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sábado, 18 de agosto de 2012

Professor tem dificuldade no trabalho com diferentes mídias, aponta pesquisa



Professor tem dificuldade no trabalho com diferentes mídias, aponta pesquisa

Bruna Romão
Estadão/Agência USP de Notícias
15/08/2012

Elementos socioeconômicos dificultam uso de recursos audiovisuais no ensino

A interação entre diferentes linguagens e mídias é um importante fator para a formação crítica de alunos do ensino básico. Nas disciplinas de Literatura e Língua Portuguesa, por exemplo, adaptações cinematográficas de obras literárias podem ser instrumentos para levantar discussões e estimular o interesse pelos textos. Contudo, como indica estudo desenvolvido pela professora Eliana Nagamini, a combinação de uma série de elementos tanto estruturais, quanto socioeconômicos e individuais, tornam difícil para muitos docentes a utilização desses recursos audiovisuais no processo de ensino.

A pesquisa de Eliana englobou questionários e entrevistas com 91 professores de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio de sete escolas da rede estadual de ensino de São Paulo. O trabalho integrou a tese de doutorado Comunicação em diálogo com a literatura: mediações no contexto escolar, desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

A análise das respostas dos docentes permitiu à pesquisadora identificar os diversos fatores, chamados mediações, que se combinam para modelar o ambiente educacional, interferindo na adoção das adaptações audiovisuais em sala de aula. São alguns fatores que dificultam o contato desse professor com as adaptações e a formação do professor preocupado com questões da mídia”, conta.

Mediações no ambiente educacional

Entre as primeiras circunstâncias identificadas, está a infraestrutura das escolas, deficiente em espaços para o trabalho com recursos audiovisuais, como salas de vídeo, dificultando a frequência na integração entre as mídias em classe. Outro fator determinante é o próprio funcionamento das escolas: a grade horária muitas vezes impede a apresentação de uma obra cinematográfica por inteira e a análise aprofundada das duas formas de discurso. Eliana Nagamini resume: “Há uma abertura nas diretrizes de ensino para o trabalho com adaptações e outros discursos, mas esbarra no cotidiano mais miúdo da sala de aula, que nem sempre permite que o professor faça o trabalho mais adequado”.

Há também mediações em função do próprio contexto socioeconômico dos professores. Elian cita a longa jornada de trabalho de muitos docentes, o que impede maior dedicação à preparação de aulas que proponham o diálogo entre literatura e cinema. Outra lacuna, de acordo com ela, estaria também na própria formação do professor no Brasil. “Poucos cursos de licenciatura sistematizam a discussão sobre a mídia”, relata. A continuidade da formação, por sua vez, também sofre interferência da ‘falta de tempo’ do profissional.

Todas essas mediações não apenas impedem a utilização de produtos cinematográficos em sala de aula, mas permeiam e limitam alguns trabalhos existentes. Predominantemente, explica Eliana Nagamini, o uso das adaptações se dá por forma de fragmentos ilustrativos, existindo grande preocupação com a fidelidade.

Diálogo com o mundo exterior

Com o devido espaço e desenvolvimento, ações educacionais envolvendo uma obra literária e sua adaptação poderiam ir além da simples ilustração e identificação de pontos coincidentes. Para Eliana, o grande potencial deste tipo de atividade para a educação estaria na exploração dos desvios. “A adaptação é interessante porque são linguagens e processos de produção e recepção diferentes. Quando a obra cinematográfica opera os desvios, ali é que está a sua riqueza”, diz.

Isto, ela relata, além de promover o interesse do estudante pela obra escrita, contribuiria ainda mais para sua formação crítica, ao discutir na escola elementos e textos com os quais os alunos tem contato no mundo exterior: “A escola precisa se abrir e dialogar com o mundo de fora”. Mas para que isso ocorra, ela ressalta, o mundo de fora também precisa repensar a escola, para que se superem as dificuldades no ensino e novas ações e projetos educacionais sejam possíveis.

14 ago 2012
Via clipping FNDC

terça-feira, 29 de maio de 2012

Crianças e publicidade audiovisual de produtos de limpeza


A publicidade audiovisual de produtos de limpeza

Carla Rabelo
29/05/2012 na edição 696

A publicidade de produtos de limpeza costuma apresentar personagens (mascotes) em animação. Esse recurso chama atenção do adulto consumidor final do produto, mas também atrai o olhar da criança, principalmente se o anúncio for programado pelo departamento de mídia da agência publicitária para ser exibido nos intervalos de programações de canais infantis. Mesmo tendo também o adulto (mães, em especial) como telespectador, esses canais são segmentados ao público infantil. As agências de publicidade sabem do poder de influência da criança no consumo doméstico.

