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segunda-feira, 3 de março de 2014

E$cola$ dando um adeu$ à infância...


Escolas dão aulas de finanças, inglês e empreendedorismo a partir dos 3 anos

Colégio da Vila Madalena tem classes de inteligência emocional e administração de sentimentos; crianças aprendem a lidar com cifras e metas de curto, médio e longo prazo

Victor Vieira, O Estado de S.Paulo

Eles têm aulas de educação financeira e empreendedorismo e ainda aprendem inglês. A rotina parece de um curso para executivos, mas é das salas de pré-escola e dos primeiros anos do ensino fundamental em alguns colégios particulares de São Paulo. Na tentativa de renovar e conectar os currículos ao cotidiano, surgem cada vez mais disciplinas que tentam traduzir para as crianças elementos próprios do universo adulto.

A proposta da Escola Sol da Vila, na Vila Madalena, zona oeste da capital, é multiplicar as possibilidades de estímulos às crianças. Antes mesmo de aprenderem a falar, alunos no berço - a partir de 8 meses de idade - já têm aulas de inglês. "A ideia é que eles se acostumem desde cedo com os sons do idioma", explica Juliana Quege, diretora da escola. Nas classes e nos corredores do colégio a professora é orientada a se comunicar em inglês o tempo todo: os meninos nem sabem que ela domina a língua portuguesa.

No cardápio de disciplinas, também constam classes de inteligência emocional, que discutem valores éticos, a administração de sentimentos e os desafios de convívio dentro da família e com os amigos. "Precisamos fazer com que eles reflitam sobre como evitar conflitos", afirma Juliana. Outro item é a Educação Financeira a partir dos 3 anos. Ao contrário do que se pensa, a disciplina não exige habilidade com calculadoras. O foco é mostrar a importância de evitar consumos exagerados e poupar para atingir objetivos.

Ao longo do ano as crianças estabelecem pequenas metas - ir ao cinema ou fazer um lanche especial - e planejam como juntarão dinheiro nos cofrinhos para alcançá-las. O método usado é o Dsop (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar), criado por uma consultoria especializada. "Usamos fábulas e brincadeiras para facilitar a compreensão e fazer comparações com o real", afirma a diretora, que aponta a faixa etária como a melhor época para explorar esses temas. "É a fase em que mais assimilam informações", defende.

A Sol da Vila não está sozinha. Entre as escolas que tratam de assuntos sérios com os pequenos também está o Colégio Internacional Emece, em Perdizes, na zona oeste, que dá aulas de Empreendedorismo e Ética já nos primeiros anos do ensino fundamental. Davi Marques, de 8 anos, começou na disciplina há poucas semanas e passou no primeiro teste: já pronuncia corretamente o nome da matéria. As próximas etapas, já iniciadas, são entender como as relações econômicas aparecem na sua vida. A "tia da cantina" é o exemplo mais próximo de empreendedora. "Na aula, falamos como é importante ela tratar bem a gente. Se não for assim, não compramos os lanches na cantina outra vez", conta Davi.

Além de aprender a lidar com o dinheiro, os alunos também escutam nas aulas sobre a necessidade de respeito entre as pessoas. "Conseguimos trabalhar ainda com outras questões essenciais, como a preservação do meio ambiente, ao falar sobre o consumismo", aponta a coordenadora pedagógica da escola, Solange Silvestre. As classes também ajudam a incrementar o repertório. "Como trazemos palavras mais difíceis, eles sempre usam o dicionário".

Poupador mirim. O pai de Enrico Mercúrio, de 5 anos, trabalha em um banco, mas não é o único que entende de cifras na família. "Desde que o Enrico começou a ter aulas de Educação Financeira, ele aprendeu a poupar para ter os próprios brinquedos. Comprou até um tablet com as economias", conta Talissa Violim, de 31 anos, a mãe orgulhosa. "É incrível como ele faz isso sozinho", elogia.

Enrico estuda na escola Baby Nurse, na Vila Prudência, zona sul da capital. Assim como no colégio Sol da Vila, as crianças definem metas em curto, médio e longo prazo. Os alunos fazem feiras, em que vendem brigadeiro e salada de frutas para os pais, com o objetivo de arrecadar dinheiro. "É interessante porque os meninos desenvolvem outras habilidades. Nas feirinhas, eram eles quem abordavam os pais para comprar e também calculavam o troco", relata Talissa, que é fotógrafa.

Segundo a mãe, a Educação Financeira foi uma oportunidade de aprender no colégio o que ela já tentava fazer em casa. "Sempre quis mostrar a meu filho o valor do dinheiro. Na escola, eles têm um método melhor para que as crianças entendam isso", diz. Neste ano, as aulas com os cofrinhos ainda ajudarão Enrico a reunir os trocados que ganha dos tios e avós para comprar presentes. Em um futuro mais distante, ele também se vê ligado aos números e ao dinheiro. "Quero trabalhar em um banco, igual ao meu pai."

Reproduzido de Estadão
03 mar 2014

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Especialista vê riscos nas temáticas adultas

Ameaça é sobrecarregar os alunos e tirar espaço para os aprendizados como leitura e matemática básica

Victor Vieira, O Estado de S.Paulo - O Estado de S.Paulo

Apesar do entusiasmo dos pais, grande parte dos especialistas é resistente a antecipar temas adultos - como dinheiro e negócios - para crianças mais novas. O risco, segundo os críticos às transformações dos currículos, é sobrecarregar as cabeças dos alunos e tirar espaço de aprendizados mais importantes, como leitura e matemática básica.

