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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estados Unidos: a queda de confiança nos telejornais


A queda de confiança nos telejornais

Altamiro Borges
14/07/12

Pesquisa do Instituto Gallup revelou que o nível de confiança dos estadunidenses com as notícias transmitidas pela televisão caiu em junho último ao seu nível mais baixo na história. Apenas 21% dos telespectadores responderam que acreditam nos telejornais. O Gallup realiza estas sondagens desde 1993, quando a credibilidade dos noticiários televisivos era de 43%.  Até o início dos anos 2000, o índice se manteve acima dos 30%. Na sequência, ele passou a cair todos os anos.

Vários fatores explicam a decadência dos telejornais dos EUA. O mais citado é o da difusão das novas tecnologias de informação. A internet tem causado estragos não apenas na mídia impressa, com o fechamento de inúmeros jornais, mas também nas emissoras de televisão. Os jovens, principalmente, têm migrado das telinhas da tevê para os computadores. Outras pesquisas já tinham indicado a queda da audiência das emissoras e, até mesmo, a perda no mercado publicitário – o que apavora os donos da mídia.

Crise de credibilidade

Além do fator tecnológico, as gritantes manipulações na cobertura dos telejornais também afetam a credibilidade. É interessante observar que, segundo o Gallup, o nível de desconfiança se acentua a partir do início deste milênio. Em setembro de 2001, com os atentados ao Word Trade Center, as poderosas redes de televisão dos EUA se tornaram veículos da guerra imperialista – onde a verdade é a primeira vítima. Elas passaram a difundir as mentiras do império para justificar as invasões do Afeganistão e Iraque.

As emissoras de televisão do Brasil, principalmente a TV Globo, não estão imunes a estes fatores. A internet se dissemina pelo país e a credibilidade dos seus noticiários também sofre questionamento. A bolinha de papel que virou, segundo o JN da TV Globo, um petardo na careca do tucano José Serra ajuda a explicar a desconfiança crescente. Com  isso, o modelo de negócios das poucas famílias que monopolizam as concessões públicas na televisão também sofre abalos.

Reproduzido de Blog do Miro
14 jul 2012

sexta-feira, 30 de março de 2012

Os Simpsons: Programa de criança


Programa de criança: Kidz  Newz

Lisa vira locutora de um programa de noticiário para crianças (Kidz Newz). Bart também é contratado para o programa e lança uma série de matérias banais de interesse humano que chamam muita atenção e ofuscam o trabalho mais sério da Lisa. Enquanto isso, Homer alega ser deficiente para poder adotar um macaco treinado chamado Mojo, que vai ajudá-lo. Como a estrela de Bart está em ascensão, Lisa elabora um plano para destruir sua carreira obrigando-o a fazer um segmento sobre o caseiro Willie, que odeia Bart por ter destruído sua choupana. Lisa consegue mais do que queria quando Willie tenta matar Bart. Ela salva a vida de Bart usando a mesma fala suave que o irmão usou nos seus segmentos. Em casa, Mojo ficou gordo e preguiçoso depois de imitar o jeito de Homer. Homer devolve Mojo para o abrigo de animais e aprende a ir buscar sua própria cerveja de novo.

Reproduzido de Minha Série


Primeira Transmissão: 19/04/1998
Temporada: 9
Episódio nº 199
Código 5F15
Diretor: Mark Kirkland
Escritor: Larry Doyle
Convidados Especiais: Nenhum

Disponível em DVD. Veja o episódio 21 da 9a. temporada (em inglês) online clicando aqui. Veja a transcrição do episódio (em inglês) clicando aqui.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sobre as desgraças: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais...


Sobre as desgraças

Inês Teotónio Pereira

Um dos meus filhos que é do Sporting, habituado portanto ao dissabores e às desilusões da vida, confessava-me que as únicas notícias que ele gosta de ver na televisão são as notícias sobre futebol.  Porque, e cito, “as notícias de futebol não falam de desgraças”. Isto dito por uma criança do Sporting, que nem sequer gosta muito de futebol, exige o dobro da atenção e é bastante revelador: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais. E percebe-se porquê.

É certo que a vida é difícil, que existem guerras a mais no mundo e que o ânimo foi de férias para parte incerta, mas também é verdade que as notícias deprimem ainda mais do que a realidade. E deprimem uma família inteira. As crianças não se esforçam para gostarem ou para se interessarem pelas coisas – elas gostam ou não gostam - por isso também não se esforçam para ver um telejornal. Acham tudo aquilo deprimente e voltam as costas ainda o apresentador não acabou de ler o primeiro parágrafo no teleponto.

Qualquer família que se reúna em volta de um qualquer telejornal é ao fim de meia hora uma autêntica bomba relógio de má disposição e representa um verdadeiro perigo para os seus membros, para a boa disposição nacional e até para a alegria familiar.

Ora, isto é um dilema para um pai ou para uma mãe que se queira manter toda a família informada e ao mesmo tempo preservar em casa um ambiente alegre. Impossível. A televisão, não deixa. Alegria, boa disposição e optimismo são absolutamente incompatíveis com qualquer telejornal português. E é por isso que os meus filhos confundem notícias com crise, realidade com depressão e jornalismo com drama.

