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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Laurindo Lalo Leal Filho: O fim dos programas infantis na TV

Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe na TVE do Rio

O fim dos programas infantis na TV

O abandono das crianças pelas emissoras exige uma resposta institucional. É necessário obrigar os canais a reservarem espaço ao público infantil.

Laurindo Lalo Leal Filho

Os programas infantis estão desaparecendo da TV aberta brasileira. Nas redes comerciais resta apenas o Bom Dia e Cia, exibido pelo SBT. O motivo não está na resolução (163)* do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), de abril do ano passado, proibindo a exibição de comerciais voltados para o público infantil como chegou a ser apregoado.

O desprezo das TVs pelas crianças é muito anterior a isso. Bem antes as emissoras já vinham substituindo aqueles programas por atrações dirigidas para um público mais amplo, capazes de atrair uma gama maior de anunciantes, especialmente através do chamado merchandising, prática usual na TV brasileira ainda que proibida pelo Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 36.

A Globo acabou com a TV Globinho colocando no lugar o programa Encontro com Fátima Bernardes. A Record trocou os desenhos animados pelo Hoje em Dia, uma revista de variedades. Não que os programas infantis dessas redes tivessem qualidade excepcional, como tinham as antigas produções da TV Cultura de São Paulo, sempre lembradas como referências no gênero: Ra-Tim-Bum, Bambalalão, Mundo da Lua, entre outros. Ou os do Daniel Azulay na antiga TVE do Rio de Janeiro. Mas eram o mínimo de respeito ainda existente no relacionamento das emissoras com o público infantil. Até isso acabou.

Além do merchandising, outro fator contribuiu para encolher a programação dirigida às crianças na TV aberta comercial: o sucesso dos canais pagos voltados para esse público. São líderes de audiência, tendo como espectadores crianças de famílias com poder aquisitivo mais elevado, capazes de pagar pelo serviço. Às demais restam os canais públicos de sintonia muito mais difícil do que a das grandes redes comerciais. Ainda assim os programas infantis lideram a audiência nas programações da TV Cultura de São Paulo e da TV Brasil.

Movidas exclusivamente por seus interesses mercadológicos, as emissoras privadas, concessionárias de um serviço público, deixam de cumprir a determinação constitucional que, em seu artigo 221, as obriga a dar preferência a programas com “finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”.

Nos Estados Unidos, para enfrentar a lógica do mercado, a lei determina que as emissoras transmitam, no mínimo, três horas semanais de “programação infantil essencial”, identificando os programas com o símbolo E/I, além de informarem antecipadamente os pais sobre os horários de exibição.  Os programas devem ir ao ar entre às 7h e às 10h da manhã, com pelo menos 30 minutos de duração.

No Brasil, o abandono das crianças pelas emissoras comerciais exige uma resposta institucional. É necessário que no ato de outorga das concessões de TV exista uma cláusula obrigando as emissoras a reservarem espaços generosos e bem localizados de suas grades de programação ao público infantil.

Essa medida, combinada com a proibição total da veiculação de anúncios dirigidos às crianças, elevaria significativamente o patamar civilizatório existente hoje no país.

Reproduzido de Carta Maior
03 abr 2015

* Resolução 163 do Conanda. Nota de Filosomídia

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Manifiesto: "Creemos en la Televisión Infantil"


Manifiesto: "Creemos en la Televisión Infantil"

Reunidos en la Universidad Internacional de Andalucía, en su sede de la Rábida (Huelva-España), entre los meses de octubre y noviembre del 2014, con motivo del I Curso de Experto en “Producción de Contenidos Audiovisuales para Público Infantil”; un nutrido grupo interdisciplinar, con representantes del mundo de la industria, el arte y la enseñanza, procedentes de 11 países iberoamericanos, y tras varios meses de debate y puesta en común decidimos por unanimidad, y sin ningún tipo de duda, creer en la televisión infantil.

"Creer en la televisión infantil supone en primer lugar reivindicar su existencia, asumir que los niños tienen derecho a ser reconocidos como un público singular y complejo. Pero supone además plantearse qué es lo que hace que un programa reciba esta calificación ¿su horario de emisión?, ¿su narrativa?, ¿sus fines comerciales?  No creemos en cualquier programa que se autoproclame para niños. No. Creemos en una verdadera televisión infantil.

Creemos en la Universidad y la Academia como agentes fundamentales del proceso de creación de contenidos para los niños. Lo son, porque una fundamentación teórica dota a la televisión infantil de un -más que merecido- reconocimiento como producto cultural digno de estudio. Un objeto poliédrico e ideológico, íntimamente ligado a los procesos socioculturales, que evoluciona y forja conciencias. Creemos en la Universidad, como impulsora del encuentro de los distintos agentes del proceso de producción, que abre espacios de reflexión y replanteamientos permanentes.

Creemos en una televisión infantil que estudia a su audiencia con rigor, que se sirve de la investigación cualitativa para entender al niño más allá de su faceta como consumidor. Estudios que pongan de manifiesto las auténticas necesidades y aspiraciones de una infancia avocada a vivir en una sociedad audiovisual, de una infancia con el derecho inalienable de disponer de una televisión de calidad.

Creemos por tanto que los estados democráticos no pueden ser ajenos a esta necesidad. Creemos en una televisión pública a la vanguardia de la producción de contenidos infantiles, creativa, innovadora, arriesgada. Capaz de competir con las cadenas privadas, pero sin perder su vocación formadora, su sensibilidad social, su localismo y su capacidad de hablar a un niño concreto, geográfica y políticamente localizado, que desea pensar su lugar en la sociedad como ciudadano y no como consumidor.

