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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Trabalho infantil e erotização precoce: quem se preocupa?


Trabalho infantil e erotização precoce: quem se preocupa?

Desirée Ruas*

Fotos de meninas em poses adultas divulgadas por uma revista de moda incentivam o debate da adultização e erotização da infância no universo da publicidade e da mídia em geral. A reação contra o editorial de moda levou a Justiça a pedir o recolhimento das revistas pelo Ministério do Trabalho, por violação do princípio da proteção integral da criança previsto pela Constituição.

O caso leva à reflexão sobre a utilização de modelos mirins em poses erotizadas dentro de uma atividade profissional, no caso a produção de material fotográfico para um editorial de moda. Além disso, o ensaio levanta a discussão sobre a imagem que a infância vem ganhando nos meios de comunicação há algum tempo e os prejuízos para o desenvolvimento do público infantil que tem contato com tais conteúdos. A empresa afirma que “como o próprio título da matéria esclarece (“Sombra e água fresca”), retratamos as modelos infantis em um clima descontraído, de férias na beira do rio. Não houve, portanto, intenção de conferir característica de sensualidade ao ensaio. “

O fato nos leva a duas questões distintas: a reflexão sobre a necessidade da proteção de crianças e adolescentes que trabalham nos meios de comunicação e também dos que têm acesso a tais conteúdos. Por que algumas formas de trabalho infantil são combatidas e outras são valorizadas? Em telenovelas, desfiles de moda, ensaios fotográficos e propagandas, crianças trabalham como adultas e sofrem as pressões da atividade.

A Constituição Brasileira proíbe qualquer trabalho para menores de 16 anos. Na condição de aprendiz, é permitido a partir de 14 anos, sendo que qualquer tipo de trabalho noturno, perigoso ou insalubre é proibido para menores de 18 anos. A Convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho, OIT, ratificada pelo Brasil em 2001, admite o trabalho artístico como uma das exceções. Mas o Brasil não determinou explicitamente os casos excepcionais no momento da ratificação da convenção, segundo informações divulgadas pelo Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil no Brasil da OIT. Outra ressalva se refere à diferenciação entre participação em apresentações artísticas e trabalho infantil artístico.

Usadas para vender produtos, as crianças que trabalham em anúncios publicitários e editoriais de moda estão desempenhando atividade artística? Em telenovelas com classificação indicativa para 14 anos, encontramos crianças incluídas no elenco e vivenciando, de alguma forma, conteúdos inadequados para sua idade. Mesmo na companhia de seus pais ou responsáveis, as crianças estão em um ambiente profissional onde o rigor pela perfeição torna obrigatório repetir cenas e trabalhar continuamente por muitas horas seguidas. Pressão psicológica, desgaste físico e emocional, excesso de responsabilidade e constrangimento, exposição a situações adultas são certamente prejudiciais ao desenvolvimento infantil. E em quais momentos essas crianças brincam?

De quem é a responsabilidade para que crianças e adolescentes não sejam expostos a conteúdos inadequados ou que sejam inseridos em situações que não são compatíveis com seu grau de maturidade? Os pais, o Estado, os veículos de comunicação ou todos juntos? Sobram dúvidas e faltam espaços para diálogo sobre o tema. Afinal, já faz parte do nosso costume ver crianças atuando em programas de televisão ou na promoção de produtos em desfiles ou comerciais. Quem se incomoda com isso? O que podemos fazer já que os próprios pais permitem que seus filhos assumam tais responsabilidades e se exponham a situações inapropriadas para crianças? Há um consenso objetivo sobre o que é apropriado ou não para as crianças?

Não querer ver as fotos publicadas pela revista não elimina o problema ao mesmo tempo que quanto mais falamos delas mais estamos divulgando um conteúdo que não deveria ter sido produzido. O ensaio da revista é apenas mais uma mostra de que a sociedade precisa se fazer mais presente na avaliação e questionamento do que é divulgado na mídia e na forma como a infância tem sido tratada pelo mercado. E isso diz respeito a todos nós, enquanto sociedade, que tem o dever de cuidar e proteger a infância.

Saiba mais sobre o tema em matéria do Repórter Brasil: Os limites do trabalho artístico infantil.