Os roteiros criados para a publicidade televisiva, por exemplo, oferecem histórias de ficção baseadas na realidade que vão de combates entre um herói e um inimigo perigoso, como o Pato Purific, encarnado a cada trama num super-herói distinto, lutando contra as bactérias do vaso sanitário, ou personagens humanizados realizando tarefas de limpar a casa num tom de magia. Este tipo de linguagem é familiar à criança e ao seu universo, já que ela cresce estimulada por esses elementos semióticos. O mais recente caso é o lançamento do produto Pato Gel Adesivo (2012) da Johnson exibido no canal Discovery Kids cujo nome trata diretamente com os termos descoberta e crianças. O pato aparece mostrando um aplicador de fácil manuseio que mais parece um brinquedo. A ideia é sempre acabar com o esforço e com a possibilidade de se sujar na hora da limpeza doméstica. O pato é a solução prática. Ao mesmo tempo, vídeos foram lançados no YouTube com crianças protagonizando o comercial (ver links no pé do texto).

Passe de mágica

No universo do planejamento e estratégias que geram ações de marketing, a criança é considerada a soberana do lar e sua participação nas decisões da casa tem sido crescente. O problema não está limitado somente à publicidade, mas é também uma questão social na qual os pais ou responsáveis, para aumentar a renda familiar, têm que dispor de um tempo cada vez maior longe de seus filhos e para compensar esta ausência cedem aos desejos e pedidos diversos. O consumo, permeado por incentivos políticos e empresariais, pode se tornar a moeda de troca, a redenção. E essa permissividade é nítida na liberdade com a qual a iniciativa privada age em suas ações estratégicas de fomento às vendas numerosas de seus produtos. O Estado deveria ser mais atuante nesse acompanhamento.

Além disso, a indústria cultural e de consumo faz da criança uma peça influenciadora de seus pais mesmo em relação a produtos não destinados a ela, como automóveis (ex: comercial da Nissan com a banda Pequeno Cidadão), bancos (ex: Poupançudos, da Caixa Econômica Federal), telefonia (ex: Oi), entre outros. No passado, o cigarro foi utilizado para atrair o público infanto-juvenil por meio do personagem Joe Camel. O recurso está presente em várias classes de produtos, basta observar nos meios de comunicação.

Segundo a pesquisa de mestrado desenvolvida na USP intitulada “Perto do Alcance das Crianças – O Papel dosPersonagens em Propagandas de Produtos de Limpeza”, não há uma regulação efetiva à publicidade de produtos de limpeza, que são produtos tóxicos e se comunicam semelhante aos comerciais de brinquedos. Existe apenas regulação para a embalagem, para o produto. Essa regulação é definida pela Anvisa com a advertência “Mantenha Fora do Alcance das Crianças”. No entanto, essa mesma advertência não foi aplicada à publicidade de produtos de limpeza. Diante dessa cena permissível, as criações publicitárias ganham dimensões diversas. O comercial apresenta um mundo lúdico, sem perigos, de fácil manuseio, onde tudo se resolve num passe de magia e sem grande esforço, assim o próprio produto já não se configura como ele de fato é, um produto tóxico. Ele se transforma numa poção mágica. Esta configuração pode fazer com que ele ganhe outro caráter de classificação em seu armazenamento, como um produto sem perigos. A percepção de risco pode ser redimensionada, reduzida.

Controle e prevenção às intoxicações

Ainda de acordo com a pesquisa de mestrado, os acidentes com produtos de limpeza (saneantes) oscilam entre segundo e terceiro lugar no ranking de intoxicações em crianças com idade abaixo dos cinco anos, conforme dados verificados no Sinitox (Sistema Nacionalde Informações Tóxico-Farmacológicas). Perde apenas para os medicamentos, outra grande fonte de intoxicação infantil. Os acidentes ocorrem pelo fácil acesso aos produtos que são mantidos ao alcance das crianças. Elas são atraídas pela cor, desenhos, formato da embalagem, pela curiosidade ou por tentar imitar os pais. Na prática, o que acontece é a baixa percepção de risco da criança somada aos seus referenciais no adulto que fazem com que ela o imite lavando roupa, limpando a casa, ou mesmo brincando com o produto. Uma situação facilitadora ao contato com produtos de limpeza. O perfume, as cores dos produtos ou mesmo o reconhecimento na embalagem do personagem que ela viu na publicidade podem fazer a criança interpretar o produto como sendo um objeto para ela brincar ou ingerir. E dependendo da idade da criança, a disponibilidade para experimentações é maior. Além disso, o uso de produtos clandestinos acondicionados em embalagens de refrigerantes confundem a criança. Muitos adultos não percebem esta relação, eles se sentem no controle da situação.

