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segunda-feira, 3 de março de 2014

E$cola$ dando um adeu$ à infância...


Escolas dão aulas de finanças, inglês e empreendedorismo a partir dos 3 anos

Colégio da Vila Madalena tem classes de inteligência emocional e administração de sentimentos; crianças aprendem a lidar com cifras e metas de curto, médio e longo prazo

Victor Vieira, O Estado de S.Paulo

Eles têm aulas de educação financeira e empreendedorismo e ainda aprendem inglês. A rotina parece de um curso para executivos, mas é das salas de pré-escola e dos primeiros anos do ensino fundamental em alguns colégios particulares de São Paulo. Na tentativa de renovar e conectar os currículos ao cotidiano, surgem cada vez mais disciplinas que tentam traduzir para as crianças elementos próprios do universo adulto.

A proposta da Escola Sol da Vila, na Vila Madalena, zona oeste da capital, é multiplicar as possibilidades de estímulos às crianças. Antes mesmo de aprenderem a falar, alunos no berço - a partir de 8 meses de idade - já têm aulas de inglês. "A ideia é que eles se acostumem desde cedo com os sons do idioma", explica Juliana Quege, diretora da escola. Nas classes e nos corredores do colégio a professora é orientada a se comunicar em inglês o tempo todo: os meninos nem sabem que ela domina a língua portuguesa.

No cardápio de disciplinas, também constam classes de inteligência emocional, que discutem valores éticos, a administração de sentimentos e os desafios de convívio dentro da família e com os amigos. "Precisamos fazer com que eles reflitam sobre como evitar conflitos", afirma Juliana. Outro item é a Educação Financeira a partir dos 3 anos. Ao contrário do que se pensa, a disciplina não exige habilidade com calculadoras. O foco é mostrar a importância de evitar consumos exagerados e poupar para atingir objetivos.

Ao longo do ano as crianças estabelecem pequenas metas - ir ao cinema ou fazer um lanche especial - e planejam como juntarão dinheiro nos cofrinhos para alcançá-las. O método usado é o Dsop (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar), criado por uma consultoria especializada. "Usamos fábulas e brincadeiras para facilitar a compreensão e fazer comparações com o real", afirma a diretora, que aponta a faixa etária como a melhor época para explorar esses temas. "É a fase em que mais assimilam informações", defende.

A Sol da Vila não está sozinha. Entre as escolas que tratam de assuntos sérios com os pequenos também está o Colégio Internacional Emece, em Perdizes, na zona oeste, que dá aulas de Empreendedorismo e Ética já nos primeiros anos do ensino fundamental. Davi Marques, de 8 anos, começou na disciplina há poucas semanas e passou no primeiro teste: já pronuncia corretamente o nome da matéria. As próximas etapas, já iniciadas, são entender como as relações econômicas aparecem na sua vida. A "tia da cantina" é o exemplo mais próximo de empreendedora. "Na aula, falamos como é importante ela tratar bem a gente. Se não for assim, não compramos os lanches na cantina outra vez", conta Davi.

Além de aprender a lidar com o dinheiro, os alunos também escutam nas aulas sobre a necessidade de respeito entre as pessoas. "Conseguimos trabalhar ainda com outras questões essenciais, como a preservação do meio ambiente, ao falar sobre o consumismo", aponta a coordenadora pedagógica da escola, Solange Silvestre. As classes também ajudam a incrementar o repertório. "Como trazemos palavras mais difíceis, eles sempre usam o dicionário".

Poupador mirim. O pai de Enrico Mercúrio, de 5 anos, trabalha em um banco, mas não é o único que entende de cifras na família. "Desde que o Enrico começou a ter aulas de Educação Financeira, ele aprendeu a poupar para ter os próprios brinquedos. Comprou até um tablet com as economias", conta Talissa Violim, de 31 anos, a mãe orgulhosa. "É incrível como ele faz isso sozinho", elogia.