____________________

* Desirée Ruas é jornalista e especialista em Educação ambiental e Sustentabilidade. Educadora ambiental e para o consumo. Coordenadora do Consciência e Consumo.

15 set 2014


Comentário de Filosomídia:

São muito pertinentes as reflexões que você traz - Desirée Ruas - que nos ajudam a aprofundar nessa questão específica: "Por que algumas formas de trabalho infantil são combatidas e outras são valorizadas?" Relembrando Dimenstein, existem direitos que não saíram do papel... Será que a sociedade vai-se conformando ao que as mídias propagam, sustentadas pelas corporações e movidas pelos interesses do mercado? A família, sociedade e escola (incluindo aí a "massa" acadêmica) vão capengando no conhecimento dos direitos das crianças. Mas, o estado, a classe política e o mercado bem sabem o "que" e "por que" - ou não - isso ou aquilo... Taí a responsabilidade que temos enquanto pessoas e instituições nas ações da Rede Brasileira Infância e Consumo na defesa dos direitos das crianças.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Regina de Assis: a relação das crianças contemporâneas com as mídias


Regina de Assis, educadora, fala sobre a relação das crianças contemporâneas com as mídias e sobre a importância da integração do audiovisual a conteúdos político-pedagógicos das escolas.

26 nov 2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Imagens e Vozes de Esperança - IVE: fortalecer o papel da mídia como agente de benefício do mundo


Imagens e Vozes de Esperança

O Imagens e Vozes de Esperança – IVE – é um projeto internacional que inspira profissionais de mídia a ter uma visão mais apreciativa e equilibrada dos acontecimentos do mundo. Foi fundado em Nova York, em 1999, como uma iniciativa da Brahma Kumaris World Spiritual Organization, do Center for Advances in Appreciative Inquirye da Visions of a Better World Foundation. O IVE é promovido globalmente pelo Images & Voices of Hope e no Brasil pela Organização Brahma Kumaris.


Missão do IVE

Fortalecer o papel da mídia como agente de benefício do mundo ao expandir a consciência das escolhas que os profissionais da mídia fazem e elevar a confiança pública. Gerar conteúdo construtivo, amplificar a esperança humana, e assim aumentar a capacidade da humanidade para ações que promovam a vida.

Reproduzido de IVE

13 nov 2013

sábado, 18 de agosto de 2012

Professor tem dificuldade no trabalho com diferentes mídias, aponta pesquisa



Professor tem dificuldade no trabalho com diferentes mídias, aponta pesquisa

Bruna Romão
Estadão/Agência USP de Notícias
15/08/2012

Elementos socioeconômicos dificultam uso de recursos audiovisuais no ensino

A interação entre diferentes linguagens e mídias é um importante fator para a formação crítica de alunos do ensino básico. Nas disciplinas de Literatura e Língua Portuguesa, por exemplo, adaptações cinematográficas de obras literárias podem ser instrumentos para levantar discussões e estimular o interesse pelos textos. Contudo, como indica estudo desenvolvido pela professora Eliana Nagamini, a combinação de uma série de elementos tanto estruturais, quanto socioeconômicos e individuais, tornam difícil para muitos docentes a utilização desses recursos audiovisuais no processo de ensino.

A pesquisa de Eliana englobou questionários e entrevistas com 91 professores de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio de sete escolas da rede estadual de ensino de São Paulo. O trabalho integrou a tese de doutorado Comunicação em diálogo com a literatura: mediações no contexto escolar, desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

A análise das respostas dos docentes permitiu à pesquisadora identificar os diversos fatores, chamados mediações, que se combinam para modelar o ambiente educacional, interferindo na adoção das adaptações audiovisuais em sala de aula. São alguns fatores que dificultam o contato desse professor com as adaptações e a formação do professor preocupado com questões da mídia”, conta.