Há consenso de que as bases educacionais da infância interferem na vida adulta. "Mas não é por isso que se deve sair em uma gincana novidadeira atrás de atividades cada vez mais diferentes das já praticadas para garantir o sucesso das crianças quando crescerem", pondera a especialista em educação Ilona Becskeházy.

Segundo ela, a proliferação de disciplinas diferentes é resultado da falta de referências consolidadas para montar os currículos da educação infantil. "As crianças devem ser acolhidas e respeitadas pelos adultos que as cercam e as atividades mais apropriadas são as que as fazem usar seus músculos e cérebros de forma compatível com sua fase de vida", afirma.

Marilene Proença, especialista em psicologia escolar da Universidade de São Paulo (USP), também acredita que a abordagem de Educação Financeira e Empreendedorismo, por exemplo, é precoce. "O dinheiro faz parte da vida das crianças, mas faltam elementos para uma compreensão maior", aponta.

Segundo Marilene, no entanto, a abordagem de alguns temas adultos em sala de aula pode ser positiva. "Depende de como o tema é tratado. Mas acredito que há outros debates melhores, como os de meio ambiente e respeito à diversidade", diz.

Formação gradual. A diretora da escola Baby Nurse, Susana Lee, admite que ficou insegura ao levar a Educação Financeira para seus alunos. "Mas foi uma boa surpresa. Os meninos apresentaram maturidade para discutir os temas", relata. As lições aprendidas em sala de aula, destaca Susana, também foram levadas para casa. "Ouvimos relatos de meninos que corrigiram os próprios pais sobre desperdícios de água", conta.

De acordo com Ana Rosa Orellana, diretora pedagógica da consultoria Dsop Educação Financeira, o trabalho com alunos, que já começa a partir dos 3 anos de idade, é fundamental para combater o endividamento no futuro. "É bem mais difícil retirar vícios dos adultos do que ensinar bons hábitos às crianças. Como a maioria dos pais é despreparada, eles têm dificuldades para ensinar", afirma.

Outra justificativa é preparar as crianças para reagir ao forte apelo de consumo. "Em uma hora assistindo à televisão ou na rua, já são várias as situações em que se é convidado a comprar", ressalta. / V.V.

Reproduzido de Estadão
03 mar 2014

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Galinha Pintadinha e a propaganda do sabonete Lifebuoy


As ações de marketing direcionadas ao público infantil

Por Carla/Equipe
19 julho 2012

Cada vez mais vemos ações de marketing direcionadas ao público infantil. É uma forma de conquistar os pais por meio das crianças e também um caminho de fidelização desde cedo. A criança cresce com atitude positiva em relação à determinada marca devido ao percurso mercadológico desenvolvido que inclui a performance do produto tanto no ponto de venda (lojas, supermercados etc) quanto em suas inúmeras formas de divulgação (publicidade, product placement, eventos, teatro, cinema, escolas etc).

Questiona-se até que ponto a criança deve ser alvo desse tipo de mensagem. E avançando no debate, questiona-se o direcionamento de mensagens de produtos para adultos como produtos de limpeza (caso minus, pato gel, etc), automóveis (caso fiat, ford), produtos de higiene pessoal, entre outros. Sobre esse último, o caso do produto Lifebuoy é interessante para uma breve análise.

A marca Lifebuoy é especializada em higiene pessoal incluindo produtos como sabonetes e álcool em gel. Para promover sua marca, criou uma ação de marketing patrocinando o espetáculo musical do fenômeno midiático infantil Galinha Pintadinha. Uma música específica foi criada para fixar o hábito de lavar as mãos e, claro, consequentemente a marca. Além da música, o show conta com promotores e bonecos caracterizados como sabonete e uma grande bactéria. Há distribuição de almofadas da marca para que as crianças visualizem melhor a apresentação, e são entregues sabonetes, giz de cera, desenhos para colorir e bolinha de sabão com rótulos personalizados. É um circuito de diversão e brindes patrocinado para aumentar as vendas.

Conscientizar a população para uma melhor higiene e suas alternativas em relação às crianças e aos adultos parece ser algo positivo e relevante, no entanto, quando essa ação é calculadamente planejada por uma marca para atingir o público infantil e persuadir adultos a gastar mais com um sabonete que não cumpre necessariamente todos os objetivos que divulga, fica a dúvida sobre a responsabilidade de fato dessa marca e o quanto ela está realmente preocupada com a saúde de seu público-alvo.

Reproduzido de Consumismo e Infância
19 jul 2012

Comentário de Filosomídia:

Quando eu era criança nos anos 60, tal sabonete patrocinava a exibição do seriado “Bat Masterson”. Nas brincadeiras de rodas as crianças cantavam o jingle na melodia da introdução do programa. Eu cantava também, e a musiquinha ainda está "na cabeça" depois de mais de 40 anos. Olhem o que faz a propaganda para crianças...

“O sabonete lifebuoy, tem o prazer de apresentar, o novo filme de cowboy!!! Bat Masterson!! Bat Masterson!!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Barbie: uma imagem que aprisiona


Barbie: uma imagem que aprisiona

Por Lais/Equipe 
13 julho 2012

"Barbie: uma imagem que aprisiona", esse foi o título do meu trabalho de conclusão de curso de Psicologia há alguns anos atrás. Mas, posso dizer que essa boneca loira e linda sempre chamou minha atenção não só pelos belos modelitos que exibia ou por seus 10 cm de quadril e 12,5 de busto. Barbie prometeu a todas as meninas de minha geração um mundo cor de rosa repleto de acessórios e acabou nos aprisionando nesse sonho.

