quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

É feio porque é preto...


Qual boneco é feio? Campanha com crianças alerta contra o racismo

Dois bonecos, um branco e outro negro, são colocados em frente a crianças de diferente raças. Em seguida, uma entrevistadora questiona um por um: "Qual boneco é bonito? E qual é feio?". As respostas dadas para essas e outras perguntas feitas no vídeo evidenciam o motivo de uma campanha lançada no México pelo Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação.

Segundo o organismo, logo após o experimento, foi realizada uma oficina para discutir o racismo com as crianças participantes e suas famílias. A intenção era criar um espaço de “reflexão e contenção das emoções geradas". A Enquete Nacional sobre Discriminação no México, realizada em 2010, indicou que as mulheres tendem a identificar-se com tons de pele mais claros. O mesmo ocorreria com os homens, mas de maneira menos evidente.

Para produzir o vídeo, o Conselho precisou pintar um boneco negro com um tom de marrom e mudar os olhos azuis para outros na tonalidade café. Isso foi necessário porque não possível encontrar um boneco com essas características nas lojas de brinquedo da Cidade do México.

Em cadeia nacional de televisão desde dezembro, o projeto foi desenvolvido a partir de um sistema elaborado na década de 1940 nos Estados Unidos pelo casal de psicólogos Kenneth e Mamie Clark. Os norte-americanos desenvolveram uma pesquisa, também com bonecos negros e brancos, envolvendo crianças e puderam evidenciar o racismo presente na sociedade norte-americana à época. A ação mexicana faz parte de uma campanha chamada “Racismo no México”.

Reproduzido do Portal Vermelho
10/01/2012

Conheça o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/Brasil) clicando aqui.

Conheça a Campanha Infância sem racismo (Brasil) clicando aqui.


Leia "Ser Índio" no blog "Povos originários" por Elaine Tavares clicando aqui.

Mecanismo permitirá que crianças denunciem violações de seus direitos


Mecanismo permitirá que crianças denunciem violações de seus direitos

Redação
Andi - Agência de Notícias dos Direitos da Infância
10/01/2012

Após cinco anos de debate e trabalho, foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 19 de dezembro de 2011, o projeto final doprotocolo facultativorelativo a comunicações da Convenção Internacional sobre os Direitos daCriança. O instrumento permitirá que menores de 18 anos ou seus representantes denunciem abusos ou violações de direitos humanos perante uma comissão internacional formada por especialistas.

"Com este novo Protocolo Facultativo da Convenção sobre os direitos da Criança relativo a ‘comunicações’ ou a um procedimento de reclamação, a comunidade internacional colocou efetivamente os direitos das crianças em igualdade de condições com os demais direitos humanos e reconheceu que crianças e adolescentes também têm o direito a apelar a um mecanismo internacional, assim como os adultos”, manifestou a coalizão de ONGs que lutou pela concretização do Protocolo.

A partir de agora, a batalha é para que os Estados ratifiquem o novo Protocolo o mais rápido possível. A coalizão de ONGs agora prometer iniciar campanha para que os Estados membros comecem de imediato as discussões e processos nacionais com vistas à ratificação. Para demonstrar comprometimento com a garantia dos direitos de crianças e adolescentes, os Estados serão estimulados a aderir ao Protocolo durante a cerimônia oficial de assinatura, que se realizará em 2012.

A pressa das ONGs para a adesão ao mecanismo jurídico se deve ao fato de que este instrumento internacional só poderá entrar em vigor três meses depois da ratificação e adesão de dez Estados membros.

Quando estiver em funcionamento, o Protocolo Facultativo de comunicações permitirá que o Comitê Internacional sobre os Direitos da Criança receba queixas ou comunicações de crianças, adolescentes ou de seus representantes sobre abusos ou violações de direitos dos menores de 18 anos cometidos por Estados membros da Convenção.

Enquanto analisa a denúncia, o Comitê poderá pedir que o Estado adote medidas provisórias para evitar qualquer dano irreparável a meninas e meninos. Também poderá ser solicitada proteção com a intenção de resguardar a integridade da criança ou adolescente e evitar que seja alvo de represálias, maus-tratos ou intimidação em virtude da denúncia.

Contexto

Uma coalizão internacional constituída por cerca de 80 ONGs, com o apoio de mais de 600 organizações de todo o mundo e coordenada pelo Grupo de ONG para a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDN, por sua sigla em espanhol) vem trabalhando e pressionando desde 2006 para a aprovação do Protocolo Facultativo da Convenção sobre os Direitos da Criança relativo a comunicações. O trabalho foi encabeçado por Sara Austin (Visão Mundial) e Peter Newell (Iniciativa Global para Acabar com Todo Castigo Corporal contra as Crianças).


Este Protocolo é o terceiro da Convenção, que já contempla mecanismos jurídicos contra o tráfico de crianças, a exploração sexual infantil e a pornografia infantil. É comum que após a aprovação de uma Convenção sejam adicionados protocolos facultativos para complementar e acrescentar provisões à Convenção, assim como para ampliar os instrumentos de direitos humanos.

Fonte: Adital
Reproduzido de Clipping FNDC

Conheça o documento clicando aqui.