Y a la vez, y sin ningún complejo, creemos en la industria. Pero no en cualquier industria.Creemos en una industria fuerte y sólida, fuente de trabajo para los profesionales de nuestros países. Industrias nacionales que compitan de tú a tú con los imperios mediáticos norteamericanos. Industrias valientes, sin complejos, que no parasiten las instituciones, sino que sepan ganarse a golpe de calidad el reconocimiento de su público. Una industria comprometida con las nuevas tecnologías, aventurera, que incorpore el uso de las narrativas transmediáticas, los nuevos dispositivos y la participación de los usuarios en sus producciones. Con profesionales formados y competentes, cuyos conocimientos, solo sean superados por la pasión a su trabajo. Creemos en una industria internacional, que sepa competir en el mejor sentido de la palabra. Una industria iberoamericana, que entienda la simbiosis de capitales, profesionales, y cultura como el único camino para hacerse un hueco en el mercado internacional.

Creemos en la televisión infantil, como una forma de cultura, como una necesidad de las sociedades, y como una industria rentable y con futuro. Pero sobre todo, creemos en la televisión infantil porque creemos en el niño. La infancia que es principio y final de todo nuestro proceso, ha de ser nuestro referente y nuestra piedra angular. El niño como un espectador inteligente y con sentido crítico, cuyos derechos no se reducen a consumir lo que la televisión le ofrece, sino a ser interpelado, entretenido e inspirado a partes iguales. Un niño de este siglo que tiene derecho a expresarse, que puede crear y producir contenidos digitales y cuyas producciones deben ser tomadas en cuenta por esa televisión infantil.

Solo así podremos crear una televisión desde y para el niño. Solo así. Asumiendo la responsabilidad que implica volver a nuestros países, mirar al horizonte y decir con convicción:Creemos en la Televisión Infantil".

Firmado: Estudiantes del I Curso de Experto “Producción de Contenidos Audiovisuales para el Público Infantil”

Dirección y Coordinación del Curso: Prof. Dra. Jacqueline Sánchez Carrero, Prof. Mag. Yamile Sandoval Romero, Lic. Enrique A. Martínez López.

Huelva, España. Otoño de 2014.

Para saber más de este I Curso de Experto visita su blog.

Reproduzido de Fundación Audiovisual de Andalucia (03/12/2014) . Via Jacqueline Sánchez Carrero . Taller Telekids
10 dez 2014

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Os abusos da publicidade dirigida às crianças



Os abusos da publicidade dirigida às crianças

Cida de Oliveira
Revista Samuel/Rede Brasil Atual
10/10/2012

Suécia e Noruega baniram a publicidade voltada para crianças, e 28 países já impuseram restrições

Em plena semana da Criança – quando o comércio deve registrar nova alta nas vendas de brinquedos e outros produtos infantis – especialistas do Instituto Alana e da Aliança pela Infância reuniram-se no último dia 9 em São Paulo para discutir os prejuízos trazidos pela publicidade dirigida às crianças e a importância do resgate do brincar como estratégia de enfrentamento.

“Os pais conversam menos com os filhos do que a publicidade. Estudos mostram que a criança brasileira é a que mais assiste TV entre as de todos os países. Diante da TV a criança é estimulada a comprar o tempo todo”, alertou a pedagoga Roberta Capezzuto, integrante do Núcleo de Educação do Instituto Alana, organização que defende o desenvolvimento saudável da criança em todos os aspectos. "E é muito fácil vender para crianças porque elas acreditam em tudo o que se diz.”

Segundo ela, a situação é preocupante. Pesquisas mostram que 30 segundos de exposição a uma propaganda é suficiente para que a criança seja influenciada por uma marca. Isso é muito preocupante porque estimula um consumismo prejudicial à infância e seus familiares.

“Há prejuízos para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças uma vez que elas deixam de brincar para ficar na frente da TV por horas seguidas.” O resultado imediato da combinação sedentarismo e consumo de alimentos anunciados – 80% deles são calóricos, conforme pesquisas – é a obesidade na infância. Dados do Ministério da Saúde mostram que 33% das crianças brasileiras estão com sobrepeso.

“Outro problema é a erotização precoce. Não é à toa que a primeira relação sexual aos 15 anos vem aumentando em todo o Brasil”, disse Roberta. Isso tudo sem contar o estresse familiar causado por chantagens dos filhos que, seduzidos pela publicidade, pressionam os pais para comprar os produtos anunciados durante a programação infantil, com linguagem acessiva e com apelos visuais. E o danos psicológicos são trazidos por comerciais que exibem a falsa ideia de famílias sempre perfeitas, quando na realidade todas as famílias enfrentam problemas em vários momentos. “Será justo culpar os pais pelo consumismo excessivo quando há uma indústria milionária por trás dessa pressão que vitimiza a criança?”, questionou.

"Existem iniciativas para restringir a publicidade destinada ao público infantil. Mas todas sofrem ataques dos meios de comunicação, que argumentam que essas propostas ferem a liberdade de expressão", disse o jornalista Alex Criado, da coordenação da Aliança pela Infância. "Essa defesa da liberdade de expressão, no entanto, esconde interesses escusos."

Entre eles está o Projeto de Lei 193/2008, do deputado Rui Falcão (PT), que está pronto para ir ao plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo. A proposta regulamenta a publicidade, no rádio e TV, de alimentos dirigida ao público infantil. O PL proíbe no estado a publicidade dirigida a crianças de alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio entre as 6h e 21h. A proibição vale também para divulgação desses produtos em escolas públicas e privadas. A proposta veta ainda a participação de celebridades ou personagens infantis na comercialização e a inclusão de brindes promocionais, brinquedos ou itens colecionáveis associados à compra do produto. Já a publicidade durante o horário permitido deverá vir seguida de advertência pública sobre os males causados pela obesidade.

O projeto está de acordo com o que prevê o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que proíbe qualquer publicidade enganosa ou abusiva que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência das crianças. Em 2010, o Instituto Alana denunciou ao Procon a rede Mc Donald's por vincular brinquedos às promoções de seus produtos. Conforme a denúncia, a associação de brinquedos com alimentos incentiva a formação de valores distorcidos, bem como a formação de hábitos alimentares prejudiciais à saúde.

