejamos a criar uma geração de iletrados noticiosos. Ou coisa parecida.

08 set 2011



Leia mais sobre as pesquisas em Educação e Comunicação em Portugal, disponibilizados pela Universidade da Beira clicando aqui, e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, clicando aqui.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Televisão e Natal: o mesmo dia, o mesmo tempo recomeçou na programação


Por um Natal sem neve na TV

Quem mantém as TVs comerciais são os anunciantes. Mas, apesar disso, as emissoras poderiam ter um pouco mais de criatividade. Não há Natal na TV brasileira sem a milésima reprise do filme “Esqueceram de mim”, com neve em quase todas as cenas ou sem o indefectível “especial”, sempre com o mesmo cantor.

Laurindo Lalo Leal Filho
(*) Artigo públicado originalmente na edição de dezembro da Revista do Brasil.

O final de ano na TV é sempre previsível. A propaganda cresce e os programas se repetem. São filmes com muita neve, os mesmos musicais e as infalíveis resenhas jornalísticas.

A televisão no Brasil não dita apenas hábitos, costumes e valores mas também o ritmo de vida da maioria da população. Nos dias úteis com seus horários para “donas de casa”, crianças e adultos e nos fins de semana, com uma programação diferenciada, supostamente mais adaptada ao lazer.

Mas não fica ai. A TV organiza também as comemorações das efemérides ao longo do ano, das quais o ponto alto é o Natal. Com muita antecedência saltam da tela canções da época e muita propaganda, criando clima para o “espírito natalino”.

As crianças são o alvo principal da publicidade. Se já são bombardeadas com apelos de compra o ano todo, no Natal a pressão cresce.

Apresentadoras joviais e alegres conquistam a confiança dos pequenos telespectadores com seus dotes artísticos para, em seguida, atraí-los para as compras, no mais das vezes, desnecessárias. Da classe média para cima é comum ver crianças com brinquedos pouco ou nada usados, comprados apenas como resposta aos apelos publicitários.

Mas a TV não está só nas casas de quem pode comprar. Hoje ela é um bem universalizado no Brasil, advindo dai a sensação de exclusão sofrida por crianças cujas famílias estão impossibilitadas de satisfazer seus desejos. Esse desconforto resulta da crença de que o consumo é um valor em si, substituto da cidadania. Só é cidadão quem consome.

“O que singulariza a grande corporação da mídia é que ela realiza limpidamente a metamorfose da mercadoria em ideologia, do mercado em democracia, do consumismo em cidadania” diz o professor Octávio Ianni no “Príncipe Eletrônico”, artigo que se tornou referência para a discussão do papel político da comunicação nas sociedade modernas.

No Natal a metamorfose atinge o auge e segue até a virada do ano. As mercadorias ganham vida na TV e estão à disposição para satisfazer todos os nossos desejos, o mercado oferece democraticamente a todos os mesmos produtos e ao consumi-los exerceríamos nossos direitos de cidadãos. São falácias muito bem embaladas em luz, cores e sons sedutores.

As regras do jogo são essas. Quem mantém as TVs comerciais são os anunciantes. Mas, apesar disso, as emissoras poderiam ter um pouco mais de criatividade. Não há Natal na TV brasileira sem a milésima reprise do filme “Esqueceram de mim”, com neve em quase todas as cenas ou sem o indefectível “especial”, sempre com o mesmo cantor.

Dessa mesmice nem o jornalismo escapa. As chamadas resenhas de final de ano não são mais do que colagens em forma de “clips”, usadas mais para reviver sustos já sofridos pelo telespectador do que para informar. Em determinado ano, que pode ser qualquer um, o apresentador famoso abria a resenha na principal rede de TV exclamando: “um ano de arrepiar em todo o planeta. Incêndios, terremotos, furacões”. E dá-lhe imagens espetaculares que, de notícia, pouco tem.