Pesquisa Nielsen: TV se mantém como meio mais popular nos Estados Unidos


TV se mantém como meio mais popular nos Estados Unidos

Nielsen indica que 288 milhões de americanos assistem à mídia, enquanto 211 mi usam internet

A televisão se mantém como a mídia mais popular dos Estados Unidos, mesmo com o aumento acelerado dos canais digitais via computadores e dispositivos móveis, segundo estudo da Nielsen. O levantamento apontou que 114,7 milhões de americanos tem ao menos um televisor, sendo que, entre eles, 28,3 milhões possuem três e 35,9 milhões pelo menos quatro aparelhos.

Em números gerais, 288 milhões de americanos assistem TV, 232 milhões possuem celular, 211 milhões usam a internet e 113 milhões acessam a web via smartphones. “Analisando o panorama de mídia dos Estados Unidos, em constante mudança, a TV se mantém como a mais popular”, ressalta o estudo.

Segundo a pesquisa, o típico consumidor americano gasta cerca de 33 horas por semana assistindo TV, enquanto dedica cerca de quatro horas do seu tempo para utilizar a internet via PC. A TV sob demanda, conceito já maduro no mercado americano, registra acesso médio de duas horas e 21 minutos por semana, enquanto o os vídeos online atraem 27 minutos de atenção em média durante o mesmo período, além de sete minutos via dispositivos móveis.

Em geral, 143 milhões de pessoas acessam conteúdo e vídeos transmitidos via web, 111 milhões utilizam a tecnologias sob demanda para o mesmo propósito e 30 milhões usam seus celulares para tal. A média para cada usuário de internet é acessar 2,905 páginas web por mês e 830 no Facebook, além de visitar 94 domínios diferentes.

10/1/2012
Via E-mail Instituto Alana . Projeto Criança e Consumo

Leia mais "Television Measurement" na página de Nielsen, clicando aqui.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Regulação da publicidade dirigida a crianças: um desejo para 2012


Regulação da publicidade dirigida a crianças, um desejo para 2012

Por Gabriela Vuolo

No mundo em que vivemos, não é exagero dizer que as crianças são bombardeadas todos os dias com apelos para o consumo. E a sensação é de que isso piora nas vésperas de uma data comemorativa, como o Natal. Para entender se de fato há um volume maior de publicidade voltada às crianças nessas ocasiões, em julho, o Instituto Alana firmou um convênio com o Observatório de Mídia da Universidade Federal doEspírito Santo, que fará um monitoramento da publicidade direcionada ao público infantil na tevê quatro vezes ao ano até 2014. A medição sempre será realizada 15 dias antes da Páscoa, do Dias das Crianças e do Natal e depois será comparada com duas semanas típicas.

Na primeira medição, entre 27 de setembro e 11 de outubro de 2011, uma descoberta alarmante, mas esperada. Como já prevíamos, nas duas semanas que antecederam o Dia das Crianças, 64% de todas as publicidades veiculadas em 15 canais de televisão (6 abertos e 9 segmentados) foram direcionadas ao público menor de 12 anos. A categoria que mais anunciou, adivinhem? Foi a de brinquedos. Ao longo de 15 dias, as crianças foram expostas a milhares de publicidades, sem exagero na conta. Só a fabricante Mattel anunciou aproximadamente 8.900 vezes nesse período. O número é chocante.

Protesto

O resultado dessa primeira pesquisa nos levou para rua. No dia 30 de novembro, fizemos um protesto em frente ao escritório da Mattel em São Paulo, para entregar o prêmio às avessas de Empresa Manipuladora para a marca que mais apelou para o público infantil. Infelizmente, a Mattel não está sozinha. Tem ainda Hasbro, Estrela, Lego, Long Jump... Uma lista de pelo menos 10 marcas que investiram fortemente  em anúncios para crianças no período pesquisado. Como será no Natal? Saberemos em janeiro, quando teremos os resultados do nosso segundo monitoramento.

O importante aqui é esclarecer que, embora haja diferenças nas categorias anunciadas entre uma data e outra (Dias das Crianças tem foco em brinquedos, Páscoa provavelmente em ovos de chocolate e assim por diante), a criança é um alvo relevante do mercado. E se engana quem acha que as publicidades direcionadas aos pequenos são apenas de produtos infantis. Nem sempre. Carros, celulares, cosméticos, roupas, eletrodomésticos, quase tudo pode ser anunciado também para crianças. E por quê? Porque se sabe que hoje a criança participa de quase 80% das decisões de compra de uma família.

Bom negócio, mas antiético

Anunciar para o público infantil é, assim, um bom negócio. Mas é também antiético. Os pequenos ainda estão em fase de desenvolvimento e não compreendem as complexas relações de consumo. As crianças são facilmente seduzidas pela envolvente linguagem da publicidade e são muito mais vulneráveis do que os adultos. Por isso, cedem facilmente ao desejo de ter. Soma-se a isso uma intensa pesquisa de mercado que mostra para os profissionais de marketing a melhor maneira de fazer com que as crianças insistam para os pais comprarem algo – é o chamado nag factor ou fator amolação.

Para uns, isso faz parte da vida contemporânea e a valorização excessiva de bens materiais nada mais é que a “linguagem” das novas gerações. O equilíbrio se dá com educação e limites dos pais. Eles devem decidir se deixam ou não seus filhos assistirem a uma programação televisiva recheada de comerciais; se cedem ou não aos inúmeros pedidos feitos pelos filhos que acabam de ver o anúncio de um brinquedo ou que esbarram com uma prateleira de supermercado repleta de embalagens chamativas. O mercado ensina que as marcas dão status para pessoas e relações. E os pais são responsáveis por desconstruir essas mensagens. Meio injusto, não?