Enrico estuda na escola Baby Nurse, na Vila Prudência, zona sul da capital. Assim como no colégio Sol da Vila, as crianças definem metas em curto, médio e longo prazo. Os alunos fazem feiras, em que vendem brigadeiro e salada de frutas para os pais, com o objetivo de arrecadar dinheiro. "É interessante porque os meninos desenvolvem outras habilidades. Nas feirinhas, eram eles quem abordavam os pais para comprar e também calculavam o troco", relata Talissa, que é fotógrafa.

Segundo a mãe, a Educação Financeira foi uma oportunidade de aprender no colégio o que ela já tentava fazer em casa. "Sempre quis mostrar a meu filho o valor do dinheiro. Na escola, eles têm um método melhor para que as crianças entendam isso", diz. Neste ano, as aulas com os cofrinhos ainda ajudarão Enrico a reunir os trocados que ganha dos tios e avós para comprar presentes. Em um futuro mais distante, ele também se vê ligado aos números e ao dinheiro. "Quero trabalhar em um banco, igual ao meu pai."

Reproduzido de Estadão
03 mar 2014

Leia também a matéria relacionada:


Especialista vê riscos nas temáticas adultas

Ameaça é sobrecarregar os alunos e tirar espaço para os aprendizados como leitura e matemática básica

Victor Vieira, O Estado de S.Paulo - O Estado de S.Paulo

Apesar do entusiasmo dos pais, grande parte dos especialistas é resistente a antecipar temas adultos - como dinheiro e negócios - para crianças mais novas. O risco, segundo os críticos às transformações dos currículos, é sobrecarregar as cabeças dos alunos e tirar espaço de aprendizados mais importantes, como leitura e matemática básica.

Há consenso de que as bases educacionais da infância interferem na vida adulta. "Mas não é por isso que se deve sair em uma gincana novidadeira atrás de atividades cada vez mais diferentes das já praticadas para garantir o sucesso das crianças quando crescerem", pondera a especialista em educação Ilona Becskeházy.

Segundo ela, a proliferação de disciplinas diferentes é resultado da falta de referências consolidadas para montar os currículos da educação infantil. "As crianças devem ser acolhidas e respeitadas pelos adultos que as cercam e as atividades mais apropriadas são as que as fazem usar seus músculos e cérebros de forma compatível com sua fase de vida", afirma.

Marilene Proença, especialista em psicologia escolar da Universidade de São Paulo (USP), também acredita que a abordagem de Educação Financeira e Empreendedorismo, por exemplo, é precoce. "O dinheiro faz parte da vida das crianças, mas faltam elementos para uma compreensão maior", aponta.

Segundo Marilene, no entanto, a abordagem de alguns temas adultos em sala de aula pode ser positiva. "Depende de como o tema é tratado. Mas acredito que há outros debates melhores, como os de meio ambiente e respeito à diversidade", diz.

Formação gradual. A diretora da escola Baby Nurse, Susana Lee, admite que ficou insegura ao levar a Educação Financeira para seus alunos. "Mas foi uma boa surpresa. Os meninos apresentaram maturidade para discutir os temas", relata. As lições aprendidas em sala de aula, destaca Susana, também foram levadas para casa. "Ouvimos relatos de meninos que corrigiram os próprios pais sobre desperdícios de água", conta.

De acordo com Ana Rosa Orellana, diretora pedagógica da consultoria Dsop Educação Financeira, o trabalho com alunos, que já começa a partir dos 3 anos de idade, é fundamental para combater o endividamento no futuro. "É bem mais difícil retirar vícios dos adultos do que ensinar bons hábitos às crianças. Como a maioria dos pais é despreparada, eles têm dificuldades para ensinar", afirma.

Outra justificativa é preparar as crianças para reagir ao forte apelo de consumo. "Em uma hora assistindo à televisão ou na rua, já são várias as situações em que se é convidado a comprar", ressalta. / V.V.