Mediações no ambiente educacional

Entre as primeiras circunstâncias identificadas, está a infraestrutura das escolas, deficiente em espaços para o trabalho com recursos audiovisuais, como salas de vídeo, dificultando a frequência na integração entre as mídias em classe. Outro fator determinante é o próprio funcionamento das escolas: a grade horária muitas vezes impede a apresentação de uma obra cinematográfica por inteira e a análise aprofundada das duas formas de discurso. Eliana Nagamini resume: “Há uma abertura nas diretrizes de ensino para o trabalho com adaptações e outros discursos, mas esbarra no cotidiano mais miúdo da sala de aula, que nem sempre permite que o professor faça o trabalho mais adequado”.

Há também mediações em função do próprio contexto socioeconômico dos professores. Elian cita a longa jornada de trabalho de muitos docentes, o que impede maior dedicação à preparação de aulas que proponham o diálogo entre literatura e cinema. Outra lacuna, de acordo com ela, estaria também na própria formação do professor no Brasil. “Poucos cursos de licenciatura sistematizam a discussão sobre a mídia”, relata. A continuidade da formação, por sua vez, também sofre interferência da ‘falta de tempo’ do profissional.

Todas essas mediações não apenas impedem a utilização de produtos cinematográficos em sala de aula, mas permeiam e limitam alguns trabalhos existentes. Predominantemente, explica Eliana Nagamini, o uso das adaptações se dá por forma de fragmentos ilustrativos, existindo grande preocupação com a fidelidade.

Diálogo com o mundo exterior

Com o devido espaço e desenvolvimento, ações educacionais envolvendo uma obra literária e sua adaptação poderiam ir além da simples ilustração e identificação de pontos coincidentes. Para Eliana, o grande potencial deste tipo de atividade para a educação estaria na exploração dos desvios. “A adaptação é interessante porque são linguagens e processos de produção e recepção diferentes. Quando a obra cinematográfica opera os desvios, ali é que está a sua riqueza”, diz.

Isto, ela relata, além de promover o interesse do estudante pela obra escrita, contribuiria ainda mais para sua formação crítica, ao discutir na escola elementos e textos com os quais os alunos tem contato no mundo exterior: “A escola precisa se abrir e dialogar com o mundo de fora”. Mas para que isso ocorra, ela ressalta, o mundo de fora também precisa repensar a escola, para que se superem as dificuldades no ensino e novas ações e projetos educacionais sejam possíveis.

14 ago 2012
Via clipping FNDC

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Beleza de Poesia "atualizando-me no mundo e na mídia sábia e desbravadora de novos horizontes"...


O SILÊNCIO

Célia Laborne Tavares

É hora de silêncio, os pássaros se recolhem, mas a cidade não dorme. Por isso, pensei em procurar uma plataforma política ou um gráfico importado com palavras estranhas, para inserir-me no contexto geral, atualizando-me no mundo e na mídia sábia e desbravadora de novos horizontes.

Poderia, quem sabe, reformar a Terra ou talvez os Céus onde eventualmente moro ou faço estágios. Lá em baixo desafiam-se o futebol, o rock, o desfile de modas, as novelas. Também as fraudes, os roubos, a impunidade, sobretudo o medo de todos e de tudo.

Quero dividir com alguém o grande medo que não para de crescer nas ruas e nos lares e a todos atinge, mesmo àqueles que fingem um sorriso ensolarado.

Queria conviver serenamente com esse século novo, mas preciso mudar urgentemente, surfando entre modernidades muito novas para meus olhos que vêem além destes horizontes. Mas, afogada em lirismo e luzes cruzando céus, temo não sobreviver por muito tempo.

A verdade é que preciso aterrizar de avião, para-quedas ou helicóptero; preparem-me uma pista, mesmo poluída. Depois verei, quando estiver na Terra, se ainda tenho a mesma face, ou se tornei-me um robô de último tipo e fácil aceitação na praça.

Por hora, um celular chama-me e o micro-ondas dá seu sinal. Vou apagar as velas e acender candelabros de luz fluorescente e econômica.

Nos prédios de formas aerodinâmicas, de onde expulsaram a luz do sol e as brisas da manhã, o ar refrigerado já está ligado e, em salões semi-obscurecidos as conferências se instalam.

A globalização rodeia a todos e cobra de todos, o seu preço que ninguém pode discutir, pois os políticos estão em recesso e as rosas emudeceram.

