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quinta-feira, 10 de março de 2016

Painel faz debate em defesa da Classificação Indicativa na TV: 09 de março de 2016


Painel faz debate em defesa da Classificação Indicativa na TV

No dia 9 de março, às 14h, ocorre em Brasília o ‘Painel Classificação Indicativa: a ação no STF e os riscos para a proteção de crianças e adolescentes‘. O evento é realizado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos e Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes, em parceria com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, ANDI - Comunicação e Direitos, Artigo 19, Instituto Alana e Intervozes.

Reproduzido de Prioridade Absoluta
09 mar 2016

O Prioridade Absoluta é uma das Instituições que em parceria com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, organizações da sociedade civil, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conanda) realizam em Brasília, no dia 9 de março (2016), o “Painel Classificação Indicativa: a ação no STF e os riscos para a proteção de crianças e adolescentes”. (Acesse o site criado para a mobilização)

A atividade acontece em um momento delicado para a infância brasileira, no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2404, movida pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que pode por fim à vinculação horária da Classificação Indicativa, prevista no artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Na prática, a ação de inconstitucionalidade, se aceita pelo STF, permitiria que conteúdos inapropriados para determinadas faixas etárias pudessem ser veiculados a qualquer horário na TV aberta.

Cinco ministros já apresentaram seus votos e, até o momento, o entendimento favorável à ADI vence por quatro a um. A atual política de classificação vigora no país desde 2006, sob administração do Ministério da Justiça.

O Painel contará com a presença de um representante do Ministério da Justiça; do Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Rios; de integrantes do CNDH e do Conanda; e da advogada Ekaterine Karageorgiadis, do Instituto Alana, uma das organizações da sociedade civil que figura como amicus curiae no processo no STF.

Na avaliação de organizações da sociedade civil defensoras dos direitos humanos e que integram o processo no STF como amicus curiae, a política da Classificação Indicativa no Brasil é fundamental e deve ser mantida. Elas acreditam que, caso o Supremo derrube o artigo 254 do ECA, haveria uma preocupante retirada de direitos da infância, já que meninos e meninas poderiam ser expostos a conteúdos violentos e de teor erótico, comprometendo seu desenvolvimento psicossocial.

Durante o evento, será lançada pelas organizações da sociedade civil a Campanha “Programa adulto em horário adulto”. Interessados em participar do debate devem confirmar presença pelo e-mail cndh@sdh.gov.br até o dia 07 de março.

Serviço

O que: Painel Classificação Indicativa: a ação no STF e os riscos para a proteção de crianças e adolescentes

Quando: Dia 9 de março de 2016 (quarta-feira), às 14h

Onde: PGR – Procuradoria Geral da República, Memorial do Ministério Público Federal (SAF Sul Quadra 4, Conjunto C, Bloco B, Cobertura)

Inscrições: Os interessados devem confirmar presença pelo e- mail cndh@sdh.gov.br até o dia 07 de março.

Realização: Conselho Nacional de Direitos Humanos e Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes

Parceria: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, ANDI – Comunicação e Direitos, Artigo 19, Instituto Alana e Intervozes.

Reproduzido de Prioridade Absoluta
09 mar 2016

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A batalha pela publicidade infantil


A batalha pela publicidade infantil

A gigante Maurício de Sousa Produções prevê caos econômico se restrições forem impostas, mas entidades defendem resolução que trata propaganda como abusiva

Por Paloma Rodrigues
Publicado 22/12/2014

A publicação de um estudo contratado pela gigante do entretenimento Maurício de Sousa Produções (MSP) neste mês esquentou a briga pela legitimidade do mercado publicitário infantil. A pesquisa questiona resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que considera a publicidade infantil abusiva, e pinta um quadro de desastre para a economia caso a recomendação seja cumprida. Em 2015, o tema deve continuar mobilizando forças dos dois lados, pois será debatido no Congresso.

O levantamento divulgado pela MSP foi realizado pela GO Associados. Segundo os números, a produção destinada ao público infantil gera 51,4 bilhões de reais em produção na economia nacional, 1,17 bilhão de empregos, mais de 10 bilhões de reais em salários e quase 3 bilhões em tributos. Com as propostas do Conanda em prática, que restringem nas peças publicitárias o uso de linguagem infantil, de personagens e de ambientes que remetem à infância, as perdas seriam, segundo a MSP, de 33,3 bilhões em produção, cerca de 728 mil empregos, 6,4 bilhões em salários e 2,2 bilhões em tributos.