Agora, vamos há um pouco de história.No final dos anos 50 o casal Ruth e Elliot Handler, fundadores da fábrica de brinquedos Mattel, encontraram um nicho de mercado, ainda não explorado, ao observar as brincadeiras de sua filha Barbara de 7 anos com bonecas de papel. Nessa época não existia uma boneca tridimensional de corpo adulto com a qual a criança pudesse fantasiar e realizar seus sonhos. Foi nesse momento que Ruth criou a Barbie e seu mundo "Pink" revolucionando para sempre as brincadeiras das meninas que, até então, brincavam exclusivamente com bebês como um exercício para a maternidade.

Desde a chegada da Barbie nas prateleiras, garotas do mundo todo passaram então a experimentar, em suas brincadeiras, a falsa idéia de que as mulheres adultas podiam ser o que desejassem: médicas, astronautas, bailarinas, mas claro, desde que fossem magras e belas. Assim, a boneca virou o jogo e passou não só a ditar as regras da brincadeira, mas também os desejos da garotada; por esgotar em seu corpo magro, oco e de plástico com as possibilidades de ser, pois passava valores que priorizavam o ter.

Barbie, hoje com mais de 50 anos de idade, continua sendo a boneca mais amada e vendida no mundo todo e acabou conquistando um fã clube de mais de 18 milhões de membros, desfiles inspirados em seus modelos de roupa, exposições em museus mundo afora e até mais de 36 cirurgias plásticas em um único corpo. A estética da Barbie é hoje imposta pela cultura da moda e, principalmente, pelas imagens publicitárias mobilizando milhões de meninas e adolescentes a fazer de tudo para conquistar o corpo ideal vendido como passaporte para a felicidade.

Esse fato é tão verdadeiro que na semana passada um exemplo chegou à maioria dos jornais brasileiros chocando a todos: Duas adolescentes inglesas de 16 anos, da cidade de Crewkerne, chegaram ao baile de formatura do colégio empacotadas dentro de caixas da Barbie em tamanho natural, como verdadeiras bonecas de plástico encenando uma entrada triunfal. As caixas de papelão de 1,80 m X 0,60, com flores pintadas a mão, foram feitas por uma das mães que gastou 250 libras para realizar o sonho das meninas.

Bom, se a intenção era roubar a cena elas conseguiram. A cidade toda parou para vê-las passar, aprisionadas em seu sonho de infância. Onde vamos parar? No baile de formatura! Agora, vale a reflexão... Se de alguma maneira, nós mulheres nos libertamos dos espartilhos de nossas bisavós, as adolescentes da atualidade continuam aprisionadas ao culto do corpo perfeito numa busca incansável pela magreza e felicidade que não lhes dá sossego.

Reproduzido de Consumismo e Infância
13 jul 2012

Leia também:

Barbie: tudo o que você quer ser ou considerações sobre a educação de meninas, por  Fernanda Roveri

Do rosa ao choque

A história da boneca Barbie foi objeto de estudo da dissertação de mestrado da professora Fernanda Roveri. O levantamento agora está no livro Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque (Editora AnnaBlume), que será lançado no dia 27 de abri, às 16h30, na Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas.

No livro, a autora discute como meninos e meninas são educados por seus brinquedos e como a publicidade investe em carregá-los de feminilidade ou masculinidade. Enquanto os brinquedos destinados aos meninos propagam ideias de velocidade, destruição e desempenho, os brinquedos feitos para meninas reforçam a maneira sensível e passiva de como estas devem se comportar, reforçando conceitos de domesticidade e beleza como algo inerente ao feminino.

Leia o texto completo em Revistapontocom clicando aqui.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pesquisas em prol do consumo e produção sustentáveis


Pesquisas em prol do consumo e produção sustentáveis

Por Carla Rabelo
Consumismo e Infância . Instituto Alana
27 junho 2012

Nos últimos dias 13, 14 e 15 de junho, o Rio de Janeiro abrigou o Global Research Forum on Sustainable Consumption and Production - GRF-SCP (Fórum Global de Pesquisa em Consumo e Produção Sustentáveis), evento que reuniu pesquisadores, empresas, representantes de governos e de organizações não-governamentais de todo o mundo para discutir suas pesquisas e possíveis aplicações em novos modos de produção e consumo sustentáveis. Esses temas são correlatos ao contexto da Rio+20.

Mesmo sem um expressivo número de latinamericanos, o evento contou com estudos advindos do Brasil, Chile e México, mas foi predominantemente representado por países como Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Lituânia, Índia, Inglaterra, Filipinas, Japão, Singapura, África do Sul, entre outros. Os artigos apresentados versavam sobre as tendências e necessidades de pesquisa diante do atual sistema global de produção e consumo que está resultando em grandes crises ambientais, econômicas e, consequentemente, impactos nas vidas das pessoas.

Pensar em sistemas alternativos para problemas de países desenvolvidos e em desenvolvimento como o Brasil dentro de metas globais e locais de sustentabilidade é o maior desafio para a interface do mundo científico com outros atores sociais. Mas outra questão que continua sem respostas e tão cara aos estudos nacionais e internacionais é a lacuna entre pesquisa e prática. O acesso às informações de pesquisa continua, em grande parte, restrito a uma literatura distante por meio de revistas acadêmicas, relatórios e congressos que não proporcionam acesso e intercâmbio dos outros saberes (indivíduos, comunidades, empresas, ongs etc).

