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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A crescente espetacularização da violência nos meios de comunicação (telejornalismo)



Jornalismo, agenda positiva

Carlos Alberto Di Franco
O Estado de S. Paulo
08/08/2011

Impressiona o crescente espaço destinado à violência nos meios de comunicação, sobretudo no telejornalismo. Catástrofes, tragédias e agressões, recorrentes como chuvas de verão, compõem uma pauta sombria e perturbadora.

A violência, por óbvio, não é uma invenção da mídia. Mas sua espetacularização é um efeito colateral que deve ser evitado. Não se trata de sonegar informação. Mas é preciso contextualizá-la. O excesso de violência na mídia pode gerar fatalismo e uma perigosa resignação. Não há o que fazer, imaginam inúmeros leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. Acabamos, todos, paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma como algo irrefreável e invencível. Assiste-se aos arrastões nas avenidas, praças e marginais como parte do cotidiano das cidades sem segurança. Não pode ser assim. Podemos todos - jornalistas, formadores de opinião, estudantes, cidadãos, enfim - dar pequenos passos rumo à cidadania e à paz.

Os que estamos do lado de cá, os jornalistas, carregamos nossas idiossincrasias. Sobressai, entre elas, certa tendência ao catastrofismo. O rabo abana o cachorro. O mote, frequentemente usado para justificar o alarmismo de certas matérias, denota, no fundo, a nossa incapacidade para informar em tempos de certa normalidade. Mas mesmo em épocas de crise (e estamos vivendo uma importante crise de segurança pública) é preciso não aumentar desnecessariamente a temperatura. O jornalismo de qualidade reclama um especial cuidado no uso dos adjetivos. Caso contrário, a crise real pode ser amplificada pelos megafones do sensacionalismo. À gravidade da situação, inegável e evidente, acrescenta-se uma dose de espetáculo. O resultado final é a potencialização da crise. Alguns setores da mídia têm feito, de fato, uma opção pelo negativismo. O problema não está no noticiário da violência, mas na miopia, na obsessão pelos aspectos sombrios da realidade. É cômodo e relativamente fácil provocar emoções. Informar com profundidade é outra conversa. Exige trabalho, competência e talento.

Leia o texto completo no Estado de São Paulo Online clicando aqui.
Via clipping FNDC.

sábado, 16 de abril de 2011

Escola estilo bunker e outras questões sobre violência, segurança e educação


"Escola de segurança máxima?

Para educador, a tragédia de Realengo pode reforçar estilo bunker que já entrincheira a sociedade

Um velho apresentador de TV costumava dizer que não tinha vindo para explicar, e sim para confundir. Na quinta-feira, ainda na quentura dos acontecimentos em Realengo, o professor Julio Groppa Aquino, da Faculdade de Educação da USP, ecoava metade daquele bordão. Ele não queria explicar o atirador que matou pelo menos 12 crianças em uma escola no subúrbio do Rio e depois se suicidou. Desconfiava que explicações viriam às pencas, inevitáveis, nauseantes. E nenhuma delas nos convenceria. Na sexta pela manhã, ao responder às perguntas do Aliás, ele mantinha a vontade de não explicar e, dando passagem à outra metade do bordão, adicionava ao tema grossas pitadas de confusão (e provocação), para daí extrair reflexões e nos fazer pensar além.

Psicólogo de formação, pesquisador da violência e da indisciplina no ambiente escolar e um dos críticos mais contundentes dos rumos educacionais do País, Aquino se debruçou sobre o que vem agora, depois da tragédia e do luto. Ele acha, por exemplo, que o estilo bunkerista das escolas, reproduzido das casas, dos condomínios e centros comerciais, será desgraçadamente reforçado. "Estaremos ensinando às crianças e jovens que só é possível conviver com seus concidadãos se houver um policial ao lado", lamenta. Na entrevista a seguir, Aquino também fala da sociedade que se nutre de violência e do papel dos professores na identificação de tendências violentas nos alunos: "Sala de aula não é consultório médico, e o alunado não é um corpo doente".