Para Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Instituto Alana, dedicado à garantir condições para a vivência plena da infância, a decisão do Conanda é baseada na Constituição, na qual a propaganda infantil é classificada como abusiva, e portanto ilegal. Para Karageorgiadis, o problema é que a fiscalização do material televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente. "Justamente porque essa publicidade continua existindo, o Conanda traz uma norma que dá a interpretação, para que o juiz, promotor ou o Procom possam identificar de maneira mais fácil o abuso", afirma. Karageorgiadis rebate a tese de caos econômico apresentada pelo MSP. Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil. "O licenciamento para entretenimento não é afetado: os desenhos continuam existindo, os brinquedos continuam existindo, o problema é a comunicação que se faz disso", diz.

A advogada relata caso em que a propaganda é feita até mesmo dentro das escolas. "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas", diz. "A novela infantil pode ser realizada, mas um grupo de agentes ir à escola distribuir maquiagens e cadernetas não pode". Para a MSP, dona dos projetos que envolvem a Turma da Mônica e maior estrutura de licenciamento da América Latina, isso não impede a perda de empregos e diminuição do mercado.

Mônica de Sousa, diretora executiva da MSP, disse que a principal preocupação da empresa é o impedimento da "comunicação mercadológica dirigida à criança", o que afetaria a comercialização de diversos produtos da MSP, como cadernos, livros e até uma linha de macarrão instantâneo dos personagens da Turma da Mônica. "Os artistas responsáveis pela criação desses desenhos e personagens serão triplamente prejudicados. De um lado, seus desenhos deixarão de ser atrativos para as emissoras de TV, já que elas não poderão fazer comerciais nos intervalos dos programas. De outro, suas criações não poderão ser emprestadas a quaisquer produtos", diz ela. "E, por último, eles não poderão promover shows e espetáculos com seus personagens, já que a resolução veta o patrocínio em eventos dirigidos ao público infantil", completa.

Um exemplo para dar forma à disputa em questão é a peça publicitária desenvolvida pela MSP para a Vedacit. Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado de São Paulo enviou um ofício ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) questionando uma propaganda da Mauricio de Sousa Produções, Otto Baumgart e Climanet. Na peça publicitária divulgada na internet, os personagens da Turma da Mônica utilizavam a linha de impermeabilizantes Vedacit. O processo foi arquivado pelo Conar, que aceitou a justificativa de que "não havia confusão entre conteúdo editorial e comercial". O Conar é criticado por ser um órgão da iniciativa privada e não aplicar as leis governamentais, mas as leis de seu regimento interno, que preveem multas e restrições a empresas que restringirem seu código de ética.

A advogada do Alana questiona o teor da peça publicitária. "Por que um produto químico, um impermeabilizante de telhados, precisa dialogar com a criança? A publicidade se usa de um personagem que não gosta de água, cria novos personagens, os "amiguinhos Vedacit" e se utiliza de uma linguagem infantil", diz Karageorgiadis. Segundo ela, mesmo sem ser do interesse da criança, ao ir à uma loja de construções com a família, ela será uma intermediária na compra do produto. "Para vender o Vedacit eu preciso mesmo de toda essa estratégia?".

Do outro lado, Mônica diz que a propaganda não foi destinada às crianças e que a produção das histórias em quadrinhos que continham os personagens da Vedacit e o personagem Cascão eram voltadas ao público adulto. "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos", diz Mônica. "Esse é um bom exemplo de como a restrição total e irrestrita proposta na resolução pode afetar a própria existência dos personagens." "É o fim dos personagens, pois eles não poderão mais estar em lugar nenhum", diz a herdeira do criador da Turma da Mônica e inspiradora de seu principal personagem.

Mônica ainda defende que a autorregulamentação da publicidade se aprimore, mas rechaça as proibições. "O Brasil possui hoje 22 normas que restringem a publicidade dirigida à criança, mais do que o Reino Unido, com 16 normas, e que os Estados Unidos, com 15. Se há excessos – e numa sociedade complexa como a nossa, é claro que eles ocorrem – é preciso continuar a aperfeiçoar essas normas", defende Mônica. "Mas proibir totalmente tanto a publicidade quando o licenciamento de marcas, como propõe o Conanda, é condenar os brasileiros a consumir única e exclusivamente a produção de conteúdo infantil estrangeira."

O vice-presidente do Conar, Edney Narchi, também critica a resolução do Conanda. "A mão pesada do Estado constitui uma afronta à liberdade de expressão e vilipendia o direito de cada família brasileira de criar seus filhos da maneira que acha correta”.

Papel dos pais. O papel dos responsáveis é um dos principais pontos de discussão dos dois lados. A presidente da Associação Brasileira de Licenciamento, Marici Ferreira, afirma que a resolução do Conanda usa a displicência dos pais no cumprimento do seu papel em "dizer não". "Pais ocupados e ausentes começaram a encontrar dificuldade para balancear regras e liberdade, autonomia a autoridade", afirma em nota. Ela ainda diz que a resolução tem "viés claramente paternalista" e "tenta ocupar quando minimiza o papel dos pais na educação e se investe da autoridade de decidir o que é melhor para seus filhos".