Nesse sentido de compartilhar conhecimentos e trazer importantes discussões sociais ao universo científico, o Instituto Alana, por meio da pesquisadora Carla Rabelo e da coordenadora de mobilização Gabriela Vuolo, participou no dia 15 de junho desse fórum apresentando, na divisão temática de Educação, com o artigo "Criança, Consumo e Sustentabilidade - Os efeitos negativos da publicidade e a emergência de políticas públicas adequadas". O trabalho expos as preocupações atuais diante do predominante consumismo social incentivado por mecanismos de comunicação mercadológica como a publicidade voltada ao público infantil, que tenta solidificar desde cedo o modelo do acúmulo, antagônico com a proposta de sustentabilidade e redução de descarte.

Acompanhar as discussões da pesquisa científica no Brasil e no mundo, nos ajuda a entender melhor esses temas tão complexos e difíceis. Os estudos podem abrir caminhos reflexivos, criativos, embasados e também soluções para um mundo mais igualitário, sem explorações e incentivos consumistas.

Se você tem alguma pesquisa, estudo ou atividade ligada aos temas sustentabilidade, educação, consumo, consumismo, criança, infância, publicidade, propaganda, marketing, compartilhe escrevendo um e-mail para: contato@alana.org.br

Reproduzido de Consumismo e Infância
27 jun 2012

Publicidade para criança não é legal: Inspirações de rua na Rio+20


Inspirações de rua na Rio+20

Por Gabriela Vuolo
Instituto Alana
26 jun 2012

Rio+20 passou, as pessoas que participaram estão, aos poucos, voltando pras suas casas e pras suas rotinas. É hora de olhar pra trás e ver o que nos rendeu esse grande encontro no Rio de Janeiro.

O processo de negociações oficiais da ONU frustrou muita gente - o documento final não trouxe compromisso, ambição e nem uma disposição real em resolver os problemas socioambientais que já enfrentamos... Ainda assim, a reunião formal foi uma oportunidade de pautar assuntos relevantes para a sociedade, como o tema do consumismo e da publicidade infantil e do impacto dessa questão na sustentabilidade.

No entanto, os resultados verdadeiramente inspiradores da Rio+20 vieram muito mais das ruas do que do processo de negociação formal. Vieram dos encontros e conexões, do bate-papo com Marina Silva, da energia dos voluntários que nos ajudaram durante toda a Cúpula dos Povos, das palavras de Frei Betto. E vieram também da Marcha da Cúpula dos Povos.

Cinco mil? Vinte mil? 50 mil? 80 mil? As estimativas podem até variar, assim como as causas que foram levadas pelos manifestantes, mas a verdade é que o desejo de mudanças reais estava lá, da Candelária à Cinelândia, ao longo de todo o percurso da marcha.


A equipe e os voluntários do Alana aproveitaram o momento para divulgar o problema do consumismo infantil, demandar a regulação imediata da publicidade infantil e conversar com as pessoas na rua. E a acolhida que recebemos foi incrível! Pessoas que paravam para tirar foto, pais e mães que foram marchar com seus filhos e fizeram questão de vir falar conosco pra demonstrar seu apoio, representantes de outras causas que fizeram questão de colar o adesivo do Alana antes de seguir adiante... até música nós ganhamos!

Reproduzido de Consumismo e Infância
26 jun 2012

Assista ao vídeo: Consumismo e Infância na Marcha dos Povos

domingo, 24 de junho de 2012

Para Marina Silva, criança precisa ser protegida de bombardeio do ter


Para Marina Silva, criança precisa ser protegida de bombardeio do ter

Uma das pessoas mais respeitadas no Brasil nas discussões sobre sustentabilidade, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva falou à equipe do Alana sobre a importância de proteger a infância do verdadeiro bombardeio de apelos para o consumo. Segundo ela, governo, sociedade, meios de comunicação e empresas têm o dever compartilhado de garantir essa proteção.

"As pessoas estão intoxicadas pelo consumo", comentou Marina sobre o materialismo, que ameaça o futuro das crianças. Ela ainda chamou a atenção para a necessidade urgente de investir na educação para o consumo.

Reproduzido de Consumismo e Infância



Foto: Kosta Boda "Earth: Home" Decorative Globe

In the Earth series, Bertil Vallien has created four different globes, each with its own characteristic houses and message. Their names—My Garden, Home, Winter Garden and Lonely House—tell a bit about the history of each globe and Vallien’s ideas behind the series. Each globe is hand-made with great care. Bloomingdales

sábado, 9 de junho de 2012

Brasil está atrasado na implantação de políticas de regulação da publicidade infantil


Brasil está atrasado na implantação de políticas de regulação da publicidade infantil, diz especialista

Por Thais Leitão
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Brasil está muito atrasado em relação a outros países quando o assunto é implementação de políticas de regulação no campo da publicidade infantil. A avaliação é da professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, que coordena o Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Adolescência e Mídia (GRIM) da instituição.

A especialista, que também é doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que é preciso haver maior reflexão e mobilização da sociedade brasileira para exigir leis que protejam crianças e adolescentes dos “efeitos nocivos” que o marketing direcionado a eles tem. “As propagandas voltadas para crianças são em geral abusivas porque utilizam estratégias de persuasão que elas não são capazes de identificar, então estão sendo enganadas”, disse.

Inês Vitorino acredita que o Brasil deve seguir o exemplo de países que adotaram modelos que proíbem a publicidade infantil ou regulamentam a atividade de forma específica. “Na Alemanha, por exemplo, toda a publicidade é dirigida aos pais e nos horários infantis não há qualquer publicidade. Na província do Québec, no Canadá, e na Suécia, a publicidade infantil é inteiramente proibida. São países de tradição democrática, mas optaram por esse caminho com base no princípio norteador que a criança até 7 ou 8 anos não tem sequer a clareza do conteúdo persuasivo. Ela assiste à publicidade e não tem compreensão de que ali há uma oferta de venda”, explicou.