(...) Você falou em bunker. As escolas se parecem cada vez mais com eles, não é? Grades, portões, cadeados, vigias, câmeras... Depois do que aconteceu no Rio, como evitar que esse estilo bunker se acentue nos colégios? Será o fim do ideal de integrar as famílias na vida escolar dos filhos, tornar os pais mais participativos, etc.?

O estilo bunker apenas será reforçado, já que se trata de uma realidade muito bem instalada entre nós. Por exemplo, o bunkerismo escolar da classe média (e também das residências, dos centros comerciais, das instituições privadas como um todo) é contemporâneo à instalação generalizada das películas nos vidros dos automóveis. Trata-se de uma mostra de como a ideia de segurança já está completamente enraizada no imaginário social como um serviço indispensável - vital, para ser mais preciso - a uma parcela crescente da população. O problema é que quanto mais nos isolamos do contato com as outras parcelas da população (mais numerosas, por sinal) maiores são os riscos de confronto nesse encontro, a rigor, inevitável. Ora, as escolas públicas são exatamente esse ponto de contato entre diferentes parcelas da população. E isso nada tem a ver com a maior participação das famílias na vida escolar, no sentido de pacificar esse encontro. Família e escola, a meu ver e diferentemente dos clichês habituais empregados na discussão, são instâncias sociais paralelas e incidentais, e assim devem permanecer.

Abrir fogo contra inocentes dentro de uma escola tem algum significado especial? Por que na escola e não no supermercado, na academia de ginástica, na feira, no metrô?

Se for correta a hipótese da espetacularização da violência e também a da escola como figura institucional emblemática da contemporaneidade democrática, entende-se que as unidades escolares passem a ser alvos privilegiados de ataque, quando o que está em questão é o rompimento do pacto social. O curioso é que isso costuma acontecer nos ditos países desenvolvidos, e não em países periféricos. Já aconteceu na Finlândia, no Canadá, na China e, sobretudo, nos Estados Unidos. Seria um indício do ingresso do Brasil na rota do dito desenvolvimento socioeconômico?

(...) Cabe aos professores identificar tendências violentas nos alunos?

Imaginar que professores deveriam fazer diagnóstico psicológico/psiquiátrico é uma aberração. Sala de aula não é consultório médico, e o alunado não é um corpo doente, portador de anomalias. No entanto, os professores demandam diagnósticos desse tipo com regularidade, o que não impede que tenhamos a educação miserável que temos. Ou seja, a resposta propriamente pedagógica para isso é nula.

Que relação as crianças sobreviventes terão com a instituição escola depois de sofrer um trauma desse tamanho lá dentro?

Prospecções dessa natureza me parecem sempre inócuas e, por isso, fadadas ao fracasso. Mais ainda, no fito de antever efeitos, elas podem causá-los ou intensificá-los. Há, por exemplo, um sensacionalismo injustificável da mídia na cobertura do evento ao entrevistar os jovens envolvidos de uma maneira que beira a irresponsabilidade, convertendo todos, eles e nós, em reféns da espetacularização. O momento exige sobriedade e certo distanciamento, à moda dos antigos, de modo que seja possível decantar as informações, e não ser assediado por elas. Se quisermos honrar os mortos de fato, precisaremos mais do que alguns minutos de silêncio. Precisaremos nos aquietar. Outra questão: nem sempre as pessoas que sobrevivem a determinado acontecimento-limite desenvolvem esse ou aquele tipo de trauma e quetais. Não esqueçamos que as crianças são resistentes. Essas, em particular, tiveram de se defrontar com a crueza máxima da vida ainda quando jovens, mas sobreviverão. Já são fortes.

(...) Há explicação para o que aconteceu?