Podia ser diferente? Claro que sim. Poderíamos ter na TV um Natal mais brasileiro e um final de ano criativo (com a publicidade mais controlada). Realizadores não faltam, o que faltam são oportunidades para mostrarem seus trabalhos. Mais de 200 deles apresentaram pilotos de programas no Festival Internacional deTelevisão, realizado em novembro no Rio. Não haveria ai gente capaz de tirar a televisão da rotina desta época?

Criatividade é o que não falta na produção audiovisual brasileira. Precisamos é de ousadia para mostrá-la ao público oferecendo bens culturais capazes de enriquecê-lo espiritualmente. Ou como dizia um diretor da BBC, a melhor TV do mundo: “temos a obrigação de despertar o público para idéias e gostos culturais menos familiares, ampliando mentes e horizontes, e talvez desafiando suposições existentes acerca da vida, da moralidade e da sociedade. A televisão pode, também, elevar a qualidade de vida do telespectador, em vez de meramente puxá-lo para o rotineiro”.

Belo desafio, não? Feliz Natal.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Reproduzido de Carta Maior
19 dez 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

Ignacio Ramonet: "o jornalismo tradicional está se desintegrando completamente"


O cidadão vive numa sensação de insegurança informativa

“O homem moderno está em perigo de se tornar um completo ignorante da informação", disse Ignacio Ramonet, especialista em mídia, em seu novo livro “A explosão do jornalismo (Edições Galilée, Paris, 2011). O desenvolvimento da Internet, que ameaça a “imprensa do papel (escrita)”, pode também marcar o surgimento de uma democracia renovada, transparência e fluidez a corroer todas as dominações.

"Le citoyen vit dans un sentiment d'insécurité informationnelle"

"L'homme contemporain court le risque de devenir un ignorant bourré d'information", explique Ignacio Ramonet, spécialiste des médias, dans son nouveau livre L'Explosion du journalisme (Éditions Galilée, Paris, 2011). Le développement d'Internet, s'il menace la presse papier, pourrait aussi marquer l'essor d'une démocratie renouvelée dans laquelle transparence et fluidité éroderaient toutes les dominations.

Entretien réalisé par Frédéric Durand (L'Humanité, Paris)

Vous dites que “le journalisme traditionnel se désintègre complètement”.

Ignacio Ramonet. Oui, parce qu'il est attaqué de toutes parts. D'abord il y a l'impact d'Internet. Il est clair qu'Internet, en créant un continent médiatique inédit, a produit un journalisme nouveau (blogs, pure players, leaks.) directement en concurrence avec le journalisme traditionnel. Ensuite, il y a ce qu'on pourrait appeler la « crise habituelle » du journalisme, qui préexistait à la situation actuelle, c'est-à-dire la perte de crédibilité, directement liée à l'accélération générale des médias ; la consanguinité entre un certain nombre de journalistes et d'hommes politiques. Le tout suscitant une méfiance générale du public. Enfin, il y a la crise économique qui provoque une chute très importante de la publicité, principale source de financement des médias privés. Ce qui entraîne de lourdes difficultés de fonctionnement pour les rédactions.

Vous évoquez une perte de crédibilité, pourquoi?

Ignacio Ramonet. La perte de crédibilité des grands médias s'est accentuée ces deux dernières décennies essentiellement comme conséquence de l'accélération du fonctionnement médiatique. La presse n'a jamais été parfaite, faire du bon journalisme a toujours été un combat. Mais depuis le milieu des années 1980, nous avons assisté à deux substitutions. D'abord, l'information en continu à la télévision, plus rapide, a pris le pas sur l'information délivrée par la presse écrite. Cela a abouti à une concurrence plus vive entre médias, une course de vitesse qui laisse de moins en moins le temps de vérifier les informations. Ensuite, à partir du milieu des années 1990 avec le développement d'Internet, et depuis deux ou trois ans avec l'irruption de « néojournalistes », ces témoins-observateurs d'événements (sociaux, politiques, météorologiques, faits divers. ) qui sont une nouvelle source d'information extrêmement sollicitée par les médias eux-mêmes.

