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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"La memoria, nos dijeron, es una de las siete guías que el corazón humano tiene para andar sus pasos"...



"Nuestros más antiguos nos enseñaron que la celebración de la memoria es también una celebración del mañana.

Ellos nos dijeron que la memoria no es un voltear la cara y el corazón al pasado, no es um recuerdo estéril que habla risas o lágrimas.
La memoria, nos dijeron, es una de las siete guías que el corazón humano tiene para andar sus pasos.
Las otras seis son la verdad, la vergüenza, la consecuencia, la honestidad, el respeto a uno mismo y al otro, y el amor.
Por eso, dicen, la memoria apunta siempre al mañana y esa paradoja es la que permite que en ese mañana no se repitan las pesadillas, y que las alegrías, que también las hay en el inventario de la memória colectiva, sean nuevas".
 Subcomandante Marcos, Marzo, 2001

Formação de professores: estratégia e tática

Por Celi Zulke Taffarel
LEPEL/FACED/UFBA

O PRESENTE TEXTO É UMA HOMENAGEM ESPECIAL AOS PROFESSORES. O faço interrogando sobre a necessidade da educação para a humanidade, a institucionalização do dia do professor no Brasil, caracterizando o período histórico em que vivemos e, reconhecendo, por um lado, a necessidade vital de professores e, por outro, suas tarefas estratégicas imediatas, mediatas e históricas para que a humanidade enfrente os paradoxos e contradições próprias do modo do capital organizar a vida.

(...) Educação para quê?

Uma constatação. O homem só se torna ser humano se tiver condição de manter a sua vida e os meios que garantem a reprodução de sua vida. Uma explicação. É impossível ao ser humano manter a sua vida se não lhe forem garantidos os meios para tal. Os meios foram sendo desenvolvidos ao longo da história da humanidade. Na relação com o meio ambiente, com os outros seres humanos e consigo mesmo. Assim desenvolveu-se a humanidade, desenvolvendo as forças produtivas, as forças que garantem a vida humana, a saber: o ser humano, sua atividade, o trabalho, o meio ambiente, os meios do trabalho, o conhecimento, a ciência & tecnologia, a cultura. O homem não se torna ser humano fora de suas relações sócio-históricas. Uma compreensão: portanto, deve ser assegurado que cada ser humano tenha possibilidade de “ser humano” e, para tanto, deve ser garantida a possibilidade de se educar, de ser educado, aprender, agir, criar, produzir, acessar, construir, reproduzir, transformar, viver. Isto que era uma prática social utilitária, ao longo do desenvolvimento humano e da sociedade, ao longo da história da humanidade, tornou-se uma política cultural. Das relações cotidianas das pessoas educando-se mutuamente, chegamos à profissionalização do trabalho docente, chegamos ao professor. Na atualidade, mais do que nunca, para materializar a política cultural de educar um povo, tenha ela os rumos que for, são imprescindíveis, estratégicos, vitais, os PROFESSORES.

No Brasil a educação começou, portanto, com os primórdios da vida humana em nosso continente. Era uma práxis social utilitária até a ocupação do continente pelos europeus, nos meados do século XIV – XV - XVI. Passou a ser outra com as colonizações, com o Império, com a emergência da república e com os avanços do Imperialismo, no ínterim dos séculos XVII ao século XXI. São, portanto, sete séculos o que representa pouco tempo considerando o tempo de existência de nosso planeta.
Na passagem do período imperial ao período republicano, gestaram-se no Brasil as leis de cunho liberal, que respondiam ao grau de desenvolvimento das forças produtivas no contexto do capitalismo ascendente e dependente e que exigiam a valorização da educação. Consagrou-se na Lei, pela luta dos trabalhadores, o direito de todos a educação – sem o que o homem não se torna ser humano. Consagrou-se, por isto, o dia do professor no Brasil.

(...) A ordem mundial vigente: a ditadura do capital

Hoje o capitalismo, modo hegemônico de produção da vida, suscita um dilema crítico para a humanidade: ou sua voracidade ilimitada arrasa a natureza e a civilização; ou esta acaba definitivamente com ele para que se possa chegar a uma nova sociedade verdadeiramente humana.

Os dados demonstram: nunca foram tão agudas as diferenças nos níveis de vida que separam as nações. Se em 1820 o PIB per capita dos países ricos era três vezes maior do que o dos pobres, hoje, inicio do século XXI é setenta e quatro vezes maior, segundo estudos de Martin DICKSON, divulgados Financial Times de 22/09/2000 com o titulo  “Global inequality”.

O número de pessoas na miséria, atualmente, ultrapassa o total da população da Terra quando se iniciava o século XX. Essa população continuará crescendo, quase toda no Terceiro Mundo, a um ritmo de um México por ano, ou seja 98,1 milhões, apesar de, em continentes inteiros, a esperança de vida ir diminuindo e em muitos países o total de habitantes se reduzir em milhões e milhões, como por exemplo, em países Africanos. Oito países da África ocidental conseguiram reduzir consideravelmente a incidência da fome entre 1980 e 1996 mas o panorama é muito distinto na África central, oriental e meridional, onde a porcentagem e os números de pessoas desnutridas aumentaram. O Burundi sofreu o maior aumento, e a porcentagem da população afetada pela desnutrição passou de 38 para 63 por cento entre 1980 e 1996. Da mesma forma, outros 13 países da África central, oriental e meridional registraram elevados aumentos nos índices de desnutrição. A África subsaariana, corresponde à região do continente Africano ao sul do deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte da África. O continente Africano tem hoje cerca de 620 milhões de habitantes, dos quais 500 milhões vivem na África subsaariana. De forma geral, a população da África subsaariana apresenta os piores indicadores sócio-econômicos do mundo.

Nunca a ciência & tecnologia evoluiu tanto, mas nunca foram tantos os que passam fome e sofrem de desnutrição, ou morrem de doenças plenamente evitáveis, embora seja possível aumentar colheitas, multiplicar alimentos e desenvolver novas vacinas, medicamentos e equipamentos médicos.

Nunca a ciência & a tecnologia evoluí tanto, mas nunca a humanidade sofreu tanto os impactos das catástrofes da natureza – terremotos, maremotos, furacões, e outras manifestações da natureza  – apesar de existirem meios possíveis tanto de prever, como de prevenir, quanto de enfrentar as adversidades. Não é de hoje que o homem enfrenta o que é próprio do planeta terra, no entanto, a tecnologia para a defesa das populações serve somente para poucos. Os exemplos das catástrofes aumentam dia-a-dia.