A pesquisa de mestrado traz entrevistas com responsáveis pelos principais órgãos de controle e prevenção às intoxicações, como Centro de Controle de Intoxicações (CCI/SP) e Centro deAssistência Toxicológica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Ceatox/SP). Ambos reforçam a dificuldade em lidar com o controle, já que a divulgação (comunicação de risco) carece de maior eficácia e a coleta de dados para mensuração das estatísticas anuais precisa de melhorias. Em outra vertente, a regulação publicitária no Brasil é executada no âmbito público, entre outros, pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e no âmbito privado pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), sendo os dois primeiros de caráter legislativo e o último em caráter autorregulatório.

Em visita à Anvisa, em Brasília, a pesquisadora pode perceber a preocupação da instituição em suas investidas para regular a publicidade por meio das medidas em comunicação de risco e pela GPROP (Gerência de Monitoramento e Fiscalização de Propaganda, de Publicidade, dePromoção e de Informação de Produtos sujeitos à Vigilância Sanitária). Embora tenha um profissional específico para o controle das propagandas de medicamentos, de produtos de limpeza, entre outros produtos, ainda não tem medidas efetivas no âmbito dos saneantes (os produtos de limpeza). O órgão regula efetivamente os produtos e suas embalagens com leis que delimitam precauções sobre uso e manuseio, como é o caso da advertência vigente em produtos de limpeza (conserve fora do alcance das crianças e dos animais).

O CDC enfatiza a proteção à saúde e segurança dos cidadãos em relação a produtos perigosos ou nocivos, e reforça a educação e divulgação em relação ao modo de usar dos produtos, evitando a indução a um comportamento perigoso. O Conar é um órgão criado e gerido por profissionais da área de comunicação, e especificamente da publicidade. Consegue manter normas da classe para que sejam seguidas, mas como não é lei não consegue ter uma força efetiva e algumas decisões ficam a desejar.

Mais informações

Sobre produtos de limpeza não há normas específicas. As normas existentes apresentam definições passíveis de diversas interpretações, mas na pesquisa de mestrado são apresentadas associações com outras categorias como de bebidas alcoólicas e de produtos tóxicos onde constata-se a menção aos cuidados relativos à criação e à comunicação publicitária, tanto para a prevenção de acidentes, quanto para os cuidados com as crianças. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais como o Instituto Alana e a Criança Segura desenvolvem medidas preventivas e de conscientização da população em relação à comunicação publicitária.

A atuação do poder público tanto pela exigência das empresas em fazer valer sua responsabilidade perante à sociedade, quanto em apresentar os perigos dos produtos em sua comunicação (publicidade, jornalismo, relações públicas, cinema, etc), deve ser efetiva para mitigar os riscos aos quais estamos expostos. Em resumo, para que isso se concretize, o somatório de responsabilidades (Estado, iniciativa privada e sociedade) e a discussão sobre as nuances da comunicação de risco devem ganhar atenção, principalmente para o benefício social e diminuição dos acidentes.

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Para mais informações sobre o tema publicidade de produtos de limpeza:

RODRIGUES, C. D. R. “Perto do alcance das crianças: o papel dos personagens em propagandas de produtos de limpeza“. 2009. Dissertação (mestrado) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (ECA/USP), São Paulo, 2009.


Filme publicitário Pato Gel Adesivo.

Criança decora comercial Pato Gel Adesivo.

Fernando Peliciolli Alves, 4 anos, decorou a propaganda e divulga a todos, seja em casa ou até mesmo, dentro dos supermercados.


Entrevista à revistapontocom: “Personagens de limpeza: publicidade e criança”.

Nissan – Pequeno Cidadão.

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Carla Rabelo é radialista, publicitária e doutoranda na ECA/USP

39 mai 2012

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O que informa um telejornal?


“Talvez o maior problema com relação à compreensão do telejornal seja o pressuposto bastante generalizado de que a função básica desse gênero televisual é informar (bem ou mal) sobre o que está acontecendo.”