Karageorgiadis, do Instituto Alana, rebate. "Os pais certamente têm um papel fundamental na educação das crianças, mas a responsabilidade pela criança não é exclusiva dos pais, é dever do Estado, família e sociedade assegurar à essa criança prioridade absoluta", diz.

Em 2015, a briga seguirá no Congresso. Um projeto de lei do deputado Milton Monti (PR-SP) tenta derrubar a decisão do Conanda. Em novembro, o projeto recebeu parecer contrário da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. A questão ainda passará pela Comissão de Constituição e Justiça antes de seguir para votação na Câmara e no Senado.

Reproduzido de Carta Capital
22 dez 2014

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Boatos e Fatos sobre a Resolução 163 do CONANDA que trata da Publicidade Infantil

 

 

 

 

Resolução 163 do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente)

O texto completo, disponível aqui, diz que “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é abusiva e, portanto, ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor.

A resolução lista os seguintes aspectos que caracterizam a abusividade:

-       linguagem infantil, efeitos especiais e excessos de cores;
-       trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança;
-       representação de criança;
-       pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;
-       personagens ou apresentadores infantis;
-       desenho animado ou de animação;
-       bonecos ou similares;
-       promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil;
-       promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

Com a resolução, a partir de hoje fica proibido o direcionamento à criança de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchandising, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda.

O texto versa também sobre a abusividade de qualquer publicidade e comunicação mercadológica no interior de creches e escolas de educação infantil e fundamental, inclusive nos uniformes escolares e materiais didáticos.

Para o Conanda, composto por entidades da sociedade civil e ministérios do governo federal, a publicidade infantil fere o que está previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código de Defesa do Consumidor.

O Instituto Alana integra o Conanda, na condição de suplente, e contribuiu junto aos demais conselheiros na elaboração e aprovação desse texto.

“A partir de agora, temos que fiscalizar as empresas para que redirecionem ao público adulto toda a comunicação mercadológica que hoje tem a criança como público-alvo, cumprindo assim o que determina a resolução do Conanda e o Código de Defesa do Consumidor”, afirma Pedro Affonso Hartung, conselheiro do Conanda e advogado do Instituto Alana. “É um momento histórico. Um novo paradigma para a promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente no Brasil”, comemora Pedro.

Reproduzido de Criança e Consumo
Acesso em 14 ago 2014

Fotos via REBRINC - Rede Brasileira Infância e Consumo no Facebook
Acesso em 14 ago 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

Criança e Consumo ganha novo site




Criança e Consumo ganha novo site

O projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, está de cara nova. O novo site apresenta de forma fácil e rápida todo o trabalho desenvolvido pelo projeto, que tem como missão promover a conscientização e a defesa dos direitos da criança frente à comunicação mercadológica.

“O site reflete o trabalho desenvolvido pelo projeto, de divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade de produtos e serviços dirigida às crianças, assim entendidas as pessoas de até 12 anos de idade, bem como apontar meios de minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dessa comunicação mercadológica”, afirma a diretora Isabella Henriques.

Com menus que facilitam a busca por informações sobre todas as áreas do projeto, o público encontra materiais de apoio disponíveis para download, como ações jurídicas, legislação nacional e internacional, publicações e vídeos.

O grande destaque é a seção Denuncie. Nesse espaço, o público pode denunciar qualquer forma de comunicação mercadológica que estimule o consumismo infantil ou viole a integridade, dignidade e os direitos e garantias das crianças brasileiras. A denúncia será analisada pela equipe do Projeto Criança e Consumo.

Reproduzido de Criança e Consumo
01 jul 2014

Clique aqui para conhecer o novo site.


O Projeto Criança e Consumo

O Criança e Consumo tem como objetivo divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade de produtos e serviços dirigida às crianças, assim entendidas as pessoas de até 12 anos de idade, bem como apontar meios de minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dessa comunicação mercadológica.

O Projeto é multidisciplinar e atua em diferentes áreas, notadamente, no âmbito Jurídico, de Pesquisa, Educação e de Advocacy, influenciando a formulação e execução de políticas públicas sobre o tema do consumismo e dos malefícios do direcionamento da publicidade e da comunicação mercadológica voltadas ao público infantil; realizando denúncias jurídicas a órgãos como Ministério Público, Defensoria Pública e Procons de todos o país, bem como ao Ministério da Justiça e promovendo o conhecimento sobre tais questões.

Com ampla divulgação na mídia, o Criança e Consumo também construiu paralelamente uma rede de apoiadores que lhe deu e dá sustentação, especialmente na academia e no terceiro setor, mas também junto a mães, pais e educadores interessados na temática.