(... )A tarefa dos professores é simultaneamente a tarefa de uma transformação social ampla, desalienadora, emancipadora, construída no dia-a-dia do trabalho pedagógico. Ele pode e deve ser articulado adequadamente e redefinido constantemente no seu interrelacionamento dialético com as condições em mudança e as necessidades da transformação social emancipadora progressiva.  Isto exige que as tarefas imediatas e os seusenquadramentos estratégicos globais, ou suas relações e nexos com o mais geral, não podem ser separados, e opostos, uns aos outros. O êxito estratégico de superação do capitalismo e a construção do socialismo são impensáveis sem a realização das tarefas imediatas.

Como ressalta István Mészáros, que nasceu em Budapeste em 1930 e represente um dos mais renomados pensadores marxistas da atualidade, em sua obra “Educação para Além do Capital”,  “devemos atuar na sociedade tendo como parâmetro o ser humano, o que exige a superação da lógica desumanizadora do capital, que tem no individualismo, no lucro e na competição os seus fundamentos”

Reproduzido em parte. Leia o texto completo em FACED/UFBA
Acesso em 18 nov 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Pais poderão monitorar filhos no Facebook


Pais poderão monitorar filhos no Facebook

Redação
Folha de S. Paulo
05/06/2012

Adultos terão contas conectadas às dos menores de 13 anos; rede visa ampliar receita com jogos.

Hoje proibidos de criar perfis no Facebook, crianças e pré-adolescentes menores de 13 anos poderão em breve acessar a rede supervisionados pelos pais, de acordo com relato do "Wall Street Journal". O plano é ampliar a receita da rede social com jogos on-line.

Está em fase de testes um mecanismo que conecta a conta das crianças à dos pais, cabendo aos responsáveis escolher os "amigos" dos filhos.

Segundo estudo da Microsoft Research, 36% dos pais americanos de filhos menores de 13 anos sabem que eles acessam o Facebook, mesmo sendo oficialmente proibido.
O Facebook argumenta que a nova tecnologia também servirá para limitar que espertinhos burlem o sistema.

Permitir declaradamente o acesso à rede social de crianças dará ao Facebook público para jogos voltados segmento infantil, ainda pouco explorados no site, mas muito presentes na forma de aplicativos para iPhone e nos smartphones que rodam o sistema operacional Android.

Política de dados

Autorizar o acesso de crianças pode ampliar a pressão dos órgãos reguladores sobre a política de dados do Facebook que capta informação pessoal publicada na rede. Com isso, o site direciona publicidade a um determinado público específico.

"Estamos em constante diálogo com acionistas, reguladores e outras pessoas envolvidas com normas sobre o melhor modo de ajudar os pais a manter a segurança das crianças on-line", informou o Facebook.

Reproduzido de Folha de São Paulo (05/06/12) via clipping FNDC


Comentários de Filosomídia:


"Poderão"? Mas, já não deveriam estar fazendo isso há tempos?


Pela empresa, "o plano é ampliar a receita da rede social com jogos on-line", diz a notícia, e-s-c-a-n-c-a-r-a-d-a-m-e-n-t-e. E, a conta disso e tudo o que virá depois é, teoricamente, responsabilidade dos pais e ou responsáveis.


Aguardem, que as questões que envolvem esse "ampliar a receita" é apenas uma pontinha do iceberg de tudo o que "ampliará", pois se não me engano, faz tempo que as crianças e menores de 13 anos já têm conta no Facebook, naturalmente que sem muito conhecimento pelos pais do que seus filhos fazem...

domingo, 25 de março de 2012

Mídia televisiva e democracia: a perspectiva da comunicação como um direito humano


Mídia televisiva e democracia: a perspectiva da comunicação como um direito humano*

Larissa Carvalho de Oliveira (UFG)**

Resumo

A partir de uma perspectiva crítica acerca da produção midiática em nosso país, este trabalho busca enfatizar a legitimidade  de anseios sociais de democratização dos meios de comunicação. Nesse sentido, há de se ressaltar o caráter humanista que deveria pautar tais veículos comunicativos, em contraste com ideais mercantis e concentracionistas, predominantes no setor midiático. Inicialmente abordamos sobre determinadas consequências do cerceamento de reflexões e integração do público em relação ao conteúdo transmitido pelos meios de comunicação. Com isso, evidencia-se a falácia do discurso de censura da mídia, afinal quem seriam os censurados? Na sequência, são consideradas algumas justificativas sustentadoras do entendimento da comunicação como um direito humano. A sociedade civil brasileira tem sido mantida apartada das decisões no âmbito comunicativo, seja no que tange ao sistema de outorgas de concessões para o funcionamento televisivo, seja no processo de seleção ou produção de conteúdos. Por fim, em um exemplo de participação popular em discussões envolvendo a comunicação social, consideramos a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), analisando certas propostas que refletem o interesse social por atuar efetivamente nos meios de comunicação.

*Trabalho apresentado no Simpósio Temático “Meios de comunicação, direitos humanos e democracia” do II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí, sob orientação da Professora Msc. Rosane Freire Lacerda, do curso de Direito da UFG, Campus Jataí. 2011.

**Aluna do quarto período do curso de graduação em Direito da UFG, Campus Jataí.

Texto completo disponível para leitura clicando aqui.

Leia também:

"A comunicação como direito humano: um conceito em construção", dissertação de Raimunda Aline Lucena Gomes, apresentada ao Programa de pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (2007) na página do DHNET clicando aqui.

Dos monopólios à democratização: caminhos e lutas por uma outra comunicação no Brasil


Dos monopólios à democratização: caminhos e lutas por uma outra comunicação no Brasil*

Vilson Vieira Junior

Resumo

Os meios de comunicação, no contexto do mundo contemporâneo ditado pelas regras do capitalismo financeiro globalizado, assumiram posições nunca antes conquistadas ou imagináveis no que se refere à acumulação de poder político, econômico e simbólico. Uma das causas dessa realidade é a forte concentração das empresas de mídia, que ocorre por meio de fusões, alianças, convergência tecnológica e na propriedade cruzada de diferentes mídias, obedecendo às lógicas do capitalismo de mercado – a do lucro e da acumulação. Esse fenômeno global tem seus reflexos também no Brasil onde, em virtude de uma realidade social, política, cultural e econômica desigual, a formação dos oligopólios ganhou contornos ainda mais graves.