Reproduzido de Estadão
03 mar 2014

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Pelo fim da publicidade dirigida às crianças


A publicidade afasta-se das crianças. Que ótimo

Eugênio Bucci *
07/02/2013

A publicidade brasileira acaba de tomar uma decisão histórica. Ela vai tratar com mais respeito as crianças. Vai ficar mais longe delas. A notícia é muito boa tanto para a própria publicidade, que com isso ganha mais respeitabilidade, como, principalmente, para a infância. Em doses exageradas, inescrupulosas, abusivas, a propaganda faz mal para o público infantil. Deve ser servida com moderação.

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), entidade do próprio mercado publicitário, cujos códigos não têm força de lei, mas são de adesão voluntária e criteriosamente cumpridos, distribuiu agora, no início de fevereiro, uma nota oficial anunciando novas regras - com novas restrições - para os comerciais destinados às crianças. Entre outras novidades, o merchandising não será mais admitido. Não para o público infantil.

Já era tempo. O merchandising é um dos artifícios mais capciosos da indústria da propaganda. Não tem o formato do anúncio tradicional, aquele que é veiculado nos espaços comerciais claramente delimitados, como os intervalos da televisão, por exemplo, e assim, disfarçado de não anúncio, tenta ser mais convincente. O merchandising vai ao ar dentro do programa principal, como se fosse parte da história. É bastante usado nas novelas. O leitor há de lembrar. Sem mais nem menos, sem a menor congruência narrativa, a atriz fala para a outra que vai ao banco "tal" e que o banco "tal" é uma beleza, com um gerente, menina, que é uma simpatia só.

Marcas de esmalte, de xampu, de macarrão, de carro, de celular invadem a trama e lá permanecem, roubando a cena. A peso de ouro, por certo. O merchandising custa caro. É uma operação de mercado com preços tabelados, preços altos, mas seu segredo é se disfarçar, é passar seu apelo de consumo como se não fosse publicidade paga.

Que isso seja empregado para aliciar consumidores adultos desavisados, vá lá, apesar da deselegância constitutiva da coisa toda. Agora, voltar essa máquina contra olhos infantis chega a ser covardia. A própria nota do Conar reconhece "a necessidade de ampliar-se a proteção a públicos vulneráveis, que podem enfrentar maior dificuldade para identificar manifestações publicitárias em conteúdos editoriais". Atenção: o Conar admite, com todas as letras, que os públicos infantis são "vulneráveis" e precisam de proteção. Que bom que o próprio mercado publicitário - representado pelo Conar - dê mais esse passo. Histórico.

A notícia é boa também por duas outras razões.

A primeira é que os vetos ao merchandising e outras práticas - como o emprego de "crianças e adolescentes como modelos para vocalizar apelo direto, recomendação ou sugestão de uso ou consumo" - não chegam à publicidade brasileira por meio de uma medida autoritária. Ao contrário, as novas normas de proteção da infância brotam do amadurecimento natural da mentalidade dos próprios agentes de mercado. Desde 1978 o Conar vem-se firmando como um dos casos mais bem-sucedidos de autorregulação do mundo. Suas decisões nunca são contestadas. Embora não seja um órgão estatal, tem legitimidade e representatividade para retirar campanhas do ar, como já fez muitas vezes. Não é exagero dizer que o Conar é um fator civilizatório na publicidade brasileira.

A segunda razão para comemorar as novas regras é que elas ajudam a esclarecer que a liberdade de anunciar produtos não é exatamente igual à liberdade de expressão do pensamento. As duas têm status distinto na democracia. A liberdade de manifestação, de externar opiniões, assim como a liberdade de imprensa, compõe um direito fundamental inviolável. Um cidadão tem o direito pleno de, digamos, escrever um artigo em jornal defendendo a legalização da maconha e de sugerir um projeto de lei para legalizá-la. Com a publicidade é diferente. Uma agência de publicidade não tem o direito de fazer uma campanha enaltecendo o consumo da maconha do tipo A ou do tipo B. Não porque os publicitários, que também são cidadãos, não tenham liberdade de se manifestar - isso todos temos. Essa agência não pode fazer anúncio de maconha de nenhum tipo porque a maconha não pode ser legalmente comercializada - e a comunicação publicitária está subordinada às leis que regulam o mercado.