A boa notícia é que as derrotas do Sporting já são, no fundo, boas notícias. Quanto ao resto, receio que estejamos a criar uma geração de iletrados noticiosos. Ou coisa parecida.

08 set 2011



Leia mais sobre as pesquisas em Educação e Comunicação em Portugal, disponibilizados pela Universidade da Beira clicando aqui, e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, clicando aqui.


Telejornal: seriedade, credibilidade e objetividade...


Os telejornais com maior audiência da TV brasileira

Para que um telejornal faça sucesso, é preciso que ele tenha seriedade, credibilidade e objetividade.

Flávia Yoshitani

Quando a televisão  se tornou popular, o jornal e o rádio perderam as suas audiências, pois a TV permite que os telespectadores tenham uma visão mais real e fácil dos acontecimentos por causa das imagens em movimento enquanto o jornalista dá a notícia. Os telejornais  são um modo fácil e rápido de se manter informado, o que pode ser feito durante as refeições ou outra atividade qualquer. Por isso, saiba quais são os telejornais com maior audiência da TV brasileira atualmente.

Sem sombras de dúvidas, o telejornal mais assistido do Brasil é o Jornal Nacional da Rede Globo. Por estar no ar desde 1969, o programa se tornou um ícone da TV brasileira, por apresentar ao seu público notícias variadas sobre o Brasil e o mundo diariamente. Por isso, esse telejornal é conhecido pela sua tradicionalidade e credibilidade pelos seus telespectadores, que não perdem um dia dele, que é atualmente apresentado pelo casal Willian Bonner e Fátima Bernardes.


Como a Rede Record tem alcançado altos índices de audiência, o segundo telejornal mais assistido no Brasil é o Jornal da Record, apresentado pelos âncoras Celso Freitas e Ana Paula Padrão. As notícias sobre o Brasil e o mundo são apresentadas de forma objetiva, direta e explicativa para que o telespectador as compreenda claramente. Todos os dias, às 19:50h, o Jornal da Record vai ao ar para levar informação aos lares de todas as famílias brasileiras.


Como o SBT, Sistema Brasileiro de Televisão, é a terceira maior emissora nacional, o seu telejornal Jornal do SBT – edição noturna vem em terceiro lugar nos índices de audiência. Carlos Nascimento e Cynthia Benini apresentam diariamente um resumo dos acontecimentos que mais marcaram o dia, de forma leve, objetiva e descritiva. Assim, as pessoas podem ir para a cama bem informadas sobre o seu país e o mundo.


Sob comando da apresentadora Maria Cristina Poli, o Jornal da Cultura é um dos telejornais mais conceituados da televisão brasileira graças à seriedade com que as notícias são mostradas ao público. Com 25 anos de história, o Jornal da Cultura trabalha para trazer informações cada vez mais completas e sólidas sobre todas as áreas aos seus telespectadores em um cenário moderno e sofisticado.


Um bom telejornal não precisa apenas de um cenário e apresentadores bonitos. Ele precisa mostrar credibilidade, seriedade e realismo aos seus telespectadores, que não estão preocupados com a aparência, mas sim com os acontecimentos do seu país e do planeta. Por isso, ao assistir um telejornal, seja crítico para perceber se ele realmente tem essas qualidades. (Grifo do Blog Telejornais e crianças no Brasil)

Reproduzido de Mundo das Tribos
10/11/2011

O partido único da mídia tradicional brasileira...


O partido único da mídia

Laurindo Lalo Leal Filho
Carta Maior
02/01/2012

Ao se fixar nos seus próprios dogmas, desprezando o real, o poder dos partidos midiáticos tende ao enfraquecimento. Ao se descolarem da realidade perdem credibilidade e apoio, cavando sua própria ruína. Trata-se de um caminho trilhado de forma cada vez mais acelerada pela mídia tradicional brasileira.

A superficialidade e o descrédito a que chegaram os meios de comunicação tradicionais no Brasil é incontestável. Posicionamento político-partidário explícito e "reengenharias" administrativas estão na raiz desse processo.

Dispensas em massa de profissionais qualificados explicam, em parte, a baixa qualidade editorial. Foi-se o tempo em que ler jornal dava prazer. Mas fiquemos, por aqui, apenas na orientação política.

A concentração dos meios e a identidade ideológica existente entre eles criou no país o "partido único" da mídia, sem oposição ou contestação. Ditam políticas, hábitos, valores e comportamentos. O resultado é um grande descompasso entre o que divulgam e a realidade. Hoje, para perceber esse fenômeno, não são mais necessárias as exaustivas pesquisas em jornalismo comparado, tão comuns em nossas academias lá pelos anos 1980.

Agora basta abrir um jornal ou assistir a um telejornal e compará-los com as informações oferecidas por sites e blogues sérios, oferecidos pela internet. São mundos distintos.

No caso da mídia brasileira essa situação começou a se consolidar com a implosão das economias planificadas do leste europeu, na virada dos anos 1980/90.

Em 1992, no livro "O fim da história e o último homem", ampliando ideias já apresentadas em ensaio de 1989, Francis Fukuyama punha um ponto final no choque de ideologias, saudando o capitalismo como modo de produção e processo civilizatório definitivo da humanidade, globalizado e eternizado.