A especialista ressaltou, ainda, que por meio da publicidade são apresentados conceitos e valores, como níveis de competitividade e desqualificação de pessoas pela falta de posse de determinados produtos, com os quais a criança não está preparada para lidar. “Sem maturidade para lidar com esse tipo de situação, a criança sofre problemas de autoestima e conflitos familiares, porque ela passa a pedir aos pais coisas que muitos deles não têm condições de comprar”, ressaltou.

A professora da UFC citou ainda outra situação considerada por ela um problema familiar, que é a influência de crianças e adolescentes nas compras da casa. De acordo com ela, dados colhidos por um instituto de pesquisa brasileiro, em 2007*, constataram que, no Brasil, 45% de crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos opinam sobre a compra de carros pela família, 60% influem sobre a aquisição de celulares e 61% sobre a de computadores. Em consequência, a consultoria concluiu que 80% das marcas devem incluir o público formado por crianças e adolescentes nas suas estratégias de marketing.

Inês Vitorino acredita que o Brasil precisa ter uma “regulamentação que defina limites à intervenção publicitária”. “Atualmente quem mais atua nessa área é o Conar [Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária], mas por se tratar de um órgão privado de autorregulamentação, seu código não tem força de lei e ele não tem poder para garantir punições mais severas”, disse.

Ela ressaltou que além da autorregulamentação, existe o controle social exercido por organizações da sociedade civil, como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Agência de Notícias do Direito da Infância (Andi). A professora destacou que com a ausência de regulamentação específica, desde a década de 1990 outros aparatos legais tentam suprir essa lacuna e definir limites na comunicação comercial, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Código de Defesa do Consumidor e a Lei nº 9.294/96 que regula publicidades de produtos nocivos.

Ela citou ainda o Projeto de Lei 5.921/01, que tramita há mais dez anos no Congresso Nacional e proíbe a publicidade dirigida à criança e regulamenta a publicidade dirigida a adolescentes. O texto, que inicialmente foi proposto pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e já sofreu diversas alterações, está sob apreciação da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI ), da Casa Legislativa. A proposta tem resistência de diversos setores ligados à publicidade, além de fabricantes de produtos infantis.

Edição: Aécio Amado

Reproduzido de Agência Brasil (02/06/12) via Educação Política por Glauco Cortez (09/06/12)

* Provável que seja esta pesquisa: “Kids Power - As crianças e os meios de comunicação” e “O poder da publicidade”, com coleta de dados em 2006 e divulgação em 2007, na página de InterScience 2007, clicando aqui, conferindo na página de Marketing & Vendas clicando  aqui.

Leia também:

“Crianças e o Mundo Digital”, pesquisa com dados de 2011, na página de InterScience, clicando aqui.

Reflita sobre o texto abaixo e o que pensam alguns "marketeiros" e concordam alguns jornalistas, e tire suas conclusões:



"Marketing Infantil: como conquistar a criança como consumidora"


Com o crescimento de produtos infantis no mercado brasileiro, as empresas voltadas para as crianças acabam sem saber como abordar melhor seu público-alvo. Foi pensando nisso que o consultor de Marketing infantil, Arnaldo Rabelo, escreveu o livro “Marketing Infantil – como conquistar a criança como consumidora”.

O livro disponível somente na versão on-line traz informações originais e úteis para quem atua neste mercado. Em entrevista ao Mundo do Marketing, Arnaldo Rabelo explica a diferença de marketing infantil e publicidade voltada às crianças.

O consultor conta quais são os erros mais comuns cometidos e como as empresas devem agir para conquistar e manter o consumidor infantil. Ainda de acordo com o especialista, os pais estão evitando o excesso no consumo e se preocupam em adquirir produtos de empresas ecologicamente responsáveis.

Quais devem ser as principais estratégias para atrair as crianças como consumidoras?

As estratégias são direcionamentos de longo prazo que dependem de uma análise da conjuntura, dos concorrentes, dos clientes e da própria empresa para serem definidas. Por isso, devem ser diferentes para cada empresa. Mas a compreensão do processo de compra e do comportamento da criança e da mãe são peças chave para essa definição.

Quais são as dicas que o livro dá para as empresas que estão ingressando no mercado infantil? E para as que já estão no mercado e buscam sucesso com seus produtos?

As empresas que já estão no mercado geralmente já perceberam vários destes pontos, mas costumam ter bastante espaço para melhorias na área estratégica. Já as empresas que estão entrando no setor de produtos infantis devem evitar alguns equívocos bastante comuns como considerar a criança como um público homogêneo. Na verdade, ele é composto por pessoas com diferentes comportamentos e necessidades.

Outro erro é basear-se na própria infância buscando compreender a criança de hoje. Como o mundo muda muito rápido, as crianças de hoje são bem diferentes daquelas de algumas décadas atrás. Basear-se em alguém próximo, como um filho ou um sobrinho, para entender o seu público também não funciona. Essa pessoa dificilmente representará o comportamento da maioria do público.

Não se pode miniaturizar produtos de adolescentes ou de adultos para transformá-los em produtos infantis. Por incrível que pareça, isso acontece. Como as necessidades das crianças são bem diferentes das dos adultos, os produtos e a comunicação também deverão ser diferentes.