O Estado brasileiro se afastou gradativamente de suas atribuições nas questões ligadas às comunicações por meio da adoção de leis de cunho neoliberal, o que contribuiu para a internacionalização e a concentração do setor, em especial a partir dos anos de 1990. Alguns aspectos peculiares ainda caracterizam o sistema de comunicações no país, que são a presença marcante de políticos como proprietários de emissoras de rádio e televisão – o chamado coronelismo eletrônico; a atuação hegemônica de um grupo de mídia - a Rede Globo; e ainda o controle das maiores e mais importantes empresas de comunicação em poder de seis famílias, todas representantes das elites sociais e econômicas.

Paralelamente a esses acontecimentos, surgiram no Brasil - desde o período militar – movimentos pela democratização das comunicações oriundos da sociedade civil, especialmente as classes profissionais da área da comunicação e também as universidades. A principal característica desses movimentos organizados é a de buscar, junto à sociedade e o poder público, meios para reorganizar a estrutura concentrada e oligopolizada da mídia e de implantar novas relações entre os meios de comunicação, o Estado e as diferentes esferas da sociedade, além de conferir pluralidade e diversidade à mídia por meio de políticas públicas nacionais de comunicação e de mudanças profundas nas legislações que regem o setor.

* Monografia apresentada à Banca Examinadora da Universidade Federal do Espírito Santo, como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, sob a orientação da Professora Drª. Ruth de Cássia Reis.

05 de março de 2007

Acesse o texto completo na página do Observatório do Direito à Comunicação clicando aqui. Disponível para download do texto em PDF clicando aqui.

terça-feira, 20 de março de 2012

Somos "guardianes y cuidadores de todo lo creado"...


La erosión de la Matriz Relacional

Leonardo Boff
17/03/2012

Hoy en el mundo hay mucha gente, de las más distintas procedencias, preocupada por la crisis actual que engloba un conjunto de otras crisis. Cada una trae luz. Y toda luz es creadora. Pero, por mi parte, que vengo de la filosofía y de la teología, siento la necesidad de una reflexión que vaya más hondo, a las raíces, donde lentamente ella se originó y que hoy estalla con toda su virulencia. A diferencia de otras crisis anteriores, ésta tiene una particularidad: en ella está en juego el futuro de la vida y la continuidad de nuestra civilización. Nuestras prácticas están yendo contra el curso evolutivo de la Tierra. Ésta nos ha creado un lugar amigable para vivir pero nosotros no nos estamos mostrando amigables con ella. Le hacemos una guerra sin tregua en todos los frentes, sin ninguna posibilidad de vencer. Ella puede continuar sin nosotros. Nosotros, sin embargo, la necesitamos.

Estimo que el origen próximo (no vamos a retroceder hasta el homo faber de hace 2 millones de años) se encuentra en el paradigma de la modernidad que fragmentó lo real y lo transformó en un objeto de ciencia y en un campo de intervención técnica. Hasta entonces la humanidad se entendía normalmente como parte de un cosmos vivo y lleno de sentido, sintiéndose hijo e hija de la Madre Tierra. Ahora ésta ha sido transformada en un almacén de recursos. Las cosas y los seres humanos están desconectados entre sí, siguiendo cada cual un curso propio. Este giro produjo una concepción mecanicista y atomizada en la realidad que está erosionando la continuidad de nuestras experiencias y la integridad de nuestra psique colectiva.

La secularización de todas las esferas de la vida nos quitó el sentimiento de pertenencia a un Todo mayor. Estamos descentrados y sumergidos en una profunda soledad. Lo opuesto a una visión espiritual del mundo no es el materialismo o el ateísmo, es el desenraizamiento y el sentimiento de que estamos solos y perdidos en el universo, cosa que una visión espiritual del mundo impedía.

Este conjunto de cuestiones subyace tras la actual crisis. Para salir de ella, necesitamos reencantar el mundo y percibir la Matriz Relacional (Relational Matrix) en erosión, que nos envuelve a todos. Estamos urgidos a comprender el significado del proyecto humano en el interior de un universo en evolución/creación. Las nuevas ciencias después de Einstein, de Heisenberg/Bohr, de Prigogine y de Hawking nos han mostrado que todas las cosas se encuentran interconectadas unas con otras de tal forma que forman un Todo.

Los átomos y las partículas elementales no son ya consideradas inertes y sin vida. Los microcosmos emergen como un mundo altamente interactivo, que no es posible describir mediante el lenguaje humano, sino solamente por la vía de la matemática. Forman una unidad compleja en la cual cada partícula está ligada a todas las demás y eso desde los inicios de la aventura cósmica hace 13,7 miles de millones de años. Materia y mente aparecen misteriosamente entrelazadas, siendo difícil discernir si la mente surge de la materia o la materia de la mente, o si surgen conjuntamente.

La propia Tierra se muestra viva (Gaia), articulando todos los elementos para garantizar las condiciones ideales para la vida. En ella más que la competición funciona la cooperación de todos con todos. Ella muestra un impulso hacia la complejidad, la diversidad y la irrupción de la conciencia en niveles cada vez más complejos hasta su expresión actual a través de las redes de conexión globales dentro de un proceso de mundialización creciente.

Esta cosmovisión nos alimenta la esperanza de otro mundo posible, a partir de un cosmos en evolución que a través de nosotros siente, piensa, crea, ama y busca un equilibrio permanente. Las ideas-maestras como interdependencia, comunidad de vida, reciprocidad, complementariedad y corresponsabilidad son claves de lectura y alimentan en nosotros una visión más armoniosa de las cosas.

Esta cosmología es lo que falta hoy. Ella tiene la propiedad de proporcionarnos una visión coherente del universo, de la Tierra y de nuestro lugar en el conjunto de los seres, como guardianes y cuidadores de todo lo creado. Esta cosmovisión nos impedirá caer en un abismo sin vuelta atrás. En las crisis pasadas, la Tierra siempre se mostró a favor nuestro, salvándonos. Y ahora no va a ser diferente. Juntos, nosotros y ella, sinérgicamente podremos triunfar.

Reproduzido de página de Leonardo Boff

Veja também o prefácio de Fritioj Kapra em "O Tao da Libertação", por Mark Hahtaway e Leonardo Boff clicando aqui.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O jogo do tabuleiro das corporações do mercado e as crianças-peões descartáveis no mundo do consumo


O jogo do tabuleiro das corporações do mercado e as crianças-peões descartáveis no mundo do consumo

Na esteira dessa discussão sobre "consumo consciente", além de observarmos atentamente os  princípios propostos e divulgados sobre tal, faz-se necessário refletirmos sobre a responsabilidade social das empresas, e também de seus próprios princípios dentro dessa lógica do mercado nas relações que todos estabelecemos dentro dessa sociedade tão bem engraxadamente movida nas rodas do capitalismo, e dessa economia de mercado. E, mais adiante, pensarmos séria, sincera e honestamente sobre o que vai nas linhas e entrelinhas dos debates, vozes e intenções que se entrecruzam em direções muitas das vezes opostas sobre que se considera apropriado às crianças.