Tese rapidamente endossada com euforia pela mídia conservadora e hegemônica que, a partir dai, pautaria por esse viés seus recortes diários do mundo, transmitidos ao público. Faz isso até hoje.

Só que, obviamente, a história não acabou. Ai estão as crises cíclicas do capitalismo, neste início de milênio, evidenciando-o como modo de produção historicamente constituído, passível de transformações e de colapso, como qualquer um dos que o precederam. Mas a mídia trata o capitalismo como se fosse eterno, excluindo de suas pautas as contradições básicas que o formam e o conformam. Dai a pobreza de seus conteúdos e o seu distanciamento da realidade, levando-a ao descrédito.

De fomentadora de ideias e debates, fortes características de seus primórdios em séculos passados, passou a estimuladora do conformismo e da acomodação. Para ela o motor história não é a luta de classes e sim o consumo, apresentado em gráficos e infográficos, alardeando números e índices que, muitas vezes, beiram o esotérico.

Se nos anos 1990 essas políticas editoriais obtiveram relativo êxito apoiadas na expansão do neoliberalismo pelo mundo, na última década a realidade crítica abalou todas as certezas impostas ideologicamente. As contradições vieram à tona.

No entanto a mídia, reduzida e conservadora, especialmente no Brasil, segue tratando apenas das aparências, deixando de lado determinações mais profundas. Movimentos anti-capitalistas espalhados pelo mundo são mencionados, quando o são, particularmente pela TV, como "fait-divers", destituídos de sentido, a-históricos. Seguindo rigorosamente a tese de Fukuyama.

Fazendo jus ao seu papel de "partido único", os meios oferecem ao público, como elemento condutor de sua ideologia conservadora, algo que genericamente pode ser chamado de kitsch. Definição dada pelos alemães no século passado para a arte popular e comercial, feita de fotos coloridas, capas de revistas, ilustrações, imagens publicitárias, histórias em quadrinhos, filmes de Hollywood. Atualizando seriam os nossos programas de TV, os cadernos de variedades de jornais e revistas, as músicas e as preces tocadas no rádio.

Esse é o prato diário da mídia, oferecido em embalagens sedutoras e entremeado de informações ditas jornalísticas, apresentando o mundo como um quadro acabado, inalterável. Não existindo alternativas, resta o conformismo anestesiado pelo consumo, ainda que para muitos apenas ilusório.

Claro que esse quadro midiático tem eficácia até certo momento, enquanto realidade e imaginário de alguma forma guardam proximidade. Mas ele também é histórico e, portanto, mutável.

Enquanto as contradições básicas da sociedade, aqui mencionadas, permanecerem existindo, a integração das consciências "pelo alto" será irrealizável, alertava Adorno, num dos seus últimos textos. Por mais que os meios de comunicação se esforcem por integrá-las.

Ao se fixar nos seus próprios dogmas, desprezando o real, o poder dos partidos midiáticos tende ao enfraquecimento. Ao se descolarem da realidade perdem credibilidade e apoio, cavando sua própria ruína. Confrontados com a internet desabam. Trata-se de um caminho trilhado de forma cada vez mais acelerada pela mídia tradicional brasileira. Sem falar na contribuição dada a esse processo pela queda da qualidade editorial, tema que fica para outro momento.

* sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Reproduzido de Carta Maior.

Leia outros artigos do autor clicando aqui.

sábado, 17 de dezembro de 2011

"Para que serve a Constituição?" E "Por que tanto medo de regular a radiodifusão?"


Por que tanto medo de regular a radiodifusão?

Eugênio Bucci

Existe um tabu na imprensa brasileira: ela não gosta de falar sobre a necessidade de um novo marco legal para as emissoras de rádio e TV. Os grandes jornais só entram no assunto muito raramente. Os telejornais, então, quase nunca. Não obstante, estamos falando de um déficit que engessa a nossa democracia. É quase inacreditável que até hoje inexistam regras jurídicas modernas para disciplinar o funcionamento da radiodifusão. E, quanto a isso, a principal manifestação da nossa imprensa tem sido o mutismo.

Há exceções? É evidente que sim. Aqui e ali pipocam referências ocasionais ao tema. Este jornal, por exemplo, às vezes toca na ferida. Agora mesmo, há pouco mais de uma semana, no dia 4 de dezembro, um editorial do Estado reafirmou: "A necessidade de modernização do marco regulatório das comunicações no País, defasado em relação aos avanços tecnológicos das últimas décadas, é absolutamente pacífica". Exceções à parte, porém, o que predomina é mesmo o silêncio.

Não é difícil entrever as razões desse silêncio. Há um receio ancestral, irrefletido, no interior da indústria e do negócio da comunicação. Aos olhos e aos ouvidos desse receio, qualquer proposta de revisão do modelo vigente - que já é bastante precário, todos reconhecem - ameaçaria o status quo e até mesmo a liberdade de imprensa. Além de inconveniente, portanto, essa pauta poderia erguer um palanque para os que querem simplesmente censurar os noticiários. Daí a conclusão - errada - de que é melhor não mexer com isso. Daí, enfim, o tabu, o triste tabu.