Além de criação de leis para proteger as crianças dos efeitos nocivos da publicidade, Roberta defende a ação conjunta de famílias, escolas, movimentos sociais, ONGs, empresariado e o estado. Em sua apresentação, ela mostrou o filme Criança, a alma do négócio, que mostra depoimentos de crianças, pais, professores e especialistas sobre consumismo e a vulnerabilidade das crianças à propaganda. Produzido em 2008, o filme continua atual.

"Leis que defendem as crianças dos efeitos nocivos da publicidade existem, como a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o próprio Código de Defesa do Consumidor. Basta que sejam cumpridos", disse Roberta.

Em 28 países há restrição à publicidade voltada para crianças. Suécia e Noruega baniram a publicidade.

Brincadeiras de verdade

“O encurtamento da infância – as crianças estão deixando de brincar mais cedo e essa precocidade a transforma em consumidores – é uma questão que merece muita reflexão”, disse a educadora Adriana Friedmann, coordenadora da Aliança pela Infância. A entidade mantém 20 núcleos espalhados pelo país para pesquisar e disseminar a importância do brincar.

Segundo ela, consumo não combina com infância. "Quando uma criança pede um brinquedo, é porque está angustiada. É como se ela dissesse: olha pra mim. Elas não sabem, mas estão dizendo isso."

Para Adriana, estão faltando coisas simples e essenciais nos relacionamentos familiares, como o preparo de uma comida com afeto, mais tempo para o diálogo e brincadeiras. "Precisamos organizar nosso tempo, pegar a criança no colo, contar uma história, cantar uma música – isso é brincar também. Hoje em dia, o maior presente que podemos dar a uma criança é estar com ela por inteiro.”

Adriana lembrou que o brincar mais livre, sem brinquedos estruturados, com a criatividade do faz-de-conta era comum até os anos 1950, 1960. De lá para cá os brinquedos foram sendo introduzidos e hoje as crianças – e adultos – são cada vez mais dependentes de aparatos tecnológicos, os brinquedos atuais. “A nossa sociedade está doente, hipnotizada pela tecnologia. As pessoas estão o tempo todo desconectadas da realidade, da pessoa ao lado, daquilo que é essencial nas relações sadias, e fixadas em aparelhos como o celular. Compramos para nós e para nossos filhos”, lamentou.Segundo Adriana, são muitas as questões para as quais não existem

respostas prontas. “Precisamos olhar para dentro de nós mesmos, voltar à nossa infância, negociar com as crianças e dar a elas alternativas que ainda não conhecem, ensinar brincadeiras antigas e brincar mais com elas."

Publicado originalmente no site Rede Brasil Atual
10 out 2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quem dá mais pelo público infantil?


Quem dá mais pelo público infantil?

Por Marcus Tavares em 03/07/2012 na edição 701
Reproduzido de O Dia, 30/6/2012; intertítulo do OI

Depois de mais de 30 anos oferecendo uma faixa de programação infantil, de segunda a sexta-feira, pela manhã, a TV Globo mudou sua grade na segunda-feira (25/6). Com a estreia do programa da jornalista Fátima Bernardes, a TV Globinho, programa voltado para as crianças, saiu do ar, sendo exibido, agora, apenas aos sábados. A Globo argumenta que a grade infantil não dá nem audiência nem receita publicitária.

O que exibia a TV Globinho? O programa tinha dois apresentadores jovens, que traziam um tema para dialogar com as crianças. Temas bobos e que subestimavam a inteligência da garotada. Depois disso, eram exibidos os desenhos animados, os enlatados, como “Bob Esponja” e “Kung Fu Panda”.

Na prática, uma programação infantil pobre em qualidade e que demandava pouco investimento. Neste sentido, as crianças não perderam nada.

Aliás, com a mudança, elas, na verdade, ganharam, nas manhãs, mais opções de desenhos enlatados. O canal de Silvio Santos – SBT – anunciou que vai exibir episódios inéditos de “Ben 10” e “Thundercats” noBom Dia & Cia. A Rede TV! e a Bandeirantes reabriram a faixa infantil, também com desenhos importados.

Acesso negado

Com tantas alternativas, o programa da Fátima Bernardes não emplacou. Na média da semana, a programação infantil do SBT ficou em primeiro lugar, sinal de que as crianças estão com o controle remoto nas mãos e que o argumento da TV Globo está errado.

Parece que, na prática, as emissoras não sabem (ou não querem) mais produzir para a criança. Uma pena, pois um projeto interessante vai contar, sim, com receita publicitária e, consequentemente, com audiência. Deixar essas produções para a TV fechada é negar o acesso da maioria das crianças brasileiras, que têm na TV aberta a principal fonte de lazer.

Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia

03 jul 2012

sábado, 2 de junho de 2012

Canais latino-americanos coproduzem série infantil sobre meio ambiente


Canais latino-americanos coproduzem série infantil sobre meio ambiente

Tela Viva
Redação
31/05/2012

O Goethe-Institut de Buenos Aires convidou cinco canais latino-americanos para realizar uma microssérie sobre os pequenos problemas ecológicos que mobilizam a vida das crianças e as pequenas soluções que elas criaram para melhorar a vida do planeta. “Senha Verde” é uma coprodução entre Colômbia (Señalcolombia), Argentina (Canal Paka Paka), Uruguai (Tevé Ciudad), Brasil (TV Brasil) e Vale TV (Venezuela).

Os canais assumiram a responsabilidade de produção das eco-histórias a partir dos seus respectivos países. O Goethe-Institut criou mecanismos para garantir um diálogo fluído e um intercâmbio permanente entre todos os envolvidos. O Instituto ainda assumiu funções específicas de tradução, dublagem e transcodificação.

Aldana Duhalde (Argentina) e Beth Carmona (Brasil), reconhecidas especialistas latinoamericanas, acompanharam e supervisionaram o projeto desde o seu princípio, garantindo coerência e identidade, em apoio permanente aos produtores.

