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quinta-feira, 17 de março de 2011

Castells, sobre internet e rebelião: “é só o começo”


"A aliança entre meios de comunicação convencional e novas tecnologias é o caminho a seguir no futuro, para enfrentar com êxito os grandes desafios?

Os grandes meios de comunicação não têm escolha. Ou aliam-se com a internet e com o jornalismo cidadão, ou irão se marginalizando e tornando-se economicamente insustentáveis. Mas hoje, essa aliança ainda é decisiva para a mudança social. Sem Al Jazeera não teria havido revolução na Tunísia.

Em um artigo intitulado “Comunicação e Revolução”, você recordou que em 5 de fevereiro a China havia proibido a palavra Egito na Internet. Acredita que existem condições para que possa ocorrer, no gigante asiático, um movimento popular parecido com o que esta percorrendo o mundo árabe?

Não, porque 72% do chineses apoiam seu governo. A classe média urbana, sobretudo os jovens, estão muito ocupados enriquecendo-se. Os verdadeiros problemas do campesinato e operários — ou seja, os verdadeiros problemas sociais da China — encontram se muito longe. O governo resguarda-se demais, porque a censura antagoniza muita gente que não está realmente contra o regime. Na China, a democracia não é, hoje, um problema para a maioria das pessoas, diferente do que ocorria na Tunísia e no Egito.

Esse novo tipo de comunicação, globalizada, atomizada e que se nutre se da colaboração de milhões de usuários, pode chegar a transformar nossa maneira de entender a comunicação interpessoal? Ou é apenas uma ferramenta potente a mais, à nossa disposição?

Já transformou. Ninguém que esta inserido diariamente nas redes sociais (este é o caso de 700 dos 1,2 milhões de usuários) segue sendo a mesma pessoa. Mas não é um mundo exotérico: há uma inter-relação online/off-line.

Como esta comunicação mudou, e muda a cada dia, é uma questão que se deve responder por meio de investigação acadêmica, não através de especialistas em fofocas. E por isso empreendemos o Projeto Internet Catalunha na UOC.

Podemos dizer que os ciber-ataques serão a guerra do futuro?

Na realidade, esta guerra já faz parte do presente. Os Estados Unidos consideram prioritária a ciberguerra. Destinaram a este tama um orçamento dez vezes maior que todos os demais países juntos. Na Espanha, as Forças Armadas também estão se equipando rapidamente na mesma direção. A internet é o espaço do poder e da felicidade, da paz e da guerra.

É o espaço social do nosso mundo, um lugar hibrido, construído na interface entre a experiência direta e a mediada pela comunicação, e sobretudo, pela comunicação na internet".

(*) Entrevista com Jordi Rovira, republicada da página Outras Palavras, do Le Monde Diplomatique Brasil. Tradução: Cauê Seigne Ameni.
15 mar 2011.

Leia o texto completo em Fazendo Media clicando aqui.

domingo, 6 de março de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A internet muda os paradigmas da relação entre comunicação e poder. Entrevista com Manuel Castells


Entrevista com Manuel Castells por Juan Cruz do Jornal El País, sobre o livro "Comunicación y Poder"

"O que a internet te proporcionou?

Fundamentalmente, a capacidade de pesquisar da maneira que nunca pude fazer. A capacidade de estar informado ou de poder estar informado simultaneamente em que as coisas acontecem no mundo, do que aconteceu no mundo ou do que aconteceu há cinco mil anos. Na internet temos a capacidade de acessar todas as informações e todas as expressões culturais produzidas no planeta desde que o mundo é mundo.

Para um pesquisador, a internet é preciosa porque em grande medida não necessitas de biblioteca. Para os pesquisadores em ciências sociais, mas também para os pesquisadores de outras áreas, o fundamental é poder acessar as pesquisas mais recentes. Acabei as pesquisas sobre o meu livro há um ano e o imprimiram rapidamente, mas mesmo assim demorou. Um pesquisador necessita estar a par do que acontece em cada momento, tanto nas ciências sociais como em qualquer outro tipo de ciência porque as mudanças científicas são tão rápidas que podes estar repetindo coisas sem sabê-lo.

Agora, com a internet, se sabes onde buscar – o que é a grande condição – e o que buscar, podes estar sempre atualizado.

Segunda coisa. Me permitiu estar em comunicação ininterrupta – já falando pessoalmente e de mim – com qualquer pessoa com quem quero estar em comunicação, cada minuto, cada dia. Minha filha vive em Genebra, a filha da minha mulher na Sibéria, dois netos em Genebra, outra neta em Los Angeles, minha mulher e eu viajamos muito. Sempre estamos em contato. A família está absolutamente em contato. Minha irmã mora nos arredores de Barcelona, esteja onde estiver, sempre estamos em contato. Com a minha filha falamos diariamente. Não apenas por e-mail, mas pelo Skype, gratuitamente".

Leia a entrevista completa na página do IHU/Instituto Humanitas Unisinos clicando aqui.


Leia "Quem tem medo do Wikileaks", de Manuel Castells clicando aqui.