Malgré ces pratiques de proximité, le public semble avant tout justifier sa défiance à l'égard de la presse par la promiscuité entre le pouvoir et les journalistes.

Ignacio Ramonet. Pour la plupart des citoyens, le journalisme se résume à quelques journalistes : ceux que l'on voit toujours et partout. Une vingtaine de personnalités connues, qui vivent un peu « hors sol », qui passent beaucoup de temps « embedded » avec les hommes politiques, et qui sont globalement fort conciliants avec eux. Bref, il s'est ainsi constituée une sorte de noblesse du quant à soi, leaders politiques et journalistes célèbres vivent et se marient même entre eux, c'est une nouvelle aristocratie. Mais ce n'est pas du tout la réalité du journalisme. La caractéristique principale de ce métier, aujourd'hui, c'est avant tout : la précarisation. La plupart des jeunes journalistes sont exploités, très mal payés ; ils travaillent à la pige, à la tâche, dans des conditions préindustrielles. Plus de 80 % des journalistes ont de petits salaires, toute la profession vit sous la menace de licenciements. Donc, à tous égards, la vingtaine de journalistes célèbres n'est pas représentative et masque la misère sociale du journalisme français. Et cela n'a pas changé avec Internet, cela s'est même aggravé. Dans les sites d'information en ligne créés par la plupart des médias, les conditions de travail sont encore pires. Est ainsi apparue une nouvelle sorte de journalistes exploités : les forçats de l'info, les pigistes d'abattage, les OS du Web, les galériens du clavier. Ce qui peut les consoler c'est que, peut-être, l'avenir leur appartient.

Dans ces conditions le journalisme peut-il encore se prévaloir du titre de quatrième pouvoir, agit-il encore comme un contre pouvoir?

Ignacio Ramonet. On assiste à une extraordinaire concentration des médias. Si on observe la structure de la propriété de la presse nationale française, on constate qu'elle est entre les mains d'un très petit nombre de groupes. Une poignée d'oligarques - Lagardère, Pinault, Arnault, Dassault. -, est devenue propriétaire des grands médias français. Des médias qui expriment de moins en moins une pluralité mais sont soupçonnés de protéger les intérêts des grands groupes financiers et industriels auxquels ils appartiennent. En ce sens il y a crise du « quatrième pouvoir ». Sa mission historique, qui consiste à créer une opinion publique disposant d'un sens critique et susceptible de participer activement au débat démocratique, n'est plus garantie. Aujourd'hui, les médias cherchent, au contraire, à domestiquer la société pour éviter toute remise en cause du modèle dominant. Les grands médias ont créé un consensus autour d'un certain nombre d'idées (la mondialisation, la construction européenne, le nucléaire, le libre-échange.) considérées comme étant « bonnes pour tout le monde » et qui ne peuvent être contestées. Si vous les contestez, vous quittez ce qu'Alain Minc appelle le « cercle de la raison ». Vous êtes donc dans la déraison.

Vous appelez de vos voux un cinquième pouvoir.

Ignacio Ramonet. Oui, si l'on fait le constat que le « quatrième pouvoir » ne fonctionne pas, cela pose un grave problème à la démocratie. Car il n'est pas imaginable de concevoir une démocratie sans véritable contre-pouvoir de l'opinion publique. L'une des spécificités d'une démocratie réside dans cette tension permanente entre le pouvoir et son respectif contre-pouvoir. C'est ce qui fait la versatilité, l'adaptabilité et la réalité de ce système. Le gouvernement a une opposition, le patronat a les syndicats. Mais les médias n'ont pas - et ne veulent pas avoir ! - de contre-pouvoir. Or il y a une forte demande sociale d'informations sur l'information. Beaucoup d'associations, comme l'Acrimed, par exemple, passent déjà au crible de la véracité, le fonctionnement des médias. Les gens veulent savoir comment fonctionne la manipulation médiatique. Pour mieux s'en défendre. C'est ainsi qu'aujourd'hui nos sociétés démocratiques construisent, dans le tâtonnement bien entendu, un « cinquième pouvoir ». Le plus difficile étant de faire admettre aux médias dominants que ce « cinquième pouvoir » puisse exister et qu'ils lui donnent la parole.