Proteção à infância

Esse é um pensamento perigoso, especialmente porque traduz uma visão bastante rasteira sobre publicidade, criança e consumo. Por mais que o mundo tenha mudado em seus diversos aspectos, não há razão para retroceder justamente naquilo que conseguimos avançar nos últimos 100 anos. A proteção à infância foi uma conquista duramente alcançada ao longo do século e finalmente garantida pela Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada por todos os países membros em 1989. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescenteregulamentou, em 1990, as diretrizes da nossa Constituição Federal, que garante direitos fundamentais a crianças e adolescentes.

Dessa forma, a proteção à infância plena está garantida pelas leis mais importantes de nosso país. E deve ser assegurada, segundo nossa Constituição, pelo Estado, pela sociedade e pela família. Isso significa que não há como isentar a responsabilidade de empresas e do poder público desse dever, que em muitos aspectos implica no futuro da nação.

Falta de regras claras

É preciso regular a questão da comunicação de mercado voltada para menores de 12 anos. Embora o ECA, a Constituição e o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já tenham dispositivos que protegem as crianças dos apelos para o consumo, não há uma lei específica para o assunto. O CDC determina como abusiva e, portanto, ilegal a publicidade que se aproveita da ingenuidade infantil. No entanto, não estabelece regras claras. O que significa se aproveitar da ingenuidade infantil? É subjetivo, vago.

Por isso, defendemos propostas como o Projeto de Lei nº 5.921/2001, que completou 10 anos em tramitação na Câmara Federal no último dia 12 de dezembro.  O texto original do PL deve ser ajustado e ampliado. Nossas contribuições para as comissões por onde o projeto passou são sempre no sentido de que se proteja o público infantil de anúncios comerciais, redirecionando mensagens mercadológicas para os adultos.

Redirecionamento

Acreditamos que é possível mudar. O mercado pode voltar suas comunicações para os pais, como, aliás, já tem sido testado por algumas empresas. A própria Mattel lançou há pouco menos de um mês uma campanha institucional direcionada para adultos. Ao invés de resistir a essa transformação necessária, as empresas deveriam assumir de fato um compromisso ético para com a sociedade e usar a criatividade premiada da publicidade brasileira para anunciar seus produtos e serviços com responsabilidade, ou seja, para o consumidor adulto, formado e capaz de fazer escolhas conscientes.

Gabriela Vuolo é coordenadora de Mobilização do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

Reproduzido de Caros Amigos (20/12/2011) via Instituto Alana


Leia também "Garotinha questiona o sexismo/machismo da indústria de brinquedos", (29/12/2011) em Psicologia em desfoco, clicando aqui.



Comentário de Filosomídia:


ROVERI, Fernanda Theodor. A boneca Barbie e a educação das meninas: um mundo de disfarces. ANPED, 2007.

"A criança foi descoberta como consumidora em potencial após a Segunda Guerra Mundial, época em que a Mattel consagrava-se como pioneira no uso de técnicas de marketing e comerciais voltados ao público infantil. Se antes a venda de brinquedos era direcionada aos pais, com o lançamento da Barbie, os comerciais capturavam a menina para que ela mesma tivesse os argumentos necessários para convencer os adultos a comprarem a boneca. Um desses argumentos era o de que Barbie, com toda sua elegância, ajudava meninas travessas a se comportarem como pequenas damas. Assim, as propagandas iniciais da boneca sempre foram testadas antes com um grupo de meninas e, se o comercial não lhes chamasse a atenção, não era veiculado na rede televisiva" (Idem, p.2)

"Barbie, com seu corpo magro, duro e rígido, foi feita para posar em milhares de modos e servir de musa inspiradora para inúmeros trabalhos de célebres estilistas. A boneca, diferentemente de outras que são feitas para brincar e ninar, tem seu visual constantemente reconfigurado a fim de servir como estampa de novos espaços publicitários direcionados ao público infantil. Barbie é sempre atualizada para não ficar com uma imagem de simples boneca, mas de uma pessoa real: Em 1964 a boneca ganhou olhos que abriam e fechavam, em 1965 dobrava as pernas, em 1968 foi dotada de voz e atualmente já pode ser vista com uma tatuagem de borboleta no ventre. À Barbie são dadas identidade e presença no mundo.

O Pentágono presenteou-lhe com uma coleção de trajes militares, ela tem até uma versão de cera no museu Grévin em Paris e, em seu nome, seus seguidores fazem convenções nacionais. Barbie é vestida e fotografada por gente famosa, tem mais de 500 estilos de maquiagem profissional, possui casas, carros, amigas, namorados e um mundo fashion com seu nome. Uma “indústria de sonhos” faz da Barbie o que quiser!   Encantada, adorada, sofisticada e tatuada... A Mattel tem se esforçado para que Barbie transcenda as barreiras do brinquedo, conquistando uma imensurável popularidade e estrelato, a fim de ultrapassar todas as previsões do mercado.