A meu ver, o melhor analista da questão da violência da/na escola não é um teórico, mas o cineasta Gus Van Sant, responsável pela obra mais impactante já realizada sobre o assunto: Elephant. Trata-se de uma retomada ficcional do massacre de Columbine, a partir do ponto de vista dos alunos envolvidos. Uma obra sem precedentes, indubitavelmente. O título do filme refere-se a uma parábola budista segundo a qual um grupo de cegos tenta descrever um elefante a partir das diferentes partes de seu corpo. Daí que ninguém logra ter uma visão do animal em sua totalidade, restando a cada um uma apreensão parcial, embora se imagine generalizante. Com isso, quero dizer que, a despeito de toda a tagarelice explicativa que virá à tona, as razões do que se passou em Realengo permanecerão incógnitas. Aos que creem no sobrenatural, cabe rezar pelos que se foram. Aos demais, resta-nos apenas um nó na garganta, um nó que não desata."

Christian Carvalho Cruz . Aliás/Estadão Online
09 abr 2011

Leia o texto completo clicando aqui.

Leia os textos "A indisciplina e a escola atual" clicando aqui e "A Educaçao segundo Julio Groppa Aquino" aqui.

domingo, 3 de abril de 2011

Criança e consumismo: algumas notas na internet sobre as ''socialitezinhas'' no Fashion Weekend Kids 2011


Fashion Kids reúne ''socialitezinhas''
03 de abril de 2011
Jornal Estado de São Paulo

Perguntas:

As meninas desfilaram?
Mas ela sabe do que se trata?
Como era na sua época?
Vocês acham que as meninas sabem discernir as grifes? Por quê?
Sua sobrinha gosta de grife?
Ela sabe dizer o nome?

... Elas guardam dinheiro.

Pra quê?
Compram muito na Disney?
Será que na escola existe uma "alta sociedade infantil"?
Os pais têm responsabilidade sobre os valores das crianças?
O que quer dizer SVU?

Leia entrevista completa, de Paulo Sampaio, com mães e tias de crianças presentes ao evento 2011, no jornal O Estado de São Paulo, clicando aqui, e tire suas próprias conclusões.

NOTAS NA INTERNET SOBRE O FASHION WEEK KIDS 2001

Sony promove Fashion Weekend Kids em SP


Marcas aproveitam o evento para divulgar produtos e se relacionar com consumidores



A Sony é a patrocinadora master do desfile de moda infantil Fashion Weekend Kids, realizado em São Paulo. Com a iniciativa, o nome do evento passa a se chamar “Sony Fashion Weekend Kids”. A edição deste ano tem como tema o alfabeto. Os cenários criados são assinados por Chris Ayrosa e trazem instalações aéreas com livros, luminárias de lápis, colunas de cubos giratórios com letras gigantes, painel de palavras cruzadas, paredes pintadas com palavras e mobiliários estampados com letras.


Glamurama/Notas
02/04/2011

Glamurama está adorando o Sony Fashion Weekend Kids, que contou com vários desfiles bacanas e muito glamuzinho cheio de charme! Ana Cury é quem organiza o evento, e ela anda superanimada. Como é sempre um vaivém de convidados, Ana recebeu um mimo bem bacana da Mini Cooper, da BMW, que deixou um carro à disposição dela ao longo dos seis dias de desfiles. Chique, não?

Leia outras postagens de Glamurama clicando aqui.

Fashion Weekend Kids 2010

Moda também é assunto de criança, pelo menos durante o Fashion Weekend Kids, evento que reuniu duas mil pessoas no shopping Iguatemi, em São Paulo, entre o sábado 14 e o domingo 15. Seis famosas marcas infantis desfilaram suas coleções outono/inverno e ainda reuniram artistas como Rodrigo Lombardi durante os dois dias de evento. Para distrair a meninada, pouco acostumada com a maratona de desfiles, foi montada uma estrutura especial, com direito a uma minifábrica de chocolates, salão de beleza, espaço para brincadeiras, além de oficinas onde as crianças fizeram bolos em forma de casinha.

Leia também "O apartheid  do consumo" na página "Consumismo e Infância" clicando aqui.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A internet também vai virar monopólio?


"Quando Alexander Graham-Bell inventou o telefone, na segunda metade do século 19, ele era pouco mais do que uma curiosidade. Nada que a poderosa Western Union, que controlava a comunicação telegráfica nos EUA, pudesse temer. E, no entanto, enquanto a velha tecnologia ruía em desuso, telefones espalharam-se por todo o país.

