quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Imagine all the people...


Imagine

John Lennon

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky

Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too

Imagine all the people
Living life in peace

You may say, I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A Brotherhood of man

Imagine all the people
Sharing all the world

You may say, I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

Clique aqui ou na imagem para ampliar

Imagine

Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu

Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente

Imagine que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também

Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só

Imagine que não ha posses
Eu me pergunto se você pode
Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens

Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo

Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós

E o mundo viverá como um só

Reproduzido de Kladwan
23 out 2013

Arte por Pablo Stanley

Fisiculturismo infantil: sim, isso existe!


Fisiculturismo infantil

SIM, isso existe.

As meninas nas fotos têm 10 anos. Têm rotinas pesadas de treinos e dieta especial, que privilegiam as proteínas.

Crianças, evidentemente, não completaram o seu desenvolvimento cognitivo, corporal, psicossocial. A dieta delas deve conter TODOS os nutrientes em proporção equilibrada.

As meninas precisam de oferta de GORDURA (ui! Que medo: gordura…) na alimentação para vários processos fisiológicos de desenvolvimento , principalmente para a síntese de hormônios femininos. Garotas com níveis limítrofes de gordura corporal dificilmente irão menstruar (menarca) e terão comprometimento sexual, muscular, ósseo, articular, cognitivo, emocional e possivelmente sofrerão déficit de crescimento.

Pessoas jovens e ADULTOS são (ou ao menos esperamos que sejam…) os indivíduos capazes de fazer decisões para suas vidas. Até lá, precisamos ZELAR pelo desenvolvimento infantil.

Tudo isso por quê? Estética? Porque é “bonito”? Para competir? Ganhar troféus? Para colocar numa estante?

Para alimentar desejos ALHEIOS? Fantasias ALHEIAS? Demandas ALHEIAS? Dos pais? Do treinador?

Achei interessante que colocam a menina numa posição idêntica à da boneca Barbie.


Reproduzido de Não Sou Exposição

15 nov 2013



Crianças no ringue: estilo MMA


Marcus Tavares: Crianças no ringue

Estima-se que cerca de três milhões de meninos e meninas se enfrentam, inclusive aos gritos de incentivo dos pais

O Dia

Foi divulgado, nas últimas semanas, na imprensa internacional, que crianças — dos cinco aos oito anos de idade - vêm participando, nos EUA, de lutas livres ao estilo do MMA (Mixed Martial Arts).

Estima-se que sejam cerca de três milhões de meninos e meninas que se enfrentam semanalmente nos ringues, muitos, inclusive, sem nenhuma proteção e aos gritos de incentivo dos pais. O tema veio à tona depois que o fotógrafo Sebástian Montalvo percorreu alguns estados americanos e produziu um ensaio fotográfico. Triste de se ver (confira em http://cnnphotos.blogs.cnn.com/category/sebastian-montalvo ).

Qualquer pai, mãe ou responsável que vê as fotos, já divulgadas nas redes sociais, fica sensibilizado e contrário à prática. É óbvio que as cenas chocam pelo incentivo e exposição à violência em que as crianças estão sendo colocadas. Em sã consciência quem é que pode ser a favor? Não tem como.

Mas me pergunto se algumas famílias brasileiras que inscrevem seus filhos e netos em escolinhas de futebol – ou em qualquer outra modalidade esportiva que acaba promovendo campeonatos internos – estão tão distantes assim das cenas americanas. Acredito que não.

Vocês já presenciaram um final de campeonato infantil de futebol?

Não é raro ver pais incitando sentimentos de competição, rivalidade e rendimento, muito longe dos valores positivos da prática esportiva, como comprometimento, solidariedade e respeito. Tornando-se muitas vezes, ao que parece, tão (ir)responsáveis como os pais das crianças americanas, reproduzindo o mesmo modelo.

Diante de tremenda pressão, meninos e meninas têm de ser os melhores, têm de conquistar medalhas, têm que se destacar, subir aos pódios. A busca para atender aos anseios dos pais é proporcional ao estresse gerado no contexto diário das crianças. Perde-se com isso um espaço que poderia ser lúdico e enriquecedor para o crescimento de todos, adultos e crianças.

Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia

Reproduzido de O Dia/IG
16 nov 2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Imagens e Vozes de Esperança - IVE: fortalecer o papel da mídia como agente de benefício do mundo


Imagens e Vozes de Esperança

O Imagens e Vozes de Esperança – IVE – é um projeto internacional que inspira profissionais de mídia a ter uma visão mais apreciativa e equilibrada dos acontecimentos do mundo. Foi fundado em Nova York, em 1999, como uma iniciativa da Brahma Kumaris World Spiritual Organization, do Center for Advances in Appreciative Inquirye da Visions of a Better World Foundation. O IVE é promovido globalmente pelo Images & Voices of Hope e no Brasil pela Organização Brahma Kumaris.


Missão do IVE

Fortalecer o papel da mídia como agente de benefício do mundo ao expandir a consciência das escolhas que os profissionais da mídia fazem e elevar a confiança pública. Gerar conteúdo construtivo, amplificar a esperança humana, e assim aumentar a capacidade da humanidade para ações que promovam a vida.

Reproduzido de IVE

13 nov 2013

Classificação indicativa para games, aplicativos e jogos virtuais


Games e aplicativos

Por Marcus Tavares

O Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus), vai anunciar nesta semana, durante a programação do evento Brasil Game Show, em São Paulo, a criação do International Age Rating Coalition (IARC), entidade internacional que tem o objetivo de operar, por meio de um sistema digital on-line, uma classificação mundial de jogos e aplicativos digitais, contemplando as peculiaridades das legislações locais e favorecendo a dinâmica e agilidade do mercado. A ideia é facilitar o processo de obtenção de classificação indicativa dos produtos e orientar, com informações, pais e responsáveis. O IARC (Coalizão Internacional de Classificação Etária, em português) envolve a participação de 36 países. O Brasil agregou-se à ideia desde o princípio, passando pelo desenvolvimento do sistema, que contempla os critérios brasileiros, ao lançamento.

Por meio de um formulário online preenchido em poucos minutos e apenas uma única vez, o desenvolvedor obtém a classificação indicativa oficial, válida para todos os países participantes do projeto. No Brasil, a exigência da exibição da classificação indicativa nos jogos e aplicativos já existe de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente e com a Portaria do Ministério da Justiçanº 1.643/2012. Agora, será preciso se adaptar ao novo sistema.

As empresas que ainda não exibem deverão procurar o Ministério da Justiça para discutir, de acordo com suas capacidades técnicas, seu plano para regularizar a situação. As empresas e lojas virtuais – voltadas para o público brasileiro – que se recusarem a regularizar a situação – expondo os símbolos e informações da classificação indicativa brasileira nos jogos – serão denunciadas pelo Ministério da Justiça ao Ministério Público para as devidas providências. As empresas e lojas que já cumprem com a legislação deverão procurar o Ministério da Justiça para apresentar suas condições técnicas e discutir planos individuais de adequação à nova plataforma.

Classificação oficial

De acordo com o Dejus, o IARC terá cobertura em 36 países como sistema de classificação oficial, mas desenvolvedores de outros países também poderão usá-lo. Um desenvolvedor de qualquer país poderá acessar o sistema quando quiser lançar seu aplicativo em um dos 36 países, como Brasil e EUA. Assim, se o game for colocado à venda em loja virtual destinada ao público brasileiro, terá que trazer os símbolos e os descritores da classificação indicativa brasileira e, é claro, a partir dos critérios que estão no Guia Prático da Classificação Indicativa. 

O sistema IARC foi criado para ser implementado pelas distribuidoras de conteúdo digital (lojas de aplicativos, sistemas operacionais) e usado pelos desenvolvedores/empresas de jogos e aplicativos na hora em que forem lançar seus produtos.

Mais informação para os pais

O IARC foi criado para que o direito de pais e responsáveis em obter informação segura sobre os jogos/aplicativos a que seus filhos têm acesso seja preservado mesmo no novo cenário de distribuição digital e global de produtos. Os mecanismos anteriores de classificação, tinham como alvo poucos produtos vendidos em cartuchos, DVDs e congêneres – não eram ágeis ou abrangentes o bastante para lidar com o enorme volume de produtos digitais da realidade atual. Além disso, o ambiente digital torna possível a existência de lojas internacionais, sendo que o método tradicional se focava em produtos físicos locais. Assim, uma solução como o IARC não podia ser feita apenas por um país demandava uma parceria entre organismos de classificação de várias regiões. 