A série, composta por treze filmes, será lançada em São Paulo no dia 2 de junho (sábado), às 14h30, na Matilha Cultural (Centro), durante a Virada Sustentável e no Rio de Janeiro no dia 4 de junho (segunda) durante o Green Nation Fest. O site do projeto (www.senha.com.br) será lançado no dia 5 de junho.

Reproduzido de Tela Viva
31 mai 2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vidiotismo: sobre meninos na selva midiática e escolástica moderninha...


Vidiotismo: sobre meninos na selva midiática e escolástica moderninha


Leo Nogueira


Não é de hoje que sabemos que a TV é uma das babás preferidas pelos pais e responsáveis que têm crianças em casa. Quando a televisão está presente na imensa e esmagadora maioria dos lares, outras mil telinhas também já cercam a meninada ao redor do mundo que se entretém, feliz da vida, com seus brinquedos da mais alta tecnologia comprados por seus pais. Quem não os tem, os quer. Olhando por outro lado, se por um tempo as crianças se sossegam em frente às telas para dar sossego em casa, dali a pouco reproduzem de um jeito ou outro a violência a que são submetidas nessas sessões de torturas infantis para o destempero dos pais e, lá na escola, para o desespero de professores muitas vezes fazendo os deveres que caberiam à família, algo muito além do que a profissão lhes exige.

Entre uma parte da meninada que não pára quieta, outra que abre a boca com seus “por quês” instigando a (i)lógica de certas práticas escolares e, mais algumas que muitos professores têm como os “coitadinhos” da sala que não acompanham o ritmo frenético dos estudos, meninos e meninas passam por presas fáceis, fáceis, para os interesseiros donos do mercado de alimentação, brinquedos, filmes ou o que quer que dê lucro para essa indústria de entretenimento, quando vai sub-repticiamente uma cobra descendo de uma árvore para assediar as criancinhas a provarem disso, ou aquilo, pela programação de TV direcionada ao público infantil.

Essas cobras sabem muito bem como aliciar menores, e maiores. Seus interesses e faro comercial, seu olhar argucioso e faminto de lucros que enxerga no claro e no escuro perfeitamente, não deixa escapar pelas escolas, igrejas, ruas, ou onde for que a raça humana transite as próximas vítimas de seu banquete horrendo. As cobras fazem tudo para que suas presas possam ser hipnotizadas, para depois, suavemente, engolir cada uma e fazê-las engordar a barriga e os cofres famintos de consciências e ouro. Esses monstros, como os lobbystas maus em pele de cordeiro pelas estradas cibernéticas afora, sabem seduzir, encantar, matar aos poucos no estrangulamento, no calorzinho dos travesseiros na cama, na comodidade de uma cadeira estofada atrás dos teclados. Espertos como são os falsos e hipócritas nada bem intencionados, fazem-se passar como imagens de deuses a quem devemos venerar em cada canto por onde eles des-andam, e nós passamos obedientes como pagadores às suas promessas de um mundo cor de rosa.

Quando muitos de nós nos acostumamos a pensar que Pedofilia só se refere ao tarado adoecido que gosta sexualmente de meninos e meninas, muitos adultos nem imaginam o quanto as crianças estão sendo estimuladas por pedagófilos nas escolas e pelos lobbystas das mídias a se oferecerem às criancinhas atravessando a selva midiática como guardiões dos mais lindos e doces tesouros da liberdade de expressão nas gostosuras da educação e comunicação discursados numa sociedade democrática. A erotização precoce é estimulada pelos programas, pelos brinquedos, pelas dondocas que se vestem o que a última moda manda, pelos machões bebendo a cerveja da propaganda da mocinha recatada que se fez devassa nos comentários chulos em programas de auditório nas madrugadas. Assistindo aos mesmos programas que as crianças, esses homens arrotam e limpam a baba nos braços, enquanto as mulheres são muitas vezes imagem e semelhança das piriguetes rebolando sorridentes nos programas dominicais, nas novelas e nos shows da vida televisiva, recontada nas revistas e jornais à exaustão.  As crianças são abusadas culturalmente, economicamente, educacionalmente, comunicacionalmente. São des-floradas de sua infância com dignidade, quando lhes fingem fazer o bem em tantos mal-te-queros...

Reproduzidos nas quinquilharias que formam o material escolar e enchendo páginas de exercícios e ilustrações de cadernos, borboletinhas, abelhinhas, carrinhos, trenzinhos, super-heroizinhos e outros bichinhos e personagens inocentes passam melzinho na boca da meninada e, pululam pelos canais de TV de sinal aberto de vez em quando e, 24 horas por dia na TV paga em canais especializados nessa matéria: adoçar os olhos, entupir as mentes e desentupir ouvidos, amolecer corações, criar desejos para todos os sentidos e calar as bocas para que apenas repitam sem querer, sem ver, e sem ouvir, o refrão que des-anima a todos a pensarem, a sentirem por si mesmas.

Nessa floresta escura de nossa sociedade há esconderijos o bastante para que as crianças sejam abusadas como os magnatas do poder bem entendem, nas tantas salas de aula como nas salas de estar. E, vão-se enchendo as salas de espera de consultórios para as crianças desconectadas de seu mundo infantil interno, por demais plugadas às engenhocas do entretenimento fácil que leva ao consumismo. Os adultos, os imaturos crescidos, têm seus próprios canais, pois que já aceitam com desenvoltura e como a coisa mais natural e inquestionável da vida que, estar conectado a esses fios invisíveis, não tem nada a ver com estarem sendo manipulados, quais marionetes, na brincadeira de mau gosto do baronato das mídias e das escolas. Essa corte da classe média e alta, por sua vez, também está nas mãos das jogadas de poucos reis e rainhas no tabuleiro do mundo. A peãozada, desde antigamente, e quase sempre, só existe mesmo é para servir e defender aqueles que pensam por eles na retaguarda na segurança do que o dinheiro pode comprar para a vida boa e fácil.