Barbie traz consigo a definição de uma beleza feminina considerada insuperável, é um brinquedo que simula ser uma mulher de respeito, de atitude, estilo e elegância. Mas estes são apenas mais alguns dos muitos disfarces que a Mattel reproduz para manter em órbita uma boneca com uma “carreira” passível de contestação... Sem ninguém para segurá-la, Barbie é algo que não consegue nem parar em pé" (Idem, p.9-10). (Grifos de Filosomídia)

De 1959 lá para cá percebemos o quanto a publicidade dirigida especialmente às crianças foi avançando em técnica e sofisticação e, não me admiro que profissionais das mais diversas áreas estejam na "folha de pagamentos" para assessorar os escritórios de marketing e propaganda, com vistas a convencer as crianças da melhor maneira possível. Isso, além dos (de)formadores de opinião nas colunas sociais, e nas mídias em geral, e de tantos que se dependuram e vivem no mundo cor de rosa das vantagens oferecidas àqueles que fazem a vontade das indústrias do brinquedo, da (má)alimentação, vestuário, material escolar, literatura etc.

Também não é de se admirar que essas poderosas indústrias, que movimentam bilhões e bilhões de dólares ao redor do mundo, tenham no Brasil seus tentáculos a coptar aqueles que são investidos de poder pelo voto a nos representarem nos poderes Executivo e Legislativo. Exceção feita ao Judiciário que, como se sabe, não votamos para os cargos de excelentíssimos ministros do Superior Tribunal Federal (STF). 

São por esses e outros tantos fatos desconhecidos da maioria da população que fazem com que o Projeto de Lei 5.921 tramita por dez longos anos naqueles escalões dos poderes, nesse jogo dos interesses do mercado e dos que "ganham" com ele. Se a regra que se cumpre à risca é a de não haver regras, descumprindo-se inclusive a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente no que diz respeito à proteção das crianças e adolescentes, por que a politicagem não assume abertamente que melhor seria rasgar esses documentos e deixar tudo como está para ver como é que fica? Ficaria melhor para "eles", obviamente... E, quem perde no final dessas "contas", senão as crianças?

Pelas afirmações da autora citada acima compreende-se que há quem segure  a Barbie para que ela fique em pé e, estes parecem ser menos as crianças em suas brincadeiras e brinquedos criados pela indústria do entretenimento e "consumismo", do que os poderosos que manipulam o mercado e seus interesses na política, na educação e nas escolas, na comunicação e nas mídias, e certamente muitas, mas muitas mesmo, consciências individuais e coletivas.

Visto que hoje em dia existem Barbies de todas as "cores", etnias, profissões e "cenários" que "moldam" sem disfarces nenhum os sonhos e principalmente os desejos das crianças, não é à toa e nem de menor ou nenhum significado que, por exemplo, vemos naquela primeira ilustração dessa postagem o filme da boneca na "Escola de Princesas"  ser exibido à algumas crianças de relevante projeto nacional que destina dar "esperanças" à meninada digamos, menos afortunada que não pode comprar assim, tão facilmente, 15 ou mais bonecas para satisfazer seu apetite consumidor incentivado por publicidade vinda de todos os lados.

E, eu pessoalmente creio muito menos na auto-regulação ou compromisso ético dessas empresas da indústria do brinquedo e alimentação, da comunicação e do entretenimento, que naquele Papai Noel e coelhinho da Páscoa que existem nessas datas festivas/consumidorativas. Mas jamais são personagens/símbolos para exprimir amor e ternura aos semelhantes ou desafortunados, aos que não têm nada ou muito pouco. Esses (falsos) ícones reforçados pelo mercado e propagandeados pelas mídias decerto roubam da população todas as verdadeiras esperanças de Bem Viver neste mundo controlado por pouquíssimos que vivem muito bem, com todas as comodidades possíveis na vida com o que o dinheiro pode comprar. Infelizmente essa é a realidade, quando aqueles que criam os sonhos e os mitos desse capitalismo selvagem como único modo possível de existir neste mundo, para iludir a maioria - os 99% e inclusive as crianças - a subir os degraus dessa invejada "vida perfeita cor de rosa" pelos esforços, méritos e na aceitação das regras (e não cumpridas regras) desse jogo do toma-lá-o-produto-e-dá-cá-o-seu-dinheiro.

Na "sociedade democrática" e no "Estado de direito" em que vivemos como não perceber que a moeda corrente a circular em quase todas as relações estabelecidas sejam as das moedinhas das pequenas corrupções domésticas, das notas dos favorecimentos ilícitos, dos maços que se enfiam em cuecas e envelopes em escritórios de propinas, das malas cheias do dinheiro que silenciam/matam os opositores políticos, das contas em paraísos fiscais que financiam habeas corpus de mega-empresários intocáveis pelo sistema judiciário, dos bilhões em contratos para reconstruir países destruídos pelas guerras, ou apenas três notinhas que compravam uma boneca da Mattel em 1959?

Pensando nisso, a maioria dos adultos dessa sociedade consumidora seria menos ingênua - ou mais maliciosa - que as crianças que desejam isso e esperneiam por aquilo, quando são bombardeadas incessantemente por essa poluidora publicidade que chega até elas por todos os meios hoje em dia? Lutar pelos direitos das crianças é apenas um primeiro passo num caminho da promoção de direitos mais amplos a serem vividos em sua plenitude, para todos. Algo que muitos e muitos milhões e bilhões de meninos, meninas, homens, mulheres, velhinhos e velhinhas ao redor do planeta sequer imaginam o que seja isso num mundo de cifras, cifrões, rankings, marcas e siglas suscetíveis ao apelo do dinheiro, que pouco a pouco vai sendo controlado por mega-companhias e empresários cujo único objetivo se resume a gerar lucro, impiedosamente.

