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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Infelizes dias das bruxas nas escolas...


Assédio moral nas escolas - I

Apontamentos sobre tiranias que se veem, falam e se ouvem no reino da fantasia e no mundo real das malvadezas des-humanas

Por Leorry Reportter*

Assédio moral nas escolas é um assunto nada tratado nas fileiras de muitas corporações de professores do país, e sequer passa pela cabeça de algumas pessoas que, Vocês-Sabem-Quem, existem por aí nas unidades escolares, públicas e privadas, mesmo quando aquelas carapuças de carrasco bem serviriam a nomear quem é quem e de que “lado” está nas lutas pela Educação: o lado de baixo ou o lado de cima. Quando certas relações de opressão são praticamente naturalizadas desde os bancos dos colégios - entre os pares mal-formados nos bancos da academia, e seguem de-formados no ambiente de vaidades e mediocridades de escolas que frequentamos pela vida, como estudantes ou trabalhadores - é sinal de que se perdeu algo importante das finalidades, a bússola que dá o rumo do que é proposto por Educação em seus mais altos níveis de compreensão e expressão na reflexão e prática pedagógica.

Não há quem não tenha observado, visto falar ou ouvido em alguma escola pela vida afora, da presença dos Pedagófilos, pessoas que na sua irrefletida atitude são exímios assediadores. Elas são as que literalmente violentam os corações e as mentes de colegas, alunos, funcionários e familiares que passam à sua frente. Estão por todos os lugares distribuindo “elogios” que mal disfarçam as verdadeiras intenções de ludibriar, menosprezar, diminuir, ofender, de colocar “no seu devido lugar” os menos lustrados pelo vernizinho de diplomas que carregam com propalada ostentação. A soberba é uma anti-virtude que os caracteriza.

Essas pessoas têm uma aura ensombrecida, uma aparência de frieza calculada, distribuem olhares complacentes desde a altura de seus narizes e, medem o mundo pela curta distância desde seus umbigos ao corações enregelados. Quando não deslizam pelos caminhos de todos em seus gestos aparentando um balé de cisne negro, braços como asas abertas e às vezes em echarpes esvoaçantes, sentam-se feito paxás nos lugares privilegiados onde todos possam mirá-las. E ficam lá fingindo atenção à voz alheia, meneando a cabeça em negativas de tudo o que se diz, aguardando sua “deixa” para dar sua opinião que quer abalizada, e determinando a conclusão com força de lei para qualquer assunto entabulado.

Tidas como oráculos a quem se recorre para dar seus vereditos finais desde alguma questiúncula às mais altas predições sobre um futuro em que elas próprias se destaquem magnânimas, querem que para dar seus vaticínios e análises se acendam incensos e velas para perfumar e brilhar os altares que só a adulação consegue manter em pé, por algum motivo que a própria razão desconhece.

Além dos adoradores do público em redor de sua presença fazem-se grupelhos pelos cantinhos. Vez ou outra quase todos ficam estremecidos às suas gargalhadas homéricas, e sente-se no ar o medo de muitos quando pressentem aquele aroma fedorento que antecede sua entrada triunfal em algum recinto. Noutras vezes, confabulam-se com seu séquito por sussurros e risadinhas contidas, seguem-se olhares em todas as direções para evitar que lhes ouçam os segredos. Ao final de todas as veementes argumentações sempre têm palavras reticentes e ferinas para arrematar a punhalada de sua verborreia astuta, que flui ora como trovão dos deuses do Olimpo, ora como o sibilar de uma serpente que estrangula a vítima, ou lhe diz o que fazer com finalidades questionáveis.

Esses infelizes, que não perdem uma oportunidade sequer de criar a infelicidade para os outros, vão desde sempre des-tratando as pessoas da comunidade escolar em privado e em público, falando pelos cotovelos como eminentíssimos doutores de uma lei que eles próprios inventam, destilando os venenos que compõem dia-a-dia os artigos e regimentos do famoso “currículo ocultíssimo” com as marcas da violência que a tudo destrói e arrasa.

Num estilo de quem faz e des-faz arrogando-se poder sobre a vida e a morte, como os imperadores romanos no circo abaixando os polegares ao som da turba furiosa - histérica e excitada com o espetáculo de sangue na arena - os Pedagófilos não se apoquentam se o circo pega fogo ferindo vidas e destruindo sonhos depois que as des-graças e boatos que espalham tomam seu caminho entre corações e mentes em formação. Esse tipo de pessoas querendo mandar a torto e a direito também tem semelhança com os poderosos da Santa Inquisição dos tempos medievais, os donos da verdade absoluta, mandatários da vontade divina.

Feito príncipes e princesas da maldade invejosa, se passando por reis déspotas e rainhas da cocada preta, debocham de quem ousa destoar de suas regrinhas que propalam com seus trejeitinhos caricaturizados, ou passam à sua frente atrapalhando a visãozinha míope que têm de seu mundo de desejos e fantasias de poder. Pior ainda, quando em perdendo um “trono” ou os “anéis” em que lhes beijavam as mãozinhas desmunhecadas, eles não se sentem que perderam os dedos da manipulação de tudo e de todos. Esses infelizes seres se fazem como as eminências pardas por detrás de outros que aturam - mas estão no poder por direito - planejando incontáveis intrigas para perturbar, promover a discórdia e o engano para controlar e oprimir o povo.

Figuras que entram para a “história” como heróis, suas condutas trazem ao presente de nossas existências o pior que caracterizou a instituição escolar no decorrer de séculos de autoritarismo e arbitrariedade, de impunidade.

Os Pedagófilos são pessoas que, por princípio de sua necessidade de poder, atraem a si uma força que lhes dão esse poder quase desmedido, e controlam consciências com a facilidade de um maestro que rege uma orquestra para que todos dancem conforme a sua música que faz todos entrarem em transe delirante.

