sábado, 21 de maio de 2011

Televisão: janela para o mundo infantil


Janela para o mundo infantil

"O tema foi objeto de trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia (Grupem) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) com crianças entre seis e sete anos de idade. Uma das constatações do grupo foi que para esse público as notícias da TV constituem um conceito ambíguo e difuso, que poderia incluir fatos e situações ocorridas a qualquer tempo. O trabalho também aponta uma dificuldade das crianças de situar esses acontecimentos nos seus devidos espaços e também uma tendência a confundir jornalismo, ficção e imaginação.

Embora desperte interesse, o sensacionalismo impresso nos telejornais também causa repulsa, resistência e, às vezes, até medo nas crianças. Muitas delas declararam ver telejornal porque à noite os adultos assumem o comando do controle remoto. Ou seja, se sentem obrigadas a assistir aos noticiosos.

Elas percebem a importância de se manterem informadas, mas se tivessem opção, prefeririam outros programas. “Há também uma percepção de que os telejornais só veiculam notícias ruins e tristes. Elas [as crianças] são apresentadas a realidades que prefeririam evitar. Outro problema é que há um hiato entre o que é veiculado e os desejos e interesses infantis. Parece que elas não conseguem estabelecer qualquer tipo de interlocução com o modelo de programa jornalístico brasileiro”, explica a diretora do Núcleo de Publicações e Impressos (NPI) da MULTIRIO, Maria Inês Delorme, cujo tema da tese de doutorado, em andamento na PUC-Rio*, é o conceito de notícia sob a ótica infantil.

Na opinião do jornalista Marcus Tavares, editor do site do RIO MÍDIA, o público infantil tem acesso a uma infinidade de informações, contextos e realidades que nem sempre são de fácil compreensão, quando diante das reportagens. No entanto, o que é apresentado faz parte do mundo em que as crianças vivem. Por isso, negar este acesso seria negar o conhecimento da própria realidade. Porém, ele afirma que é papel tanto dos pais quanto da escola trabalhar a notícia com a criança, sem minimizar ou superdimensionar os acontecimentos. Também é necessário dosar a exposição das crianças diante da TV e mostrar a elas que há outras coisas interessantes e animadoras na programação.


Para Tavares, os meios de comunicação causam forte impacto nas crianças, o que muitas vezes não chega a ser percebido ou questionado pelos adultos. “Antes de tudo, a TV dá unidade às relações que as crianças estabelecem entre si. Por meio dela, elas se entendem como um grupo coeso que compartilha padrões, escolhas, sentimentos e valores políticos, estéticos e éticos. De diferentes contextos socioculturais e econômicos, elas se parecem e se identificam umas com as outras. Falam a mesma língua, vestem-se igual, consomem os mesmos produtos, usam os mesmos acessórios. Tornam-se um grupo que entende o mundo da mesma forma, tem os mesmos sonhos e brinca com, pela e a partir da televisão”, explica."


Fábio Aranha


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* O texto acima foi postado sem data. A tese disponível no Portal Domínio Público clicando aqui.

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