"Sociólogo surpreende GlobNews sobre jovens que protestam na Inglaterra. Sem achismo,mostra crise social grave, e a desonestidade de tratar como delinquente manifestações que, fossem em Caracas ou em Havana, seriam tratadas como ações de "corajosos jovens democratas".
Via Facebook, Milton Temer, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato etc.
“É preciso limitar as ações dos monopólios e democratizar a palavra”
Entrevista a Aram Aharonian
31/12/2010
Segundo fundador da TV Telesur, nova etapa da democracia latino-americana não pode vir sem a democratização da comunicação
O espectro de radiodifusão pertence a todos e o setor privado não é proprietário desse espaço comum; utiliza-o apenas por meio de concessão pública. Sempre foi assim.
A questão é que, na América Latina, a população foi ensinada que as grandes tevês e rádios foram, desde seu início, grandes empresas com vocação para lucro sem obrigações legais junto ao cidadão. Pelo mundo afora, entretanto, os meios de comunicação precisam obedecer a leis rígidas, que impedem o monopólio comercial e ideológico desde há muitas décadas.
A Ley de Medios da Argentina, aprovada em outubro de 2009, vem impulsionando ainda mais o debate. Na Venezuela, há um processo para a regulamentação da mídia no país, inclusive a internet e, no Uruguai, estão ocorrendo discussões para regulamentar o setor em 2011. O Brasil tem ampliado a discussão por meio de Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, preparou um anteprojeto que visa a regular o setor e pretende entregá-lo ao Legislativo.
Para falar sobre essa nova onda latino-americana, Aram Aharonian, fundador e principal idealizador conceitual da TV Telesul, destaca ao Brasil de Fato a necessidade do enfrentamento e da união entre os “de baixo”, pois é daí que surgirá, na visão dele, o balizamento para uma verdadeira democracia comunicacional; nunca a partir de cima. Ele participou do encontro entre jornalistas latino-americanos “Construindo uma agenda democrática em comunicação”, realizado na sede da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), em Quito, Equador, entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2010.
Eduardo Sales de Lima . Quito (Equador)
Leia a entrevista completa na página do Brasil de Fato . uma visão popular do Brasil e do mundo, clicando aqui.
Aram Aharonian fará a conferência "A mídia e o imperialismo", nas Jornadas Bolivarianas, promovida pelo IELA/Instituto de Estudos Latino-Americanos, dia 06 de abril às 18:30 h, no Auditório da Reitoria, da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Trindade. Entrada gratuita. Confira a programação clicando aqui.
"As empresas gigantes do cultivo da cana têm assumido a educação formal na região centro-sul do país
09/03/2011
Roberta Traspadini
1.O Projeto Agora: a educação formal a serviço do capital
Neste texto trataremos como as empresas gigantes do cultivo da cana têm assumido a educação formal na região centro-sul do país, que concentra praticamente 90% de toda produção canavieira do Brasil.
Cem municípios da região centro sul, espalhados por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás, encubam o processo de educação formal denominado Projeto Agora.
Este projeto dirigido para a educação formal de educandos da 7ª. e 8ª. series, com idade entre 12 a 15 anos, é uma parceria público-privada entre instituições governamentais, alguns sindicatos e o grande capital. Itaú, Monsanto, Basf, Dedine, CEISI, Amyris, BP, FMC e SEW Eurodrive, são as empresas centrais do processo".
Leia Crianças em disputa: o ataque do capital (1) clicando aqui.
"Nos últimos 10 anos cresceu a preocupação dos técnicos dos governos, dos políticos e do capital sobre a necessidade de se projetar cenários para o futuro. Esta projeção nos mostra como, no exercício de poder, a classe dominante materializa e projeta para dentro da classe trabalhadora sua idéia de manutenção da ordem.