Claro que todos nós podemos conviver com tabus, a própria ideia de civilização se vincula à ideia de tabu. No caso presente, contudo, nosso bloqueio não tem nada de civilizado. É bem o oposto: estamos falando aqui de um tabu anticivilização.

Em primeiro lugar, porque é antijornalístico. A imprensa é tanto melhor quanto mais consegue ser independente - inclusive dos acionistas, sobretudo quando eles são medrosos. As boas redações, aliás, educam seus patrões. No entanto, se não souberem dedicar-se ao dever da liberdade, elas se apequenam e, no limite, traem seus públicos e prejudicam os próprios acionistas. Se há um déficit legal no Estado brasileiro, é evidente que isso é notícia. Não por acaso, esse assunto é debatido na imprensa do mundo inteiro. Com o advento das novas tecnologias da revolução digital, os parâmetros dos marcos regulatórios da mídia estão na ordem do dia. Menos no Brasil.

Mais do que antijornalístico, esse é um tabu antidemocrático, regressivo e autodestrutivo. Se o Brasil quer realmente ganhar projeção internacional, precisa estar em linha com o que há de mais avançado na democracia - e, nessa matéria, nossa defasagem é pré-histórica. Não se pode mais esperar que as concessões das emissoras de rádio e televisão ainda sejam ordenadas por um código de 1962, cujas lacunas seriam supostamente sanadas por um cipoal de normas infralegais, formando um Frankenstein incompreensível.

Listemos apenas três imperativos que reclamam a modernização do marco legal:

O Brasil ainda convive com políticos - especialmente parlamentares - que mandam e desmandam em redes ou emissoras, como donos de fato, contrariando clamorosamente o espírito (e o texto) do artigo 54 da Constituição federal, que veda que senadores e deputados mantenham vínculos com empresas concessionárias de serviço público. Até quando?

Vivemos hoje num limbo jurídico. A nossa Constituição impede o monopólio e o oligopólio (artigo 220), mas isso é letra morta, pois não dispomos de lei que estabeleça o que é monopólio e o que é oligopólio. Um novo marco legal deve definir claramente, em números precisos, qual o limite que separa a prática do monopólio, de um lado, e o regime de concorrência saudável, de outro.

O Brasil não pode mais fazer vista grossa à promiscuidade entre igrejas e partidos políticos no interior das emissoras. Em alguns canais que estão aí, no ar, não dá mais para saber onde termina o templo e onde começa o estúdio, o que tem gerado distorções concorrenciais e partidárias no espaço público. Até onde iremos com isso? Nenhuma democracia funciona bem quando essas três esferas se embaralham no nível em que elas se vêm embaralhando entre nós. Igrejas gozam de benefícios fiscais que não podem ser estendidos a emissoras comerciais - isso se pretendermos de fato viver sob um Estado laico, num regime em que a competição comercial seja justa e a disputa política, equilibrada. Para que o direito à informação, a diversidade de opiniões, a liberdade de expressão e a livre concorrência sejam respeitadas, igrejas, partidos políticos e emissoras não se podem misturar.

Citamos aqui três imperativos. Há outros, todos eles enfáticos, mas não precisamos enumerá-los um a um. Os três já bastam para demonstrar que o silêncio em torno do assunto só favorece o atraso, já bastam para esclarecer que esse debate, se bem feito, não diz respeito à censura dos conteúdos, mas apenas à ordenação do mercado. Ao contrário, um bom marco regulatório protege a liberdade.

Repetindo: a reforma da legislação nesse setor é uma necessidade da democracia e do mercado civilizado. Se, a despeito dessa obviedade clamorosa, prevalecer a razão (irracional) do tabu, os caudilhos autoritários - de direita ou de esquerda, dá na mesma - vão monopolizar o tema. Com isso, uma agenda que é do mais alto interesse nacional será sequestrada pelos que não querem modernidade nenhuma.

Por tudo isso, essa pauta precisa de mais visibilidade. O progresso do Brasil depende da construção de um novo marco regulatório que nos atualize em relação às outras democracias e nos destrave o caminho para o futuro. Não dizer uma palavra a respeito é buscar refúgio num atraso insepulto, cujo prazo de validade já venceu faz tempo.

Eugênio Bucci é jornalista e professor da Eca-USP e da ESPM

Reproduzido do Observatório do Direito à Comunicação
16 dez 2011

Leia também "Para que serve a Constituição?" (17/01/2011), por Fábio Konder Comparato, na página Opensante clicando aqui.

Trecho: 

"Ao contrário dos direitos e dos deveres humanos, as garantias somente existem quando criadas e reguladas pela autoridade competente; ou seja, os Estados, no plano nacional ou internacional, e as organizações internacionais, como a ONU e a OEA. Daí porque tais garantias são ditas fundamentais e não simplesmente humanas, como os direitos.

Pois bem, ministro Paulo Bernardo, a Constituição Brasileira reconhece o direito à comunicação como fundamental, no art. 5°, incisos IV, IX e XIV, e no art. 220 caput, os quais me abstenho de transcrever, mas cuja leitura me permito recomendar-lhe vivamente.

Mas o que significa, afinal, comunicação?