A publicidade comercial é uma extensão do comércio devidamente legal. Assim, só se podem anunciar as mercadorias e os serviços cuja comercialização não conflite com a legislação vigente. Portanto, a liberdade de anunciar não se enquadra no rol das liberdades fundamentais de informar e de ser informado. A publicidade veicula ideias e conceitos, ou algo próximo a isso, mas não realiza o direito de expressão do pensamento. Ela é uma atividade acessória do comércio, subordinando-se, logicamente, às leis do comércio.

Para sorte do País, a postura do Conar nesse episódio não se deixou confundir com o fanatismo dos fundamentalistas, segundo os quais qualquer senão a um comercial de refrigerante traz em si a mesma violência dos atos que censuram a imprensa. Ora, são matérias inteiramente diversas. Uma não tem nada que ver com a outra. O Conar não censura nada nem coisa nenhuma, apenas zela pela credibilidade do seu ramo de atuação. Anunciar quinquilharias para crianças de 5, 6 anos de idade por meio de subterfúgios e técnicas de dissimulação, por favor, isso, sim, pode ser visto como uma violência inominável. Isso, sim, conspira contra a credibilidade do mercado anunciante, em seu conjunto, e corrói a reputação de todo o setor.

Quanto ao mais, o uso de merchandising e de anúncios testemunhais para seduzir o público infantil - que é, sim, vulnerável - já não se admitem em diversas democracias. O Brasil também não precisa mais desse primitivismo. E vamos em frente, porque há mais a fazer.

* Eugênio Bucci é jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM.

Reproduzido de clipping FNDC
07 fev 2013


Leia também:

"A contribuição da Psicologia para o fim da publicidade dirigida ás crianças", do Conselho federal de Psicologia (2008) clicando aqui.

Conheça também:

A página de "Infância Livre de Consumismo", clicando aqui.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Notícia de Telejornal: Crianças acessam sites de pornografia, sem o conhecimento dos pais...


“Sexo” é 4º termo mais buscado por crianças na web

As palavras sexo e pornô estão entre as dez mais procuradas por crianças na internet. O ranking foi feito pela empresa de segurança Symantec, que identificou as 100 principais buscas feitas entre fevereiro e junho através de seu serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que supervisiona o que as crianças e adolescentes fazem da internet. No topo do ranking está o site de vídeos YouTube, de propriedade do Google. A palavra sexo aparece em quarto lugar e pornô em sexto.

A pesquisa aponta que as crianças usam a web para ver vídeos no YouTube, se conectarem com amigos em redes sociais e fazer buscas com as palavras sexo e pornografia. A estrela da Internet Fred Figglehorn, personagem de ficção cujos vídeos no YouTube são populares entre crianças, aparece na nona posição entre as principais pesquisas online.

O Google é o segundo termo mais popular e o Yahoo aparece na sétima posição.

Enquanto isso, o site de redes sociais Facebook ficou em terceiro e o MySpace em quinto. Outros termos populares incluem Michael Jackson, eBay, Wikipedia, a atriz Miley Cyrus, que interpreta a personagem Hannah Montana em um seriado da Disney, Taylor Swift, Webkinz, Club Penguin, e a música “Boom Boom Pow”, da banda Black Eyed Peas.

A representante da Symantec para segurança na Internet, Marian Merritt, afirmou que a lista mostra que os pais precisam ter consciência sobre o que seus filhos estão fazendo online. “Também ajuda a identificar momentos em que os pais devem falar com seus filhos sobre comportamento apropriado na Internet e outras questões relacionadas à vida online de suas crianças”, afirma ela em comunicado da empresa.