Aqui também vale a idéia de que, como as necessidades são diferentes, os produtos devem ser diferentes. Logo, não pode colocar cores femininas, como o cor de rosa e o lilás, em um produto de menino na esperança de transformá-lo em um produto de menina.

As crianças têm um papel importante no processo de compra e precisam ser consideradas. Por isso, não se deve considerar que o público da comunicação são apenas os pais, já que eles costumam ser os que possuem o dinheiro. Ao mesmo tempo, não pode ignorar os pais no processo de comunicação, abordando apenas a criança. Os pais têm uma função importante no processo de compra.

Além dos segmentos mais comuns entre as crianças como brinquedos e doces, quais os que mais se destacam?

Podemos citar os setores de chocolates, refrigerantes, sucos, alimentos infantis em geral, moda, higiene, papelaria e artigos escolares como alguns dos mais importantes.

Existe um novo perfil de consumidor em geral mais consciente. Do lado do consumidor infantil há mudanças nesse sentido?

A palavra "consumidor" é um pouco enganadora no Marketing Infantil, pois significa "comprar para o próprio consumo". Precisamos levar em conta os diferentes papéis desempenhados no processo de compra, que podem ser desempenhados por pessoas diferentes. No Marketing Infantil, os mais importantes são o influenciador, o comprador e o usuário. Os pais têm comprado de forma mais consciente, evitando excessos e preferindo produtos de empresas responsáveis socialmente e ecologicamente. As crianças também se preocupam com o meio-ambiente, mas ainda têm feito pouco para expressar de forma prática essa preocupação.

Como as empresas devem traçar suas estratégias de Marketing para esse público sob o ponto de vista do consumo consciente?

No segmento infantil, a exemplo de outros, já não há mais espaço para empresas que não agem de forma ética e responsável, se preocupando em beneficiar seu público em longo prazo. Ao invés de se concentrarem em gerar apenas vendas no curto prazo, as empresas precisam também conquistar e manter o seu público por um longo período. Para isso, as questões éticas devem ser levadas em conta na definição dos valores e da identidade da empresa. Além disso, todas as suas ações e decisões precisam ser coerentes com essas diretrizes.

É possível saber qual é o motivo que leva uma criança a desejar um produto?

Embora os motivos individuais possam ser diferentes, a empresa deve realizar pesquisas para compreender as motivações da maioria dos componentes do seu público principal. Os motivos podem ser objetivos (necessidade biológica ou física) ou subjetivos (necessidade psicológica ou social). Quanto menos idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por suas limitações, habilidades e capacidades neurológicas, motoras e cognitivas. Inversamente, quanto mais idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por questões sociais e culturais.

Quem decide a compra dos produtos, as crianças ou os pais? Como é esse processo?

Isso depende do estágio de desenvolvimento da criança. Genericamente, podemos dizer que a criança de 0 a 3 anos, que tem uma grande dependência da mãe, não participa do processo de decisão da compra. Mas dos 4 aos 7 anos, aproximadamente, a criança ganha autonomia e começa a influenciar os pais na compra de seus produtos. E dos 8 aos 12 anos de idade a criança já pode ser considerada decisora da compra da maioria de seus produtos.

Por que optou por um livro exclusivamente virtual?

Optei por esse processo na fase inicial para que os leitores pudessem interagir, enviando comentários, sugestões e críticas. Com isso, o texto continuará sendo desenvolvido. Planejo lançar a versão em papel em 2009.

Pricila Gambale em Mundo Marketing, reproduzido por reproduzido em GECORP, Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Relações Públicas, clicando aqui. A aparentemente jornalista aborda o que se considera um dos primeiros livros sobre marketing infantil no Brasil, de autoria de Arnaldo Rabelo e António Cardoso (Portugal). O referido livro está disponível online aqui.

Comentário de Filosomídia:


Os textos acima abordam o mesmo tema sob pontos de vistas completamente opostos. A Profa. Inês Vitorino defendendo os direitos das crianças, de acordo com os princípios constitucionais além do ECA e, o outro texto abordando sobre o livro, trata a criança tão somente como nicho de consumidores que têm influência de compra sobre seus pais, e quais seriam as estratégias para "conquistar a criança" num mercado que movimento no Brasil algo em torno de 50 bilhões de reais, segundo o autor no site.


Há que se agradecer a professora, seu grupo de estudos e todos aqueles que defendem os direitos das crianças frente às pressões desse mercado, que tem em muitos profissionais  anti-éticos os parceiros  que perpetuam essa violência contra a infância, como se fosse a coisa mais natural e aceitável do mundo.


Pessoalmente eu vejo com muita desconfiança o discurso daqueles que embolam o que seja "consumo sustentável" e proteção do meio ambiente com "consumo consciente", disfarçando outras estratégias de persuasão junto às crianças como "público-alvo" desse que o autor do livro designa por "importante setor": marketing.


Enquanto a maioria das pessoas em cargos do poder público também se embola e se locupleta na corrupção com os interesses do mercado e de quem o conduz, vai crescendo o número de pais, responsáveis e professores que lutam e enfrentam esse tipo de abuso que a sociedade mal enxerga no seu todo.


O Brasil não está só atrasado na implantação de políticas da publicidade infantil, mas também perto do topo dos campeões quando se trata do índice de analfabetismo político e des-cidadania plena; analfabetismo midiático e des-regulação dos meios de comunicação, des-mobilização e ausência de indignação entre aqueles que têm o dever de proteger a infância.