Atentemos para a semântica. O sentido original e básico de comunicar é de pôr em comum. A comunicação, por conseguinte, não é absolutamente aquilo que fazem os nossos grandes veículos de imprensa, rádio e televisão; a saber, a difusão em mão única de informações e comentários, por eles arbitrariamente escolhidos, sem admitir réplica ou indagação por parte do público a quem são dirigidos.

Tecnicamente, o direito à comunicação compreende a liberdade de pôr em comum, vale dizer, de dar a público a expressão de quaisquer opiniões, a liberdade de criação artística ou científica, e a liberdade de informação nos dois sentidos: o de informar e o de ser informado.

Para cumprimento do dever fundamental do Estado Brasileiro de respeitar o direito à comunicação, a Constituição Federal em vigor estabeleceu um certo número de garantias fundamentais; as quais, frise-se, só se tornam praticáveis, quando adequadamente reguladas em lei.

Exemplo: “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” (Constituição, art. 5°, inciso V). Como pode ser exercida essa garantia de proteção à identidade ou à honra individual? Somente em juízo, ou também fora dele? Há ou não há limites de extensão ou duração da resposta? Recebido o pedido extrajudicial, em quanto tempo deve o veículo de comunicação social dar a público a resposta do ofendido? Esta deve ser publicada na mesma seção do jornal e no mesmo programa de rádio ou televisão, em que foi divulgada a ofensa, ou a informação incorreta? Tudo isso, senhor ministro, somente a lei pode e deve estabelecer."

domingo, 11 de dezembro de 2011

Capitalismo, TICs e consumismo de mãos dadas: o futuro já começou nessa festa


Capitalismo, TICs e consumismo

Por Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger
06/12/2011 na edição 671

O capitalismo sustenta-se no fomento incessante ao consumismo, acelerando a acumulação por uma parte da sociedade. Trata-se de um modelo em que a necessidade de consumo é explorada de forma sempre crescente, a fim de manter o melhor desempenho de seus agentes constituintes com o máximo de retorno e, desta forma, funcionando o todo social. Os esforços para estimular uma sociedade movida pelo consumo crescem de maneira gradativa, com publicitários, especialistas em marketing, executivos em geral e empresários ocupando-se em trazer soluções de consumo para a nova massa que surge, ao mesmo tempo em que cria atrativos para os segmentos já integrados, provocando a inovação permanente.

Para tanto, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são grandes aliadas. Elas possibilitam o desenvolvimento de produtos cada vez mais bem elaborados e portadores de funções facilitadoras, gerando na sequência novas necessidades e o must buy. O celular e a internet são exemplos já incorporados ao cotidiano e ao modo de vida dos cidadãos, agindo, inclusive, como agentes transformadores das relações sócio-econômico-culturais. Explora-se, com o estímulo a novas necessidades, o desejo de se estar dentro do circuito do mais novo, melhor e mais funcional dos mundos, incentivando a constante renovação dos dispositivos tecnológicos. É o ciclo do consumo sem fim, onde a obsolescência forçada é fundamental.

O enigma da superação

A tecnologia tem um papel essencial na facilitação do consumo, estimulando a compra impulsiva e desnecessária, desta forma beneficiando corporações e dando força à orientação econômica vigente. Nesse quadro inserem-se as lojas online, acessíveis sem sair de casa através de mecanismos que permitem o pagamento por esses produtos de forma rápida e segura com alguns cliques de mouse e via cartão de crédito (na maioria das vezes com juros elevados pela não quitação integral do débito, gerando endividamento elevado e contínuo). Dentro de algum tempo, a TV digital trará a possibilidade de comprar produtos de comerciais com o próprio controle remoto, pois tudo estará interligado, se definido o canal de retorno.

Circula na internet o vídeo We Are the Future (Nós Somos o Futuro, disponível aqui), em que adolescentes na faixa de 13 anos argumentam que os profissionais de marketing devem rever a maneira de fazer comunicação. A justificativa é que a massa consumista está crescendo de tal modo que o futuro das marcas será por ela determinada. Comentam sobre os formadores de opinião, salientando ser necessário que as empresas paguem esses consumidores alfas, pois sua atitude influenciará diretamente os padrões de compra generalizados, o que reforça a ideia de que todos cada vez mais trabalham pelas marcas, gratuitamente, como se isto fosse inclusão.

Sendo o consumo a base da economia capitalista, de produção e demanda, de compra e venda, os profissionais responsáveis pela criação de uma condição favorável à aceleração da circulação estão cada vez mais atentos, ousados e valorizados. Suas investidas criam situações não raro inimagináveis, sempre procurando favorecer a circulação de mercadoria e capital. A pergunta que fica no ar é até quando tudo isso será sustentável. Chegará o dia em que o próprio ser humano será colocado para comercialização como um bem de consumo? Ou esse dia já chegou, sem que nem fosse percebido? Tudo isso denota a existência de um sistema que, longe de ser autossustentável, traz o enigma de sua superação na sua própria concepção.

***
Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e graduanda em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na mesma instituição.