A lista foi produzida depois que a Symantec avaliou 3,5 milhões de pesquisas feitas pela ferramenta OnlineFamily.Norton, que permite que os pais vejam o que crianças estão pesquisando e com quem estão falando em mensagens instantâneas e que redes sociais estão usando.

Fonte: Estadão 12/08/2009

Reproduzido de 7online em 16/08/2009


Leia também no Estadão "Protegendo as crianças dos perigos na rede" (Pedofilia e cyberbullying) 18/05/2009, clicando aqui.



"Sexo" e "pornô" estão entre os temas mais pesquisados por crianças na internet

Especialista orienta pais a lidarem com temas como sexo e pornografia com naturalidade. Proibir sem justificativas ou sem diálogo pode aumentar a curiosidade das crianças

Pesquisa realizada pela empresa de segurança de softwares Symantec revela que palavras como "sexo" e "pornô" estão entre as mais buscadas na internet, por crianças menores de sete anos e jovens até 18 anos. A palavra "sexo" está em quarto lugar no ranking de expressões digitadas em buscadores por crianças de 8 a 12 anos e de adolescentes de 13 a 18 anos. O termo "pornô" é a quarta palavra mais pesquisada por crianças de até sete anos. A pesquisa divide os usuários em três faixas de idade: até 7 anos, de 8 a 12 e de 13 a 18; e por sexo.

O resultado da pesquisa preocupou Clarice Torquato, mãe de uma menina de 9 anos. Em entrevista ao site Rede Brasil Atual, ela explicou como procura acompanhar a vida "virtual" da filha. "Eu vejo o histórico dos sites acessados. Ali eu vejo onde ela foi e o que viu", afirma.

Clarice também pede que a filha utilize a internet com a porta do quarto aberta para que tenha controle visual das atividades da menina. "Eu me preocupo, porque às vezes ela quer pesquisar sozinha para um trabalho escolar e não sabe que há sites com vírus e outros com conteúdo inadequado", relata. Apesar do receio de vírus, a maior preocupação de Clarice é a pedofilia na internet. "Eu morro de medo. É muito duro isso para uma mãe", confessa.

Segundo ela, a filha passa a maior parte do tempo em joguinhos, mas percebe que crianças da família, com mais idade, usam a internet para pesquisar temas mais adultos. "Outro dia vi uma menina de 11 anos pesquisando sobre bebês, como eles nascem e como são feitos", revela.

Para Yara Garzuzi, especialista em terapia comportamental e Mestre em distúrbios do desenvolvimento, a falta de  diálogo entre pais e filhos leva as crianças a procurarem os assuntos sobre os quais têm dúvida, na internet. "Eles procuram da forma deles", aponta. Para ela, dialogar e acompanhar o dia a dia das crianças, ajuda tanto nas questões de sexualidade como no relacionamento entre pais e filhos, em geral.

O ideal é que os responsáveis por crianças ou adolescentes estejam sempre atentos às necessidades psicológicas das crianças. "Não é bom falar de assuntos delicados de forma abrupta. O melhor é explicar no limite das perguntas deles. Não é preciso contar os detalhes dos detalhes", destaca. "Não é bom estimular os assuntos, nem criar um tabu, porque daí as crianças vão buscar (a resposta) na internet", lembra.

Segundo Yara, não há uma idade certa para falar sobre sexo com os pequenos. "Depende mais da curiosidade da criança. Cada uma tem um desenvolvimento diferente da outra", avalia.

Outro ponto importante é acompanhar de perto os sites e assuntos que as crianças acessam na internet, sem demonstrar que se trata de um monitoramento. "Na verdade, é um partilhar. Quanto mais partilhas houver, melhor a resposta e o contato com os pais", avalia.