Tem como missão promover a conscientização e a defesa dos direitos da criança frente à comunicação mercadológica. Como visão: ser reconhecido como um trabalho de excelência na articulação junto aos agentes e setores envolvidos na cadeia de produção e distribuição de bens e serviços cuja comunicação mercadológica seja voltada às crianças, para que adotem práticas que minimizem os impactos nocivos do ‘consumismo’ na infância. Seus valores incluem a ética, transparência, respeito, cooperação e comprometimento.

O Criança e Consumo tem representação no CONANDA (Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente) e noCONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). É associado da BRASILCON (Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor) e membro da Consumers Internacional

Confira abaixo os relatórios do Projeto Criança e Consumo:


A partir de 2012, a prestação de contas do projeto passou a integrar o relatório do Instituto Alana, que pode ser encontrado aqui:


Reproduzido de Criança e Consumo . História
15 jul 2014


Para saber mais sobre o Projeto clique aqui. Curta o projeto no Facebook, clicando aqui.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ciranda de Filmes: primeira mostra de cinema focada em educação e infância do Brasil


Ciranda de Filmes trará filmes inéditos, nacionais e estrangeiros, além de rodas de conversa com especialistas.

De 31 de março a 3 de abril, a Ciranda de Filmes, uma co-realização do Instituto Alana, do Circuito Cinearte e da Aiuê Produtora de Conteúdo, com patrocínio do Instituto Alana e Península, vai exibir filmes em três eixos temáticos: nascimento e infância, espaços de aprendizagem e movimentos de transformação.

Com curadoria de Fernanda Heinz Figueiredo e Patrícia Durães, essa é a primeira mostra de cinema focada em educação e infância do Brasil – e uma das poucas do mundo. Na abertura, na noite do dia 31 de março, acontecerá a pré-estreia do documentário “Tarja Branca” – uma produção da Maria Farinha Filmes com direção de Cacau Rhoden – e uma apresentação especial com o artista Antonio Nóbrega, fundador do Instituto Brincante.

Durante o festival também será lançado o Pequeno Fugitivo, filme americano da década de 50, dirigido por Ray Ashley e Morris Engel, citado por François Truffaut como um dos grandes inspiradores da Nouvelle Vague.

Todos os dias haverá uma roda de conversa com a presença de um diretor dos filmes exibidos, além da participação de três especialistas. Maria Amélia Pereira (Péo), pedagoga e fundadora do Centro de Estudos Casa Redonda, Stela Barbieri, educadora, artista plástica e curadora educacional da Fundação Bienal de São Paulo, Renata Meireles, pesquisadora e criadora do Projeto Território do Brincar e German Doin, diretor do filme La Educación Prohibida, são alguns dos especialistas que participarão dessas rodas.

De acordo com Ana Claudia Arruda Leite, do Instituto Alana e que integra a Coordenação Geral da Ciranda de Filmes, “a mostra é um grande caldeirão poético, que pretende nos conectar com a essência da infância e inspirar educadores e pais a construírem experiências ricas em sentido e aprendizado para si e para as novas gerações”.

Mais informações no site: www.cirandadefilmes.com.br

Serviço

Local: Cine Livraria CulturaConjunto Nacional

Av. Paulista, 2073, Bela Vista, São Paulo, SP
Tel. (11) 3285-3696
Data: 31/03 a 03/4
Horário: das 9h às 18h


Inscrições gratuitas no link

Reproduzido de Instituto Alana
20 fev 2014

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Infância Livre de Consumismo: 12 razões para regular a publicidade infantil


12 razões para regular a publicidade infantil

Texto de Mariana Sá*

O PL 5921/01, que propõe uma nova regulação da publicidade para crianças, fará 12 anos de tramitação no dia 12/12. Por isso, selecionamos 12 razões pelas quais acreditamos que a publicidade infantil deva ser regulada:

1. Não há justificativa moral, ética ou social para usar as crianças como alvo da publicidade.

A única justificativa é econômica: dirigindo comunicação mercadológica para crianças, vende-se mais. Numa sociedade que prioriza o pleno desenvolvimento infantil, os negócios não podem estar acima das necessidades singulares da infância. E, sim, o Brasil é um país que – em tese, na lei – prioriza a crianças e esta prioridade deveria estar sempre sendo dada na feitura de novas leis e de novas políticas públicas, inclusive nas políticas econômicas e de comunicação.

2. As empresas têm acesso a tecnologias avançadas de marketing.

Pesquisas de mercado, grupos de observação de comportamento do consumidor, avançados estudos sobre a psicologia: tudo servindo à missão de aumentar os resultados de imagem, venda e lucro das empresas. E custe o que custar, mesmo que o custo seja reproduzir preconceitos e fragilizar ainda mais o indivíduo. As crianças, por sua própria inocência, são muito mais susceptíveis e indefesas diante dos marqueteiros e publicitários.