Comentário de Filosomídia:

Capitalismo, TICs e consumismo de mãos dadas: o futuro já começou nessa festa


Nessa festa onde o deus mercado é venerado acima de todas as coisas em coisificando tudo, e as empresas que controlam e manipulam a informação no mundo neoglobalizado propagandeiam incessantemente que consumir é a razão de nossa existência.

O vídeo em questão no artigo, onde aparecem os adolescentes descoladinhos, os bacanas da "Idade Mídia" dando dicas aos publicitários e marketeiros sobre o que dizer a elas, como e por quê, demonstra bem que o futuro já está sendo planejado pelo mercado há muitos anos. Crianças e adolescentes hoje em dia, imersos no mundo das teclas e telas recebendo estímulos de toda parte para consumir, vão se formatando pelos meios de comunicação concentrado nas mãos do oligopólio a la Murdoch, assim como de modo geral nas escolas vão se formando essas novas gerações, a la Maquiavel.

Os professores estão colaborando para essa alienação toda quando não são críticos ou estão passivos frente à realidade diante de seus olhos, e as crianças debaixo de seu nariz, de seu controle. O sistema de ensino se edifica sob os mesmos princípios do capitalismo, focando no individualismo, na meritocracia, na competição que faz a des-humanização de todos, centrado no des-amor, na não-liberdade e cassando a autonomia e a palavra dos estudantes.

No Brasil temos uma situação peculiar, mas bem ao gosto do mercado: a educação é completamente regulada por mil mecanismos que controlam tudo, desde o conteúdo e programas de ensino, livros didáticos e literatura infanto-juvenil, até as ações do professor dentro de sala de aula. E, pouco a pouco vemos a privatização do ensino, e a mercantilização da educação.

Oposto a isso, o setor de comunicações é completamente desregulado, permitindo que as grandes empresas de comunicação - privadas - façam o que bem entendem, respaldadas pela legislação adequadamente conformada às suas prioridades no controle da informação.

Na programação das TVs fica claro que mundo cor de rosa dessa democracia do capitalismo do Velho (Europa) e do Novo Mundo (América do Norte) é o melhor para todos. Impossível não perceber nos telejornais, por exemplo, como os fatos são manipulados, como as notícias são construídas, e como se apresentam estas com requintes tecnicamente elaborados para persuadir o telespectador ao exercício de seu direito de consumir, e dever de viver segundo as regras ditadas pelo deus venerado do mercado. Tal fenômeno se reproduz na imprensa escrita e na Internet. A "dieta informacional" do dia é sugerida pela pauta e cardápio preparado nas redações e pelas agências de notícias ao redor do mundo...

Outro exemplo, reparemos em como as crianças se vestem para ir à aula, seus tênis e camisetas, em como são seus cadernos, lápis, canetas, estojos, os filmes e desenhos a que assistem na TV ou cinema. Um desfile do mundo fabricado pelas empresas de comunicação auferindo lucros nos produtos licenciados, que a meninada carrega feliz, vivendo bem a vida do mundo de ilusória fantasia do capitalismo. Ensinadas desde cedo a venerarem aquele deus do des-amor, logo logo o sistema bancário lhes proverá cartões de crédito vinculados aos dos pais ou (i)responsáveis e, assim, por elas mesmas comprarem sem interferência o que lhes deixam felizes.

Capitalismo, TICs, consumismo, classificação indicativa e tantos outros pontos são importantes para a discussão e crítica nas escolas, nos cursos de formação de professores, e especialmente entre a comunidade acadêmica que muitas das vezes se faz alheia ao que se passa pelas maquiavelices murdochianas, em nome de não ser a "redentora da humanidade". Certamente que não são, pois por não terem dinheiro propriamente dito, na mesma lógica do sistema são os auto-proclamados detentores e defensores do "capital cultural". Além do que, no princípio de todas as coisificações, muitos professores universitários são os que legitimam esse pesadelo da realidade com ares de ciência, e seguem de (a)consciência tranquila do dever cumprido quando detêm os meios de impedir a comunicação dos fatos, de que a liberdade e o amor sejam ditos.

Neste mundo que vai elogiando tudo isso como democrático, enquanto a maioria da sociedade vive das migalhas dos ricos e em frangalhos, sem direitos fundamentais sendo protegidos pelo Estado, nessa sociedade de coisificação de tudo e todos quem é que vai, enfim, nos livrar dos efetivamente bandidos e malfeitores?


Quando o próprio Estado é omisso, os governos são (i)responsáveis e os demais poderes se fazem coniventemente cegos, espertamente surdos e convenientemente mudos na proteção dos direitos das crianças e adolescentes, qual super herói virá nos salvar dessa orgia/bacanal do consumismo quando na Educação e Comunicação pela televisão mais assistida e sintonizada cantarolamos juntos que a festa é para todos, que "a festa de quem vier"?

Ou os verdadeiros super-homens e super-mulheres já estão por aí, pelas ruas, causando "tumulto" pelas mudanças e as fazendo pouco a pouco na "rexistência" pela vida com dignidade, pelo Bem Viver, ou o capitalismo mesmo cumprirá as profecias sobre o fim do mundo, enquanto carrega no seu seio tudo e todo mundo para a destruição do próprio planeta.