Sarcasmo é o tom percebido em todas as palavras mal-ditas que saem de suas bocas se referindo ao outro, ao completamente diferente de si, ao trabalho dos colegas. Falam sempre com desdém e com aquele jeitinho “blasé” de quem se sente entediado, ou mal suportando a presença alheia que empana o brilho de suas majestades afetadas. Como há sempre uma “corte” a seguir e “cortejar” tal realeza pomposa e cheia de circunstância, a maldição que espalham à sua volta vem também sempre com os salameleques que caracterizam todos aqueles acólitos e paus-mandados que se subalternizam ou veneram tais personalidades, digamos, “magnéticas”, que sabem os segredos do hipnotismo vulgar e pretendem que os demais se sintam mais inferiores que elas próprias na sua auto-significância.

Como de costume, e na sua tática e estratégia de oprimir e explorar o próximo para seus fins de dominação nefasta, falam pelos cotovelos e espalhafatosamente - e quase sempre pelas costas - dos infortunados que caem em seus bicos e garras de rapina que se alimenta da morte. Ou estão invariavelmente à espera e à espreita de uma oportunidade e situação para dar um bote qualquer. Agem sub-repticiamente, sorrateiramente, creem ter o dom de especialistas que opinam sobre tudo naqueles moldes de quem faz futrica e fofoca, querendo se passar por inteligentíssimos em seus proverbiozinhos com tintas sujas da pornolalia que expõem, sobretudo, a própria podridão e escolhas íntimas de quem é vil ou tem gosto e atitudes duvidosas.

Em geral, essas infelizes pessoas têm um discursinho fajuto e superficial que fala e pretende ter ares de responsabilidade, de ética e profissionalismo na prática pedagógica, e defendem com zelo de fariseus hipócritas os direitos inalienáveis dos seres humanos, de crianças, jovens, colegas de trabalho, arrogando-se o dever de em tudo dar palpite como sumo sacerdotes infalíveis em seus pronunciamentos. Mas não admitem, jamais, que seu questionem os seus próprios “direitos”.

Para qualquer assunto têm alguma tolice a dizer e, na mesma medida, algum tolo por perto a se maravilhar com os impropérios disparados feito metralhadora desembestada, aqui e ali, desde a cozinha de suas casas à salas de aula, às salas de professores e corredores, porque estão sempre a vigiar, para punir segundo seus julgamentos sumários em seus estrelismos de divas malvadas das novelas das “8”.

Esbanjam soberba, arrogância, esnobismo, e precisam do palco armado onde for para seus teatrinhos chinfrins sobre uma “aula bem dada” ou a determinação sobre alguma coisa que opinam com aquela categoria duvidosa que só os medíocres conseguem ter. São pessoas que mereceriam o “Oscar” de melhor drama por seus gestos e arroubos cheios de afetação, por suas caras e bocas nas atuações em que se esmeram pretendendo ser fiéis ao papel de atores ou atrizes principais de um filmezinho, obviamente de terror.

Bocas sujas e língua ferina, vão costurando alianças ao longo de sua existência na característica falta de dignidade de quem amarra o rabo em troca de privilégios tolos e mesquinhos aos que lhes adulam em coro, quando lhes deveríamos o apupo e a vaia. Na contraposição às suas atrocidades muitas vezes o silêncio de quem consente, por medo e intimidação. Noutras vezes, as pessoas simplesmente aturam esse comportamento porque também naturalizaram o que se tornou lugar-comum em nossas instituições de exaltação da violência e subserviência a esse tipo de pessoas que se julgam maiores, e melhores que todos.

A seriedade de gabinetes públicos nunca lhes reservaria uma cadeira de responsabilidade porque isso exige lisura e ética, o mínimo de sabedoria para o desempenho das responsabilidades em cargos de relevância. Talvez, por isso, suas atitudes são, via de regra, limitadas a um campo menor de ação, que decerto causam menos estragos do que em multidões que necessitam mesmo é de boa vontade na política. Talvez, também, seja por isso que essa deferência que lhes é obviamente negada se extravase no rancor e despeito de seus ataques ao desempenho dos outros que cita por seus desafetos políticos.

Um exame de seus pensamentos e ações jocosas, mixuruca que fosse, decerto daria pano pra manga num consultório de clínica psiquiátrica, ou uma biblioteca inteira sobre aquilo que dominam muito bem: o saber sem “substância”, sem respaldo na reflexão e no estudo sérios, que acabam por terem um teor igual ao das revistinhas sobre celebridades das mídias e do show business em salas de espera. São metidas a querer se passar por “sábios” conselheiros e suas crendices têm o requinte do cúmulo do mais baixo nível do senso-comum. As idiotices vomitadas a título de opinião formada sobre tudo enjoam aos que têm de ouvir suas declarações. São tidos como temidos por suas posições superficiais e dramáticas sobre qualquer ponto ou conto onde quer que se apresentem estrondosamente, e em sua presença melhor se calar para não encompridar conversas desnecessárias, ou no mesmo teor de vulgaridades e futilidades.

Mesmo quando se esforçam por querer passar uma imagem ou aparência de legitimidade de alguma coisa, quando muito são tidos por de-formadores de opinião. E, se acham o “máximo” porque eles mesmos des-conhecem que são motivos de chacota da opinião alheia quando fazem de tudo por se manterem em evidência, o centro das atenções e das luzes nos muitos palcos de suas encenações de quinta categoria. Assim como acreditam nas próprias banalidades como assuntos do mais alto teor em forma erudita, pensam que suas “críticas” não são de fato a titica de galinha do poleiro dos futriqueiros que cuidam da vida de todos da escola, mas se esquecem de suas próprias imperfeições.

No mundo da fantasia, nas páginas dos contos e fábulas infantis, há personagens incontáveis que retratam pessoas como esses Pedagófilos, desde o Lobo Mau assediando os Três Porquinhos e a tia encruada da Cinderela, à rainha tresloucada que mandava cortar as cabeças no País das Maravilhas. Temos as bruxas malvadas que perseguem reinados inteiros e cada cidadão vivente neles bem como as fadas e anõezinhos, e aquela que fez uma casa com doces para João e Maria se aprisionarem nela. Outras muito conhecidas são a que morre com uma casa caída em sua cabeça e uma outra, se derretendo com uma simples gota de água no final das aventuras em Oz.