"Com essa frase, Arlindo Machado inicia o capítulo “O que informa um telejornal?” do livro “A televisão levada a sério”. De início já podemos perceber que para o autor tal generalização é prejudicial ao gênero jornalístico. Ele justifica sua posição afirmando que caso o meio comunicacional aja de acordo com esse senso comum, o mesmo se restringirá à simples verificação do grau de exatidão e confiabilidade do fato divulgado.

Se de início parece óbvio tal pensamento, já que quem se propõe a assistir um telejornal o faz para receber informação, esse argumento torna-se falido se refletirmos sobre o que seria realmente ficar informado. Será que consiste apenas em receber reproduções de ocorrências diárias?

Bom, mesmo que essa hipótese fosse correta, Arlindo defende que o telejornal não passa essa única e objetiva verdade a qual as pessoas pensam procurar e receber. Isso ocorre porque há uma desmontagem dos discursos na medida em que a circulação e o confronto de vozes e até a abrangência de um discurso por outro faz com que a notícia se torne plural. Assim, essa colagem de depoimentos em seqüência nunca atingirá um nível de discurso único, o qual poderá ser interpretado como totalmente verdadeiro ou falso.

Essa propriedade da televisão apresenta um problema para a divulgação de fatos, conflitos. O choque dos diversos enunciados faz com que ao mesmo tempo em que lhe dão publicidade, também os relativize ou os anule. Outro ponto que também demonstra a impossibilidade de tratar de uma verdade absoluta: não é com a verdade que o telejornal trabalha, e sim com a enunciação de cada porta voz sobre um determinado acontecimento.

Outra característica que demonstra essa constante produção da notícia nos telejornais é que o mesmo é “ao vivo”, o processo está sempre em andamento. Mesmo as notícias previamente gravadas podem sofrer alteração até o último minuto antes de iniciar o programa, ou até mesmo durante seu curso. A notícia chega ao telespectador ser sem inteiramente processada e, para Machado, esse processamento continua com o envolvimento do público.

Ainda segundo Machado, a visão de “terrível manipulador” dada aos telejornais é ingênua. Para ele, mesmo que não propositalmente, esse veículo turva as perspectivas do que ocorreu, embaralha visões, confunde fronteiras. Apesar de ser taxado de maniqueísta, as particularidades do telejornal acabam por demonstrar a complexidade de tomar partidos; acaba confundindo o que a princípio seriam notícias alinhadas. Tal dinâmica dificulta o sonho, numa situação hipotética extrema, de algum magnata a concentrar toda a mídia televisiva em si mesmo".

Reproduzido de Jorwiki . USP

Conheça mais sobre o livro “A televisão levada à sério”, de Arlindo Machado, clicando aqui e resenha de Rachel Librelon ali.

“O telejornal, não o es­queçamos, é um programa realizado ao vivo, ainda que utilize material pré-gravado ou de arquivo, e em geral é "fechado" poucos minutos antes de entrar no ar, ainda com as últimas notícias chegando à redação. Por mais que se queira ou se possa manipular as informações, elas chegam ao telespectador ainda não inteiramente processadas, portanto brutas, contraditó­rias, sem ordenação, sem acabamento final.”

Trecho do capítulo "O que informa um telejornal", do livro acima.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Meios de ocultação da informação


"Há vários séculos as sociedades medianamente avançadas tornaram-se dependentes dos meios de comunicação para o desenvolvimento de suas atividades, seja no âmbito público estatal, seja no setor das atividades econômicas, ou ainda no tocante às atividades políticas e sociais de maneira geral, aí compreendidas também as que envolvem pessoas, famílias e outros grupos sociais de qualquer natureza.

O que pode ou deve ser feito, como proceder, as condições objetivas para agir ou que recomendam ou determinam a abstenção de certo tipo de atividades, tudo isso é fortemente influenciado pelos meios de comunicação, estando aí a base da consagração da liberdade de imprensa, depois ampliada para liberdade de comunicação, como um dos fundamentos da sociedade democrática.

A liberdade dos meios de comunicação implica sua responsabilidade, não se admitindo que pela distorção da verdade, ou por ocultação maliciosa de informações de relevante interesse social, os meios de comunicação impeçam ou dificultem consideravelmente a normalidade das atividades sociais, afetando o uso regular de direitos e deixando de transmitir à população, por má fé, as informações de que disponha e que sejam de grande importância para a vida social.

Em certas circunstâncias, a omissão da comunicação pode ser tão danosa quanto à informação maliciosamente errada, podendo-se afirmar que ao lado do direito de comunicar com liberdade existe a obrigação jurídica de comunicar, quando isso for de relevante interesse social.