Creio que esses esforços e alertas de tantos que lutam verdadeiramente para defender os direitos das crianças e adolescentes são justos e, primeiro e importante passo que vai também na direção à crítica a ser cada vez mais aprofundada sobre as várias peças, regras de jogo e sujeitos desse tabuleiro de interesses entre empresas que almejam lucro e criam necessidades, e consumidores de bens e serviços que mal das vezes nem sabem quem e o que estão ganhando ou perdendo de sua dignidade humana dentro de uma lógica de explícita exploração. Às vezes, exploração da boa-fé e confiança dos consumidores adultos, e da inexperiência e ingenuidade próprias de crianças e adolescentes ante o discurso "consumista" do mercado e da publicidade em geral.

O que pode vir de meias ou falsas verdades embutidas dentro de muitos discursos que se fazem por aí é matéria para intenso debate e, com certeza, esforço por regulação de leis por aqueles que, por dever, se encontram em posição de proteger em especial os direitos de crianças e adolescentes. Quando mesmo entre a classe política/legislativa e judiciária vemos prós e contras duvidosos nesse proteger de verdade o que às custas de muita dedicação se conseguiu historicamente garantir aos cidadãos - como o Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA e a própria Constituição Federal - resta àqueles que defendem a dignidade nas relações humanas nos diversos planos da vida a lutar mesmo, cotidianamente pelos "reles" peões vistos tão somente como consumidores (de preferência a-críticos e alienados) pelas corporações que detêm o controle de quase tudo em suas mãos. Estes que, quase sempre se escondem por detrás na linha das figuras social-economicamente privilegiadas como reis, rainhas, bispos, cavalos e torres sugerindo os poderes constituídos a controlar as regras. Estes que, através de todos os seus aparatos e braços manipulando, se posicionam invariavelmente apenas para que se defendam os privilégios dessas classes abastadas e exploradoras das massas.

Se os peões descartáveis dessa massa consumidora é que estão na linha de frente, animados a comprar, gastar, consumir e avançar freneticamente casa a casa, pagando suas contas e tributos com (in)consciência ou não de seus direitos humanos (inalienáveis na teoria), enquanto em pompa e circunstância só se defendem os privilégios (desumanos na prática) dos que detêm posições que deveriam ser de implementar as noções de uma ética universal - e por que não de amor ao próximo - a construir uma sociedade de justiça, será na luta pela cidadania contra a opressão/exploração que veremos a grande diferença entre o que seja “viver bem”, cercado e pagando caro por coisas que o mercado/tributação nos empurra goela abaixo, e “bem viver”, rodeado por seres humanos co-existindo na plenitude e dignidade de seus direitos.

Não é que todos nascemos dotados de razão e consciência, e que devemos agir em relação uns aos outros com “espírito de fraternidade”? Não é isso que foi escrito, assinado e proclamado na Declaração Universal dos Direitos Humanos por tantos homens e mulheres de todas as partes do mundo, por ter sido percebido como condição primeira e suprema para a tal liberdade como seres? “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e têm consciência disso nessa sociedade de consumo? Que dignidade temos nessa roda de morte de produção de coisas que, custe o que custar, significativa “humanidade” paga para morrer à cada dia enquanto mínima parte da população “vive bem”, obrigado, obrigando os demais a atenderem prontamente às suas necessidades e imposições de “donos do mundo”?

Nesse jogo com essas regras de mercado mandando em tudo, e des-regulações e desrespeito a leis que protegeriam a todos, é onde temos percebido que crianças e adolescentes perdem sua infância e juventude, adultos reproduzem as antigas escravidões disfarçadas em empregos/trabalhos assalariados, e mega-corporações em todas as instâncias e castas dos poderes constituídos ganham rios de dinheiro em cima dos discursos enganadores, falaciosos, demagógicos, mentirosos enfim. Nessa lógica de coisa e coisificação de tudo e de pessoas, o “poder” outorgado a “representantes do povo” que poderia libertar a todos para o “bem viver” se reduziu a “desmandos” de uma classe arrogante e egoísta que destrói tudo para construir apenas para si mesma.

O que é isso, de forçar e ter as crianças se digladiando entre si, nas casas, escolas, ruas e shoppings para possuir o que não seja a dignidade delas mesmas? O que é isso de bancos que lucram bilhões ao redor do mundo patrocinando programas "infantis" e (de)formadores de opinião a ensinar como investir a mesada? O que é isso de, deliberada e descaradamente, iludir as novas gerações a ingressar pelas vias dos bancos escolares e bancos de dados distribuídos em mil aparelhos e aparatos à educação e comunicação “bancária”? O que é isso de bancos mundiais promoverem a bancarrota e a fome de justiça generalizada entre povos controlados pelas polícias e exércitos que massacram os que saem às ruas para exigir sua dignidade roubada? Desde quando as crianças têm sua infância também roubada, a começar pelos pais e (i)responsáveis que não têm consciência nenhuma, ou fingem não ter noção do que se passa ao redor de suas casas abarrotadas de contas a pagar?

Se para o mundo dos negócios consumir "é preciso", e técnicas requintadas de persuasão são elaboradas desde as escolas de marketing e publicidade servindo aos interesses dos manipuladores do mercado, inclusive mais contemporaneamente com apoio e consultoria de neurocientistas, psicólogos e pedagogos , por exemplo, faz-se necessário parar e pensar sobre princípios mais elevados a pautar as relações humanas que meros interesses de mercado/consumo, e talvez aventar conceitos não tão novos assim que nossa sociedade precisa mais que nunca de que se "faça ao próximo o que se gostaria que se fizesse a nós próprios".

Essa é a Regra de Ouro de tantas tradições espirituais que, nesse mundo do consumo desenfreado, parece ter quase se perdido de vez...

E, se nós mesmos esquecemos disso, que as crianças e adolescentes do aqui e do agora não sejam privadas de sua voz e sonhos de meninice acossadas que são pela propaganda e publicidade dirigida a elas. A tradução desse insano frenesi em que se metem muitas crianças de hoje não seria à nossa percepção um grito de socorro por uma infância que lhes é retirada sem compaixão nem piedade, impunemente?