É preciso denunciar os profissionais anti-éticos que se vendem a esse sistema de coisas, inclusive os que ocupam cargos nos altos tribunais de Justiça, e exigir que os direitos das crianças sejam respeitados. É preciso ampliar essa discussão nas escolas, lares, escolas e universidades, aumentar as frentes de batalha nessa guerra de empresários contra o cidadão-criança. 


É preciso respeitar a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fiat promove sua marca para o público infantil



Viram isso? Fiat promove sua marca para o público infantil

A Fiat anunciou recentemente o lançamento de dois novos produtos, mas, desta vez, o consumidor final não são os motoristas adultos, mas sim crianças pequenas. A montadora vai lançar dois carrinhos de brinquedo, inspirados no Novo Uno, carro lançado pela empresa em 2010.

O foco dado pela Fiat no público infantil já estava evidente desde o lançamento do carro. Na época, o produto foi divulgado por publicidades que falavam diretamente às crianças, uma delas utilizando inclusive a música Uni-duni-tê, parte do universo infantil. Esse foco nos pequenos fica ainda mais claro com a plataforma Fiat Toys, através da qual a Fiat vem investindo no licenciamento de sua marca para brinquedos, como forma de ir “ampliando os seus canais de relacionamento com o público, com meios e conteúdos diferenciados que tenham maior empatia na interlocução.”

Entre os lançamentos da Fiat Toys, estão a participação no Super Jogo Imobiliário  e Super Jogo da Vida (onde o peão é um Novo Uno), e o Uni Duni Baby – o Novo Uno de pelúcia para bebês, “igualzinho ao carro do papai”.

Ao focar no público infantil, a Fiat busca fidelizar o consumidor desde o berço, fazendo publicidade a um público que não tem consciência crítica para entender isso como uma mensagem mercadológica. A empresa comprova o que as pesquisas já mostram: as crianças são hoje verdadeiras promotoras de venda dentro de casa, influenciando as compras até do carro da família. Não é a tôa que até montadoras de veículo estão promovendo suas marcas até para bebês.

Reproduzido de Consumismo e Infância
31 mai 2012

sábado, 2 de junho de 2012

Rio+20: Alana e parceiros promovem debate na programação oficial


O Instituto Alana organizou uma série de ações e eventos durante o período da Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece agora em junho no Rio de Janeiro.

Veja a programação parcial clicando aqui.


sábado, 19 de maio de 2012

Publicidade infantil: "É tudo culpa do Sr. Cabeça de Batata?" ou da Barbie?


É tudo culpa do Sr. Cabeça de Batata?

Consumismo e Infância . Instituto Alana

Um artigo recente da BBC News Magazine mostra o primeiro anúncio dirigido a crianças, um comercial para tevê do boneco Sr. Cabeça de Batata, exibido nos Estados Unidos em 1962. O anúncio foi considerado uma grande sacada da indústria publicitária, que, até aquele momento, anunciava os produtos – brinquedos inclusive – para os pais, e não para os filhos.

Com isso, descobriu-se um novo “nicho” de mercado, mais vulnerável aos apelos publicitários e que os identifica como entretenimento. Para o autor da matéria, Jon Kelly, o Sr. Cabeça de Batata abriu o caminho para o chamado nag factor, ou “fator amolação”, estratégia publicitária para induzir os filhos a pedir de modo insistente aos pais para que comprem os mais diversos produtos.

O artigo debate o quanto a responsabilidade na luta contra o nag factor é dos pais ou do Estado, que deveria regular a publicidade dirigida a crianças, e cita uma pesquisa realizada pela Mother’s Union, em 2010. Segundo o estudo, 75% dos pais concordaram que os legisladores são responsáveis pelo conteúdo anunciado aos seus filhos, ao mesmo tempo que 61% acreditam que é responsabilidade também dos pais regular o acesso das crianças a esse conteúdo.

A luta, no entanto, está cada vez mais desigual.  Além de as crianças serem expostas a uma quantidade alarmante de publicidades na televisão, as marcas invadem também os jogos e os personagens preferidos dos pequenos estampam desde roupas até cadernos e embalagens de alimentos. Isso sem falar nos anúncios disfarçados nas redes sociais e nos jogos dirigidos ao público infantil na internet. Sozinhos, os pais não conseguem ganhar.

Reproduzido de Consumismo e Infância . Instituto Alana
16 maio 2012


Leia também:


"Regulação da publicidade dirigida a crianças, um desejo para 2012", Por Gabriela Vuolo (Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana) e comentários de Filosomídia sobre texto de Fernanda Rovari, clicando aqui.


"Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque", livro de Fernanda T. Roveri lançado em 2012.  Leia a entrevista da autora em Revistapontocom (17/03/2012) clicando aqui.


"Brinquedos antigos populares dos anos 50", em The People History, clicando aqui.



Comentários de Filosomídia:

Segundo Fernanda T. Roveri (2007, p. 2), é com a boneca Barbie, criada em 1959, que pela primeira vez na história da televisão americana, e mundial, uma empresa faz publicidade direcionada diretamente à criança:

“A criança foi descoberta como consumidora em potencial após a Segunda Guerra Mundial, época em que a Mattel consagrava-se como pioneira no uso de técnicas de marketing e comerciais voltados ao público infantil. Se antes a venda de brinquedos era direcionada aos pais, com o lançamento da Barbie, os comerciais capturavam a menina para que ela mesma tivesse os argumentos necessários para convencer os adultos a comprarem a boneca. Um desses argumentos era o de que Barbie, com toda sua elegância, ajudava meninas travessas a se comportarem como pequenas damas. Assim, as propagandas iniciais da boneca sempre foram testadas antes com um grupo de meninas e, se o comercial não lhes chamasse a atenção, não era veiculado na rede televisiva.”