A especialista também orienta que os pais tratem os assuntos com naturalidade para não aumentar a curiosidade das crianças. "Quando eu proíbo um assunto, dou atenção a ele e desperto a curiosidade das crianças. Proibir por proibir, sem explicar o motivo, jamais! O que não é bom, como pornografia, deve ser motivo de muito diálogo", comenta.

Redes sociais na frente

"YouTube", "Google" e "Facebook" lideram a lista de temas procurados na internet, segundo a pesquisa em todas as faixas pesquisadas. Os sites de relacionamento também estão entre os preferidos, independentemente do sexo e da idade dos usuários.

Levando em conta as diferentes preferências de meninos e meninas, a pesquisa detectou que crianças e jovens do sexo masculino acessam mais sites de compras, de temas considerados inapropriados e jogos. Já as meninas preferem músicas, entretenimento e celebridades.

Crianças até 7 anos passam a maior parte do tempo na internet em jogos (23%). De 8 a 18 anos, a maior parte do interesse é direcionado para músicas.

A pesquisa foi realizada com base em 14,6 milhões de buscas feitas por esse publico de 2 de fevereiro a 4 de dezembro de 2009. Os internautas eram usuários do serviço OnlineFamily.Norton, da Symantec.


Confira as dez palavras-chaves mais pesquisadas (em 2009) pelas crianças.

1º. YouTube
2º. Google
3º. Facebook
4º. Sexo
5º. MySpace
6º. Pornô
7º. Yahoo
8º. Michael Jackson
9º. Fred (Personagem que se tornou popular entre as crianças no YouTube)
10º. eBay



Veja também no G1 "Saiba como educar as crianças para uma navegação segura na Internet" (15/05/2009),por Juliana Carpanez, clicando aqui.

sábado, 16 de abril de 2011

Escola estilo bunker e outras questões sobre violência, segurança e educação


"Escola de segurança máxima?

Para educador, a tragédia de Realengo pode reforçar estilo bunker que já entrincheira a sociedade

Um velho apresentador de TV costumava dizer que não tinha vindo para explicar, e sim para confundir. Na quinta-feira, ainda na quentura dos acontecimentos em Realengo, o professor Julio Groppa Aquino, da Faculdade de Educação da USP, ecoava metade daquele bordão. Ele não queria explicar o atirador que matou pelo menos 12 crianças em uma escola no subúrbio do Rio e depois se suicidou. Desconfiava que explicações viriam às pencas, inevitáveis, nauseantes. E nenhuma delas nos convenceria. Na sexta pela manhã, ao responder às perguntas do Aliás, ele mantinha a vontade de não explicar e, dando passagem à outra metade do bordão, adicionava ao tema grossas pitadas de confusão (e provocação), para daí extrair reflexões e nos fazer pensar além.

Psicólogo de formação, pesquisador da violência e da indisciplina no ambiente escolar e um dos críticos mais contundentes dos rumos educacionais do País, Aquino se debruçou sobre o que vem agora, depois da tragédia e do luto. Ele acha, por exemplo, que o estilo bunkerista das escolas, reproduzido das casas, dos condomínios e centros comerciais, será desgraçadamente reforçado. "Estaremos ensinando às crianças e jovens que só é possível conviver com seus concidadãos se houver um policial ao lado", lamenta. Na entrevista a seguir, Aquino também fala da sociedade que se nutre de violência e do papel dos professores na identificação de tendências violentas nos alunos: "Sala de aula não é consultório médico, e o alunado não é um corpo doente".

(...) Você falou em bunker. As escolas se parecem cada vez mais com eles, não é? Grades, portões, cadeados, vigias, câmeras... Depois do que aconteceu no Rio, como evitar que esse estilo bunker se acentue nos colégios? Será o fim do ideal de integrar as famílias na vida escolar dos filhos, tornar os pais mais participativos, etc.?