Conheça mais poesias de Célia Laborne Tavares em seu blog Vida em Plenitude clicando aqui, e no blog Poemeus e Seus. 

Foto: Por do Sol em Belo Horizonte,  ACG (Guh)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Gramática e cartilha da velha mídia...


O vocabulerolero da velha mídia

Emir Sader
Carta Maior - Blog do Emir
19/10/2011

Aqui algumas indicações sobre como ler a velha mídia. Nada do que é dito vale pelo seu valor de face. Tudo remete a um significado, cuja arte é tratar de camuflá-lo bem.

Por exemplo, quando dizem liberdade de imprensa, querem liberdade de empresa, das suas empresas, de dizerem, pelo poder da propriedade que tem, de dizer o que pensam.

A chave está em fazer passar o que pensam pelo interesse geral, pelas necessidades do país. Daí que nunca fazem o que deveriam fazer. Isto e’, dizer, por exemplo: “A família Frias acha que...” Ou: “A família Civita acha que...” e assim por diante.

A arte da manipulação reside em construções em que os sujeitos (eles) ficam ocultos. Usam formulas como: “É mister”, “Faz-se necessário”, “É fundamental”, “É’ indispensável”.

Sempre cabe a pergunta: Quem, cara pálida? Eles, os donos da empresa. Sempre tentar passar a ideia de que falam em nome do país, do Brasil, da comunidade, de todos, quando falam em nome deles. A definição mais precisa de ideologia: fazer passar interesses particulares pelos interesses gerais.

Quando dizem “fazer a lição de casa”, querem dizer, fazer duro ajuste fiscal. Quando falam de “populismo”, querem dizer governo que prioriza interesses populares. Quando falam de “demagogia”, se referem a discursos que desmascaram os interesses das elites, que tratam de ocultar.

Quando falam de “liberdade de expressão”, estão falando no direito deles, famílias proprietárias das empresas monopolistas da mídia, dizerem o que bem entendem. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresas – as deles.

No Vocabulerolero indispensável para entender o que a mídia expressa de maneira cifrada, é preciso entender que quando falam de “governo responsável”, é aquele que prioriza o combate à inflação, às custas das políticas sociais. Quando falam de “clientelismo”, se referem às politicas sociais dos governos.

Quando falam de “líder carismático”, querem desqualificar os discursos os lideres populares, que falam diretamente ao povo sobre seus interesses.

Quando falam de “terrorismo”, se referem aos que combatem ou resistem a ações norte-americanas. “Sociedades livres” são as de “livre mercado”. Democráticos sao os países ocidentais que tem eleições periódicas, separação dos três poderes, variedade de siglas de partidos e "imprensa livre", isto é, imprensa privada.

“Democrático” é o pais aliado dos EUA – berço da democracia. Totalitário é o inimigo dos EUA.

Quando dizem “Basta” ou “Cansei”, querem dizer que eles não aguentam mais medidas populares e democráticas que afetam seus interesses e os seus valores.

Entre a velha mídia e a realidade se interpõe uma grossa camada de mecanismos ideológicos, com os quais tentam passar seus interesses particulares como se fossem interesses gerais. É o melhor exemplo do que Marx chamava de ideologia: valores e concepções particulares que pretendem promover-se a interesses da totalidade. Para isso se valem de categorias enganosas, que é preciso desmistificar cotidianamente, para que possamos enxergar a realidade como ela é.

Reproduzido de Carta Maior

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A mídia como freio social


A mídia como freio social

Na semana passada, durante debate na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, estudantes questionavam por que razão a imprensa tradicional funciona como um freio na sociedade, embora se esforce por parecer moderna e vanguardista.

Os participantes do evento não avançaram na discussão, mas o tema merece alguma reflexão.

De fato, se observarmos os movimentos sociais, iremos constatar que, de modo geral, a imprensa, como instituição, não atua de modo constante como força mobilizadora de mudanças. Quase sempre faz conjunto com as forças mais conservadoras da sociedade.

Há exceções, condizentes com os papéis que assume este ou aquele veículo de comunicação, principalmente no temas comportamentais ou mundanos.