Nessa festa do capitalismo já vamos todos convidados e bêbedos consumidores dançando o hit do momento. Mas, para a festa no céu da dignidade, como naquela história do sapo que foi escondido no violão do urubu, somos quase todos como ele mesmo e, ficamos de fora. Tem-se de ter asas e muito amor pela vida e na vida para ouvir e entender as estrelas...

Aguardem a divulgação da dissertação "Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg" filosmidiando sobre o "Efeito Orson Welles" e a "Síndrome de Clodovil"... o "Efeito Abya Yala" e a "Síndrome da Liberdade", convocando pelo "Manifesto das crianças" a que todos nos unamos para o Bem Viver.


Leo Nogueira

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Globo quer popularizar telejornais: o que muda para o telespectador?


Globo quer popularizar telejornais: o que muda para o telespectador?

Emanuelle Najjar

Há muito tempo o brasileiro está acostumado com um padrão bastante específico de telejornal: o quadradão, super sério, formal e com ares de imparcialidade. Ou seja, o padrão Globo, importado diretamente do jeitão americano de ser. O padrão dura muito tempo, imerso em uma quase eternidade, mas parece que algo pode mudar.

Aparentemente algo novo tem acontecido. A Globo parece mais interessada em fisgar o público da classe C e D, e esse interesse não é gratuito: esse público ainda tem a televisão como opção válida e maciça de diversão e informação. Com isso, a emissora vem tentando popularizar os seus programas e evitar que o telespectador mude de canal. Não naquilo que diz respeito à teledramaturgia – embora este setor passe por processo semelhante – mas sim aos seus outros programas. Principalmente seus telejornais.

A notícia veio da Folha Online:

Globo deixa jornais mais populares e libera âncoras para comentar

A partir de setembro o telespectador assistirá a uma significativa mudança no telejornalismo da Globo, hoje líder de audiência em praticamente todos os horários na TV aberta. Baseada em pesquisas, a Globo vai promover, ao mesmo tempo, uma dança das cadeiras entre apresentadores e uma mudança editorial, em busca de um conteúdo menos sofisticado e mais popular.

Além de mudanças na pauta jornalística, a emissora deve liberar alguns âncoras para fazer comentários. Chico Pinheiro, que substituirá Renato Machado no "Bom Dia Brasil"; César Tralli, que ocupará o lugar de Chico no "SPTV 1ª Edição"; e Evaristo Costa, no "Hoje", poderão comentar livremente o noticiário, sempre que acharem conveniente.

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Historicamente, na Globo, com exceção do esporte, os comentaristas sempre estiveram confinados ao último jornal da grade, o "Jornal da Globo". Agora o "Bom Dia Brasil" já conta com um comentarista policial (Rodrigo Pimentel). Trata-se de expediente que outras TVs, como Record e SBT, já usam há décadas.

Aparentemente, a pesquisa feita pela Globo apontou que os telespectadores aprovam os comentários de âncoras, mas sentem mais facilidade em entender um assunto quando ele é tratado por um especialista ou convidado --especialmente nos casos de segurança publica e política. (continue lendo)


Claro, não estamos falando aqui em um Jornal Nacional, mas será que em breve dá para esperar um Willian Bonner esboçando mais que um singelo exercício de levantamento de sobrancelha? Ok, um pensamento bastante peculiar, mas já é engraçado por si só. Na prática, também não dá para esperar em nenhum dos jornalísticos da casa algo no estilo Rachel Sheherazade, atualmente com tendência a opinar sobre a batatinha-quando-nasce. Nada de excessos, mesmo porque a ideia é ir aos poucos.

Os telejornais que ganharam essa pequena liberdade não são exatamente aqueles de horário nobre global. Não são os mais importantes da casa, porém apresentam audiência considerável para levar a ideia adiante. O público que assiste os telejornais durante o dia não exigem o padrão inflexível como sinal de credibilidade, portanto dá para arriscar. Aliás, Evaristo Costa e Sandra Annenberg, âncoras do Jornal Hoje já estão acostumados a tal expediente, então para eles pode ser que a tarefa não seja tão difícil.

Se agora há a previsão de tal liberdade, tanto melhor para quem gosta de mídia. Já para os telespectadores o negócio pode ser outro afinal é preciso bastante cautela para agradar a um público que as vezes se comporta de forma tão paranoica. Porém, esta não é a questão mais importante. Outras parecem ser mais interessantes quando a intenção é entender a dinâmica da mídia especialmente por se tratar da emissora líder:

Esta é uma tendência que será realmente levada a sério? Quais serão os limites dessa determinação? Quanto tempo a magia vai durar?

Até o momento, sem respostas. O negócio é esperar para ver. Algum palpite?

Reproduzido de Limão em Limonada
04 jul 2011

Leia também "Dieta informacional: a Rede Globo "está investindo em telejornais mais soltos e informais", clicando aqui.

"Classificação Indicativa: tá pensando que televisão é bagunça?"


Classificação Indicativa: tá pensando que televisão é bagunça?

Emanuelle Najjar*

Há  algumas décadas, a TV brasileira esteve em um patamar onde poderíamos dizer que valia de tudo para chamar a atenção do telespectador. Para quem não viveu essa época talvez não entenda o panorama, então para compreender melhor do que se trata imagine o grotesco entre o grotesco e terá mais ou menos um resultado apropriado. A visão não foi agradável, não é mesmo?