Não é possível crer que não haja alternativa nesse jogo do tabuleiro das corporações do mercado e, as crianças sejam os peões descartáveis no mundo do consumo. Criança não é coisa, nem é só nicho de mercado, nem adulto miniaturizado. Criança é um sujeito de direitos, um ser humano em evolução por mil atos e atitudes de seu brincar re-criando formas nessa vastidão universal que muitas das vezes, e infelizmente, lhe é retirada de vista pelas mil necessidades que lhe foram criadas a entorpecer a percepção pelas propagandas e publicidades enganosas nas brincadeiras, salas de aula, telas e em tantos cenários artificiais de sua vida reduzida ao que o mercado interessa vender. Nesse mundo de fazer contas do consumismo, quem é que é (in)consciente?

Há que se refletir mil vezes os discursos que falam de 99 verdades e empurram uma mentira de cada vez, ou 99 mal-entendidos e distorções que se colocam em meio a uma verdade fazendo brincadeira de mau gosto com a (in)consciência das gentes no xadrez de preto no branco de leis, portarias, certificados, artigos, livros e notícias que (des)informam e formatam os planos de nossas relações no mundo.

Regulem-se as leis, protejam-se os meninos e meninas e, de minha parte desejo a eles e elas que joguem esse tabuleiro pelo ar, e re-movam-se as peças re-colocando-se os poderosos dessa entristecida sociedade na linha de frente a defender os direitos, e as alegrias delas. Por ética e amor, há que se sustentar isso - consciente e ativamente - no mundo do bem viver, e que a mais pura e perfeita alegria das crianças seja a medida de todas as coisas. E, que por seu grito de amor e de socorro venha a re-evolução dessa espécie que escolheu numa brincadeira, sem graça nenhuma, o umbigo para ser o centro do universo.

Leo Nogueira – O Nawta


Foto (Invertida): O Peão Vitruviano da Grow . Da Vinci inspirou os boardgames...


Conheça os "12 princípios do consumo consciente"  proposto pelo Instituto Akatu clicando aqui.

Leia também "Sustentabilidade Infantil: como as marcas veem os consumidores do futuro", por Fernanda Salem do Mundo Marketing clicando aqui, e reflita sobre o tema abordado no artigo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Meios de comunicação: "o perigo do monopólio"


O perigo do monopólio

Márcio de Oliveira Rodrigues

Os cânones do capitalismo indicam que o equilíbrio do mercado é por si só capaz de garantir concorrência, princípio a partir do qual estabelece-se um equilíbrio entre oferta e procura, garantindo, portanto, bons serviços e produtos. Ao enfrentar empresas com as mesmas características, produzindo o mesmo tipo de produto e ofertando-o no mesmo território, cria-se um ambiente de equilíbrio que garante preço justo e qualidade nos produtos e/ou serviços entregues aos consumidores.

Esse primeiro parágrafo foi escrito por alguém que não acredita nessa tese. Mas serve para provar que a teoria cai por terra quando há uma realidade avassaladora: a pressão desse mesmo mercado em dizimar concorrentes. E ainda se considera que aqueles sem competência na ocupação de seus espaços do mercado acabam gerando uma dura realidade para quem vai consumir o bem ofertado.

A compra do Grupo Paulo Pimentel (ou o que restou dele) por parte do Grupo da Rede Paranaense de Comunicação (GRPCOM) traduz-se na transformação do mercado da comunicação no Paraná em tendência a um setor monopolizado; é também a comprovação do oligopólio construído a partir de algumas empresas. E a realidade pode ser facilmente comprovada a partir do cenário do mercado de impressos em Curitiba e sua região: hoje, os leitores da capital têm apenas o Jornal do Estado fora do “guarda-chuva” GRPCOM. Ou seja, uma empresa apenas comanda os títulos disponíveis para informar aos cidadãos da segunda maior macro-região do Sul do Brasil, formada por aproximadamente 2,5 milhões de pessoas que compõem a Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Ocupação e invasão

Os defensores da tese que o mercado se “auto-regula” argumentarão que existem outros títulos, como por exemplo: o Jornal do Ônibus, o recém-lançado MetroNews, o Correio Metropolitano ou o Curitiba Metrópole. Além disso tudo, temos ainda mais 120 títulos de jornais de bairros de Curitiba, pequenos semanários ou jornais que circulam três vezes por semana em algumas das cidades da RMC. As redações são pequenas, com poucos jornalistas exercendo geralmente uma grande quantidade de atividades, e não podem dar conta de produzir uma informação de qualidade para uma população desse porte.

Fora o mercado de impressos, os meios eletrônicos, considerando os veículos de TV, são quatro grandes grupos no Paraná: RPC-TV (oito emissoras), Rede Massa-SBT (quatro emissoras e uma a caminho, em Ponta Grossa), Rede Independência de Comunicação –Record (cinco emissoras no Paraná) e Bandeirantes (com dois donos dividindo as quatro emissoras em todo o estado). Há também a emissora pública RTVE, ou, a partir da atual gestão, E-Paraná.

São apenas quatro visões de mundo, mas não há espaço para o contraditório em algumas questões. Isso fica bastante claro quando da cobertura da ocupação do plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) por parte de estudantes e sindicalistas na semana passada: todas as emissoras classificaram a ocupação como invasão. E, conceitualmente, sabemos muito bem o que isso quer dizer, principalmente sob o ponto de vista do capitalismo defensor da propriedade.

Verve altruística

No rádio, com produção de conteúdo jornalístico, temos a BandNews, a Banda B e a veterana CBN-Curitiba para atender à RMC. Ao longo do estado, em suas mais diversas regiões, talvez esse seja o setor menos oligopolizado, mas com o meio sendo subaproveitado pela sociedade. BandNews e CBN pertencem na capital ao empresário Joel Malucelli, dono da holding J. Malucelli, cujos negócios variam da construção pesada (Usina de Mauá), venda de equipamentos para grandes obras, entre outros, até a área de comunicação – aliás, considerada o patinho feio do grupo, por ser o de menor lucratividade e faturamento.

Independente dos problemas vividos, percebemos que há uma grande concentração de meios de comunicação sob o domínio de poucas famílias no Paraná (assim como no Brasil). E a compra do GPP pelo GRPCOM aparece em meio a uma negociação pela renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos jornalistas na qual, do outro lado da mesa, os empresários insistem em dizer que jornal não dá lucro (muito pelo contrário, dá prejuízo); que rádio é incipiente em sua lucratividade e que a empregabilidade para jornalistas é irrisória (há poucos postos de trabalho na área – por força de não cumprimento ao que estabelece a parca e caduca legislação que não sucumbiu ao fim da Lei de Imprensa imposto via STF). Restam as emissoras de televisão, que reúnem bons índices de faturamento e lucro.