A propaganda desse mundo maravilhoso do compra-se e venda-se o que puder vai na mesma onda e frisson das badaladas redes sociais de cada tempo. Esse êxtase e prazer incomensuráveis também voam de cada página de revista de salão de cabeleireiro, como também dos calhamaços que falam de quase tudo, muito bem arrolado por normas impecáveis e citações bibliográficas que esvaziam prateleiras de livrarias de infinitos títulos e capas vistosas e que, nos congressos acadêmicos, enchem sacolas como se a vida de cada um dependesse de comer e beber cada gota e pedaço do conhecimento produzido. Conhecimento que, diga-se de passagem, é re-produzido da mesma maneira que nas esteiras que embalam batatinhas, chocolates ou qualquer treco na razão do feito no ritmo industrializado do hoje em dia.

O que é, por exemplo, celebrar em sala de aula o “dia” disso e daquilo no que está na ordem do que o comércio promove em torno de datas festivas, que não será comprado de quem produziu algo para lucrar desmedidamente?  O que é isso que, em essência e forma de expressão, está sempre girando ao redor dos conceitos na (i)lógica da economia que impera no planeta, que uns chamam de produção de bens, de consumo cultural? O que é que é essa outra classe que, de jeito nenhum, não é “operária” desse modo de ser e fazer, mas que se porta como casta re-produtora de outras hierarquias antigas que apelida de capital cultural o que lhe faz ascender a outros planos da escada evolutiva em que se matam predadores e presas, sonhando um dia estar lá no topo da pirâmide do consumo?

Relembrando que se hoje existem esforços gigantescos das grandes corporações - a mando do capital - organizando para que se hipnotize o quanto mais cedo as criancinhas ao mundo do consumo, é esperançoso identificar nessa selva do vale tudo aqueles que protegem, defendem e promovem os direitos da criança e dos adolescentes. Isso, para que o futuro se construa hoje na salvaguarda de valores universalmente aceitos como princípios éticos que chamam à consciência os que têm olhos vidrados, ouvidos vibrando e bocas repetindo a cantilena dessa reza que se presta ao dinheiro como supremo deus na ordem mundial do catecismo neoliberal na neoglobobalização. Vamos muito como crentes que essa é a vida do viver bem, a qualquer custo, quando pisar no outro é apenas defesa legítima na lei dessa selva.

Parlamentos de países ou organizações internacionais inteiros se rendem às vontades desse deus reluzente que confiscou através do Novo Mundo aquele metal precioso a certo cofre, em troca de papel moeda verde que fala de des-esperança para os povos lesados nas transações comercias de seus bancos. Cada capitel que sustenta abóbadas de templos suntuosos, ou cada desenho torneado em ouro e prata nos tronos encarquilhados do Velho Mundo é amaldiçoado. Porque toda a luz de povos nos quatro cantos do mundo fora roubada, saqueada por garras escurecidas, dessas que só têm assassinos frios em nome de uma fé que demove montanhas quando se é para roubar delas os tesouros do subsolo fértil de bilênios de história que pertencem a todos.  

A corrupção na polititica mundial fede tanto quanto qualquer chão de galinheiro, como nesse onde espreita a “Raposa” do século XXI contando cada um de seus ovos de ouro postos no querer o controle mundial das mídias. Não é ela quem faz imitar os noticiários e a programação das suas enredadas irmãs pelo globo, e quem dá a receita da dieta informacional, de infotenimento e entretenimento desde o café da manhã com bacons e torradas, a seguir pelo cardápio das fast and informational foods que agradam a gregos, alemães e franceses, colombianos ou mexicanos, australianos ou chineses, e brasileiros e suas conexões com Manhattan?

A Raposa do Século XXI, naturalmente, sabe o que faz, pois consegue escutar os desejos mais íntimos e egoístas das pessoas, sabe como e quanto custa comprar até celebridades que comeriam mulheres com suas criancinhas no ventre. Então, por que não saberia como, e o que fazer, para trazer a si os pequeninos para lhes dar a mamadeira do entretenimento fresquinho e gostoso, disfarçado na borboletinha da marca da Baby TV do “grupo” Fox?

Programa por falar da, e à “esperteza” das crianças, tratando-as como idiotas fazendo plantão à frente da TV pelo do canal exclusivo de desenhos animados, não falta para apertar o botão da descarga de insultos que desmerecem a dignidade e inteligência infantil em crescimento. Existem outros especializados na anti-arte do embobecimento como entretenimento, a de produzir lixo ventilado pelas telas e telinhas de TV e computadores, tablets, telefones etc. que se reproduzem em livrinhos, brinquedinhos e outras tralhas logo, logo esvaziadas das prateleiras. São os abalizados de-formadores de opinião patrocinados pelos impérios editoriais e midiáticos, também louvados como produtores de humores inteligentíssimos, refinados.

Vidiotizar as crianças através de uma programação de TV pretensa e educacionalmente infantil, que estupidiza, aliena, entorpece os sentidos e vicia deve ser algo, assim, mirabolante em planejamento quando os meios de comunicação e suas redes vão comprando pessoas aqui e ali, legitimando sua farsa através dos diversos órgãos e associações que defendem os seus interesses de lucro, no mais das vezes fazendo-se passar por defensores do patrimônio cultural da humanidade. Haja manipulação. Haja consentimento. Haja toalhas de papel nos tribunais, nas escolas e nos lares para se enxugarem as mão das gentes, ou limpar tanta sujeira da programação que desce fácil pelo ralo, ou pela goela abaixo dos incautos.

Esses temas são debatidos nas escolas como se fosse de extrema importância e urgência defender as crianças de um estado de coisas em que elas perdem sua infância à troco de serem meninos e meninas bacaninhas e descolados no mundo das tecnologias?