Para evitar que esse tipo de coisa voltasse a acontecer, surgiu a classificação indicativa. Uma tentativa de colocar ordem na bagunça que gerou grande controvérsia entre diversos setores da sociedade: acusações de censura de um lado, a exigência de mais seriedade do outro. Polêmicas a parte ela está aí, firme e forte e suscitando discussões. Uma delas ganhou um novo capítulo recentemente quando o tema esteve em debate através da internet. No período entre 18 de novembro de 2010 e 27 de abril de 2011, o tema foi posto em discussão pública. Um debate que envolvia as normas e os critérios de forma bem explicada para que todos os interessados pudessem participar e do qual saíram algumas propostas como resultado.

Cinco meses e 56 mil acessos depois, e o Ministério da Justiça e o Ministério público reuniram algumas propostas para que no futuro seja criada uma única e atualizada portaria a respeito do assunto já que hoje há cinco. Emissoras de TV abertas, pagas e ONGs participaram da discussão e algumas dessas propostas foram divulgadas pela Folha de São Paulo no dia 05 de maio na coluna de Keila Gimenez e envolvem especialmente mudanças de horários e novos enquadramentos. Alguns deles vão dar o que falar.

A operadora Sky defendeu a remoção da linguagem de libras na apresentação da classificação indicativa, o que é de uma sacanagem sem igual. Estamos falando de um retrocesso porque a presença da linguagem é uma forma de inclusão. Uma iniciativa que deveria estar presente em todas as emissoras, especialmente as abertas.

O Instituto Alana e diversas ONGs sugeriram a classificação das propagandas e também maior controle quanto a grade de programas das TVs pagas. O SBT pediu a antecipação de horários: liberação de conteúdos impróprios para menores de 12 anos a partir das 14h– coisa que hoje só é permitida a partir das 20h – e os conteúdos impróprios para menores de 14 a partir das 19h– sendo que atualmente vai ao ar após as 21h. Há de se convir que é um horário bastante adequado, pois esse público também não pode ficar alienado diante de certos temas. Porém a nata fica por conta de uma outra proposta: classificação indicativa de telejornais.

Isso mesmo. Para quem talvez não tenha notado elas não fazem parte do rol de programas que devem seguir tais regras, e se isso for levado adiante vai ter emissoras por aí com sérios problemas. Afinal tem telejornais que promovem a exposição de tudo que é crime e de todas as formas de tragédia humana como se não houvesse nada mais acontecendo. E sim, estou falando da Record. Quem já teve a oportunidade de assistir seus telejornais sabe muito bem qual seria a extensão das mudanças: uma linha editorial inteira para ser mais exata. (Grifo de Filosomídia)

Talvez os esforços referentes à adequação para as novas regras possa mostrar que é sim possível lucrar e ter qualidade ao invés de uma corrida desenfreada e sem o mínimo de regras. Uma missão difícil para todos os lados mas cujo final pode ser muito gratificante especialmente para quem está aqui do outro lado da telinha. Quem sabe finalmente o telespectador não possa se sair bem nessa?


* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada

Reproduzido de Cena Aberta


Leia também "Globo quer popularizar telejornais: o que muda para o telespectador?" em Limão em Limonada, clicando aqui.

Comentário de Filosomídia:

Muitos pelos ao contrário, as empresas de comunicação que fazem televisão, e rejeitam a Classificação Indicativa, não são nada bagunçadas. Elas sabem muito bem o que estão fazendo, e a bagunça que estão fazendo com a "liberdade de expressão", juntamente com o STF tem uma finalidade... Qual seria essa finalidade? Responda, o que é, o que é, o que será da TV brasileira e das crianças, e de todos nós...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dieta informacional: a Rede Globo "está investindo em telejornais mais soltos e informais"


Telejornais faturam o mesmo que novelas na Rede Globo

Anderson Scardoelli

O jornalismo e a dramaturgia são os núcleos que mais geram receita para a TV Globo, informa o diretor geral da emissora, Octávio Florisbal. O executivo revela ao Comunique-se que "há equilíbrio" entre os dois setores, não tendo um à frente do outro no quesito faturamento. "A procura por estes gêneros é muito grande".

Sem revelar os números de cada departamento, Florisbal conta que atrás do jornalismo e dos folhetins produzidos pela Globo, o departamento de esportes é o que mais arrecada. Os shows e outras atrações de entretenimento e variedades, incluindo seriados e programas esporádicos somam a quarta força de arrecadação do canal.

Dividido entre conteúdo local e nacional, a Globo dedica cerca de cinco horas diárias da sua programação para o jornalismo. Ao todo, nove noticiários são produzidos por dia pelas duas principais geradoras de conteúdo da rede: São Paulo e Rio de Janeiro. Sobre este conteúdo, o executivo diz que "está investindo em telejornais mais soltos e informais".

Reproduzido de Comunique-se em 06 out 2011.

Comentário de Filosomídia:

Dieta informacional = Telejornais = Novelas = Entretenimento = $

Veja mais sobre Notícias e Entretenimento, por Prof. Daya Kishan Thussu clicando aqui.