Como funcionará o sistema?

No momento de lançar um aplicativo, o desenvolvedor fará a classificação do seu produto, na plataforma do IARC, diretamente na primeira loja que escolher para comercializar seu jogo e ou aplicativo. Será gerada uma classificação para cada região participante do IARC. Tais classificações ficarão armazenadas no banco de dados do sistema. Ao registrar o aplicativo em outra loja, em qualquer lugar do mundo, a classificação já estará pronta no banco de dados e será simplesmente copiada, sem necessidade de se repetir o processo. Cada classificação é específica de sua região. Assim, as lojas no Brasil irão copiar e exibir apenas a classificação brasileira, nos moldes do Ministério da Justiça.

Reproduzido de Revistapontocom

22 out 2013

Autoclassificação de jogos e aplicativos do Ministério da Justiça

Classificação Internacional

Saiba aqui quais são as classificações internacionais de jogos e aplicativos consideradas válidas pelo Ministério da Justiça e de que forma elas permitem a autoclassificação nacional temporária, clicando aqui.

Baixe o Guia Prático de Classificação Indicativa (Practical Guide Content Rating), clicando aqui (em inglês) e ali em português.

Vale tudo para crianças? Uma reflexão sobre a espetacularização da violência desde a infância, por Laís Fontenelle


Vale tudo para crianças?

Uma reflexão sobre a espetacularização da violência desde a infância

Laís Fontenelle*

O MMA (Mixed Martial Arts) – Artes Marciais Mistas, na tradução para o português – tem ganhado cada vez mais novos adeptos da prática. Pasmem! Segundo últimas notícias em jornais internacionais e nas redes sociais crianças menores de 8 anos têm se enfrentado em ringues ou palcos octogonais pelo mundo, mais especificamente EUA e Armênia, com sangue nos olhos e golpes para lá de adultos- que demonstram uma espetacularização da violência desde a infância e pode ser visto no vídeo (abaixo). É fato que o boom do MMA, como um espetáculo midiático, que envolve diferentes artes marciais, faz sucesso há tempos em nosso país- seu criador – e mundo afora e que também não é de hoje que se observa uma adultização da infância quando vemos cada vez mais crianças ocupando papéis antes reservados ao universo adulto. Então vocês devem estar se perguntando o que tanto me chocou nas notícias que li.

Talvez o que mais tenha me chamado atenção, em tempos tão violentos – quando uma cultura de paz se faz urgente – foi ver que crianças, desde a mais tenra idade, têm sido treinadas ao ataque e encorajadas, por suas famílias, a ter um desempenho de galos de briga ao participar de um espetáculo que cultua e propaga a violência. E acho que não fui a única a questionar essa nova moda, pois o que andei lendo foram relatos bastante indignados de profissionais da saúde e educação e até o próprio presidente do UFC, Dana White, criticando a realização dessas lutas infantis. Para quem não está tão por dentro vale mencionar que UFC (Ultimate Fighting Championship) é hoje a maior organização de artes marciais mistas do mundo, que contém os maiores lutadores do esporte e produz mega eventos ao redor de todo o mundo.  Mas, muito mais do que um evento, podemos dizer hoje que o UFC é uma marca que vende; muito mais do que roupas, ídolos, acessórios de luta ou organiza eventos- ela vende valores como competição, derrota, luta, ataque, performance, ganhador X perdedor.