Até quanto, e quando, as pesquisas que se dão nas academias no campo da Educação e Comunicação chegam às salas de aulas, aos lares, às ruas, aos morros, aos shoppings e lojas entupidas de consumidores para com-partir conclusões e ajuntar esperanças na re-criação da vida para um mundo melhor, e do bem viver?

Até quando toleraremos aos ouvidos a musiquinha com a melodia nova do velho consumismo na mesma letra do que se chama agora “consumo consciente” - ou sustentável - que, profissionais de marketing, publicidade, propaganda e Deus sabe se da pedagogia, psicologia, neuro e outras abaladas ciências são vendidos à preço de banana dos bilhões do lucro que esse tipo de gente tem? Quanto custa nossas tranquilas consciências envernizadas no saber universitário, para que não digamos “basta de mentiras”, “basta de meias verdades”, “basta de falsas intenções”?

A lei para os setores de Educação super regulado e, Comunicação super desregulado, em sua (i)lógica e (anti)ética estão lado a lado com a maioria dos nossos representantes nos poderes públicos constituídos, que se fazem comparsas do sistema que separa os que têm dos que não tem nada, ainda. Mesmo a suprema lei, essa que veste togas sob o mando do poder maior econômico, bem sabe que nesse império de coisas o destino desses últimos é o de serem os novos escravos das prestações a perder de vista do que nos separa de sermos humanos e estarmos desumanos. Prestações que se pagam de anos em anos, também como voto, nas cédulas eleitorais, quando não tem Comissão de Ética nenhuma em nenhum parlamento nacional que faça que se devolva ao povo o dinheiro roubado por polititicos em que se depositaram a confiança de que algo mudasse na estrutura que produz tanta porcaria para uma sociedade quase farta dessa impunidade.

Essa polititica dos favores trocados em propinas ainda vai por um tempo iludindo os hipnotizados pelo brilho do ter, até que as praças e ruas se encham daqueles que, mesmo com tanto crediário facilitado, não têm como sobreviver num mundo que está aqui para que todos vivam em plenitude. É essa assim tratada gentalha pelos noticiários à receita da Raposa e das cobras que vão aprendendo que essa falsa democracia dos tempos modernos não passa de falácia. Por rexistência, do resistir para bem existir, é que esse tremor que abala as velhas e renovadas estruturas do capitalismo que se transforma de um bicho a outro para enganar vai se despedaçando, e resistindo o quanto pode na tarefa de iludir, mentir, matar.

Por ora, pobrezinhos dos meninos e meninas seviciados e perdidos nas mãos da babá na selva midiática e escolástica do caminho da escola à casa, perseguidos à exaustão e esquecidos pela omissão de pais, professores, e polititicos. Essas crianças são presas fáceis desses adoráveis bichinhos bonitinhos dos canais de TV e cartilhas didáticas que são as máscaras de cobras, lagartos e raposas que as engolem facilmente no cenário de predação e carnificina em que se confundem também nossas escolas, lares e meios de comunicação no meio desse mato por onde passa o coelho apressado, como aqueles que não têm tempo para pensar, refletir ou se dedicar para os seus e os filhos da Terra.

Se Rudyard Kipling estivesse vendo o que se passa com essas crianças nos dias de hoje, certamente que não mudaria uma vírgula do que escreveu a seu filho, ou a todos os meninos e meninas há centena de anos atrás. Exceto pelo título e pelas paisagens modificadas, a famosa história e carta seriam as mesmas. E, sem sombra de dúvida ou mentira, ele desejaria que aquelas pequeninas crianças crescessem e fossem, de verdade, homens e mulheres bem existindo nesse mundo.

Enquanto não são maioria no planeta os que tenham o mínimo de dignidade, decência e responsabilidade para com os direitos das crianças, lutando pela democratização dos meios de comunicação, e de educação contra essa des-ordem mundial, que respondamos à altura às tantas idiotices que nossos meninos e meninas estão expostos pela TV em especial. Que estes não sejam os vidiotas do milênio mal começado, nem crianças perdidas e largadas nessa selva moderninha, na terra da lei do mais rico, e do mais forte que explora o fraco.

Ainda que às vezes pareça que seja assim, não somos obrigados a engolir tudo ou ficar calados diante disso. Nossa obrigação é a de engrossar a voz e as frentes de luta, porque há uma guerra lá dentro, e aqui fora das telas e do quadro negro em que se fez a Educação. As muitas crianças Outro Mundo afora da Terra do Esplendor, que já não se sossegam docemente nos sofás da sala, e nas carteiras da escola, são gentes que vão chegando a dizer “não” para tudo isso. Quem com elas se des-hipnotizar que lute junto aos ursos, pumas, condores e picaflores, ou vai direto para o bucho das cobras, e da Raposa.

Outrora verdes, as uvas já estão maduras e, nesse Outro Tempo vai chegando a Sabedoria Ancestral convidando os des-oprimidos para o banquete de quem teve fome e sede de justiça.

Há que se esfregar nas fuças desses predadores que o povo revoltado, e unido, é forte, é osso duro de roer. E para os poderosos tremendo em seus tronos, infeliz indigestão, pois chegou a hora de dizermos basta! Vocês não vão mais nos engolir! Pelas estradas e lutas afora já não vamos mais tão sozinhos...

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!

Leo Nogueira Paqonawta


(...)

Se
Carta ao Filho

Rudyard Kipling
(1865/1936)

Se és capaz de manter a tua calma
quando todo mundo em teu redor já a perdeu e te culpa,
de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses,
no entanto, achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de sonhar
- sem fazer dos sonhos teus senhores;
de pensar - sem que só a isso te atire;
de, encontrando a desgraça  e o triunfo,
conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor
de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste
e as coisas porque deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe,
e a persistir assim quando, exaustos,
contudo resta a vontade em ti,
que  ainda ordena: Persisti.

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes;
e, entre reis, não perder a naturalidade,
e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos pode ser de alguma utilidade;
se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo o valor e brilho;


Tua é a terra com tudo o que existe no  mundo.