Vous faites dans votre ouvrage un constat alarmant sur l'avenir de la presse écrite en général, qu'en est-il de la presse d'opinion?

Ignacio Ramonet. Les journaux les plus menacés sont, selon moi, ceux qui reproduisent toutes les informations générales et dont la ligne éditoriale se dilue totalement. Si pour le citoyen il est important que toutes les opinions s'expriment, cela ne veut pas dire que chaque média, en son sein, soit obligé de reproduire toutes ces opinions. En ce sens, la presse d'opinion, non pas une presse idéologique qui se ferait le relais d'une organisation politique, mais une presse d'opinion capable de défendre une ligne éditoriale définie par sa rédaction, est nécessaire. Dans la mesure où, pour tenter de combattre la crise de la presse, des journaux ont décidé de mettre sur le même plan, dans leurs colonnes, toutes les thèses politiques, de l'extrême gauche à l'extrême droite, au prétexte que tout se vaut, de nombreux lecteurs ont cessé d'acheter ces journaux. Parce que l'une des fonctions d'un journal, en plus de fournir des informations, est de conférer une « identité politique » à son lecteur. Or désormais, « leur » journal ne dit plus, aux lecteurs, qui ils sont. Au contraire, ils troublent son identité politique et l'égarent. Ils achètent, mettons, Libération et y lisent, par exemple, un entretien avec Marine Le Pen. Pourquoi pas ? Mais ils peuvent y découvrir qu'ils ont peut-être quelques idées en commun avec le Front national. Et nul ne les rassure. Et cela les inquiète. Un tel brouillage de ligne a confondu de nombreux lecteurs. D'autant qu'aujourd'hui le flot d'informations qui circule sur Internet peut leur permettre de se faire leur propre opinion. En pleine crise des médias, le succès de l'hebdomadaire allemand Die Ziet est significatif. Il a choisi d'aller à l'encontre des idées et des informations dominantes, avec des articles de fond, longs, parfois ardus. Et il voit ses ventes s'accroître. Au moment où toute la presse fait la même chose : des articles de plus en plus courts, avec un vocabulaire d'à peine 200 mots. Die Ziet a choisi une ligne éditoriale claire et distincte, et se souvient par ailleurs que le journalisme est un genre littéraire.

S'agissant de cette hyperabondance d'informations, d'Internet et de ses réseaux sociaux, vous évoquez tour à tour sagesse collective et abrutissement collectif?

Ignacio Ramonet. Jamais dans l'histoire des médias on a vu les citoyens contribuer autant à l'information. Aujourd'hui, si vous mettez une information en ligne, elle peut être contredite, complétée, discutée par tout un essaim d'internautes, qui, sur beaucoup de sujets, seront au moins aussi qualifiés, voire plus, que le journaliste auteur de l'article. Donc on assiste à un enrichissement de l'information grâce à ces « néojournalistes », ceux que j'appelle les « amateurs-professionnels ». Rappelons que nous sommes dans une société qui n'a jamais produit autant de diplômés de l'enseignement supérieur, le journalisme s'adresse donc aujourd'hui à un public, qui par segments, bien sûr, très éduqué. Par ailleurs, les dictatures qui veulent contrôler l'information n'y parviennent plus, on l'a vu en Tunisie, en Égypte et ailleurs. Souvenons-nous que l'apparition de l'imprimerie, en 1440, n'a pas uniquement transformé l'histoire du livre, elle a bouleversé l'histoire et le fonctionnement des sociétés. De même, le développement d'Internet n'est pas qu'une rupture dans le champ médiatique, il modifie les rapports sociaux. Il crée un nouvel écosystème qui produit parallèlement une extinction massive de certains médias, en particulier de la presse écrite payante. Aux États-Unis quelque 120 journaux ont déjà disparu. Cela veut-il dire que la presse écrite va disparaître ? La réponse est non, l'histoire montre que les médias s'empilent, ils ne disparaissent pas. Cependant, peu de journaux vont résister. Survivront ceux qui auront une ligne claire, qui proposeront des analyses fouillées, sérieuses, originales, bien écrites. Mais le contexte d'hyperabondance d'informations a également pour effet de désorienter le citoyen. Il n'arrive plus à distinguer ce qui est important et ce qui ne l'est pas. Qu'est-ce qui est vrai, qu'est-ce qui est faux ? Il vit dans un sentiment permanent d'insécurité informationnelle. De plus en plus, les gens vont donc se mettre rechercher des informations de référence.