Não há como acreditar em teses como as apresentadas na mesa de negociação. A não ser que estejamos diante de empresários que negam os princípios do capitalismo e queiram apenas acreditar na sua verve altruística. Acreditar nessa premissa nos empurra para o personagem Poliana, de Eleanor H. Porter, menina que sempre crê nas boas intenções.

Regulação necessária

Como representantes dos trabalhadores, precisamos encontrar um caminho para dar continuidade à negociação que pretende renovar a CCT. Mas será impossível aceitar argumentos como “os veículos de comunicação impressos estão quebrados”, ou: “impressos dão apenas prejuízos”. “Impressos são sorvedouros de recursos e transformam-se em empresas deficitárias”. A realidade é outra e a prova disso está na aquisição do GPP pelo GRPCOM. O Sindicato dos Jornalistas do Paraná está atento a essa situação. Exige respeito dos empresários e o reconhecimento por meio de aumento real, concessão de vale alimentação e estudos para implantação de novos benefícios na negociação desse ano. Qualquer tipo de proposta diferente dessa será inaceitável.

Vale ressaltar ainda que os jornalistas, considerados maioria entre os participantes das Confecom de 2009, lutam pela regulamentação dos cinco artigos da Constituição Federal de 1988 que tratam da comunicação, uma vez que a ausência de regras claras para um mercado forte, pujante e constituído por “donos”, não interessa à sociedade. É necessária uma regulação que dê conta do caos em que se transformou a área de comunicação: políticos proprietários de rádios e TVs (Ratinho Júnior), empresários com propriedade cruzada (GRPCOM, que detém Rádios, Jornais e TVs em número suficiente para dominar o estado do Paraná) ou a falta de uma agência que realmente regule a situação, fará muito mal à democracia, ao estado democrático de direito e aos interesses da maioria da população paranaense a concorrência chegar ao fim.

* É presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná – Sindijor PR

20/12/2011 . Edição 673

domingo, 11 de dezembro de 2011

Capitalismo, TICs e consumismo de mãos dadas: o futuro já começou nessa festa


Capitalismo, TICs e consumismo

Por Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger
06/12/2011 na edição 671

O capitalismo sustenta-se no fomento incessante ao consumismo, acelerando a acumulação por uma parte da sociedade. Trata-se de um modelo em que a necessidade de consumo é explorada de forma sempre crescente, a fim de manter o melhor desempenho de seus agentes constituintes com o máximo de retorno e, desta forma, funcionando o todo social. Os esforços para estimular uma sociedade movida pelo consumo crescem de maneira gradativa, com publicitários, especialistas em marketing, executivos em geral e empresários ocupando-se em trazer soluções de consumo para a nova massa que surge, ao mesmo tempo em que cria atrativos para os segmentos já integrados, provocando a inovação permanente.

Para tanto, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são grandes aliadas. Elas possibilitam o desenvolvimento de produtos cada vez mais bem elaborados e portadores de funções facilitadoras, gerando na sequência novas necessidades e o must buy. O celular e a internet são exemplos já incorporados ao cotidiano e ao modo de vida dos cidadãos, agindo, inclusive, como agentes transformadores das relações sócio-econômico-culturais. Explora-se, com o estímulo a novas necessidades, o desejo de se estar dentro do circuito do mais novo, melhor e mais funcional dos mundos, incentivando a constante renovação dos dispositivos tecnológicos. É o ciclo do consumo sem fim, onde a obsolescência forçada é fundamental.

O enigma da superação

A tecnologia tem um papel essencial na facilitação do consumo, estimulando a compra impulsiva e desnecessária, desta forma beneficiando corporações e dando força à orientação econômica vigente. Nesse quadro inserem-se as lojas online, acessíveis sem sair de casa através de mecanismos que permitem o pagamento por esses produtos de forma rápida e segura com alguns cliques de mouse e via cartão de crédito (na maioria das vezes com juros elevados pela não quitação integral do débito, gerando endividamento elevado e contínuo). Dentro de algum tempo, a TV digital trará a possibilidade de comprar produtos de comerciais com o próprio controle remoto, pois tudo estará interligado, se definido o canal de retorno.

Circula na internet o vídeo We Are the Future (Nós Somos o Futuro, disponível aqui), em que adolescentes na faixa de 13 anos argumentam que os profissionais de marketing devem rever a maneira de fazer comunicação. A justificativa é que a massa consumista está crescendo de tal modo que o futuro das marcas será por ela determinada. Comentam sobre os formadores de opinião, salientando ser necessário que as empresas paguem esses consumidores alfas, pois sua atitude influenciará diretamente os padrões de compra generalizados, o que reforça a ideia de que todos cada vez mais trabalham pelas marcas, gratuitamente, como se isto fosse inclusão.

Sendo o consumo a base da economia capitalista, de produção e demanda, de compra e venda, os profissionais responsáveis pela criação de uma condição favorável à aceleração da circulação estão cada vez mais atentos, ousados e valorizados. Suas investidas criam situações não raro inimagináveis, sempre procurando favorecer a circulação de mercadoria e capital. A pergunta que fica no ar é até quando tudo isso será sustentável. Chegará o dia em que o próprio ser humano será colocado para comercialização como um bem de consumo? Ou esse dia já chegou, sem que nem fosse percebido? Tudo isso denota a existência de um sistema que, longe de ser autossustentável, traz o enigma de sua superação na sua própria concepção.

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Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e graduanda em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na mesma instituição.


Comentário de Filosomídia:

Capitalismo, TICs e consumismo de mãos dadas: o futuro já começou nessa festa


Nessa festa onde o deus mercado é venerado acima de todas as coisas em coisificando tudo, e as empresas que controlam e manipulam a informação no mundo neoglobalizado propagandeiam incessantemente que consumir é a razão de nossa existência.

O vídeo em questão no artigo, onde aparecem os adolescentes descoladinhos, os bacanas da "Idade Mídia" dando dicas aos publicitários e marketeiros sobre o que dizer a elas, como e por quê, demonstra bem que o futuro já está sendo planejado pelo mercado há muitos anos. Crianças e adolescentes hoje em dia, imersos no mundo das teclas e telas recebendo estímulos de toda parte para consumir, vão se formatando pelos meios de comunicação concentrado nas mãos do oligopólio a la Murdoch, assim como de modo geral nas escolas vão se formando essas novas gerações, a la Maquiavel.