E - que ainda é muito mais –
és um Homem, meu filho.

Fonte: Victorix. Versão original em inglês clicando aqui.

“The jungle book” de autoria de Kipling traz a história de Mowgly, criança perdida nas selvas, criadas pelos animais, foi lançado em 1894. Veja em inglês clicando aqui. No Brasil, menos que o livro, a história se tornou mais conhecida pelo filme de Disney (1967) com o título “Mowgli,o Menino Lobo. Eu mesmo me lembro muito bem da serpente “Casca” seduzindo o garotinho para comê-lo. No final, essa cobra leva a pior, o que me faz lembrar do lobo mau apanhando de caçadores e pegos no caldeirão por meigos porquinhos. Vivas para a Chapeuzinho Vermelho.

Leia também:

“Conselho Regional de Medicina publica parecer contra tevê para menores de 3 anos” reproduzido de Criança e Consumo . Instituto Alana (13/04/12) clicando aqui.

“Fox investirá em produtos licenciados da Baby TV” reproduzido de Criança e Consumo . Instituto Alana (18/10/12) clicando aqui.

“Mesmo com denúncia, Baby TV virou canal” reproduzido de Criança e Consumo . Instituto Alana (16/12/10) clicando aqui.

Baby TV da FOX: para crianças consumidoras menores de 3 anos...


Fox investirá em produtos licenciados da Baby TV

A Fox anunciou que vai lançar na América Latina uma série de produtos relacionados ao conteúdo exibido no Baby TV, canal que transmite uma programação dedicada a bebês e crianças de até 3 anos. Serão lançados DVDs, brinquedos, revistas e livros e outros produtos “relevantes para crianças e bebês”, segundo matéria do Kidscreen. Já foram anunciadas parceiras na Argentina, Uruguai e Chile e, embora o Brasil não esteja na lista, não deve demorar muito para os produtos aparecerem por aqui.

O Baby TV, que antes era uma faixa de programação do canal Fox Life, levanta questões a respeito da relação entre televisão e bebês. Estudos mostram que a exposição de menores de 3 anos à TV pode ter efeitos negativos na formação das crianças, impactando a tranquilidade do sono (o que traz severos impactos na saúde) e até mesmo comprometendo a atividade escolar no futuro. 

No Brasil, o canal é motivo de inquérito da Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e Juventude de São Paulo, devido à denúncia do Criança e Consumo sobre a publicidade feita da faixa de programação pela Fox, que passava a ideia equivocada de que o conteúdo do Baby TV pode ser “consumido” por bebês sem qualquer dano ao desenvolvimento infantil.

Acompanhe o caso no site do Instituto Alana


Reproduzido de Criança e Consumo . Instituto Alana
18 out 2011

Mesmo com denúncia, Baby TV virou canal

Em fevereiro, o Projeto Criança e Consumo denunciou o canal FOX Life junto ao Ministério Público de São Paulo. A publicidade do programa Baby TV, então veiculado todas as manhãs, foi considerada pelo Criança e Consumo abusiva por divulgar o conteúdo como educativo.

Agora o Baby TV virou um canal 24 horas! Faz parte do pacote da Oi TV, disponível no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Espírito Santo e Bahia. A Fox difunde o canal como o“primeiro desenvolvido especialmente para bebês e crianças com menos de 3 anos, que oferece um conteúdo desenvolvido por especialistas e educadores, com o objetivo de apresentar e explorar o mundo, promovendo crescimento e diversão”.

Meses se passaram e a emissora continua dando a ideia equivocada para os pais de que o conteúdo do Baby TV pode ser “consumido” por bebês sem qualquer dano ao desenvolvimento infantil.Segundo diversos estudos acadêmicos, a exposição precoce de crianças a conteúdos midiáticos pode ter efeitos bastante negativos na formação das crianças e ainda não foram comprovados efeitos positivos desse tipo de conteúdo para bebês.

Reproduzido de Criança e Consumo . Instituto Alana
16 dez 2010

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Amazon vai produzir comédias e seriados para crianças


Amazon vai produzir comédias e seriados para crianças

Conteúdo será exibido no serviço de vídeos on-line da companhia

Nesta segunda-feira, a gigante do varejo eletrônico Amazon anunciou mais um passo na direção do mercado de vídeos na internet. De acordo com Roy Price, diretor da Amazon Studios, a companhia está buscando roteiros e pilotos originais para comédias e shows infantis que possam integrar o repertório do seu serviço de distribuição de conteúdo, o Instant Video.

Desde 2010, o estúdio investe na criação de material exclusivo para os clientes da empresa americana. A repentina entrada no universo dos seriados pode abrir novas possibilidades neste mercado, sugerindo até uma rivalidade com os grandes estúdios. "Notamos que existe uma demanda para a criação de tais conteúdos, por isso queremos desenvolver algo original", afirmou Price em um comunicado oficial.

Para garantir um fluxo constante de ideias, a companhia abriu as portas para cineastas e roteiristas interessados em colocar seus projetos no ar. Todo material enviado passa por uma avaliação da equipe, que faz críticas e sugere alterações. Atualmente, o Amazon Studios tem mais de 700 pilotos e 7.000 scripts na gaveta.

Caso a ideia entre para a lista de material com chances de ir para a produção, o autor pode ganhar cerca de 10.000 dólares. Projetos aprovados ganharão 55.000 dólares e mais 5% sobre a venda de brinquedos, camisetas e royalties.

Reproduzido de Veja Online
02 mai 2012

Para conferir a página de Amazon Studios, clique aqui.

Comentário de Filosomídia:

A criança, aqui, ainda é a "alma do negócio": "Projetos aprovados ganharão 55.000 dólares e mais 5% sobre a venda de brinquedos, camisetas e royalties".