Em outra história famosa, o infeliz - Smeagol - que começou a se despencar como ser humano, matando por possuir um anel de ouro que trazia um poder supremo com ele, usou de uma estratégia orientada pelo “Grande Olho do Mal”, e se apresenta como solícito guia de dois jovens que querem libertar sua pequena vila do jugo do opressor. Para possuir “O Precioso” e realizar seus sonhos de grandeza não hesitou em mentir, ludibriar, enganar e matar. Des-humanizou-se todo nesse caminho até se parecer como monstro feito aqueles criados para exército de horrores a serviço do algoz maior, enquanto os que se uniram em torno do “Retorno do Rei” se elevaram, evoluíram, transcenderam, recriaram as esperanças para tornar o mundo melhor. Foi uma jovem guerreira aquela que defende o pai contra o preposto do “olho gordo”, decepando a cabeça daquele bicho voador e espetando a espada para fazer sumir tal coisa ruim.

Mais ainda, outro menininho, desses que ninguém dá nada por ele, humilde e apagado, foi quem teve a verdadeira força interna que remove montanhas, e retirou a espada da pedra, tornando-se o Rei e líder daqueles Cavaleiros da Távola Redonda, a quem outra bruxa horrorosa fazia de tudo para impedir os sucessos.

São tantas histórias que já nos contaram desse tipo de pessoas, dos incrivelmente ruins, odientos e egoístas contra os simples e humildes que querem apenas uma vida melhor...

Talvez uma personagem que resuma e retrate exemplarmente esses atributos de gente que não é do primeiro escalão, mas se acha o supra sumo, manda e quer ser obedecida irrestritamente - no caso, uma escola - seja Dolores Umbridge. A famosa ex-diretora de Hogwarts com seu sorrisinho cínico em jeito de “boas maneiras”, com seu sapatinho e vestidinho cor de rosa choque e seus pratinhos de gatinho nas paredes, faz da sala de aula e da direção, do salão de professores e da escola o seu domínio, de onde exerce seu cargo com esgares de prazer quando tortura algum aluno, ou impõe sua ordem a serviço do Lorde das Trevas. Ela própria que é o capacho de Você-Sabe-Quem, vive a espezinhar os estudantes e professores tolhendo sua liberdade de expressão, expedindo regras e regras para atender à vontade de quem a também serve, controlando tudo com sua mãozinha de ferro cor de rosa, impondo o silêncio, controlando a escola.

Os livros e filmes das peripécias de Harry Potter descrevem muito bem aquela figurinha empertigada de mãozinhas postas e pezinhos bem juntos, desde dando um falso “bom dia” cantarolado aos alunos até ser escorraçada da escola pelos próprios estudantes revoltosos com sua presença de falsa dignidade. Xingando e exigindo soltura, depois foi levada pelos centauros e, finalmente, conduzida a Askaban, a prisão guardada pelos Dementadores que chupam a energia vital das pessoas.

Nessa mesma série, Você-Sabe-Quem, o morto-vivo, malvado por excelência da literatura de ficção infanto-juvenil nunca enfrentava diretamente os personagens “do bem” e, em sua covardia, sempre mandava alguém servil a ele a fazer isso ou aquilo em troca de posição de poder ou favores em seus planos diabólicos para dominar tudo. Em todas as reuniões e encontros com seus asseclas, é aquela figura execrável que cria a pauta, fala primeiro, no meio e por último, determinando sua vontade que quer soberana acima da vontade dos outros. Coage, insinua, ameaça, chantageia, enfim, seduz os incautos e em insana consciência para servi-lo e cumprir suas vontades.

Esse “inimigo número um” da Escola de Bruxos é daqueles covardes que nunca enfrentam os que se fizeram seus opositores, jamais se coloca face a face com eles, nunca dá a cara a bater, mesmo porque não tem condições de se defender em pé de igualdade com as pessoas do “bem”.


Bruxos e bruxas assalariados pelo ”lado negro da força”, no reino da fantasia e no mundo real como mal-amados, temidos e odiados, des-carados por detrás de suas máscaras, com suas duas caras - as deles e as dos outros de que se servem - famintos de bajulação, escondendo-se sob as sombras do próprio “chapéu seletor” feito radar à procura de outros sonsos  que lhes adulem.

São essas pessoas os assediadores morais que, em sua i-moralidade ou a-moralidade, em suma, em sua falta de ética, todos um dia já tivemos a malfadada oportunidade de encontrar em meio a nossas lidas no campo da Educação, ou ler em algum romance em que os antagonistas sempre perdem, e os protagonistas sempre vencem no final. O mal tem limites, e a indignação, individual e coletiva, um dia chega para colocar a harmonia em meio ao desequilíbrio que geram.

O que fazer com elas? O que fazer por elas? O que fazer apesar delas?

Mesmo rindo melancolicamente diante de tantos fatos entristecedores, não há como não ter piedade dessas pessoas que, por serem tão histriônicas, se tornam infelizmente cômicas, confirmado isso pelos sorrisos amarelos e estupefação de muitos ante suas bobagens e idiotices faladas, vistas e ouvidas. E, na tragicidade e em todos as cenas da farsa em que vivem como mortos assombrando a vida alheia, quem quer que seja que tenha o mínimo de sentido de decência deve a essas pessoas a mais pura com-paixão, esperando que um belo dia essas pessoas possam acordar do pesadelo em que se metem, e fazem os outros se apavorar com elas, ou por elas.

No entanto, por mais que num plano de vivência de valores humanos e espirituais devamos ser com-passivos com tais criaturas infelizes e infelicitadoras, é necessário e urgente denunciá-las à comunidade escolar, desmascará-las de sua condição de tiranos e autoritários mal-disfarçados de lobos em pele de cordeiros. É preciso levar ao conhecimento da população tais fatos, fazendo isso em alto e bom tom, porque já vivemos em uma sociedade de direitos, democrática, plural em que os direitos de uns não podem ir além dos limites dos direitos dos outros.

Leis existem para proteger aqueles que são submetidos a esse tipo de força opressora e abusiva e, à aparente fragilidade de muitos que sofrem tal abuso de autoridade, podemos e devemos nos reunir em nome da solidariedade pela defesa da justiça e do Bem Viver.