Vale destacar que não quero dizer aqui de forma alguma, até como esposa de um Karateca e filha de Judoca, que lutas de contato são maléficas para as crianças ou que a prática de artes marciais é inadequada na infância porque, sem dúvida, tanto essas lutas quanto as artes marciais podem ensinar valores bem importantes como: Autocontrole, Foco, Dedicação, Comprometimento, Defesa e principalmente Respeito. Porém, tudo tem seu tempo e sua indicação. No Karatê, por exemplo, que significa mãos vazias, o que se busca é mais autoconhecimento do que competição e crianças menores de oito anos não podem, em locais sérios, exercitar a prática. Há até um ditado dentro desta modalidade que diz que “o Karatê começa na faixa preta”, o que significa que apenas depois de muita experiência se é capaz de começar a compreender o verdadeiro significado de uma arte marcial. No Judô o oponente não é tido como um adversário que merece ser nocauteado e sim como alguém que merece respeito na sua prática. Os golpes podem até ser enxergados como um balé a dois. Existem muitas regras claras de proteção à integridade física do seu oponente. O tatame é tido, inclusive, como uma terra santa.

Já o que tem acontecido nesses ringues é algo totalmente diferente e que passa longe do respeito exercitado através de outras lutas. O que se vê é uma espetacularização da violência onde crianças pequenas são convidadas a se digladiar enquanto adultos voyeurs gozam divertindo-se e tomando cerveja. Tudo isso à custa de comprometimentos físicos nos ligamentos, ossos e pescoços das crianças sem contar com os danos emocionais e as marcas subjetivas que podem ser acarretadas por essa prática abusiva . Não se pode nunca esquecer que nossas crianças são seres em desenvolvimento psíquico, físico e emocional e que aprendem através de modelos adultos. Precisamos então parar e pensar no que estamos permitindo que seja feito com as crianças e seus corpos expostos. O das meninas, cada vez mais erotizados e despidos, e dos meninos expostos nessas lutas espetaculosas. Tanto as artes marciais quanto as lutas de contato envolvem conceitos sérios que a criança ainda não tem formados dentro de si. Essa prática esportiva, extremamente competitiva aos meus olhos, quando praticada na infância não traz  nada além da expressão de uma agressividade gratuita. Porque acredito que as crianças que ali entram para lutar não tem ainda a capacidade de entendimento total do que esse espetáculo envolve. Assim como, tenho certeza que, as meninas que desfilam em passarelas de mini miss também não têm a dimensão do que é essa experiência – e talvez seja até por isso que o Estado Francês discutiu com a devida seriedade esses concursos também.

Esse cenário não pode se armar e se tornar realidade. Nossas crianças precisam exercitar valores mais cooperativos do que competitivos e de ataque. Vivemos um momento especial no mundo em que diferentes manifestações de violência têm acontecido e sido cada vez mais recorrentes e ainda nos perguntamos o que tem acontecido. Nossas crianças têm sido convidadas ao combate e a luta, desde pequenos, quando o que mais se precisa hoje talvez seja de cooperação, solidariedade e troca afetiva- valores que não se aprende nesse tipo de embate.

E nem adianta vir com explicações, como a de um treinador desses pequenos lutadores, que disse que ele promove somente diversão e exercícios físicos entre esses meninos.  O que se promove são nada mais do que cenas brutais de aviltamento da infância. As crianças precisam de mais respeito e do entendimento de que coragem significa agir com o coração e isso começa em nós adultos. Temos o dever de questionar ou, pelo menos, estranhar espetáculos como esse. Crianças precisam brincar como exercício de comportamentos adultos. Elas não precisam de ringues ou palcos para construção de conceitos como feminilidade, masculinidade, coragem e bravura.  Para nossas crianças não vale tudo. Deixo aqui minha indignação.

13 nov 2013


* Laís Fontenelle é Psicóloga, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio com dissertação intitulada “Moda Clubber e Raver: uma tendência na cena contemporânea”. Atualmente coordena a área de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

Atuou na área de Educação Infantil durante nove anos no eixo Rio de Janeiro e São Paulo. Também realizou atendimento terapêutico em crianças com problemas de aprendizagem e assinou a coluna Consumindo Ideias da Folhinha do Jornal Folha de São Paulo em 2009. Especialista no tema Criança, Consumo e Mídia é hoje uma ativista pelos direitos das crianças viajando o país sensibilizando corações e mentes para o problema do consumismo na infância.


Conheça a dissertação de mestrado (2003) de Laís Fontenelle clicando aqui.