No entanto, também "acredito que é possível mudar" e, mais ainda, transformar tudo isso, porquanto não só é possível, mas está acontecendo que, aqueles que acreditando que existam leis que regulam o mercado e protejam as crianças, vão honrando as cartas de direito internacional, as constituições e os estatutos que nos afastam da bestialidade dessa vida ilógica e sem sentido deste a qualquer custo do capitalismo, da corrupção dos sentidos, da deturpação dos sonhos, para a realização das aspirações mais belas e profundas do que é, enfim, amor, ternura e cuidado consigo mesmo, com o próximo e com o mundo.

E, se o mercado e os poderes instituídos empodrecidos se dão uns aos outros nessa orgia sem medidas ou controle, é por isso que devemos e precisamos, em sã consciência, defender a regulação da publicidade dirigida a crianças, não porque estejamos fazendo um favor a elas. É porque essa festança embestiada e falta de escrúpulos revela que nós - os que dizemos ser adultos - precisamos ser desmascarados de nossa desumana e hipócrita omissão em relação às nossas responsabilidades de quem por dever deveria lhes proteger e oferecer um mundo de justiça, para que elas fossem simplesmente e  amorosamente crianças, brincantes, alegres, felizes, bem vivendo na plenitude de seus direitos fundamentais e inalienáveis. Roubamos essas ternuridades uns dos outros cotidianamente e, pior ainda, manipulamos e forçamos os meninos e meninas a serem infelizes e imaturos adultos como nós, e cada vez mais cedo. Tiramos conscientemente das crianças a sua infância...

Se ouvíssemos as crianças, de verdade, e também aquela que um dia dia habitou dentro de nós, talvez fosse isso que elas desejassem para nós em 2012, e sempre: paz no mundo, pela paz de consciência.

Não nos façamos mais de cegos, surdos e mudos em relação ao que afeta as crianças, quando são elas que nos afetam mais do que imaginamos. Elas estão gritando nos seus berços de ouro ou famintas pelos casebres das favelas incendiadas, e reclamam serem ouvidas nas escolas. Seus estômagos famintos ao menos de água e pão rugem pelos quatro cantos do mundo. Suas lágrimas escorrendo pelos rostos sujos de sangue pelos destroços das guerras ofuscam nossas vistas acostumadas à penumbra das vitrines dos shoppings. Elas procuram as ruas, parques e praças para brincar como numa mobilização por seu direito à sua infância e, brevemente, porque são atrevidas e cheias de coragem, tomarão as mídias, e soltarão sua voz para todos as ouvirem: não nos manipulem, nem nos maltratem nem nos matem mais. Basta! Chega!

E, isso já vai deixando de ser desejo ou esperança, porque é visível a realidade e os gritos em meio ao caos, uma exigência em meio a este mundo destruído por nós.

Quando toda essa decrépita, moderníssima e corrupta sociedade ruir pelas nossas insanidades serão as crianças que restarão e estarão de pé, segurando a bandeira daquela Paz numa mão, e nos estendendo a outra para que talvez nos reergamos tão belos, cheios de graça e beleza quanto elas...

Então... crianças de todo o mundo, uni-vos!

05 jan 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sobre as desgraças: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais...


Sobre as desgraças

Inês Teotónio Pereira

Um dos meus filhos que é do Sporting, habituado portanto ao dissabores e às desilusões da vida, confessava-me que as únicas notícias que ele gosta de ver na televisão são as notícias sobre futebol.  Porque, e cito, “as notícias de futebol não falam de desgraças”. Isto dito por uma criança do Sporting, que nem sequer gosta muito de futebol, exige o dobro da atenção e é bastante revelador: as nossas crianças detestam informação, notícias, actualidade e telejornais. E percebe-se porquê.

É certo que a vida é difícil, que existem guerras a mais no mundo e que o ânimo foi de férias para parte incerta, mas também é verdade que as notícias deprimem ainda mais do que a realidade. E deprimem uma família inteira. As crianças não se esforçam para gostarem ou para se interessarem pelas coisas – elas gostam ou não gostam - por isso também não se esforçam para ver um telejornal. Acham tudo aquilo deprimente e voltam as costas ainda o apresentador não acabou de ler o primeiro parágrafo no teleponto.

Qualquer família que se reúna em volta de um qualquer telejornal é ao fim de meia hora uma autêntica bomba relógio de má disposição e representa um verdadeiro perigo para os seus membros, para a boa disposição nacional e até para a alegria familiar.

Ora, isto é um dilema para um pai ou para uma mãe que se queira manter toda a família informada e ao mesmo tempo preservar em casa um ambiente alegre. Impossível. A televisão, não deixa. Alegria, boa disposição e optimismo são absolutamente incompatíveis com qualquer telejornal português. E é por isso que os meus filhos confundem notícias com crise, realidade com depressão e jornalismo com drama.

A boa notícia é que as derrotas do Sporting já são, no fundo, boas notícias. Quanto ao resto, receio que estejamos a criar uma geração de iletrados noticiosos. Ou coisa parecida.

08 set 2011



Leia mais sobre as pesquisas em Educação e Comunicação em Portugal, disponibilizados pela Universidade da Beira clicando aqui, e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, clicando aqui.


Telejornal: seriedade, credibilidade e objetividade...


Os telejornais com maior audiência da TV brasileira

Para que um telejornal faça sucesso, é preciso que ele tenha seriedade, credibilidade e objetividade.