Tais comportamentos já não são aceitáveis nem toleráveis por essa atual geração de crianças e jovens, e dos adultos que real e verdadeiramente lutam, trabalham e vivem por construir um mundo livre de tais situações de dominação, por uma escola livre de tais imposições, por uma Educação que se pretenda de qualidade e promova a paz entre as pessoas.

Não é de se espantar que nas histórias que parecem ser contos de ninar, ou mero entretenimento para as horas de folguedos de meninos e meninas, são as personagens infantis que sabem, e fazem a mágica transformadora de toda situação de tristeza em alegria e libertação das opressões a que foram submetidas. São as crianças, e as pessoas simples do cotidiano dos contos de fadas dos antigos e contemporâneos que sempre salvam a situação da catástrofe iminente se não se freasse o desmedido poder dos prepotentes desalmados.

Histórias que encantaram milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo foram crianças e jovens, pais e professores dedicados de “almas claras” que só “clarividentes podem ver” que, por exemplo, se uniram co-movidos pela indignação junto a Harry Potter - menino órfão, simples, puro, de bom coração - e salvaram a todos da ganância do Lorde das Trevas em submeter uma humanidade à sua crueldade e truculência.  Belas, simples e singelas mensagens para inspirar nós outros à tomada de consciência contra as atrocidades praticadas cotidianamente sob o manto da falsa dedicação e os interesses disfarçando a auto-promoção.

As varinhas de condão de hoje são os lápis coloridos que fazem barulho ao sacolejo das mochilas carregadas alegremente para as salas de aula, e crianças e jovens nas escolas anseiam por se expressarem na plenitude de seus direitos humanos na rebeldia sumariamente sufocada pela enxurrada de afazeres sem sentido a que são compelidas a cumprir em nome de se adaptarem à sociedade adoentada que as rodeia.

Gritos estridentes de quem só sabe mandar para querer ser obedecido, e ríspidos “psius” à agitação daquilo que não pode ser jamais controlado - o sonho humano de liberdade e ventura - querem calar nas crianças e jovens o dom inato de não quererem se ajustar à uma maquinaria que tritura qualquer vontade que não siga na linha de produção escolar ou acadêmica que se consolidou como “mal necessário”.

Ainda estamos envolvidos pelos resquícios de uma época de controle da palavra, dos pensamentos e sentimentos, de uma educação moldada para criar exércitos de autômatos a silenciosa e obedientemente servirem de novos escravos de um mundo de consumismo para enriquecer uns poucos mandatários.

Pouco a pouco, aquém e além do arco-íris, outras forças poderosas se movem, novas palavras de ordem, amor e progresso humanizadores reluzem, e piscamos os olhos como que adquirindo redobrado ânimo para tudo suportar, porque a liberdade vem, ainda que tardia.

As crianças e jovens, ora melancólicos ante o infortúnio que as tenta cercear os devaneios, ora incômodas em seus barulhos e agitação nas salas de aula fechadas como prisões do pensamento, parecem nos relembrar a cada dia, hora e segundo, que é chegado o tempo de acordar dos pesadelos para a realização daquele sonho de liberdade. Se a carapuça preta serve a muitos entristecidos, também cabe a cada um que tenha coragem e boa vontade as asas de um anjo ou os chapéus dos magos e mágicos para as grandes realizações em nome do amor e da alegria.

É preciso repudiar todos os comportamentos e atitudes inadequadas, os ab-surdos, ab-mudos e ab-cegos que se veem, falam e se ouvem no mundo real das malvadezas des-humanas, em devido respeito que devemos à infância e juventude e, seus direitos inalienáveis garantidos em documentos forjados pela luta de muitos. Isso requer de todos nós uma responsabilidade extraordinária para que cada um saiba separar o que é justo e injusto quando devemos ser firmes nas atitudes de encorajamento para a realização de seus sonhos, sem jamais perder a ternura para com eles. Os contos de fadas desde sempre nos inspiram a isso...

As Escolas e a Educação precisam se libertar do assédio moral que se dissemina feito praga, precisam ser libertadas de seus carrascos, precisam se re-construir de seus escombros, precisam renascer de suas cinzas pelos mesmos feitos daqueles  indignados e de boa vontade reunidos em torno da "Ordem da Fênix"**. Que as Escolas e a Educação sejam re-en-cantadas pelo Poder da Alegria e do Amor, e da Sabedoria de todos.

O assédio moral nas escolas é tema incômodo, que abala estruturas carcomidas, mas fortes o bastante para se manterem e se quererem impunes.  Faz-se urgente o debate em todas as rodas e fóruns de discussão, em todos os diálogos nas ruas, nas casas, nas universidades, nos gabinetes das autoridades públicas, nas mídias, nas redes sociais, nos espaços da luta política, nas delegacias e boletins de ocorrência, nos camburões e locais de tratamento ou correção a tal tipo de abuso, assim como nas salas de aula, nas salas de professores, nos corredores e em todos os cantos de nossas instituições escolares.

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* Leorry Reportter é (Tele)Jornalista Escolar, ex-aluno e estagiário de escolas místicas e lendárias nos quatro cantos do mundo, também esteve em Hogwarts colaborando com as mídias piratas que faziam a comunicação popular e libertária nos tempos da censura e ditadura do Vocês-Sabem-Quem. Escreve para o “Novo Profeta Diário”, e atua como correspondente de vários periódicos do mundo da realização dos Sonhos das Estrelas,  dos Anjos,  das Fadas, dos Loucos e dos Palhaços da Alegria, dos Magos do Bem e dos Mágicos por uma Escola da mais pura Imaginação.

Personagem in-vestido e apresentado por Leo Nogueira Paqonawta.

** "Harry Potter e a Ordem da Fênix", quinto livro da saga do bruxo de Hogwarts, de autoria de J.K. Rowling. O filme baseado nessa obra estreou em 2006/2007, produção de Heyday Films e distribuição de Warner Bros. Pictures.