(...) A censura das comunicações deve ser proibida, como já está expresso na Constituição brasileira, mas é preciso deixar claro que o povo não pode ser vítima de censura imposta pelos donos e controladores dos meios de comunicação. O direito de comunicar deve ter como paralelo o dever de comunicar, dualidade indispensável para a concepção democrática do uso dos meios de comunicação".

Dalmo de Abreu Dallari
Jurista e professor da Faculdade de Direito da USP

Leia o texto completo em Adital clicando aqui.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quem tem medo do jornalismo econômico?


"A construção de verdade através do noticiário econômico

Sabe-se que a construção de verdade passa obrigatoriamente pela linguagem, pois ela fornece os termos que possibilitam uma visão de mundo. Sistema de valores, conceitos e mesmo noções aparentemente simples sobre as coisas e fatos do dia a dia se tornam a base do sistema sobre o qual vários discursos são construídos. E a constituição da palavra, bem como seu uso, estão associados ao poder: segundo Foucault, a linguagem é alvo do exercício de poderes que a controlam, os poderes não incidem apenas sobre os corpos, mas também sobre as palavras. Os rituais de verdade são, segundo Foucault, a forma mais superficial e mais visível dos sistemas complexos de restrição do discurso. A troca e a comunicação são figuras positivas que atuam no interior desse sistema. O ritual define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam (e que, no jogo de um diálogo, da interrogação, da recitação devem ocupar determinada posição e formular determinados tipos de enunciados). Define também os gestos, os comportamentos, as circunstâncias e todo conjunto de signos que devem acompanhar o discurso; fixa, enfim, a eficácia suposta ou imposta das palavras, seus feitos aos quais se dirigem, os limites de seu valor de coerção. Há no discurso, enfim, propriedades singulares e papéis preestabelecidos.

Realidades mediadas

Os meios de comunicação, como emissores essenciais de discursos sobre e para a sociedade, contribuem para a construção de verdades. Eles afetam as maneiras pelas quais os indivíduos experimentam as características de tempo e espaço da vida social: cria-se aí uma realidade mediada das formas simbólicas acerca de tudo aquilo que esteja além das experiências pessoais. Isso altera o sentido de pertencimento dos indivíduos, a compreensão dos grupos e das comunidades a que eles sentem pertencer. A mídia envolve-se, assim, ativamente na construção do mundo social ao transmitir imagens e informações para indivíduos situados nos mais distantes contextos: ela modela o curso dos acontecimentos, cria acontecimentos que não poderiam ter existido em sua ausência".

Marcos Ritel . USP

Leia o texto completo clicando aqui.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Consumo: Pesquisa na USP investiga a influência da TV nos hábitos alimentares de crianças


Investigar a percepção de crianças e mães sobre a propaganda de alimentos e bebidas veiculadas pela TV, foi o objetivo da Dissertação de Mestrado “Propaganda de alimentos e bebidas na TV: percepção de crianças em mães”, defendida pelo nutricionista Alexander Marcellus Carregosa da Silva Pitas, na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

O pesquisador verificou que todas as crianças pesquisadas afirmaram gostar de assistir TV. A preferência de consumo relatado por elas por meio das propagandas, foram: refrigerante, fast-food, produtos lácteos. As mães por sua vez sentiram dificuldade de controlar o tempo de TV assistido por suas crianças. Nos finais de semana 26% das mães referem que seus filhos assistem TV o dia inteiro, e 54% das crianças assistem 3 horas ou mais por dia de TV durante a semana.

A pesquisa concluiu que o fast-food foi o alimento mais veiculado nas emissoras gravadas. Sendo que do total de exibição de propagandas de uma das emissoras, os alimentos não saudáveis representaram 100% das propagandas de alimentos e bebidas. As mães foram influenciadas pelos filhos a comprar alimentos não saudáveis, talvez estimulados pela propaganda. Elas sentiram dificuldade de controlar o tempo de TV assistido por suas crianças.

Para mais informações clique aqui.

Conheça o Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, trabalha pelo fim do consumismo na infância e luta contra os impactos da publicidade na formação das crianças, clicando aqui.

Participe também:

Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos”, no Facebook, clicando aqui.

Blog da Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos , clicando aqui.

Veja também:

“O impacto da publicidade de alimentos no consumo infantil”, apresentação em slidshare, clicando aqui.


"Obesidade e consumo de alimentos no Brasil", apresentação em slideshare, clicando aqui