Comment assurer un avenir à l'information et à ceux qui la font alors que celle-ci est désormais accessible gratuitement?

Ignacio Ramonet. S'il est incontestable que c'est la presse en ligne qui va dominer l'information dans les années à venir, reste évidemment à trouver un modèle économique viable. Pour l'instant, la culture dominante d'Internet est effectivement la gratuité. Mais nous sommes, au moment actuel, entre deux modèles, et aucun des deux ne fonctionne. L'information traditionnelle (radio, télévision, presse écrite) est de moins en moins rentable, et le modèle de l'information en ligne ne l'est pas encore, à de très rares exceptions près.

Au fond, ces nouveaux espaces médiatiques ont-ils une chance de modifier les rapports de domination qui prévalent aujourd'hui au sein même de la société?

Ignacio Ramonet. J'ai consacré, dans mon ouvrage, un chapitre important à WikiLeaks (site Internet qui donne audience aux « fuites d'informations » - NDRL). C'est le domaine de la transparence. Dans nos sociétés contemporaines, démocratiques, ouvertes, il sera de plus en plus difficile, pour le pouvoir, d'avoir une double politique : l'une vis-à-vis de l'extérieur, et l'autre plus opaque, plus secrète, à usage interne, où le droit et les lois peuvent être transgressés. WikiLeaks a fait la démonstration que les médias traditionnels ne fonctionnaient plus et n'assumaient plus leur rôle. C'est dans la niche de leurs carences que WikiLeaks a pu pousser et se développer. Ce site a aussi dévoilé que la plupart des États avaient un côté obscur, caché. Mais le grand scandale, c'est qu'après les révélations de WikiLeaks, il ne se soit rien passé ! Par exemple, WikiLeaks a révélé que, à l'époque de la guerre d'Irak, un certain nombre de dirigeants socialistes français allaient faire allégeance à l'ambassade des États-Unis à Paris pour expliquer aux Américains que s'ils avaient été au pouvoir, ils auraient engagé la France dans cette guerre. Et cela n'a pas fait de vague. Alors que c'était presque de la haute trahison.

Cette évolution vers plus transparence peut-elle alors avoir des effets concrets?

Ignacio Ramonet. Elle va nécessairement jouer sur les privilèges des élites et les rapports de domination. Si les médias peuvent jusqu'ici s'attaquer au pouvoir politique, c'est parce que le politique a perdu beaucoup de son pouvoir au profit des sphères financières. C'est sans doute dans l'ombre de la finance, des traders, des fonds de pension. que s'établit aujourd'hui le véritable pouvoir. Or ce pouvoir demeure préservé parce qu'il est opaque. Il est significatif que la prochaine grande révélation de WikiLeaks concerne justement le secret bancaire ! Il est possible aujourd'hui, grâce aux nouveaux systèmes médiatiques, de s'attaquer à ces espaces occultes. Ce pouvoir est comme celui des vampires, la lumière le dissout, le réduit en poussière. On peut espérer que, grâce aux nouveaux médias numériques, ce sera au tour du pouvoir économique et financier d'être désormais interrogé et dévoilé.