Reprodução permitida para fins educacionais e não comerciais, pede-se citar a fonte.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A mídia monstra pedagófila


A mídia monstra pedagófila

As “chamadas” durante a programação semanal no canal RBS SC já deixavam entrever o que viria pela frente com a matéria da repórter mirim falando de tendências na moda. Apresentada na noite do domingo dia (Programa Estudio Santa Catarina da RBS TV, madrugada de segunda, 03/06/13), as suspeitas se confirmaram, com a menina arremedando trejeitos das musas apresentadoras globais e catarinenses, entrevistando o que parecia ser dona de butique, ou personal stylist, bem ao gosto do mundo fashion que tem foco na criança como nicho do mercado de consumo, certamente desenfreado.

No final do mês o mesmo programa destaca a referida menina bonitinha opinando sobre o Fashion Kids num shopping center badalado da Ilha de Santa Catarina, evento produzido pela rede de comunicação. Dessa vez o programa destaca também outras crianças sendo maquiadas e se preparando para o desfile na passarela improvisada e espremida entre as escadas rolantes. Pais e presentes espocavam flashes dos pimpolhos sendo conduzidos pra lá e pra cá por moços e moças com ares de modelos fotográficos, enquanto a Mula Sem Cabeça do folclore popular travestida de personagem de campanha paralela da mesma emissora zanzava em volta dos toucadores empoados e do banner do “Educação precisa de respostas”.

Tema de artigos e vídeos indignados daqueles que protegem os direitos das crianças, a outra chamada campanha educativa da RBS TV nesses cenários de estúdio de TV se confundindo com o back stage dos desfiles de moda demonstra muito bem a verdadeira hipocrisia do discurso e da forma com que as mídias hegemônicas e monopólio fortemente protegido por grupo empresarial do sul do país.

Isso que vem pela confusão da doutrina midiática usando as figuras do folclore infantil, além da própria meninada como atrizes e atores de uma farsa educativa, deixa quantos pais, educadores e responsáveis de “antenas ligadas” frente ao ostensivo desrespeito aos direitos das crianças e adolescentes de ambas iniciativas da oligarquia dos donos dos meios de (anti)comunicação e (des)informação?

Nesses casos acima não é só a “educação” quem “precisa de respostas”, senão a própria “comunicação” é quem deve dar satisfação dos golpes que desfere contra a cidadania, contra o direito à informação de qualidade, visivelmente contra os direitos de dignidade de crianças e adolescentes vistos como consumidores mirins, como meninos e meninas no mundo do anti-lúdico mercado da diversão e do infotenimento como meios de desqualificação e negação de sua infância e juventude.

A rede de comunicação sem pé nem cabeça, e certamente sem coração, sabe muito bem o que, e como fazer a confusão dos sentidos, e enquanto enchemos seus bolsos com os rios de dinheiro que circulam nesse mundo de menininhas arremedando “gente grande” irresponsável – da educação e da comunicação – quem sai perdendo são as crianças e adolescentes no meio dessa insanidade a mídia metendo o nariz e a mão onde ela, se entende de tudo, no mínimo deve ser chamada para explicar o que não deve fazer: ser autoritária, mentirosa, abusadora de menores, pedagófila.

Da “comunicação” e suas (a)fundações com campanhas mentirosas, aos "profissionais"  mundo da moda, da propaganda e marketing  exigimos satisfações, porque a “monstra”, folclórica, caricata e abusada é ela. Aos “ansiosos” e "orgulhosos" pais que se extasiam com a criançada pintada como “gente adulta”, parece que deveriam ser, digamos, responsáveis, e responsabilizados pela des-humanidade e des-infancidade que reproduzem para seus filhos e filhas. Haja coração e bom senso, ou falta deles, enquanto tanto disparate é desfilado pelas mídias em suas telas, e na tela da vida...

O dedinho indicador da campanha da RBS TV parece uma bofetada na cara das gentes iludidas desse mundo da coisificação de crianças e adolescentes promovido pelos virtualmente irresponsáveis donos das mídias. Entre tantos mal-feitos e des-entendimentos provocados por eles, e por seus prepostos apresentadores de notititícias deslizando na passarela da farsante tragi-comédia do stand up news nesses dilemas e dramas da vida, qual dedo, enfim, deveríamos lhes apontar?

Haja tarja preta pra rotular essas campanhas e suas arrogâncias para alertar aos "consumidores" desse mundinho apodrecido do que está na moda, na educação e na comunicação.

Tsc... tsc...


Leo Nogueira Paqonawta


Matérias em questão

. Waldir Rampinelli: Prêmio RBS de Educação é propaganda enganosa

SJSC
14 de maio de 2013

Link/Enlace:

. Waldir Rampinelli: Prémio RBS de Educação

IELA
19 de maio de 2013


. Evento de moda traz tendências infantis para SC

Estúdio Santa Catarina
RBS TV
23 de junho de 2013

Link/enlace vídeo:

. A repórter mirim Luísa Bastos confere as tendências de moda para mães e filhas

02 de junho de 2013
Programa Studio SC
RBS TV

Link/Enlace:

Outros vídeo de Luísa Bastos:

1) O Mundo Invisível - Galdino Estúdio
Youtube user galdinoestudioffcb

Frases finais do vídeo:
“Procure lembrar do mundo que só você viu um dia”
“Reencontre o seu eu, volte a ser criança”

Galdino Estúdio parece ser especializado em beldades para o mundo fashion, de crianças e adultos.

2) Natal Havan 2012
Youtube user Lojas Havan
Divulgado pela mãe de Luísa, Youtube Usuário denisembgs

3) Quimby - Summer 2012
Youtube Usuário aldinoestudioffcb

4) Quimby – Coleção de verão
Youtube Usuário Cristina Malhas
Produção de Galdino Estúdio

Divulgado pela mãe de Luísa, Youtube Usuário denisembgs

5) Hello Kitty | Hello Salon S/S 2012
Youtube Usuário Cristina Malhas

Outros vídeos:

. Institucional Cristina Malhas
Youtube Usuário Cristina Malhas

Frases pinceladas do vídeo:

“Valores como ética, excelência, gestão eficaz, inovação, lucratividade, respeito ao meio ambiente e valorização do ser humano são colocados em prática todos os dias na Cristina”.

“(Linha) Quimby, é voltada para a criança moderna, mais que ao mesmo tempo sabe ainda o que é brincar de faz de conta. Sabe que ela pode aquilo que ela quiser enquanto houver imaginação”.