Mas, no que se refere aos assuntos centrais do noticiário, como a política e a economia, pode-se perceber que a primeira resposta de jornais, revistas e meios eletrônicos associados às empresas dominantes de comunicação é sempre a mais conservadora.

Continuidade

Mesmo quando algum evento extremo ou escandaloso evidencia a necessidade de reformas, por exemplo, a imprensa se omite no aprofundamento dos debates e deixa esfriar o ânimo da mudança. Nesse sentido, pode-se alinhar uma série de acontecimentos que nunca merecem continuidade ou destaque no noticiário.

Por exemplo, as propostas legislativas de iniciativa popular, as consultas públicas e outras formas de suprir deficiências do sistema representativo são apenas pontualmente noticiadas mas nunca merecem o tratamento de alternativas válidas para as omissões do Parlamento.

Da mesma forma, os crimes na fronteira agrícola da Amazônia saem nos jornais mas logo desaparecem e nunca se discute o conflito agrário e as possíveis relações entre mandantes de assassinatos.

Instituição a serviço da imobilidade

Mesmo que rotineiramente se dedique a expor as mazelas do sistema, a imprensa se nega a colocar em debate público a possibilidade de mudanças estruturais, ainda que cabíveis no regime democrático e republicano.

Uma das causas pode ser o fato de que a mídia, em sua natureza, seleciona e oferece padrões, dita modas e modos, incorporando novos comportamentos às estruturas sociais e culturais já consolidadas, domesticando a novidade para que caiba nos padrões convencionais. Trata-se de uma instituição a serviço da imobilidade, ou de uma mobilidade relativa e sempre sob controle.

Como todas as instituições que fiscaliza e critica, a mídia tem ojeriza a rupturas. Por essa razão, é vista mais como freio do que como acelerador de mudanças na sociedade.

Por Luciano Martins Costa em 14/06/2011 na edição 646
Comentário para o programa radiofônico do OI, 14/6/2011

Reproduzido do Observatório da Imprensa

domingo, 12 de junho de 2011

Relatório FCC/EUA: informação comunitária está na base da democracia cidadã


"A importância estratégica do noticiário local

A Comissão Federal de Comunicação (FCC, na sigla em inglês), o órgão do governo norte-americano encarregado da regulamentação das mídias, divulgou esta semana um surpreendente relatório no qual faz um alerta sobre o futuro da imprensa local e adverte que a informação comunitária está na base da democracia cidadã.

O relatório de 150 páginas afirma que a importância das notícias locais está crescendo, mas as empresas jornalísticas mostram grande dificuldade em atender a esta necessidade, o que provoca um déficit informativo que terá conseqüências – ainda imprevisíveis – no funcionamento da democracia em comunidades sociais, bairros e cidades pequenas ou médias.

Uma das constatações mais importantes é a de que a internet multiplicou exponencialmente a formação de canais de informação, mas isso coincidiu com uma drástica redução da investigação jornalística provocada, entre outros fatores, pelo desaparecimento de 13.400 empregos de repórteres e editores nos Estados Unidos, desde 2007.

Tendência preocupante

O fenômeno não é novo e já foi discutido em vários fóruns tanto presenciais como online. O que surpreende é que o FCC tenha saído a campo para tratar de um tema que parecia preocupar mais os acadêmicos, enquanto os empresários e jornalistas o tratavam como se fosse um tema menor.

A nova relevância que ganhou a comunicação local é uma conseqüência do crescimento dos indícios de que ela está diretamente ligada ao papel que as comunidades começam a ter como fator de reorganização das estruturas sociais na era digital.

As mídias locais sempre foram vistas como uma ferramenta político/comercial manipulada por interesses paroquiais – onde a ética, geralmente, era vista como um obstáculo e não como uma norma. É claro que existiram e existem exceções, mas o quadro geral nunca foi dos mais animadores. Com a chegada da internet, a crise do noticiário local se tornou ainda mais aguda, porque grande imprensa regional iniciou o enxugamento das redações justamente pela cobertura comunitária.