3. O córtex frontal, responsável pelo julgamento crítico, só termina de se desenvolver em torno dos 20 anos de idade.

Esta região cerebral está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e modulação de comportamento social. A atividade básica dessa região é resultado de pensamentos e ações em acordo com metas internas. A função psicológica mais importante relacionada ao córtex pré-frontal é a função executiva. Esta função se relaciona a habilidades para diferenciar pensamentos conflitantes, determinar o bom ou ruim, melhor e pior, igual e diferente, consequências futuras de atividades correntes, trabalho em relação a uma meta definida, previsão de fatos, expectativas baseadas em ações e controle social. Muitos autores indicam uma ligação entre a personalidade de uma pessoa e funcionamento do córtex pré-frontal. Wikipedia

4. Até os 12 anos, a criança não tem condições de compreender as artimanhas da publicidade.

É nesta idade, em média, que o sujeito inicia o desenvolvimento dos mecanismos internos capazes de compreender as diversas sutilezas e interpretar criticamente o sofisticado discurso publicitário. Antes de 12 anos, a criança não possui condições de se defender dos instrumentos usados pela influente indústria publicitária.

5. Um lobby poderoso impede a regulamentação da publicidade para crianças.

Um conjunto de representantes de anunciantes, de agências de publicidade e de emissoras de radiodifusão, e até mesmo artistas renomados do entretenimento infanto-juvenil, tem trabalhado intensamente nos bastidores do Congresso Nacional para atrasar a tramitação do PL 5921/01 que há doze anos é debatido e ganha substitutivos no parlamento. Eles sabem que seus lucros despencarão se o PL resultar na proibição da publicidade infantil ou mesmo numa regulamentação que envolva multa e contrapropaganda, uma vez que não terão liberdade para dirigir seu discurso para a criança, transformando-a em representante de vendas de seus produtos.

6. Os países com menos publicidade voltada para crianças são os mais desenvolvidos em termos de bem-estar infantil.

Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? O país que proíbe a publicidade infantil tem bons índices de bem-estar infantil ou tem bons índices de bem-estar infantil porque proíbe a publicidade infantil? Nós não sabemos o que vem antes, mas a constatação é que os dois fatores estão ligados: o país que se preocupa com as suas crianças não dá tanta liberdade aos anunciantes.

7. O neuromarketing utiliza tecnologia médica para estudar como o marketing afeta as crianças.

Segundo a wikipedia, o “neuromarketing é a união do marketing com a ciência, visa o entendimento da lógica de consumo: entender os desejos, impulsos e motivações das pessoas, através do estudo das reações neurológicas a determinados estímulos externos. Um dos principais fatos descoberto pelos neurologistas explica que a maior parte de todas as decisões de compra são tomadas em nível subconsciente e que, sendo assim, é importante impactar o inconsciente do consumidor com memórias, emoções e experiências positivas. Dessa forma, o consumidor se lembrará de uma marca ou de um produto de forma mais facilitada na hora de escolher qual produto adicionar ao carrinho.”

Esta breve descrição de internet basta para entender por que é imoral pesquisar usando crianças ou aplicar o neuromarketing em comunicações dirigidas a elas.

8. Crianças que sofrem bombardeio constante de estímulos publicitários ficam tão ocupadas em reagir que nunca aprender a criar.

“O universo onírico, dos sonhos e das brincadeiras, é essencial para a saúde psíquica da criança. Por meio da fantasia, ela consegue transportar o mundo adulto à sua vivência infantil de forma criativa. as crianças das gerações atuais não são mais criadoras das fantasias que vivenciam, mas as recebem da televisão e da internet, num processo que praticamente elimina o contato e a convivência com amigos e impede aos pequenos se educar nos códigos da sociabilidade, como saber admitir seus próprios limites e reconhecer o direito dos outros”. Frei Beto

9. É imoral, é ilegal e engorda.

Deixar um PhD em marketing conversar com uma criança sem supervisão dos pais é como permitir que um pedófilo gerencie um orfanato, é imoral. A legislação brasileira, nos seus princípios enuncia prioridade e a hipervulnerabilidade das crianças: é ilegal (sim, já é ilegal!). A publicidade anuncia alimentos calóricos e pouco nutritivos, o marketing coloca personagens queridos para estampar embalagens de porcarias: engorda!

10. Não é sustentável.

Ora! Se a publicidade estimula a compra do que não é necessidade ou desejo de fato, a publicidade estimula o consumo de recursos do planeta para produzir mais do que o que precisamos e o descarte de tudo aquilo que compramos e jogamos fora. Se a publicidade se dirige às crianças, o consumo é muito maior e o descarte mais intenso. Publicidade infantil e sustentabilidade não têm nada a ver uma com a outra.