. Tholokko & Tholokka - Winter 2012
Youtube Usuário galdinoestudioffcb
Crianças em situação de “namoro” e super maquiadas

. Primavera Verão 2013 Pakita e Only kids
Youtube Usuário  grupopakita
Crianças em situação de “poses de adultos” e sendo maquiadas

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vidiotismo: sobre meninos na selva midiática e escolástica moderninha...


Vidiotismo: sobre meninos na selva midiática e escolástica moderninha


Leo Nogueira


Não é de hoje que sabemos que a TV é uma das babás preferidas pelos pais e responsáveis que têm crianças em casa. Quando a televisão está presente na imensa e esmagadora maioria dos lares, outras mil telinhas também já cercam a meninada ao redor do mundo que se entretém, feliz da vida, com seus brinquedos da mais alta tecnologia comprados por seus pais. Quem não os tem, os quer. Olhando por outro lado, se por um tempo as crianças se sossegam em frente às telas para dar sossego em casa, dali a pouco reproduzem de um jeito ou outro a violência a que são submetidas nessas sessões de torturas infantis para o destempero dos pais e, lá na escola, para o desespero de professores muitas vezes fazendo os deveres que caberiam à família, algo muito além do que a profissão lhes exige.

Entre uma parte da meninada que não pára quieta, outra que abre a boca com seus “por quês” instigando a (i)lógica de certas práticas escolares e, mais algumas que muitos professores têm como os “coitadinhos” da sala que não acompanham o ritmo frenético dos estudos, meninos e meninas passam por presas fáceis, fáceis, para os interesseiros donos do mercado de alimentação, brinquedos, filmes ou o que quer que dê lucro para essa indústria de entretenimento, quando vai sub-repticiamente uma cobra descendo de uma árvore para assediar as criancinhas a provarem disso, ou aquilo, pela programação de TV direcionada ao público infantil.

Essas cobras sabem muito bem como aliciar menores, e maiores. Seus interesses e faro comercial, seu olhar argucioso e faminto de lucros que enxerga no claro e no escuro perfeitamente, não deixa escapar pelas escolas, igrejas, ruas, ou onde for que a raça humana transite as próximas vítimas de seu banquete horrendo. As cobras fazem tudo para que suas presas possam ser hipnotizadas, para depois, suavemente, engolir cada uma e fazê-las engordar a barriga e os cofres famintos de consciências e ouro. Esses monstros, como os lobbystas maus em pele de cordeiro pelas estradas cibernéticas afora, sabem seduzir, encantar, matar aos poucos no estrangulamento, no calorzinho dos travesseiros na cama, na comodidade de uma cadeira estofada atrás dos teclados. Espertos como são os falsos e hipócritas nada bem intencionados, fazem-se passar como imagens de deuses a quem devemos venerar em cada canto por onde eles des-andam, e nós passamos obedientes como pagadores às suas promessas de um mundo cor de rosa.

Quando muitos de nós nos acostumamos a pensar que Pedofilia só se refere ao tarado adoecido que gosta sexualmente de meninos e meninas, muitos adultos nem imaginam o quanto as crianças estão sendo estimuladas por pedagófilos nas escolas e pelos lobbystas das mídias a se oferecerem às criancinhas atravessando a selva midiática como guardiões dos mais lindos e doces tesouros da liberdade de expressão nas gostosuras da educação e comunicação discursados numa sociedade democrática. A erotização precoce é estimulada pelos programas, pelos brinquedos, pelas dondocas que se vestem o que a última moda manda, pelos machões bebendo a cerveja da propaganda da mocinha recatada que se fez devassa nos comentários chulos em programas de auditório nas madrugadas. Assistindo aos mesmos programas que as crianças, esses homens arrotam e limpam a baba nos braços, enquanto as mulheres são muitas vezes imagem e semelhança das piriguetes rebolando sorridentes nos programas dominicais, nas novelas e nos shows da vida televisiva, recontada nas revistas e jornais à exaustão.  As crianças são abusadas culturalmente, economicamente, educacionalmente, comunicacionalmente. São des-floradas de sua infância com dignidade, quando lhes fingem fazer o bem em tantos mal-te-queros...

Reproduzidos nas quinquilharias que formam o material escolar e enchendo páginas de exercícios e ilustrações de cadernos, borboletinhas, abelhinhas, carrinhos, trenzinhos, super-heroizinhos e outros bichinhos e personagens inocentes passam melzinho na boca da meninada e, pululam pelos canais de TV de sinal aberto de vez em quando e, 24 horas por dia na TV paga em canais especializados nessa matéria: adoçar os olhos, entupir as mentes e desentupir ouvidos, amolecer corações, criar desejos para todos os sentidos e calar as bocas para que apenas repitam sem querer, sem ver, e sem ouvir, o refrão que des-anima a todos a pensarem, a sentirem por si mesmas.

Nessa floresta escura de nossa sociedade há esconderijos o bastante para que as crianças sejam abusadas como os magnatas do poder bem entendem, nas tantas salas de aula como nas salas de estar. E, vão-se enchendo as salas de espera de consultórios para as crianças desconectadas de seu mundo infantil interno, por demais plugadas às engenhocas do entretenimento fácil que leva ao consumismo. Os adultos, os imaturos crescidos, têm seus próprios canais, pois que já aceitam com desenvoltura e como a coisa mais natural e inquestionável da vida que, estar conectado a esses fios invisíveis, não tem nada a ver com estarem sendo manipulados, quais marionetes, na brincadeira de mau gosto do baronato das mídias e das escolas. Essa corte da classe média e alta, por sua vez, também está nas mãos das jogadas de poucos reis e rainhas no tabuleiro do mundo. A peãozada, desde antigamente, e quase sempre, só existe mesmo é para servir e defender aqueles que pensam por eles na retaguarda na segurança do que o dinheiro pode comprar para a vida boa e fácil.