A sobrevivência da indústria jornalística local passou a ser um dilema crucial dada a inexistência de modelos de negócio adequados ao contexto comunitário. Os grandes jornais começaram a testar fórmulas de acesso pago a conteúdos online, mas elas dificilmente poderão ser aplicadas localmente. Isso gerou uma brutal recessão nos negócios da mídia local norte-americana, que apesar de ser muito diferente da brasileira sinaliza uma tendência que, no mínimo, deve nos preocupar."

Via Carlos Castilhos . Observatório da Imprensa
10 jun 2011

Leia o texto completo no Observatório da Imprensa clicando aqui. Conheça o Relatório "The Information Needs of Communities" da FCC clicando aqui.

domingo, 10 de abril de 2011

Análise: marcas e desafios do governo Dilma em mídia


"Especialistas analisam marcas e desafios do governo Dilma em dez áreas

Em uma conferência organizada pelo King's College, da Universidade de Londres, especialistas em dez áreas diferentes avaliaram o início de governo da Dilma e fizeram uma projeção do que se pode esperar pela frente. Confira a seguir um resumo das suas análises.

Mídia

Carolina Matos*

Há a necessidade de mudar o papel da TV pública no país, para ser um meio de qualidade, sem interferência política. As concessões não são transparentes e são poucos os “players” dominantes. Cinco canais detêm 82% do mercado e mostram o mundo sob as perspectivas do Rio de Janeiro e de São Paulo. É preciso ter uma programação de qualidade para atrair audiência e, assim, os anunciantes. O grande desafio do governo Dilma será regular o que é público e comercial, além de definir como será a distribuição dos novos canais de TV digital.

A mídia é importante para o desenvolvimento do país. Mas é preciso desenvolver novas maneiras de identidade, que fuja do ponto de vista único do Sudeste e ofereça novas alternativas de qualidade. Por uma questão cultural, muita gente só assiste TV Globo e não troca de canal. A TV Brasil, criada em 2007 por Lula, merece receber atenção."

Fernanda Calgaro
Especial para o UOL Notícias
Em Londres
10 abr 2011

Leia o texto completo sobre as análises desses especialistas em diversas áreas, no UOL Notícias, clicando aqui.

* Carolina Matos é fellow (equivalente a membro honorário) em comunicação política na London School of Economics (LSE). Atualmente, trabalha num livro sobre mídia e política na América Latina, que deve ser lançado no início de 2012.

terça-feira, 22 de março de 2011

Dossiê Universo Jovem: consumo de mídias e hábitos da juventude brasileira


Quase metade dos jovens brasileiros já vê TV pela web
2/12/2010

O número de pessoas que veem TV pela web triplicou em dois anos, diz MTV

Pesquisa realizada pela MTV com mais de 2.000 pessoas revela: 42% dos jovens brasileiros já assistem a programas de TV pela internet. Em 2008, esse percentual era de 13%. Ou seja, em dois anos, triplicou o número de jovens que usam a tela do computador para ver conteúdo de TV.

Os dados fazem parte do quinto Dossiê Universo Jovem, série de pesquisas realizadas pela MTV para radiografar o comportamento de seu público-alvo. Neste ano, a MTV buscou o retrato da screen generation, como a emissora decidiu chamar o jovem que consome audiovisual em todas as telas (TV, celular e computador).

O dossiê representa um universo de 64 milhões de pessoas entre 12 e 30 anos, das classes A, B e C, que só estudou até o ensino médio (54%), que já trabalha (metade) e ganha em média R$ 947,17 mensais. Deles, 29% já casaram, e 32% têm filhos.

A pesquisa, que foi transformada em um programa de TV (ainda não há data de exibição), revela um jovem tecnológico e conectado, mas ainda ligado a valores “tradicionais”, como ter “união familiar” (86%), “ter uma carreira, uma profissão” (86%) e “viver em uma sociedade mais segura” (80%).

Detectou, contudo, que o jovem está ficando mais hedonista e consumista. Cresceram os percentuais dos que dão valor à beleza física (36% em 2010, contra 14% em 1999), dos que querem comprar mais (48% a 26% em 1999) e dos que querem se divertir e aproveitar a vida (64% a 35%). Por outro lado, caiu levemente o número dos que valorizam a fé (67%, contra 74% em 2008).