O estilo bunker apenas será reforçado, já que se trata de uma realidade muito bem instalada entre nós. Por exemplo, o bunkerismo escolar da classe média (e também das residências, dos centros comerciais, das instituições privadas como um todo) é contemporâneo à instalação generalizada das películas nos vidros dos automóveis. Trata-se de uma mostra de como a ideia de segurança já está completamente enraizada no imaginário social como um serviço indispensável - vital, para ser mais preciso - a uma parcela crescente da população. O problema é que quanto mais nos isolamos do contato com as outras parcelas da população (mais numerosas, por sinal) maiores são os riscos de confronto nesse encontro, a rigor, inevitável. Ora, as escolas públicas são exatamente esse ponto de contato entre diferentes parcelas da população. E isso nada tem a ver com a maior participação das famílias na vida escolar, no sentido de pacificar esse encontro. Família e escola, a meu ver e diferentemente dos clichês habituais empregados na discussão, são instâncias sociais paralelas e incidentais, e assim devem permanecer.

Abrir fogo contra inocentes dentro de uma escola tem algum significado especial? Por que na escola e não no supermercado, na academia de ginástica, na feira, no metrô?

Se for correta a hipótese da espetacularização da violência e também a da escola como figura institucional emblemática da contemporaneidade democrática, entende-se que as unidades escolares passem a ser alvos privilegiados de ataque, quando o que está em questão é o rompimento do pacto social. O curioso é que isso costuma acontecer nos ditos países desenvolvidos, e não em países periféricos. Já aconteceu na Finlândia, no Canadá, na China e, sobretudo, nos Estados Unidos. Seria um indício do ingresso do Brasil na rota do dito desenvolvimento socioeconômico?

(...) Cabe aos professores identificar tendências violentas nos alunos?

Imaginar que professores deveriam fazer diagnóstico psicológico/psiquiátrico é uma aberração. Sala de aula não é consultório médico, e o alunado não é um corpo doente, portador de anomalias. No entanto, os professores demandam diagnósticos desse tipo com regularidade, o que não impede que tenhamos a educação miserável que temos. Ou seja, a resposta propriamente pedagógica para isso é nula.

Que relação as crianças sobreviventes terão com a instituição escola depois de sofrer um trauma desse tamanho lá dentro?

Prospecções dessa natureza me parecem sempre inócuas e, por isso, fadadas ao fracasso. Mais ainda, no fito de antever efeitos, elas podem causá-los ou intensificá-los. Há, por exemplo, um sensacionalismo injustificável da mídia na cobertura do evento ao entrevistar os jovens envolvidos de uma maneira que beira a irresponsabilidade, convertendo todos, eles e nós, em reféns da espetacularização. O momento exige sobriedade e certo distanciamento, à moda dos antigos, de modo que seja possível decantar as informações, e não ser assediado por elas. Se quisermos honrar os mortos de fato, precisaremos mais do que alguns minutos de silêncio. Precisaremos nos aquietar. Outra questão: nem sempre as pessoas que sobrevivem a determinado acontecimento-limite desenvolvem esse ou aquele tipo de trauma e quetais. Não esqueçamos que as crianças são resistentes. Essas, em particular, tiveram de se defrontar com a crueza máxima da vida ainda quando jovens, mas sobreviverão. Já são fortes.

(...) Há explicação para o que aconteceu?

A meu ver, o melhor analista da questão da violência da/na escola não é um teórico, mas o cineasta Gus Van Sant, responsável pela obra mais impactante já realizada sobre o assunto: Elephant. Trata-se de uma retomada ficcional do massacre de Columbine, a partir do ponto de vista dos alunos envolvidos. Uma obra sem precedentes, indubitavelmente. O título do filme refere-se a uma parábola budista segundo a qual um grupo de cegos tenta descrever um elefante a partir das diferentes partes de seu corpo. Daí que ninguém logra ter uma visão do animal em sua totalidade, restando a cada um uma apreensão parcial, embora se imagine generalizante. Com isso, quero dizer que, a despeito de toda a tagarelice explicativa que virá à tona, as razões do que se passou em Realengo permanecerão incógnitas. Aos que creem no sobrenatural, cabe rezar pelos que se foram. Aos demais, resta-nos apenas um nó na garganta, um nó que não desata."