Flávia Yoshitani

Quando a televisão  se tornou popular, o jornal e o rádio perderam as suas audiências, pois a TV permite que os telespectadores tenham uma visão mais real e fácil dos acontecimentos por causa das imagens em movimento enquanto o jornalista dá a notícia. Os telejornais  são um modo fácil e rápido de se manter informado, o que pode ser feito durante as refeições ou outra atividade qualquer. Por isso, saiba quais são os telejornais com maior audiência da TV brasileira atualmente.

Sem sombras de dúvidas, o telejornal mais assistido do Brasil é o Jornal Nacional da Rede Globo. Por estar no ar desde 1969, o programa se tornou um ícone da TV brasileira, por apresentar ao seu público notícias variadas sobre o Brasil e o mundo diariamente. Por isso, esse telejornal é conhecido pela sua tradicionalidade e credibilidade pelos seus telespectadores, que não perdem um dia dele, que é atualmente apresentado pelo casal Willian Bonner e Fátima Bernardes.


Como a Rede Record tem alcançado altos índices de audiência, o segundo telejornal mais assistido no Brasil é o Jornal da Record, apresentado pelos âncoras Celso Freitas e Ana Paula Padrão. As notícias sobre o Brasil e o mundo são apresentadas de forma objetiva, direta e explicativa para que o telespectador as compreenda claramente. Todos os dias, às 19:50h, o Jornal da Record vai ao ar para levar informação aos lares de todas as famílias brasileiras.


Como o SBT, Sistema Brasileiro de Televisão, é a terceira maior emissora nacional, o seu telejornal Jornal do SBT – edição noturna vem em terceiro lugar nos índices de audiência. Carlos Nascimento e Cynthia Benini apresentam diariamente um resumo dos acontecimentos que mais marcaram o dia, de forma leve, objetiva e descritiva. Assim, as pessoas podem ir para a cama bem informadas sobre o seu país e o mundo.


Sob comando da apresentadora Maria Cristina Poli, o Jornal da Cultura é um dos telejornais mais conceituados da televisão brasileira graças à seriedade com que as notícias são mostradas ao público. Com 25 anos de história, o Jornal da Cultura trabalha para trazer informações cada vez mais completas e sólidas sobre todas as áreas aos seus telespectadores em um cenário moderno e sofisticado.


Um bom telejornal não precisa apenas de um cenário e apresentadores bonitos. Ele precisa mostrar credibilidade, seriedade e realismo aos seus telespectadores, que não estão preocupados com a aparência, mas sim com os acontecimentos do seu país e do planeta. Por isso, ao assistir um telejornal, seja crítico para perceber se ele realmente tem essas qualidades. (Grifo do Blog Telejornais e crianças no Brasil)

Reproduzido de Mundo das Tribos
10/11/2011

TV Cultura planeja telejornal infantil para 2012


TV Cultura planeja telejornal infantil

De olho no público de 7 a 12 anos, Maria Cristina Poli, âncora do ‘Jornal da Cultura’, pretende tirar do papel o projeto de um telejornal infantil, previsto para ir ao ar em 2012. Já batizado de ‘ABC da Notícia’, o programa será comandado por ela. “A ideia é traduzir o que aconteceu no dia para essa faixa etária, em inserções diárias de 15 minutos”, conta a jornalista.

O jornalístico infantil deve ser produzido por meio de uma parceria entre a TV Cultura e um canal a cabo. “Tenho o sonho de fazer esse projeto aqui. Será uma coisa nova para a gente também. Vamos aprender com as crianças”, diz Maria Cristina Poli. Além do programa para os pequenos, a jornalista pretende, em breve, criar um videoblog, cujo enfoque será a cidade de São Paulo.

Reproduzido de O Estadão
28 nov 2011

Notícia de Telejornal: Crianças acessam sites de pornografia, sem o conhecimento dos pais...


“Sexo” é 4º termo mais buscado por crianças na web

As palavras sexo e pornô estão entre as dez mais procuradas por crianças na internet. O ranking foi feito pela empresa de segurança Symantec, que identificou as 100 principais buscas feitas entre fevereiro e junho através de seu serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que supervisiona o que as crianças e adolescentes fazem da internet. No topo do ranking está o site de vídeos YouTube, de propriedade do Google. A palavra sexo aparece em quarto lugar e pornô em sexto.

A pesquisa aponta que as crianças usam a web para ver vídeos no YouTube, se conectarem com amigos em redes sociais e fazer buscas com as palavras sexo e pornografia. A estrela da Internet Fred Figglehorn, personagem de ficção cujos vídeos no YouTube são populares entre crianças, aparece na nona posição entre as principais pesquisas online.

O Google é o segundo termo mais popular e o Yahoo aparece na sétima posição.

Enquanto isso, o site de redes sociais Facebook ficou em terceiro e o MySpace em quinto. Outros termos populares incluem Michael Jackson, eBay, Wikipedia, a atriz Miley Cyrus, que interpreta a personagem Hannah Montana em um seriado da Disney, Taylor Swift, Webkinz, Club Penguin, e a música “Boom Boom Pow”, da banda Black Eyed Peas.

A representante da Symantec para segurança na Internet, Marian Merritt, afirmou que a lista mostra que os pais precisam ter consciência sobre o que seus filhos estão fazendo online. “Também ajuda a identificar momentos em que os pais devem falar com seus filhos sobre comportamento apropriado na Internet e outras questões relacionadas à vida online de suas crianças”, afirma ela em comunicado da empresa.