(...) Segundo a CEPAL, a América Latina possui aproximadamente 600 milhões de habitantes. Destes, 27,3% têm até 14 anos de idade e 33,6% têm de 15 a 34 anos. Tomemos como referência apenas o primeiro grupo. Se analisarmos as projeções para os próximos 25 anos, este grupo terá entre 25 a 39 anos de idade. Em 25 anos estas crianças já terão passado por um processo de formação ideológica, cultural e política que moldará em muitos sentidos sua forma de ver e atuar sobre o mundo. Supõe-se que, quanto mais cedo estas crianças forem educadas no projeto da classe dominante menor resistência estas terão, para assumir sua posição periférica na tomada de decisões em seus territórios.
(...) Na formação da consciência burguesa desta futura juventude, não pode haver espaço para questionamentos sobre a ordem. O capital só materializa sua formação da consciência, caso domine e adestre. O modo de produção dominante consolidou as bases materiais concretas para desenvolver aparatos técnico-científicos tais que o permita tirar vantagens de sua posição de classe hegemônica.
(...) O que está em jogo afinal?
Está em jogo a manutenção da acumulação de capital centrada na exploração do trabalho, fruto de uma perversa dominação de classe.
Está em jogo o atual consumo da criança associado à inserção futura como trabalhador endividado consciente. Enquanto hoje são os pais os que arcam de forma endividada com o consumo das crianças, amanhã estes trabalhadores já terão internalizado que toda inclusão passa pelo tipo de consumo que são capazes de desejar e realizar.
Está em jogo a formação da consciência de que não existe outro projeto senão o da classe dominante. Talvez esta seja a mensagem mais clara de todas: a de que só resta para o trabalho, trabalhar para consumir e que a acumulação fica como propriedade privada, indiscutível, de quem emprega.
Está em jogo eliminar a disputa, as contradições, e colocar no lugar da divergência e do antagonismo um processo de dominação de classe como um projeto único de sociedade. Isto não é novo na dinâmica de manutenção da hegemonia capitalista. Quiçá as bases técnico-científicas com as quais o capital ora conta, coloquem outros elementos que dificultam ainda mais a clareza dos projetos e processos em disputa".
Roberta Traspadini . Economista e educadora popular
Leia o texto completo (Parte 1) na página do Brasil de Fato. clicando aqui.
Leia também "O trabalho infanto-juvenil na sociedade capitalista" clicando aqui.
Veja também "Capitalismo e outras coisas de crianças" clicando aqui, ou a série com legenda no Youtube clicando aqui.
"Toda mudança de paradigma civilizatório é precedido por uma revolução na cosmologia (visão do universo e da vida). O mundo atual surgiu com a extraordinária revolução que Copérnico e Galileo Galilei introduziram ao comprovarem que a Terra não era um centro estável, mas que girava ao redor do sol. Isso gerou enorme crise nas mentes e na Igreja, pois parecia que tudo perdia centralidade e valor. Mas lentamente impôs-se a nova cosmologia que fundamentalmente perdura até hoje nas escolas, nos negócios e na leitura do curso geral das coisas. Manteve-se, porém, o antropocentrismo, a ideia de que o ser humano continua sendo o centro de tudo e as coisas são destinadas ao seu bel-prazer.
(...) A partir desta nova cosmologia, nossa vida, a Terra e todos os seres, nossas instituições, a ciência, a técnica, a educação, as artes, as filosofias e as religiões devem ser resignificadas. Tudo e tudo são emergências deste universo em evolução, dependem de suas condições iniciais e devem ser compreendidas no interior deste universo vivo, inteligente, auto-organizativo e ascendente rumo a ordens ainda mais altas.
Esta revolução não provocou ainda uma crise semelhante a do século XVI, pois não penetrou suficientemente nas mentes da maioria da humanidade, nem da inteligentzia, muito menos nos empresários e nos governantes. Mas ela está presente no pensamento ecológico, sistêmico, holístico e em muitos educadores, fundando o paradigma da nova era, o ecozóico".
Leonardo Boff
Leia o texto completo na página do Brasil de Fato clicando aqui.
Leia também o texto de Moacir Gadotti, "A ecopedagogia como pedagogia apropriada ao processo da Carta da Terra", clicando aqui.