A AT&T, empresa fundada por Bell, teve um grande executivo: Theodore Vail. Empresas de telefonia com redes independentes surgiram pelos EUA, Vail comprou umas, sufocou outras. Convenceu governo e público de que suas intenções eram as melhores. De que prestava um serviço público e que esta obrigação era posta pela empresa acima do lucro. Ganhou o jogo.

Mas, bem no início, a telefonia era não apenas uma curiosidade como também uma tecnologia com ares de liberdade. Um cheiro de anarquia perante o monopólio odiado do telégrafo.

É um ciclo que se repente de novo e de novo. Uma tecnologia libertária surge promissora, desbanca uma indústria consolidada e conservadora, assume seu lugar. Transforma-se ela própria numa indústria consolidada que tenta sufocar quaisquer inovações.

A mesma AT&T tentou estancar o surgimento de fitas magnéticas para gravação de sons pois temia que pudesse concorrer em seu mercado.

(...) O rádio, por exemplo, teve um início amador. Estava nas mãos de gente fascinada com suas possibilidades na comunicação. Ninguém ganhava dinheiro. Quem montava uma pequena rádio em casa transmitia música e informes com o desejo único de ajudar e divertir. Blogueiros de seu tempo.

Evidentemente, tudo mudou com o tempo. Grandes cadeias dominaram o rádio e fizeram fortunas com a invenção da propaganda radiofônica.

Todas as tecnologias do tipo surgiram com um discurso de liberdade e terminaram monopólios. Por que com a internet seria diferente?"

Por Pedro Doria, no Link (Jornal O Estado de São Paulo)

Leia o texto acima completo no caderno Link do jornal O Estado de São Paulo , clicando aqui.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Entrevista: Ministro Paulo Bernardo fala sobre o modelo das telecomunicações


“O governo não vai investir bilhões em banda larga”

Por Ethevaldo Siqueira e Renato Andrade em 1/3/2011
Reproduzido do Estado de S.Paulo, 27/2/2011; intertítulos do OI

"O governo tem de cuidar do lado fiscal. Não nos cabe investir pesadamente em banda larga. Tinha gente até dentro do governo que achava que o governo deveria botar alguns bilhões e fazer a infraestrutura do Plano Nacional de Banda Larga. Não vamos fazer isso. Aliás, quero lembrar o seguinte: nós privatizamos o serviço. Então não dá para cobrar do governo que faça essa infraestrutura."

Com essas palavras, o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, em entrevista exclusiva ao Estado, esclarece de forma definitiva sua posição sobre o que poderia ser um retrocesso no modelo das telecomunicações. Ele espera que as concessionárias cumpram a sua parte na questão da banda larga: "Depois, então, vamos discutir quanto temos de colocar. Até porque o orçamento do Ministério das Comunicações foi cortado em 55%. Eu não vou ficar correndo atrás do Guido Mantega (ministro da Fazenda), nem da Míriam (Belchior, ministra do Planejamento) para arrumar dinheiro."

O ministro lembra que o problema das concessões de rádio e TV a políticos vem de longe. "Até 1988, durante a Constituinte, centenas de concessões de rádio e TV foram distribuídas àqueles parlamentares que votassem em favor de certas teses." Mas esse modelo precisa ser revisto, "de modo a torná-lo mais descentralizado e mais democrático". No caso de emissoras em nome de terceiros, ou seja, de laranjas, "a legislação atual já tipifica esse procedimento como crime". O ministro acha até que "o Ministério Público e a Polícia Federal deveriam estar cuidando disso".

Paulo Bernardo não aceita a tese da independência das agências reguladoras: "Que é isso? O que elas têm de ter é autonomia. Acho que a agência tem de ter autonomia para decidir as coisas no âmbito da regulação, de fiscalização, de como fazer e quando fazer uma licitação. Mas não para formular políticas públicas. Todos os ministros têm autonomia. Nem a Dilma nem o Lula ficam olhando o que eu faço aqui. Se eu fizer lambança, aí sim, eu vou ter que responder."

Leia o texto em Observatório da imprensa clicando aqui.