Tsc tsc...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Folha de São Paulo: Audiência e falta de anunciantes reduzem os infantis globais


Audiência e falta de anunciantes reduzem os infantis globais

Anna Virginia Balloussier*
Folha de S. Paulo
De São Paulo
08/04/2012

Querida, encolheram as crianças. Na TV aberta, ao menos, a programação para essa faixa etária ficará em breve mais "baixinha".

A Globo, que já colocou em sua linha de frente programas como "Vila Sésamo" e "Xou da Xuxa", argumenta agora que a grade infantil não dá nem audiência, nem receita publicitária. E decidiu acabar com os 60 minutos diários dedicados à criançada.

Com os desenhos "Homem de Ferro" e "Bob Esponja", a "TV Globinho" sairá das manhãs de segunda a sexta -continua aos sábados, com "Sítio do Picapau Amarelo" e "Turma da Mônica".

Abre espaço para o programa de Fátima Bernardes, que deve estrear no segundo semestre, vizinho ao Ana Maria Braga. É comum que "Globinho" empate com "Hoje em Dia", feminino da Record.

A Globo diz seguir tendência internacional: deixar os pequenos para a TV paga. Seria um espaço menos sujeito a controle externo, como classificação indicativa, sugerida pelo governo, e proibições à publicidade infantil (como limite à propaganda de alimentos e ao uso de desenhos para "seduzir" o público-alvo).

Dos dez canais por assinatura mais assistidos em fevereiro, quatro eram para menores -campeão (Discovery Kids) e vice (Cartoon) inclusos.

"O segmento infantil está na TV paga porque lá não tem censura nem restrição à propaganda", diz à Folha Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação.

CADA UM NO SEU GALHO

As crianças ainda veem TV, como prova o "boom" de canais pagos. A Globosat se prepara o lançamento do canal Gloob. Na "Globo mãe", afirma Erlanger, "não estamos deixando de fazer programação que interesse à criança, mas que interesse apenas à criança".

Para especialistas, a Globo largou o osso justamente por falar a um público genérico demais. Ex-secretário do Audiovisual (em 2010), Newton Cannito diz que "a programação precisa ser muito segmentada dentro do próprio segmento". Pais com filhos de várias idades sabem direitinho do que ele está falando.

"São diversas faixas etárias que concorrem entre si. Até os seis anos é uma. Dos sete aos dez, é outra. E ainda começa uma subdivisão entre gêneros: o que agrada ao menino não agrada à menina."

Para piorar, na TV aberta, o modelo é baseado na venda de anúncios, com pouco "branding" - basicamente, a gestão de uma marca de modo que ela grude como chiclete na cabeça do consumidor.

Exemplo: se você quer vender uma Barbie, cria um universo em volta dela (de desenhos temáticos a virais na internet), em vez de comerciais tradicionais de 30 segundos.

Outra brecha: os canais pagos avançam a passo largo, mas ainda atingem menos de 25% da população. E o resto da garotada, assiste a o quê?

A tendência é que as emissoras abertas foquem em seus pontos fortes. Em março, o diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal, já disse que o SBT faz "muito bem" a grade infantil. O canal dedica sete horas diárias ao gênero e detém o pacote Disney/Warner.

Em sua autobiografia, o ex-executivo global José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, questiona: "Com tantos canais [...] transmitindo toneladas de lixo estrangeiro, não seria a hora de as redes abertas deixarem esse tipo de produto apenas para o sábado, quando não há aula?".

Indaga, por fim, se "deu curto-circuito na babá eletrônica". O apagão já começou.


*Colaborou Elisangela Roxo


Reproduzido de Clipping FNDC
08 abr 2012

Grifos de Filosomídia

Comentários de Filosomídia:

Pois então, se para a Globo os canais de TV aberta estão mais sujeitos ao controle externo "como classificação indicativa, sugerida pelo governo, e proibições à publicidade infantil (como limite à propaganda de alimentos e ao uso de desenhos para "seduzir" o público-alvo)", e seus "investimentos" em programação infantil se farão em seu canal fechado - Gloob a inaugurar - resta saber se a rede de televisão estará respeitando os princípios éticos e determinados em lei em relação à classificação indicativa e publicidade infantil.

Se a estratégia da Globo passa por seguir essa tendência mundial (onde há controle externo e legislação específica de proteção aos direitos das crianças em relação à programação de TV e publicidade), e sabendo que no Brasil a completa desregulação em relação a isso favorece que na TV aberta ou  fechada é ainda possível de desrespeitar ostensivamente aqueles princípios éticos, não seria de se supor que as crianças ainda sejam vistas apenas como mera consumidoras de produtos anunciados no decorrer da programação?

O debate está posto sobre o controle social nos meios de comunicação e, o que não se pode "apagar" é a luta pela dignidade e repeito aos direitos humanos das crianças e adolescentes em relação aos meios de comunicação. 

Como estamos no Brasil, país da desregulação dos meios de comunicação e da falta de compromisso de seus políticos em defender os direitos das crianças e adolescentes, país onde a própria Justiça se faz de cega aos desrespeitos da legislação internacional e nacional e abre os olhos para as determinações do mercado, creio que muita luta será ainda necessária para se ter que seja o mínimo compromisso ético dos homens e mulheres em cargos públicos a defender e promover a dignidade dos direitos.

Sabidamente, não é a criança na dignidade de seus direitos que é esquecida pela programação infantil na TV, aberta ou fechada. Muito pelo contrário, o pequeno, mas grande e ávido consumidor é que é visado pelas redes de comunicação que no final das contas quer lucrar em cima de uma programação infantil que atenda aos interesses do mercado.

A questão é de estratégia para o lucro, e de aumentar esse lucro através de cooptar mais assinantes na TV paga. Ora, a Rede Globo, Fox, Net, Sky não são farinha do mesmo saco, empresas de um mesmo dono?

Que as crianças não se "afoguem" nesse maremoto de publicidade infantil que virá disfarçada de programação destinada especificamente para elas. Glub... glub... glub...

Pela classificação indicativa dos telejornais, pela não erotização precoce, pelo fim da violência na TV, já!