A propaganda desse mundo maravilhoso do compra-se e venda-se o que puder vai na mesma onda e frisson das badaladas redes sociais de cada tempo. Esse êxtase e prazer incomensuráveis também voam de cada página de revista de salão de cabeleireiro, como também dos calhamaços que falam de quase tudo, muito bem arrolado por normas impecáveis e citações bibliográficas que esvaziam prateleiras de livrarias de infinitos títulos e capas vistosas e que, nos congressos acadêmicos, enchem sacolas como se a vida de cada um dependesse de comer e beber cada gota e pedaço do conhecimento produzido. Conhecimento que, diga-se de passagem, é re-produzido da mesma maneira que nas esteiras que embalam batatinhas, chocolates ou qualquer treco na razão do feito no ritmo industrializado do hoje em dia.

O que é, por exemplo, celebrar em sala de aula o “dia” disso e daquilo no que está na ordem do que o comércio promove em torno de datas festivas, que não será comprado de quem produziu algo para lucrar desmedidamente?  O que é isso que, em essência e forma de expressão, está sempre girando ao redor dos conceitos na (i)lógica da economia que impera no planeta, que uns chamam de produção de bens, de consumo cultural? O que é que é essa outra classe que, de jeito nenhum, não é “operária” desse modo de ser e fazer, mas que se porta como casta re-produtora de outras hierarquias antigas que apelida de capital cultural o que lhe faz ascender a outros planos da escada evolutiva em que se matam predadores e presas, sonhando um dia estar lá no topo da pirâmide do consumo?

Relembrando que se hoje existem esforços gigantescos das grandes corporações - a mando do capital - organizando para que se hipnotize o quanto mais cedo as criancinhas ao mundo do consumo, é esperançoso identificar nessa selva do vale tudo aqueles que protegem, defendem e promovem os direitos da criança e dos adolescentes. Isso, para que o futuro se construa hoje na salvaguarda de valores universalmente aceitos como princípios éticos que chamam à consciência os que têm olhos vidrados, ouvidos vibrando e bocas repetindo a cantilena dessa reza que se presta ao dinheiro como supremo deus na ordem mundial do catecismo neoliberal na neoglobobalização. Vamos muito como crentes que essa é a vida do viver bem, a qualquer custo, quando pisar no outro é apenas defesa legítima na lei dessa selva.

Parlamentos de países ou organizações internacionais inteiros se rendem às vontades desse deus reluzente que confiscou através do Novo Mundo aquele metal precioso a certo cofre, em troca de papel moeda verde que fala de des-esperança para os povos lesados nas transações comercias de seus bancos. Cada capitel que sustenta abóbadas de templos suntuosos, ou cada desenho torneado em ouro e prata nos tronos encarquilhados do Velho Mundo é amaldiçoado. Porque toda a luz de povos nos quatro cantos do mundo fora roubada, saqueada por garras escurecidas, dessas que só têm assassinos frios em nome de uma fé que demove montanhas quando se é para roubar delas os tesouros do subsolo fértil de bilênios de história que pertencem a todos.  

A corrupção na polititica mundial fede tanto quanto qualquer chão de galinheiro, como nesse onde espreita a “Raposa” do século XXI contando cada um de seus ovos de ouro postos no querer o controle mundial das mídias. Não é ela quem faz imitar os noticiários e a programação das suas enredadas irmãs pelo globo, e quem dá a receita da dieta informacional, de infotenimento e entretenimento desde o café da manhã com bacons e torradas, a seguir pelo cardápio das fast and informational foods que agradam a gregos, alemães e franceses, colombianos ou mexicanos, australianos ou chineses, e brasileiros e suas conexões com Manhattan?

A Raposa do Século XXI, naturalmente, sabe o que faz, pois consegue escutar os desejos mais íntimos e egoístas das pessoas, sabe como e quanto custa comprar até celebridades que comeriam mulheres com suas criancinhas no ventre. Então, por que não saberia como, e o que fazer, para trazer a si os pequeninos para lhes dar a mamadeira do entretenimento fresquinho e gostoso, disfarçado na borboletinha da marca da Baby TV do “grupo” Fox?

Programa por falar da, e à “esperteza” das crianças, tratando-as como idiotas fazendo plantão à frente da TV pelo do canal exclusivo de desenhos animados, não falta para apertar o botão da descarga de insultos que desmerecem a dignidade e inteligência infantil em crescimento. Existem outros especializados na anti-arte do embobecimento como entretenimento, a de produzir lixo ventilado pelas telas e telinhas de TV e computadores, tablets, telefones etc. que se reproduzem em livrinhos, brinquedinhos e outras tralhas logo, logo esvaziadas das prateleiras. São os abalizados de-formadores de opinião patrocinados pelos impérios editoriais e midiáticos, também louvados como produtores de humores inteligentíssimos, refinados.

Vidiotizar as crianças através de uma programação de TV pretensa e educacionalmente infantil, que estupidiza, aliena, entorpece os sentidos e vicia deve ser algo, assim, mirabolante em planejamento quando os meios de comunicação e suas redes vão comprando pessoas aqui e ali, legitimando sua farsa através dos diversos órgãos e associações que defendem os seus interesses de lucro, no mais das vezes fazendo-se passar por defensores do patrimônio cultural da humanidade. Haja manipulação. Haja consentimento. Haja toalhas de papel nos tribunais, nas escolas e nos lares para se enxugarem as mão das gentes, ou limpar tanta sujeira da programação que desce fácil pelo ralo, ou pela goela abaixo dos incautos.

Esses temas são debatidos nas escolas como se fosse de extrema importância e urgência defender as crianças de um estado de coisas em que elas perdem sua infância à troco de serem meninos e meninas bacaninhas e descolados no mundo das tecnologias?

Até quanto, e quando, as pesquisas que se dão nas academias no campo da Educação e Comunicação chegam às salas de aulas, aos lares, às ruas, aos morros, aos shoppings e lojas entupidas de consumidores para com-partir conclusões e ajuntar esperanças na re-criação da vida para um mundo melhor, e do bem viver?

Até quando toleraremos aos ouvidos a musiquinha com a melodia nova do velho consumismo na mesma letra do que se chama agora “consumo consciente” - ou sustentável - que, profissionais de marketing, publicidade, propaganda e Deus sabe se da pedagogia, psicologia, neuro e outras abaladas ciências são vendidos à preço de banana dos bilhões do lucro que esse tipo de gente tem? Quanto custa nossas tranquilas consciências envernizadas no saber universitário, para que não digamos “basta de mentiras”, “basta de meias verdades”, “basta de falsas intenções”?