A lista foi produzida depois que a Symantec avaliou 3,5 milhões de pesquisas feitas pela ferramenta OnlineFamily.Norton, que permite que os pais vejam o que crianças estão pesquisando e com quem estão falando em mensagens instantâneas e que redes sociais estão usando.

Fonte: Estadão 12/08/2009

Reproduzido de 7online em 16/08/2009


Leia também no Estadão "Protegendo as crianças dos perigos na rede" (Pedofilia e cyberbullying) 18/05/2009, clicando aqui.



"Sexo" e "pornô" estão entre os temas mais pesquisados por crianças na internet

Especialista orienta pais a lidarem com temas como sexo e pornografia com naturalidade. Proibir sem justificativas ou sem diálogo pode aumentar a curiosidade das crianças

Pesquisa realizada pela empresa de segurança de softwares Symantec revela que palavras como "sexo" e "pornô" estão entre as mais buscadas na internet, por crianças menores de sete anos e jovens até 18 anos. A palavra "sexo" está em quarto lugar no ranking de expressões digitadas em buscadores por crianças de 8 a 12 anos e de adolescentes de 13 a 18 anos. O termo "pornô" é a quarta palavra mais pesquisada por crianças de até sete anos. A pesquisa divide os usuários em três faixas de idade: até 7 anos, de 8 a 12 e de 13 a 18; e por sexo.

O resultado da pesquisa preocupou Clarice Torquato, mãe de uma menina de 9 anos. Em entrevista ao site Rede Brasil Atual, ela explicou como procura acompanhar a vida "virtual" da filha. "Eu vejo o histórico dos sites acessados. Ali eu vejo onde ela foi e o que viu", afirma.

Clarice também pede que a filha utilize a internet com a porta do quarto aberta para que tenha controle visual das atividades da menina. "Eu me preocupo, porque às vezes ela quer pesquisar sozinha para um trabalho escolar e não sabe que há sites com vírus e outros com conteúdo inadequado", relata. Apesar do receio de vírus, a maior preocupação de Clarice é a pedofilia na internet. "Eu morro de medo. É muito duro isso para uma mãe", confessa.

Segundo ela, a filha passa a maior parte do tempo em joguinhos, mas percebe que crianças da família, com mais idade, usam a internet para pesquisar temas mais adultos. "Outro dia vi uma menina de 11 anos pesquisando sobre bebês, como eles nascem e como são feitos", revela.

Para Yara Garzuzi, especialista em terapia comportamental e Mestre em distúrbios do desenvolvimento, a falta de  diálogo entre pais e filhos leva as crianças a procurarem os assuntos sobre os quais têm dúvida, na internet. "Eles procuram da forma deles", aponta. Para ela, dialogar e acompanhar o dia a dia das crianças, ajuda tanto nas questões de sexualidade como no relacionamento entre pais e filhos, em geral.

O ideal é que os responsáveis por crianças ou adolescentes estejam sempre atentos às necessidades psicológicas das crianças. "Não é bom falar de assuntos delicados de forma abrupta. O melhor é explicar no limite das perguntas deles. Não é preciso contar os detalhes dos detalhes", destaca. "Não é bom estimular os assuntos, nem criar um tabu, porque daí as crianças vão buscar (a resposta) na internet", lembra.

Segundo Yara, não há uma idade certa para falar sobre sexo com os pequenos. "Depende mais da curiosidade da criança. Cada uma tem um desenvolvimento diferente da outra", avalia.

Outro ponto importante é acompanhar de perto os sites e assuntos que as crianças acessam na internet, sem demonstrar que se trata de um monitoramento. "Na verdade, é um partilhar. Quanto mais partilhas houver, melhor a resposta e o contato com os pais", avalia.

A especialista também orienta que os pais tratem os assuntos com naturalidade para não aumentar a curiosidade das crianças. "Quando eu proíbo um assunto, dou atenção a ele e desperto a curiosidade das crianças. Proibir por proibir, sem explicar o motivo, jamais! O que não é bom, como pornografia, deve ser motivo de muito diálogo", comenta.

Redes sociais na frente

"YouTube", "Google" e "Facebook" lideram a lista de temas procurados na internet, segundo a pesquisa em todas as faixas pesquisadas. Os sites de relacionamento também estão entre os preferidos, independentemente do sexo e da idade dos usuários.

Levando em conta as diferentes preferências de meninos e meninas, a pesquisa detectou que crianças e jovens do sexo masculino acessam mais sites de compras, de temas considerados inapropriados e jogos. Já as meninas preferem músicas, entretenimento e celebridades.

Crianças até 7 anos passam a maior parte do tempo na internet em jogos (23%). De 8 a 18 anos, a maior parte do interesse é direcionado para músicas.

A pesquisa foi realizada com base em 14,6 milhões de buscas feitas por esse publico de 2 de fevereiro a 4 de dezembro de 2009. Os internautas eram usuários do serviço OnlineFamily.Norton, da Symantec.


Confira as dez palavras-chaves mais pesquisadas (em 2009) pelas crianças.