Entretien réalisé par Frédéric Durand

l'Humanité des débats. L'entretien
Médias - le 8 Avril 2011

L'Explosion du journalisme
Ignacio Ramonet

Dans un ouvrage court et percutant, Ignacio Ramonet, décrypte les bouleversements de l'écosystème médiatique. L'avenir de la presse papier, le métier de journaliste, le développement des réseaux sociaux, Twitter et Facebook, des « dispositifs légers“ comme les blogs, des sites de “fuites“ tel WikiLeaks, tout y est analysé des potentialités comme des effets pervers du passage des médias de masse à la masse des médias. L'hyper concentration des médias traditionnels détenus par quelques oligarques ne permettant plus aux médias d'assurer leur rôle de quatrième pouvoir, contre pouvoir indispensable à la démocratie, l'auteur devine et appelle de ses voux un cinquième pouvoir capable d'exercer sa critique sur les médias eux-mêmes. Apte à promouvoir une “sagesse collective“ autant qu'à déclencher un “abrutissement collectif“, l'irruption d'un nouveau système informationnel pourrait non seulement transformer le champ médiatique mais la société elle-même jusque dans ses rapports de dominations. Le journalisme traditionnel se « retrouve un peu comme Gulliver à son arrivée dans l'île des Lilliputiens, ligoté par des milliers de liens minuscules“.

L'explosion du journalisme. Des médias de masse à la masse de médias. Edition Galilée. 2011. 154 pages. 18 euros

13 nov 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Pascual Serrano: “El periodismo es noticia”


Reseña del libro “El periodismo es noticia”

Serrano, Pascual, 2010: El periodismo es noticia. Tendencias sobre comunicación en el siglo XXI. Barcelona. Icaria, 142 páginas.

En la actual crisis que viven los medios de comunicación y la profesión periodística se hace necesario reflexionar sobre el papel que han jugado los medios a la hora de informar (o desinformar a la sociedad), sobre la función actual del periodismo, sobre las nuevas tecnologías y los hábitos de uso que se están implantando en los ciudadanos. Además, hay que llevar a cabo un análisis crítico sobre cómo han manejado los medios toda la información sobre la crisis económica: parece como si a muchos analistas financieros se les hubiera olvidado que los grandes medios de comunicación también forman parte de una macroestructura económica y financiera mundial. Sus accionistas, directa o indirectamente, son empresas de telecomunicación, grupos bancarios, aseguradoras o constructoras. Sectores que han estado muy relacionados con la responsabilidad de esta crisis económica.

En esta historia de reflexiones, críticas y propuestas el periodista Pascual Serrano que en 1996 fundó Rebelión, un periódico alternativo en la red, se detiene un momento en el frenético mundo informativo que nos rodea para analizar desde otra perspectiva los medios de comunicación y la eclosión de un periodismo alternativo que se está haciendo hueco, gracias a Internet, en la vida de muchos ciudadanos que han dejado de informarse a través de los clásicos canales de comunicación.

Tras abordar la crisis que están experimentando en la actualidad pilares fundamentales del periodismo como la credibilidad, la objetividad, la mediación, la información, la autoridad o la distribución. El autor propone una alternativa que permita hacer de esta crisis mediática toda una revolución comunicativa, lo que califica de “regeneración en el modelo comunicacional”. Una regeneración donde los nuevos modelos comunicacionales sean más participativos, democráticos y plurales.

Una de las consecuencias de la crisis que atraviesan los medios ha venido, tal como señala el propio autor, de la mano de una globalización económica neoliberal que ha provocado una excesiva concentración de medios; un monopolio informativo donde más que hablar de medios de comunicación estaríamos ante grandes grupos económicos y financieros que entre sus múltiples inversiones tienen parte de sus acciones en medios de comunicación. Esto se ha puesto de manifiesto en la actualidad ante la crisis económica que atravesamos, pero que se ha unido a la crisis estructural del sector que lleva años perdiendo su influencia como “cuarto poder” en aras de los grupos económicos.