11. Se aproveita da ausência dos adultos, distorce valores e gera estresse familiar.

Sempre que se fala em proibir a publicidade não falta quem diga que os pais precisam dizer “não!” e explicar para os filhos as artimanhas do discurso publicitário. O fato é que no Brasil, este país pobre que se contorce e não consegue promover uma infância decente para mais da metade das crianças, este é um sofisma, porque simplesmente os adultos não têm recursos (informacionais ou de tempo) para explicar coisa nenhuma sobre discurso publicitário ou mesmo para estar com os filhos enquanto assistem tevê. Proibir a publicidade ou regulamentá-la de maneira mais eficiente significa proteger os mais vulneráveis.

12. A autorregulamentação não tem sido eficiente no Brasil.

As denúncias demoram de dois a três meses para serem apreciadas e a maior parte das sentenças determina que a campanha seja alterada ou tirada do ar. Os anunciantes não pagam multa nem são obrigados a se retratar. Quando, finalmente a campanha sai do ar, já fez grandes estragos no desenvolvimento das crianças que ficaram expostas.


Inspiração para o post: anotações de Silvia Düssel Schiros durante a palesta de Susan Linn para o Projeto Criança e Consumo.

* Mariana é publicitária e mestra em políticas públicas. É mãe de dois e escreve no blog Viciados em colo. Co-fundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo.

02 dez 2013

Publicidade infantil não! Ajude com um e-mail clicando aqui.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"Prioridade Absoluta" para os direitos da criança


Prioridade Absoluta

Prioridade Absoluta é uma iniciativa do Instituto Alana criada para dar visibilidade e contribuir para a eficácia do artigo 227 da Constituição Federal, que coloca as crianças em primeiro lugar nos planos e preocupações da nação.

Reunimos neste site um arcabouço de conteúdo capaz de solucionar vários problemas que impactam a infância brasileira e que já estão contemplados em lei. São textos, pesquisas, artigos e sugestões de como atuar em, inicialmente, quatro áreas: Educação, Espaço PúblicoMídia e Comunicação e Sistema de Garantias.

Na seção Como fazer e em cada tema, o Prioridade Absoluta compartilha experiências de mobilização e de advocacy, além de modelos de carta, petições, denúncias, ações judiciais, entre outros, com o intuito de facilitar a atuação em prol das crianças.

Nossa missão é
Informar, sensibilizar e mobilizar as pessoas, especialmente operadores do direito, para que sejam defensoras e promotoras dos direitos das crianças nas suas comunidades, com prioridade absoluta.

Nossa visão é pela
Efetivação dos direitos e garantias de todas as crianças brasileiras.


Confira os vídeos do Prioridade Absoluta clicando aqui.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Regina de Assis: a relação das crianças contemporâneas com as mídias


Regina de Assis, educadora, fala sobre a relação das crianças contemporâneas com as mídias e sobre a importância da integração do audiovisual a conteúdos político-pedagógicos das escolas.

26 nov 2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Vale tudo para crianças? Uma reflexão sobre a espetacularização da violência desde a infância, por Laís Fontenelle


Vale tudo para crianças?

Uma reflexão sobre a espetacularização da violência desde a infância

Laís Fontenelle*

O MMA (Mixed Martial Arts) – Artes Marciais Mistas, na tradução para o português – tem ganhado cada vez mais novos adeptos da prática. Pasmem! Segundo últimas notícias em jornais internacionais e nas redes sociais crianças menores de 8 anos têm se enfrentado em ringues ou palcos octogonais pelo mundo, mais especificamente EUA e Armênia, com sangue nos olhos e golpes para lá de adultos- que demonstram uma espetacularização da violência desde a infância e pode ser visto no vídeo (abaixo). É fato que o boom do MMA, como um espetáculo midiático, que envolve diferentes artes marciais, faz sucesso há tempos em nosso país- seu criador – e mundo afora e que também não é de hoje que se observa uma adultização da infância quando vemos cada vez mais crianças ocupando papéis antes reservados ao universo adulto. Então vocês devem estar se perguntando o que tanto me chocou nas notícias que li.

Talvez o que mais tenha me chamado atenção, em tempos tão violentos – quando uma cultura de paz se faz urgente – foi ver que crianças, desde a mais tenra idade, têm sido treinadas ao ataque e encorajadas, por suas famílias, a ter um desempenho de galos de briga ao participar de um espetáculo que cultua e propaga a violência. E acho que não fui a única a questionar essa nova moda, pois o que andei lendo foram relatos bastante indignados de profissionais da saúde e educação e até o próprio presidente do UFC, Dana White, criticando a realização dessas lutas infantis. Para quem não está tão por dentro vale mencionar que UFC (Ultimate Fighting Championship) é hoje a maior organização de artes marciais mistas do mundo, que contém os maiores lutadores do esporte e produz mega eventos ao redor de todo o mundo.  Mas, muito mais do que um evento, podemos dizer hoje que o UFC é uma marca que vende; muito mais do que roupas, ídolos, acessórios de luta ou organiza eventos- ela vende valores como competição, derrota, luta, ataque, performance, ganhador X perdedor.