1º. YouTube
2º. Google
3º. Facebook
4º. Sexo
5º. MySpace
6º. Pornô
7º. Yahoo
8º. Michael Jackson
9º. Fred (Personagem que se tornou popular entre as crianças no YouTube)
10º. eBay



Veja também no G1 "Saiba como educar as crianças para uma navegação segura na Internet" (15/05/2009),por Juliana Carpanez, clicando aqui.

O partido único da mídia tradicional brasileira...


O partido único da mídia

Laurindo Lalo Leal Filho
Carta Maior
02/01/2012

Ao se fixar nos seus próprios dogmas, desprezando o real, o poder dos partidos midiáticos tende ao enfraquecimento. Ao se descolarem da realidade perdem credibilidade e apoio, cavando sua própria ruína. Trata-se de um caminho trilhado de forma cada vez mais acelerada pela mídia tradicional brasileira.

A superficialidade e o descrédito a que chegaram os meios de comunicação tradicionais no Brasil é incontestável. Posicionamento político-partidário explícito e "reengenharias" administrativas estão na raiz desse processo.

Dispensas em massa de profissionais qualificados explicam, em parte, a baixa qualidade editorial. Foi-se o tempo em que ler jornal dava prazer. Mas fiquemos, por aqui, apenas na orientação política.

A concentração dos meios e a identidade ideológica existente entre eles criou no país o "partido único" da mídia, sem oposição ou contestação. Ditam políticas, hábitos, valores e comportamentos. O resultado é um grande descompasso entre o que divulgam e a realidade. Hoje, para perceber esse fenômeno, não são mais necessárias as exaustivas pesquisas em jornalismo comparado, tão comuns em nossas academias lá pelos anos 1980.

Agora basta abrir um jornal ou assistir a um telejornal e compará-los com as informações oferecidas por sites e blogues sérios, oferecidos pela internet. São mundos distintos.

No caso da mídia brasileira essa situação começou a se consolidar com a implosão das economias planificadas do leste europeu, na virada dos anos 1980/90.

Em 1992, no livro "O fim da história e o último homem", ampliando ideias já apresentadas em ensaio de 1989, Francis Fukuyama punha um ponto final no choque de ideologias, saudando o capitalismo como modo de produção e processo civilizatório definitivo da humanidade, globalizado e eternizado.

Tese rapidamente endossada com euforia pela mídia conservadora e hegemônica que, a partir dai, pautaria por esse viés seus recortes diários do mundo, transmitidos ao público. Faz isso até hoje.

Só que, obviamente, a história não acabou. Ai estão as crises cíclicas do capitalismo, neste início de milênio, evidenciando-o como modo de produção historicamente constituído, passível de transformações e de colapso, como qualquer um dos que o precederam. Mas a mídia trata o capitalismo como se fosse eterno, excluindo de suas pautas as contradições básicas que o formam e o conformam. Dai a pobreza de seus conteúdos e o seu distanciamento da realidade, levando-a ao descrédito.

De fomentadora de ideias e debates, fortes características de seus primórdios em séculos passados, passou a estimuladora do conformismo e da acomodação. Para ela o motor história não é a luta de classes e sim o consumo, apresentado em gráficos e infográficos, alardeando números e índices que, muitas vezes, beiram o esotérico.

Se nos anos 1990 essas políticas editoriais obtiveram relativo êxito apoiadas na expansão do neoliberalismo pelo mundo, na última década a realidade crítica abalou todas as certezas impostas ideologicamente. As contradições vieram à tona.

No entanto a mídia, reduzida e conservadora, especialmente no Brasil, segue tratando apenas das aparências, deixando de lado determinações mais profundas. Movimentos anti-capitalistas espalhados pelo mundo são mencionados, quando o são, particularmente pela TV, como "fait-divers", destituídos de sentido, a-históricos. Seguindo rigorosamente a tese de Fukuyama.

Fazendo jus ao seu papel de "partido único", os meios oferecem ao público, como elemento condutor de sua ideologia conservadora, algo que genericamente pode ser chamado de kitsch. Definição dada pelos alemães no século passado para a arte popular e comercial, feita de fotos coloridas, capas de revistas, ilustrações, imagens publicitárias, histórias em quadrinhos, filmes de Hollywood. Atualizando seriam os nossos programas de TV, os cadernos de variedades de jornais e revistas, as músicas e as preces tocadas no rádio.

Esse é o prato diário da mídia, oferecido em embalagens sedutoras e entremeado de informações ditas jornalísticas, apresentando o mundo como um quadro acabado, inalterável. Não existindo alternativas, resta o conformismo anestesiado pelo consumo, ainda que para muitos apenas ilusório.

Claro que esse quadro midiático tem eficácia até certo momento, enquanto realidade e imaginário de alguma forma guardam proximidade. Mas ele também é histórico e, portanto, mutável.

Enquanto as contradições básicas da sociedade, aqui mencionadas, permanecerem existindo, a integração das consciências "pelo alto" será irrealizável, alertava Adorno, num dos seus últimos textos. Por mais que os meios de comunicação se esforcem por integrá-las.

Ao se fixar nos seus próprios dogmas, desprezando o real, o poder dos partidos midiáticos tende ao enfraquecimento. Ao se descolarem da realidade perdem credibilidade e apoio, cavando sua própria ruína. Confrontados com a internet desabam. Trata-se de um caminho trilhado de forma cada vez mais acelerada pela mídia tradicional brasileira. Sem falar na contribuição dada a esse processo pela queda da qualidade editorial, tema que fica para outro momento.

* sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Reproduzido de Carta Maior.

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