Pelo comercial abaixo percebemos, então, que já no final dos anos 50 podemos creditar à Barbie o lugar de primeira propaganda dirigida às crianças em grande escala. Informação semelhante em "Barbie's First Commercial" (12/06/2011), por William Sellers clicando aqui.

ROVERI, Fernanda Theodoro. A boneca Barbie e a educação das meninas: um mundo de disfarces. In Anais da 30ª. Reunião Anual da ANPED. Acesso em 30 set 2009, disponível aqui.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Meu tênis é mais caro que o seu



Meu tênis é mais caro que o seu

27/03/2012
Por Rosely Sayão
Folha de S.Paulo

O valor que damos ao consumo serve para que os mais novos criem preconceitos e desprezem seus pares

Uma criança é xingada porque não usa a mesma pulseira que as colegas e outra recebe poucos colegas para a festa de aniversário porque a comemoração não foi feita no bufê da moda.

Situações como essas, que são apenas exemplos, estão se tornando cada vez mais frequentes na convivência entre os mais novos.

O consumo valorizado e exagerado que adotamos e os modismos lançados por esse mercado estão caindo diretamente sobre os ombros das crianças. Elas estão sem proteção em relação a isso.

Até agora, uma significativa quantidade de pais que se preocupam em defender a infância dos filhos estava preocupada com a quantidade de presentes (brinquedos e geringonças tecnológicas) que as crianças ganham.

Os motivos das preocupações que eles tinham até então são legítimos. Quanto mais brinquedos tem uma criança, menos ela brinca. Quanto mais aparelhos com mil e uma utilidades têm as crianças e os adolescentes, menos eles conseguem se concentrar no que é preciso e mais deixam sua atenção flutuar entre diversas coisas.

Agora, esses pais e outros que queiram refletir sobre o que se passa com seus filhos quando eles convivem no mundo púbico (escola, clube, área comum dos condomínios) precisam considerar uma outra questão.

Eles precisam considerar também que o imenso valor que estamos dedicando ao consumo tem servido para que os mais novos criem preconceitos e estereótipos que servem para excluir, segregar, desprezar seus pares.

E antes que você pense que seu filho pode ser alvo ou vítima dessa situação, considere principalmente que ele pode ser um agente dela.

Sim, caro leitor, o fato de você impedir que seu filho tenha mais do que precisa, que valorize marcas em vez de objetos e que manifeste soberba, por exemplo, hoje já não é mais suficiente para livrar seu filho de julgar os colegas e os outros pelo que eles têm ou deixam de ter.

Lembre-se que seu filho vive neste mundo que o bombardeia com informações que o direcionam a fazer isso. "Quer ser popular? Compre tal objeto." "Quer ser convidado para todas as festas? Use tal roupa." "Quer ter sucesso? Tenha tal carro."

Frases desse tipo repetidas como mantras colam em seu filho. Por isso, você terá de fazer mais por ele.

Uma boa atitude pode ser a de analisar criticamente as propagandas bonitas, vistosas e bem-humoradas que seduzem seu filho. Com sua ajuda, seu filho pode entender que a única coisa verdadeira nesse tipo de propaganda é o objetivo de vender.

Além disso, você pode também expressar a ele, com veemência, sua opinião a respeito de quem usa bens de consumo para julgar o outro. Sinalizar seu posicionamento é uma ótima referência na formação de seu filho.

Finalmente: que tal cultivar, com persistência e cotidianamente, algumas virtudes que podem ajudar seu filho a ser uma pessoa de bem?

Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)


Assista também ao vídeo de Filosomídia com o apresentador Luiz Carlos Prates falando sobre a "Pedagogia da cinta", em se referindo a matéria do jornal Folha de São Paulo e opinião de Rosely Sayão sobre disciplina em sala de aula, abaixo.



Foto: criança da Ruanda (África) com "sapato" de garrafa pet.

CCTCI aprova proposta que permite publicidade institucional em TVs educativas


CCTCI aprova proposta que permite publicidade institucional em TVs educativas

Tela Viva
Da Redação
29 mar 2012

Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou na última quarta, 28, uma proposta que permitirá a publicidade institucional na forma de patrocínio ou apoio cultural nas emissoras de TV educativas. Trata-se do Projeto de Lei 960/03, do ex-deputado Rogério Teófilo. A legislação é dúbia em relação à comercialização de publicidade por parte das educativas. Enquanto oDecreto-Lei 236/67 proíbe a transmissão de qualquer propaganda pela televisão educativa, a lei que trata da qualificação de entidades como organizações sociais (Lei 9.637/98) permite que essas entidades veiculem publicidade, desde que se enquadre no conceito de apoio cultural. A Lei Rouanet (8.313/91) também permite patrocínios a produções culturais-educativas de caráter não comercial, realizadas por empresas de rádio e televisão.

Pelo substitutivo do deputado Gilmar Machado (PT-MG), o tempo destinado à publicidade institucional nas emissoras educativas não poderá exceder a 15% do tempo total de programação.

O projeto, que foi rejeitado na Comissão de Educação e Cultura, será analisado agora pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadaniae, em seguida, pelo Plenário.

(Com Agência Câmara)

Reproduzido de Tela Viva via e-mail Criança e Consumo/Instituto Alana

Leia também:

"Câmara pode autorizar publicidade em TV educativa" (17 nov 2011) na página do Projeto Criança e Consumo/Instituto Alana clicando aqui.