Assistir a TV (100%), ouvir música (99%), dormir (99%), estar entre amigos (99%), ouvir rádio (98%), assistir a filmes em DVD (97%), fazer compras (93% e navegar na internet (89%) são as atividades de lazer preferidas do jovem em 2010. Quando os pesquisadores, no entanto, pediram para os entrevistados elegerem uma única atividade entre essas preferidas, navegar na internet subiu para a liderança, com 15%, seguida por ouvir música e assistir a TV (13%).

(...) O jovem contemporâneo usa a internet para trocar mensagens instantâneas (93%), enviar e receber e-mails (91%), acessar sites de vídeo, como Youtube (90%), sites de relacionamento (89%), sites de busca (89%), ouvir música em webradio (81%), produzir e postar vídeos (80%),  pesquisas escolares (78%), notícias (75%), downloads de programas (74%), downloads de músicas (70%), consultas a mapas e endereços (66%) e jogar games (61%).

A internet ainda é empregada para “atividades diversas de trabalho” (59%), pesquisar preços (58%), salas de bate-papo (55%), procurar emprego (53%), acessar a conteúdo adulto (46%), fazer download de filmes e seriados (42%), ver programas de TV (42%), assistir a emissoras de TV online (36%), manter blog e fotoblog (35%), participar de concursos e promoções (33%), fazer compras (33%), transações bancárias (23%) e ligações via Skype (21%).

Por outro lado, o jovem está lendo menos jornal (75%, dez pontos percentuais a menos do que dois anos atrás), revista e livro – 28% declararam que não gostam de ler nada – e praticando menos exercícios físicos.

As telas

A tela do televisor ainda é a preferida pelo jovem para assistir a programas exibidos normalmente durante a programação (como uma novela ou programa humorístico), programas gravados em DVD (shows, filmes, séries), programas em pay-per-view (futebol e filmes) e qualquer vídeo com mais de 30 minutos.

A tela do computador, revela o Dossiê Universo Jovem, tem a preferência para vídeos postados por outros jovens (90% acessam ao YouTube), vídeos curtos, de 30 segundos a 30 minutos, vídeos online (Hulu, Netflix) e vídeos baixados.

O celular já é muito usado para acessar a internet (56%, contra 20% em 2008) e enviar e-mail (57%).

A partir dos números, a MTV dividiu os jovens em cinco grupos: tradicional (19%), baladeiro (19%), humanizado (18%), batalhador (17%), hedonista (13%) e antenado (13%). E você, onde se encaixa?

Fonte: Notícias R7 Blog do Daniel Castro reproduzido no Cultura Digital

Leia o texto completo na página da Cultura Digital clicando aqui.

Baixe o Dossiê Universo Jovem 04 clicando aqui.

quinta-feira, 10 de março de 2011

América Latina: a mídia é a pauta da vez


“A mudança necessária no paradigma das comunicações não pode ter apenas caráter técnico. As novas ferramentas, as mídias sociais, sites e blogs da Internet são importantes, mas não são suficientes. As grandes transformações que precisam acontecer em Nuestra América necessitam de uma revolução na forma de comunicar. Não estou falando do momento eleitoral, em que essas ferramentas podem jogar um papel decisivo. Em termos de mudança de consciência, por exemplo, ou de erradicação de preconceitos, ou de respeito aos direitos humanos, nada vai mudar se as corporações privadas de mídia continuarem donas de oligopólios a serviço da exploração dos povos.

Em outras palavras: enquanto vigorar a propriedade cruzada – mesmo grupo controlando jornal, rádio e televisão na mesma praça; enquanto meia dúzia de empresas capitalistas forem donas de mais de 90% da audiência e da maior parte das verbas públicas publicitárias; e enquanto esses grupos continuarem, como no Brasil, a ter mais influência junto aos parlamentares do que os cidadãos que os elegeram.

Democratizar televisão, rádio e jornais é importante porque a mídia é, hoje, a instituição com maior poder de produção e reprodução de subjetividades. Ou seja, a mídia determina formas de sentir, de pensar e de agir dos indivíduos e, conseqüentemente, influencia posicionamentos da sociedade como um todo. Se divulga mensagens de ódio, se divulga informações distorcidas, então teremos um povo irracional e desinformado, caldo de cultura perfeito para a violência. Por outro lado, se a mídia divulga informações corretas e mensagens de respeito ao outro, então será mais provável criarmos uma sociedade mais harmônica.