Vale destacar que não quero dizer aqui de forma alguma, até como esposa de um Karateca e filha de Judoca, que lutas de contato são maléficas para as crianças ou que a prática de artes marciais é inadequada na infância porque, sem dúvida, tanto essas lutas quanto as artes marciais podem ensinar valores bem importantes como: Autocontrole, Foco, Dedicação, Comprometimento, Defesa e principalmente Respeito. Porém, tudo tem seu tempo e sua indicação. No Karatê, por exemplo, que significa mãos vazias, o que se busca é mais autoconhecimento do que competição e crianças menores de oito anos não podem, em locais sérios, exercitar a prática. Há até um ditado dentro desta modalidade que diz que “o Karatê começa na faixa preta”, o que significa que apenas depois de muita experiência se é capaz de começar a compreender o verdadeiro significado de uma arte marcial. No Judô o oponente não é tido como um adversário que merece ser nocauteado e sim como alguém que merece respeito na sua prática. Os golpes podem até ser enxergados como um balé a dois. Existem muitas regras claras de proteção à integridade física do seu oponente. O tatame é tido, inclusive, como uma terra santa.

Já o que tem acontecido nesses ringues é algo totalmente diferente e que passa longe do respeito exercitado através de outras lutas. O que se vê é uma espetacularização da violência onde crianças pequenas são convidadas a se digladiar enquanto adultos voyeurs gozam divertindo-se e tomando cerveja. Tudo isso à custa de comprometimentos físicos nos ligamentos, ossos e pescoços das crianças sem contar com os danos emocionais e as marcas subjetivas que podem ser acarretadas por essa prática abusiva . Não se pode nunca esquecer que nossas crianças são seres em desenvolvimento psíquico, físico e emocional e que aprendem através de modelos adultos. Precisamos então parar e pensar no que estamos permitindo que seja feito com as crianças e seus corpos expostos. O das meninas, cada vez mais erotizados e despidos, e dos meninos expostos nessas lutas espetaculosas. Tanto as artes marciais quanto as lutas de contato envolvem conceitos sérios que a criança ainda não tem formados dentro de si. Essa prática esportiva, extremamente competitiva aos meus olhos, quando praticada na infância não traz  nada além da expressão de uma agressividade gratuita. Porque acredito que as crianças que ali entram para lutar não tem ainda a capacidade de entendimento total do que esse espetáculo envolve. Assim como, tenho certeza que, as meninas que desfilam em passarelas de mini miss também não têm a dimensão do que é essa experiência – e talvez seja até por isso que o Estado Francês discutiu com a devida seriedade esses concursos também.

Esse cenário não pode se armar e se tornar realidade. Nossas crianças precisam exercitar valores mais cooperativos do que competitivos e de ataque. Vivemos um momento especial no mundo em que diferentes manifestações de violência têm acontecido e sido cada vez mais recorrentes e ainda nos perguntamos o que tem acontecido. Nossas crianças têm sido convidadas ao combate e a luta, desde pequenos, quando o que mais se precisa hoje talvez seja de cooperação, solidariedade e troca afetiva- valores que não se aprende nesse tipo de embate.

E nem adianta vir com explicações, como a de um treinador desses pequenos lutadores, que disse que ele promove somente diversão e exercícios físicos entre esses meninos.  O que se promove são nada mais do que cenas brutais de aviltamento da infância. As crianças precisam de mais respeito e do entendimento de que coragem significa agir com o coração e isso começa em nós adultos. Temos o dever de questionar ou, pelo menos, estranhar espetáculos como esse. Crianças precisam brincar como exercício de comportamentos adultos. Elas não precisam de ringues ou palcos para construção de conceitos como feminilidade, masculinidade, coragem e bravura.  Para nossas crianças não vale tudo. Deixo aqui minha indignação.

13 nov 2013


* Laís Fontenelle é Psicóloga, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio com dissertação intitulada “Moda Clubber e Raver: uma tendência na cena contemporânea”. Atualmente coordena a área de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

Atuou na área de Educação Infantil durante nove anos no eixo Rio de Janeiro e São Paulo. Também realizou atendimento terapêutico em crianças com problemas de aprendizagem e assinou a coluna Consumindo Ideias da Folhinha do Jornal Folha de São Paulo em 2009. Especialista no tema Criança, Consumo e Mídia é hoje uma ativista pelos direitos das crianças viajando o país sensibilizando corações e mentes para o problema do consumismo na infância.


Conheça a dissertação de mestrado (2003) de Laís Fontenelle clicando aqui.