Un círculo del que ni los propios periodistas pueden salir ya que el poder real lo tienen los dueños de estas grandes empresas que tienen libertad total para elegir a sus directivos y a los profesionales que van a desarrollar su trabajo. Esta misma libertad es utilizada por los propios directivos para despedir con total libertad e impunidad a cualquiera que se desvíe de la línea editorial, por tanto hablar de deontología profesional también para haber perdido sentido en esta nueva realidad informativa.

El libro, en su línea de propuestas alternativas dentro de la profesión, apuesta por la creación de un observatorio de medios de comunicación. Después de revisar la historia de los observatorios y de los intentos frustrados que ha habido en esta área (véase el capítulo III del libro reseñado), Serrano señala cuáles deben ser las principales funciones a desempeñar dentro de este tipo de organizaciones (pp.49- 50). De este modo, habla de analizar cuáles son los temas que se tratan en los medios, los protagonistas de las noticias, el lugar donde aparecen, el lenguaje utilizado, etc...Una vez que los observatorios hayan realizado todas estas funciones deben publicitar sus resultados y reflexiones a toda la ciudadanía para despertar el interés en los usuarios y ser más vinculantes.

Sin olvidar lo que ha supuesto Internet en todos los aspectos de la vida de los ciudadanos, el autor sigue haciendo hincapié en no olvidar los otros formatos comunitarios y más locales que frente a la explosión de las nuevas tecnologías parecen ocupar un papel menos destacado. En cierto modo, cuando el autor pone como ejemplo para ilustrar esta idea al gobierno de Venezuela (pp.71) está hablando de una brecha digital que se genera a veces por creer que todo el mundo accede a la Red y que están informados. Se trata de un error ya que no todo el mundo puede acceder a la información y es precisamente en este contexto donde se hace necesario, como propone el autor, otros medios alternativos. Un altavoz en lo local que pueda llegar a ser global. De otra forma, una gran parte de la ciudadanía se quedará atrás.

Eva Herrero Curiel
Universidad Carlos III de Madrid/Estudios sobre el Mensaje Periodístico Vol. 17 Núm. 1 (2011) 243-267

Leia mais sobre Pascual Serrano clicando aqui.

Pascual Serrano participa do I Encontro Mundial de Blogueiros, de 27 a 29 out 2011 em Foz do Iguaçu, Brasil

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dieta informacional: a Rede Globo "está investindo em telejornais mais soltos e informais"


Telejornais faturam o mesmo que novelas na Rede Globo

Anderson Scardoelli

O jornalismo e a dramaturgia são os núcleos que mais geram receita para a TV Globo, informa o diretor geral da emissora, Octávio Florisbal. O executivo revela ao Comunique-se que "há equilíbrio" entre os dois setores, não tendo um à frente do outro no quesito faturamento. "A procura por estes gêneros é muito grande".

Sem revelar os números de cada departamento, Florisbal conta que atrás do jornalismo e dos folhetins produzidos pela Globo, o departamento de esportes é o que mais arrecada. Os shows e outras atrações de entretenimento e variedades, incluindo seriados e programas esporádicos somam a quarta força de arrecadação do canal.

Dividido entre conteúdo local e nacional, a Globo dedica cerca de cinco horas diárias da sua programação para o jornalismo. Ao todo, nove noticiários são produzidos por dia pelas duas principais geradoras de conteúdo da rede: São Paulo e Rio de Janeiro. Sobre este conteúdo, o executivo diz que "está investindo em telejornais mais soltos e informais".

Reproduzido de Comunique-se em 06 out 2011.

Comentário de Filosomídia:

Dieta informacional = Telejornais = Novelas = Entretenimento = $

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