O governo do presidente Lula seguramente avançou mais que o anterior, pois além da TV Brasil está em curso o Plano Nacional de Banda Larga, que pretende universalizar o acesso à Internet de alta velocidade. Entretanto, em comparação com nossos vizinhos, estamos atrasados. O Brasil perdeu sua grande chance com o decreto da TV Digital, quando era possível ter investido na multi-programação e fomentado a participação de novos atores no cenário da radiodifusão.

Estamos atrasados não apenas por conta das dificuldades do governo atual. Toda a esquerda brasileira tem enorme dificuldade de compreender a importância dos meios de comunicação de massa para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. Partidos políticos, estudantes, sindicalistas, integrantes de movimentos sociais organizados, acadêmicos, artistas. A tendência ainda é acreditar que se pode negociar com as corporações privadas, em vez de modificar a atual estrutura – o que, diga-se de passagem, seria apenas cumprir a Constituição de 1988. A história recente do Brasil nos oferece incansáveis provas de que essa crença não passa de uma ilusão, incluindo o fato de as últimas duas eleições terem sido levadas para o segundo turno, sem falar da famosa manipulação do debate em 1989. Vamos ver se a nossa esquerda acorda, e se acorda a tempo”.

Marcelo Salles . Jornalista

Publicado no Boletim do IELA, Instituto de Estudos Latino-Americanos/UFSC/Florianópolis em 28 out 2010.

Para ler o texto completo clique aqui.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Curso de difusão cultural “Entendendo a Mídia”

Curso de difusão cultural “Entendendo a Mídia” 

Nosso curso de educação para os meios e comunicação comunitária é composto por aulas expositivas, atividades práticas e debates. Com formato adaptável à cada comunidade atendida, pode atuar em todo o território nacional.

Objetivos do Curso

O curso de difusão cultural “Entendendo a Mídia” pretende conceituar, esclarecer e debater diversos aspectos da educação para os meios(experiências educativas para a recepção das mensagens da mídia) e dacomunicação comunitária. Por meio de aulas expositivas, exercícios, debates e produção dos alunos, o curso propõe cinco objetivos gerais:

1. Discutir e desmistificar os preconceitos, aforismos e generalizações que cercam o debate sobre mídia

2. Estimular e instrumentalizar a autonomia crítica na leitura dos meios de comunicação para o enfrentamento de desigualdades sociais

3. Provocar e instrumentalizar os participantes para a prática da comunicação comunitária, incentivando o protagonismo transformador e auto-sustentável na comunidade atendida

4. Formar agentes comunitários capazes de multiplicar as informações e reflexões construídas coletivamente no curso

Saiba mais e conheça a íntegra do Projeto (PDF) na página do Repórter Brasil, clicando aqui.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Regulação: restrição à propriedade cruzada é medida urgente


"É uma falácia afirmar que a convergência de mídias tornou obsoleta a discussão sobre propriedade cruzada. Formas de produção e circulação de dados e noticiários em diferentes plataformas não têm nada a ver com a propriedade cruzada. Esta diz respeito a organização societária dos conglomerados e, o mais importante, a sua abrangência sobre a sociedade.

(...) No Brasil uma nova lei de meios tem que dar conta, entre outras coisas, de dois tipos de regulação. Uma específica para o rádio e a TV cujos concessionários ocupam o espectro eletromagnético, escasso e finito. Outra dando conta da mídia em geral.

No primeiro caso, trata-se de um bem público (o espectro eletromagnético) utilizado por particulares que, por isso, devem se submeter a regras precisas de controle social.

(...) O segundo caso, referente aos jornais e revistas não tem nada a ver com isso. São empreendimentos particulares que trafegam por canais privados".

Laurindo Lalo Leal Filho

Leia o texto completo na Carta Maior clicando aqui.

Matéria relacionada: "Mudanças nas comunicações geram especulação na mídia", da Redação do Portal Vermelho, clicando aqui.