Os professores estão colaborando para essa alienação toda quando não são críticos ou estão passivos frente à realidade diante de seus olhos, e as crianças debaixo de seu nariz, de seu controle. O sistema de ensino se edifica sob os mesmos princípios do capitalismo, focando no individualismo, na meritocracia, na competição que faz a des-humanização de todos, centrado no des-amor, na não-liberdade e cassando a autonomia e a palavra dos estudantes.

No Brasil temos uma situação peculiar, mas bem ao gosto do mercado: a educação é completamente regulada por mil mecanismos que controlam tudo, desde o conteúdo e programas de ensino, livros didáticos e literatura infanto-juvenil, até as ações do professor dentro de sala de aula. E, pouco a pouco vemos a privatização do ensino, e a mercantilização da educação.

Oposto a isso, o setor de comunicações é completamente desregulado, permitindo que as grandes empresas de comunicação - privadas - façam o que bem entendem, respaldadas pela legislação adequadamente conformada às suas prioridades no controle da informação.

Na programação das TVs fica claro que mundo cor de rosa dessa democracia do capitalismo do Velho (Europa) e do Novo Mundo (América do Norte) é o melhor para todos. Impossível não perceber nos telejornais, por exemplo, como os fatos são manipulados, como as notícias são construídas, e como se apresentam estas com requintes tecnicamente elaborados para persuadir o telespectador ao exercício de seu direito de consumir, e dever de viver segundo as regras ditadas pelo deus venerado do mercado. Tal fenômeno se reproduz na imprensa escrita e na Internet. A "dieta informacional" do dia é sugerida pela pauta e cardápio preparado nas redações e pelas agências de notícias ao redor do mundo...

Outro exemplo, reparemos em como as crianças se vestem para ir à aula, seus tênis e camisetas, em como são seus cadernos, lápis, canetas, estojos, os filmes e desenhos a que assistem na TV ou cinema. Um desfile do mundo fabricado pelas empresas de comunicação auferindo lucros nos produtos licenciados, que a meninada carrega feliz, vivendo bem a vida do mundo de ilusória fantasia do capitalismo. Ensinadas desde cedo a venerarem aquele deus do des-amor, logo logo o sistema bancário lhes proverá cartões de crédito vinculados aos dos pais ou (i)responsáveis e, assim, por elas mesmas comprarem sem interferência o que lhes deixam felizes.

Capitalismo, TICs, consumismo, classificação indicativa e tantos outros pontos são importantes para a discussão e crítica nas escolas, nos cursos de formação de professores, e especialmente entre a comunidade acadêmica que muitas das vezes se faz alheia ao que se passa pelas maquiavelices murdochianas, em nome de não ser a "redentora da humanidade". Certamente que não são, pois por não terem dinheiro propriamente dito, na mesma lógica do sistema são os auto-proclamados detentores e defensores do "capital cultural". Além do que, no princípio de todas as coisificações, muitos professores universitários são os que legitimam esse pesadelo da realidade com ares de ciência, e seguem de (a)consciência tranquila do dever cumprido quando detêm os meios de impedir a comunicação dos fatos, de que a liberdade e o amor sejam ditos.

Neste mundo que vai elogiando tudo isso como democrático, enquanto a maioria da sociedade vive das migalhas dos ricos e em frangalhos, sem direitos fundamentais sendo protegidos pelo Estado, nessa sociedade de coisificação de tudo e todos quem é que vai, enfim, nos livrar dos efetivamente bandidos e malfeitores?


Quando o próprio Estado é omisso, os governos são (i)responsáveis e os demais poderes se fazem coniventemente cegos, espertamente surdos e convenientemente mudos na proteção dos direitos das crianças e adolescentes, qual super herói virá nos salvar dessa orgia/bacanal do consumismo quando na Educação e Comunicação pela televisão mais assistida e sintonizada cantarolamos juntos que a festa é para todos, que "a festa de quem vier"?

Ou os verdadeiros super-homens e super-mulheres já estão por aí, pelas ruas, causando "tumulto" pelas mudanças e as fazendo pouco a pouco na "rexistência" pela vida com dignidade, pelo Bem Viver, ou o capitalismo mesmo cumprirá as profecias sobre o fim do mundo, enquanto carrega no seu seio tudo e todo mundo para a destruição do próprio planeta.


Nessa festa do capitalismo já vamos todos convidados e bêbedos consumidores dançando o hit do momento. Mas, para a festa no céu da dignidade, como naquela história do sapo que foi escondido no violão do urubu, somos quase todos como ele mesmo e, ficamos de fora. Tem-se de ter asas e muito amor pela vida e na vida para ouvir e entender as estrelas...

Aguardem a divulgação da dissertação "Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg" filosmidiando sobre o "Efeito Orson Welles" e a "Síndrome de Clodovil"... o "Efeito Abya Yala" e a "Síndrome da Liberdade", convocando pelo "Manifesto das crianças" a que todos nos unamos para o Bem Viver.


Leo Nogueira

domingo, 6 de novembro de 2011

A Impren$a que encobre...


¿Gran prensa? Gran encubridora

Eduardo Montes de Oca
Rebelión

Partamos de una verdad apodíctica. Sí, irrefutable de tan evidente. “Hoy losmedios de comunicación constituyen un poder”. La aseveración, de Ignacio Ramonet, director del periódico francés Le Monde Diplomatique, podría parecernos una perogrullada, un lugar común, pero ofrece excelente pábulo para el análisis. Sucede que desde que la burguesía fue tan fuerte como para imponerse a los señores feudales sin necesidad de la ayuda de un rey absoluto, a lo sumo tolerando una monarquía constitucional, comenzó a pontificar sobre los tres poderes del Estado. Evoquemos al filósofo John Locke, o a Montesquieu: Poder ejecutivo, poder legislativo, poder judicial. Luego, con el desarrollo del capitalismo, la prensa sería denominada el cuarto poder. Cuarto poder que, como los otros tres, devenía atributo de una misma sustancia, para emplear la terminología de Benedicto Spinoza. Atributo, adarga del sistema que lo engendró: el capitalismo.


También hoy la prensa constituye un poder, sí. Pero un poder mucho mayor que cuando salvaguardaba al capitalismo premonopolista. Algo que, por supuesto, Ramonet sabe mejor que nosotros. Poder inmenso, por la concentración de las comunicaciones (puro monopolio, acotamos), con su consecuente limitación del derecho a la información, la imposición por esa vía de un pensamiento único, gracias al profundo papel ideológico que protagonizan las corporaciones mediáticas para tal fin… Y si ello fuera todo. El conocido analista de los medios cree que existe un enorme condicionamiento intelectual. “La comunicación, los medios de comunicación de masas se ligan, casi juntos, para, cualquiera que sea su opinión, defender un esquema según el cual la solución neoliberal no solo es única sino que es la mejor. La idea es hacernos creer que estamos en el mejor de los mundos y, aunque vayamos mal, probablemente en otros países se está peor, y si aplicásemos otra política sería aún peor”.