Christian Carvalho Cruz . Aliás/Estadão Online
09 abr 2011

Leia o texto completo clicando aqui.

Leia os textos "A indisciplina e a escola atual" clicando aqui e "A Educaçao segundo Julio Groppa Aquino" aqui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As estratégias e a vez das notícias nas redes sociais e blogs


"Os jornalistas Pedro Doria, editor-chefe de conteúdos digitais do Estado de São Paulo, e Rafael Sbarai, editor do site da revista Veja, debateram ontem (19/1) na Campus Party, em São Paulo, as estratégias da imprensa escrita na integração às redes sociais. Para elevar a audiência do portal Estadão, Doria abriu espaço para uma ferramenta de web. “A gente quase duplicou o número de blogs”, disse o editor-chefe que logo atestou o saldo positivo desta aposta. “Os blogs dão mais audiência que as notícias”, garantiu.

A segunda investida do projeto digital do Estadão foi em expandir seu conteúdo para o Twitter, como “uma maneira de acompanhar o noticiário”, segundo Doria. Sobre a representativade do Estado de S. Paulo nesta rede social, Doria avalia. “Não medimos pelo número de followers, procuramos avaliar engajamento: quantos retweets por followers” e completou dizendo “nisso, o Estado é líder no Brasil”.

Já na Veja, Sbarai explica a importância de produzir conteúdo para redes sociais quando a busca é centrada num maior número de clicks por matéria. Segundo o jornalista, que está no veículo desde 2008, a quantidade de pessoas que acessam o portal da Veja pelo Twitter e Facebook aproxima-se ao número de internautas que digitam o endereço eletrônico. “O Twitter é a nossa terceira fonte de tráfego, atrás do Direct (endereço eletrônico) e buscas pelo Google.”

Com a recente contratação de 50 jornalistas no seu expediente, a redação de Veja, de acordo com Sbarai, está hoje igualmente dividida entre as equipes que produzem conteúdo online e impresso. O jornalista de 24 anos também é responsável pelas estratégias de Veja nas redes sociais, espaço onde ele consegue diferenciar quem está na web e quais são os seus anseios.


“De manhã, publicamos assuntos voltados à economia e Brasil; de tarde, temos um público que quer dar retweet em algo que foge do noticiário; de noite agendamos tweets que atiçem o usuário a clickar em notícias”, explicou Sbarai sobre os seguidores de Veja no Twitter".



Renan Justi . Comunique-se


Leia também uma notícia relacionada ao tema acima, de 2008, "Redes sociais mais vistas do que sites de conteúdos", na página Toca da Cathy via IDG Now, clicando aqui.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cautela ou recuo na regulação da mídia?


"Neste final de semana, a mídia hegemônica soltou rojões para comemorar o que seria um recuo do recém-empossado ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, na proposta de elaboração de um novo marco regulatório para a mídia. A Folha interpretou que o governo já teria “mudado seu discurso”, adotando “um tom mais cauteloso”. O Estadão foi ainda mais otimista: “Governo Dilma enterra projeto de regulação da mídia”. E o jornal O Globo foi mais precavido: “Regulamentação não irá ao Congresso”.

A leitura precipitada dos barões da mídia sobre o recuo do governo ocorreu devido à confusa entrevista que o ministro concedeu logo após a audiência com a presidenta Dilma Rousseff, na sexta-feira (7). Diante dos holofotes, Paulo Bernardo teria dito que o projeto demanda mais tempo de maturação, “já que tem questões que dizem respeito à própria democracia. Vamos examinar tudo e ver como vamos encaminhar”. Esta resposta vaga e ensaboada foi interpretada como a morte prematura da proposta".

Leia o texto completo no Blog do Miro clicando aqui.