A lei para os setores de Educação super regulado e, Comunicação super desregulado, em sua (i)lógica e (anti)ética estão lado a lado com a maioria dos nossos representantes nos poderes públicos constituídos, que se fazem comparsas do sistema que separa os que têm dos que não tem nada, ainda. Mesmo a suprema lei, essa que veste togas sob o mando do poder maior econômico, bem sabe que nesse império de coisas o destino desses últimos é o de serem os novos escravos das prestações a perder de vista do que nos separa de sermos humanos e estarmos desumanos. Prestações que se pagam de anos em anos, também como voto, nas cédulas eleitorais, quando não tem Comissão de Ética nenhuma em nenhum parlamento nacional que faça que se devolva ao povo o dinheiro roubado por polititicos em que se depositaram a confiança de que algo mudasse na estrutura que produz tanta porcaria para uma sociedade quase farta dessa impunidade.

Essa polititica dos favores trocados em propinas ainda vai por um tempo iludindo os hipnotizados pelo brilho do ter, até que as praças e ruas se encham daqueles que, mesmo com tanto crediário facilitado, não têm como sobreviver num mundo que está aqui para que todos vivam em plenitude. É essa assim tratada gentalha pelos noticiários à receita da Raposa e das cobras que vão aprendendo que essa falsa democracia dos tempos modernos não passa de falácia. Por rexistência, do resistir para bem existir, é que esse tremor que abala as velhas e renovadas estruturas do capitalismo que se transforma de um bicho a outro para enganar vai se despedaçando, e resistindo o quanto pode na tarefa de iludir, mentir, matar.

Por ora, pobrezinhos dos meninos e meninas seviciados e perdidos nas mãos da babá na selva midiática e escolástica do caminho da escola à casa, perseguidos à exaustão e esquecidos pela omissão de pais, professores, e polititicos. Essas crianças são presas fáceis desses adoráveis bichinhos bonitinhos dos canais de TV e cartilhas didáticas que são as máscaras de cobras, lagartos e raposas que as engolem facilmente no cenário de predação e carnificina em que se confundem também nossas escolas, lares e meios de comunicação no meio desse mato por onde passa o coelho apressado, como aqueles que não têm tempo para pensar, refletir ou se dedicar para os seus e os filhos da Terra.

Se Rudyard Kipling estivesse vendo o que se passa com essas crianças nos dias de hoje, certamente que não mudaria uma vírgula do que escreveu a seu filho, ou a todos os meninos e meninas há centena de anos atrás. Exceto pelo título e pelas paisagens modificadas, a famosa história e carta seriam as mesmas. E, sem sombra de dúvida ou mentira, ele desejaria que aquelas pequeninas crianças crescessem e fossem, de verdade, homens e mulheres bem existindo nesse mundo.

Enquanto não são maioria no planeta os que tenham o mínimo de dignidade, decência e responsabilidade para com os direitos das crianças, lutando pela democratização dos meios de comunicação, e de educação contra essa des-ordem mundial, que respondamos à altura às tantas idiotices que nossos meninos e meninas estão expostos pela TV em especial. Que estes não sejam os vidiotas do milênio mal começado, nem crianças perdidas e largadas nessa selva moderninha, na terra da lei do mais rico, e do mais forte que explora o fraco.

Ainda que às vezes pareça que seja assim, não somos obrigados a engolir tudo ou ficar calados diante disso. Nossa obrigação é a de engrossar a voz e as frentes de luta, porque há uma guerra lá dentro, e aqui fora das telas e do quadro negro em que se fez a Educação. As muitas crianças Outro Mundo afora da Terra do Esplendor, que já não se sossegam docemente nos sofás da sala, e nas carteiras da escola, são gentes que vão chegando a dizer “não” para tudo isso. Quem com elas se des-hipnotizar que lute junto aos ursos, pumas, condores e picaflores, ou vai direto para o bucho das cobras, e da Raposa.

Outrora verdes, as uvas já estão maduras e, nesse Outro Tempo vai chegando a Sabedoria Ancestral convidando os des-oprimidos para o banquete de quem teve fome e sede de justiça.

Há que se esfregar nas fuças desses predadores que o povo revoltado, e unido, é forte, é osso duro de roer. E para os poderosos tremendo em seus tronos, infeliz indigestão, pois chegou a hora de dizermos basta! Vocês não vão mais nos engolir! Pelas estradas e lutas afora já não vamos mais tão sozinhos...

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!

Leo Nogueira Paqonawta


(...)

Se
Carta ao Filho

Rudyard Kipling
(1865/1936)

Se és capaz de manter a tua calma
quando todo mundo em teu redor já a perdeu e te culpa,
de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses,
no entanto, achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de sonhar
- sem fazer dos sonhos teus senhores;
de pensar - sem que só a isso te atire;
de, encontrando a desgraça  e o triunfo,
conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor
de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste
e as coisas porque deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe,
e a persistir assim quando, exaustos,
contudo resta a vontade em ti,
que  ainda ordena: Persisti.

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes;
e, entre reis, não perder a naturalidade,
e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos pode ser de alguma utilidade;
se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo o valor e brilho;


Tua é a terra com tudo o que existe no  mundo.

E - que ainda é muito mais –
és um Homem, meu filho.

Fonte: Victorix. Versão original em inglês clicando aqui.

“The jungle book” de autoria de Kipling traz a história de Mowgly, criança perdida nas selvas, criadas pelos animais, foi lançado em 1894. Veja em inglês clicando aqui. No Brasil, menos que o livro, a história se tornou mais conhecida pelo filme de Disney (1967) com o título “Mowgli,o Menino Lobo. Eu mesmo me lembro muito bem da serpente “Casca” seduzindo o garotinho para comê-lo. No final, essa cobra leva a pior, o que me faz lembrar do lobo mau apanhando de caçadores e pegos no caldeirão por meigos porquinhos. Vivas para a Chapeuzinho Vermelho.

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