Esa actitud acomodaticia, ese apoltronamiento en que “este es el mejor de los mundos”, fue denunciada en su momento por el irreverentísimo Voltaire, con un personaje de la novela Cándido o el optimismo que ve toda la realidad con lentes color de rosa. Pero, sin lugar a duda, la historia se repite. Si antes drama, ahora farsa. La llamada gran prensa suele encarnar al doctor Pangloss para persuadirnos de lo mismo. Y en su “descargo” asentemos que para ella verdaderamente este tiene que ser un mundo ideal, por la sencilla razón de que, si otrora protegía el sistema que la cobijaba y del que sacaba una jugosa tajada, en la actualidad el salto ha sido cualitativo, porque, al decir de nuestra fuente, “defienden una concepción de la sociedad, defienden una concepción del mundo en la que ellos creen, porque los medios de comunicación están, ellos mismos, muy implicados en la nueva economía”. Lo que significa que la gran prensa ha pasado de alabardero y dueño relativamente menor a gran dueño. A multimillonario vergonzante, ya que sigue escudándose en los sofismas de la libertad de expresión y la objetividad absoluta, entre otros.

Ignacio Ramonet declaraba en cierta ocasión a la prensa que los medios de comunicación han cambiado su situación en la pirámide de poder. “De hecho, los medios de comunicación, que antes aparecían como cuarto poder, porque podían criticar el funcionamiento del poder desde el exterior, hoy constituyen un (único) poder, y siguen sin querer aceptar la idea de que son un poder y que, por consiguiente, tienen que ponerse en causa de ellos mismos”. De esta cita, algo desaliñada porque está hecha de palabras improvisadas, habremos de sacar la conclusión de que esas hipóstasis del poder en el capitalismo, esa sagrada familia que son el poder ejecutivo, el legislativo y el judicial, más la prensa en cuarto lugar, se funden cada vez más, de resultas de intereses materiales comunes. Entonces, ¿podría hablarse de objetividad absoluta a la hora de juzgar a las otras tres cabezas de la hidra y, en última instancia, al poder de los capitalistas, al poder de Don Dinero?

Que nadie nos venga con la libertad de expresión. Los grandes medios tienen hasta su propia guerra. O sea, se involucran con ansia irredimible en la otra: la de misiles contra antiaéreas antediluvianas y armamento ligero. Las rapiñas imperialistas de nuestra época no solamente se despliegan en el plano militar, sino, paralelamente y con similar intensidad, en el tapiz de la comunicación noticiosa.

Veamos, si no —y ya lo señalábamos en otra parte—, las filigranas con que la oposición venezolana ha copado toda la gran prensa de su país, con el objetivo de construir una opinión pública anuente a cualquier acción violenta contra el presidente Hugo Chávez. Prensa que no atinó siquiera a la técnica del avestruz cuando, tras la intentona golpista, se pusieron de relieve las trapisondas mediáticas. Y que se permitió regodearse en el engaño, ahora por omisión: encorsetó la situación con el más espeso silencio, a pesar de que el Gobierno constitucional hizo galas de democratismo acendrado, al abstenerse de clausurar publicaciones mendaces —mejor decir mentirosas— y de confinar en cárceles a plumíferos opuestos a la Revolución Bolivariana.

Evoquemos igualmente, a vuelo de pájaro, el cerco tendido alrededor de Allende, en un Chile donde parece han bebido los pariguales venezolanos del rotativo El Mercurio, entre otros. ¿Alguien consciente habrá olvidado la censura impuesta por los personeros de la Oficina Oval a unos reporteros privados del acceso directo a los centros neurálgicos del conflicto en Afganistán, el de Iraq, y hasta de referirse al monto de las víctimas civiles de la asimétrica arremetida? ¿Dónde queda la tan cacareada autonomía de la prensa? ¿Adónde se fue la tradición de pensamiento representada por el filósofo y economista Stuart Mill (1806-1873), celoso propugnador de la libertad individual y los derechos civiles? Tradición de la que siempre se han enorgullecido los norteamericanos, quienes la han refrendado en la primera enmienda de la Constitución, la cual pone énfasis en la libre expresión de las ideas y, por tanto, en la libertad de pensamiento. La “displicencia” respecto al manipulado caso de los cinco cubanos antiterroristas aherrojados en el imperio se torna prueba (una junto a incontables) de la manera con que la descomunicación (más que comunicación) gringa obvia los pilares en que supuestamente se afinca.

Empero, seamos justos: la relativa heterogeneidad de los propietarios —relativa porque el monopolio se impone y, en última instancia el sistema íntegro, prensa incluida, se yergue como propietario y velador colectivo de la “seguridad nacional” — permite el “milagro” de una noticia escapada, el hecho de que un rotativo revele la componenda de otros. Maticemos. A pesar de que Norteamérica está “agraciada” con el 70 % de la información que anda y desanda el planeta y de que la mayoría de las 25 transnacionales que copan la rama le pertenezcan, algún que otro medio se exhibe parcial o temporalmente apegado a la objetividad. Ah, y ¿qué de ese bumerán que resulta Internet, tachonado de hendijas por donde se filtra el resplandor de la verdad?

Claro, tampoco sin dramatizar ni caer en la hipérbole, la exageración complaciente. La nombrada gran prensa norteamericana, occidental, a la postre cierra filas con la clase política, y denuncia lo erróneo, lo inhumano, solo hasta tanto, o hasta donde, sus propios intereses no sean perjudicados. Es repulsivo conocer que, mientras analistas de valía revelaban que la anunciada guerra contra Iraq mandaría a la baja los mercados del mundo y que, de extenderse —como se está extendiendo—, causaría estragos incluso en la economía gringa —sector turístico, líneas aéreas, aseguradoras, inversores—, se constataba que se beneficiarían, se benefician, junto con las petroleras, ¡las compañías de los medios de comunicación!...

Algo que, a no dudarlo, ofrece base suficiente para concluir que la gran prensa se arroga dos derechos “divinos”: el de dueño, vergonzante, y el de alabardero de un sistema que la cobija, la mima, en bien de los sacrosantos intereses privados. Anverso y reverso, sí, de una misma moneda. Una moneda de oro tintineante.

Reproduzido de La Jiribilla Via Rebelión
26 abr 2005