Comentário de Filosomídia:


Muito bem, Lais Fontenelle. Tanto a "lutar" pelos direitos das crianças à infância...
Se a gente não fica atento a esse tipo de agressão aos seus direitos daqui a pouco - sob os olhos, bocas e ouvidos dos poderes públicos constituídos - esse tipo de "show" vai pra grade de programação infantil domingueira das redes de TV hegemônicas mirando o nicho de mercado de consumo. É assim que essas empresas agem, sem compromisso nenhum com a ética e os direitos humanos... Lamentável...


Leo Nogueira Paqonawta

Adriana Friedmann: o brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança


"O brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança"

“As crianças estão sendo educadas por um outro mundo
que foge aos muros da escola”
Adriana Friedmann

Adriana Friedmann ensina: o brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança. Cofundadora da Aliança pela Infância no Brasil, é educadora e pesquisadora do brincar, tendo publicado diversos livros sobre o tema.

Neste trecho de entrevista ao Projeto Criança e Consumo, Adriana afirma que a criança contemporânea, ao contrário do que muitos acreditam, brinca sim e está cada vez mais criativa. Para ela, o que falta é um diálogo mais efetivo dos adultos com o mundo lúdico infantil. “Há três décadas temos falado em um tom de saudosismo. Está na hora de a gente entender mesmo do que as crianças estão brincando”, diz.

(...) Nesse sentido, há uma falta de diálogo do adulto com a criança?

O que precisamos fazer é mergulhar no mundo delas. As crianças entram em um universo de fantasia que não é mais aquela fantasia que vivenciamos na nossa infância, mas que também tem coisas interessantes e positivas. As crianças têm regras próprias, valores próprios, por isso, além de ensinar, nós também temos que aprender com elas. Estamos em um momento do trabalho com a infância em que precisamos ouvir as crianças a partir de suas linguagens.

Quando o brincar começou a fazer parte da educação formal?

Há registros arqueológicos que indicam que o brincar existe desde que o homem é homem e, antigamente, os adultos brincavam e se misturavam com as crianças.

Hoje, o brincar entra na escola como um instrumento de ensino e se pedagogizou. O prazer de brincar ainda fica restrito para a hora do recreio. E o que vem acontecendo? As gerações dos últimos 20 anos são de crianças que não ficam quietas, não prestam atenção. O brincar como instrumento de ensino pode virar uma obrigação e, paralelamente a isso, o tempo de recreio vem diminuindo a cada ano. As crianças estão ficando mais reprimidas e com menos tempo para se descobrirem.

Você é uma pessoa otimista em relação à situação atual da infância?

Sou otimista sim. Na década de 1980, quando começamos a falar da importância do brincar, não havia interlocução. Hoje, nós temos muitos formadores, temos o brincar nas leis, o brincar na escola, o brincar como direito, os fabricantes de brinquedos com a consciência de que o que eles estão fabricando é especial, que deve existir um cuidado com o material, com a segurança. Sinto que ao mesmo tempo em que a situação está tão caótica, há um contraponto de um grupo muito grande em favor do brincar. Há um potencial que está perpassando todas as instâncias para humanizar a era da tecnologia.

Conheça o livreto completo "Criança e Consumo - Entrevistas - A importância do brincar"  contendo as entrevistas com vários autores clicando aqui, ou baixando/descarregando aqui.

Adriana Friedmann

Conheça outras entrevista com Adriana Friedmann, por Larissa Linder, em Revista Guia Fundamental clicandoaqui.

Trecho:

Como o professor pode lidar com as brincadeiras na escola?

O professor recebe uma formação “pedagógica” e é, em geral, cobrado para seguir um currículo que fica limitado a conhecimentos que passam mais pelo acúmulo de informações em todas as áreas, deixando de lado o corpo e outras formas de expressão não verbais. Nesse sentido, ele vê o brincar como um tempo determinado de ócio (não trabalho), ou que só pode acontecer nos espaços do recreio ou do tempo livre. Ele muitas vezes desconhece o potencial educacional das brincadeiras e, por isso mesmo, nem imagina a possibilidade de trazê-las para o seu cotidiano para dar oportunidade para as crianças crescerem, desenvolverem-se e aprenderem por meio delas. O professor precisa vivenciar as brincadeiras para, na sequência, refletir a respeito dos seus potenciais e, assim, conscientizar-se da importância de devolvê-las à vida das crianças e ao seu próprio trabalho.

Outra entrevista no Mapa do Brincar da Folha.

Trecho:

O que a mediação do adulto, mais comum hoje, faz com a brincadeira?

A maioria dos adultos censura a brincadeira. Eles querem formatar, orientar ou conduzir a criança e têm dificuldade de aceitar que as brincadeiras de agora são diferentes daquelas do seu tempo. Mas também há os que entram na brincadeira. O meio-termo é aprender e, ao mesmo tempo, mostrar coisas novas. Às vezes, elas gostam; outras vezes, acham tudo ridículo. Mas, certamente, acabam fazendo releituras.