Comentário de Filosomídia:


Muito bem, Lais Fontenelle. Tanto a "lutar" pelos direitos das crianças à infância...
Se a gente não fica atento a esse tipo de agressão aos seus direitos daqui a pouco - sob os olhos, bocas e ouvidos dos poderes públicos constituídos - esse tipo de "show" vai pra grade de programação infantil domingueira das redes de TV hegemônicas mirando o nicho de mercado de consumo. É assim que essas empresas agem, sem compromisso nenhum com a ética e os direitos humanos... Lamentável...


Leo Nogueira Paqonawta

Linguagens e Culturas Infantis: lançamento do livro de Adriana Friedmann em 30/11/13 na cidade de São Paulo


Lançamento do livro em 30 de novembro de 2013 (sábado) às 15h30 h na Livraria da Vila Fradique, Rua Fradique Coutinho 915, Vila Madalena, São Paulo/SP. Informações: +55(11) 3814-5811

Linguagens e Culturas Infantis
Adriana Friedmann

Este livro traz luz sobre manifestações multiculturais de crianças e grupos infantis de diferentes idades, contextos socioeconômicos e culturais. A partir de imagens, episódios lúdicos, produções plásticas, dizeres, relatos e imaginações, o livro também aponta a diversidade das expressões das crianças. Trata-se de uma incursão reflexiva e sensível pelos seus universos, possibilita pela concepção de que as diferentes manifestações infantis podem romper estruturas rígidas e alçar voos.

Adriana Friedmann é Doutora em Antropologia pela PUC SP - Mestre em Metodologia do Ensino pela Faculdade de Educação da UNICAMP (1990) - Graduada em PEDAGOGIA pela Faculdade de Educação da USP (1983).

Coordenadora Geral do Programa de Pós Graduação do Instituto Singularidades. Criadora e docente do Curso de Pós Graduação "Crianças de zero a três anos: formação de profissionais para as Infâncias no Brasil" no Instituto Singularidades. Criadora e docente do curso de Pós Graduação em Educação Lúdica no Instituto Superior de Educação Vera Cruz.

Coordenadora do NEPSID - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento. Co-fundadora e membro do Conselho Consultivo da ALIANÇA PELA INFÂNCIA, do Projeto Primeira Infância no estado do Amazonas, da Rede Nacional Primeira Infância, da rede Criança e Consumo e da GIve-On.

Palestrante e consultora em inúmeras instituições nas áreas de: infância, brincar, educação infantil, linguagens simbólicas, expressão e auto-desenvolvimento de educadores, cultura de paz. Autora de vários livros e artigos nestas áreas.

Adriana Friedmann

Cortez Editora
Autor: Adriana Friedmann
ISBN: 9788524921346
Número de páginas: 184
Formato: 16.00 X 23.00

Peso: 287 gramas

Reproduzido de Cortez Editora
12 nov 2013

Adriana Friedmann: o brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança


"O brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança"

“As crianças estão sendo educadas por um outro mundo
que foge aos muros da escola”
Adriana Friedmann

Adriana Friedmann ensina: o brincar é fundamental ao ser humano, e não apenas à criança. Cofundadora da Aliança pela Infância no Brasil, é educadora e pesquisadora do brincar, tendo publicado diversos livros sobre o tema.

Neste trecho de entrevista ao Projeto Criança e Consumo, Adriana afirma que a criança contemporânea, ao contrário do que muitos acreditam, brinca sim e está cada vez mais criativa. Para ela, o que falta é um diálogo mais efetivo dos adultos com o mundo lúdico infantil. “Há três décadas temos falado em um tom de saudosismo. Está na hora de a gente entender mesmo do que as crianças estão brincando”, diz.

(...) Nesse sentido, há uma falta de diálogo do adulto com a criança?

O que precisamos fazer é mergulhar no mundo delas. As crianças entram em um universo de fantasia que não é mais aquela fantasia que vivenciamos na nossa infância, mas que também tem coisas interessantes e positivas. As crianças têm regras próprias, valores próprios, por isso, além de ensinar, nós também temos que aprender com elas. Estamos em um momento do trabalho com a infância em que precisamos ouvir as crianças a partir de suas linguagens.

Quando o brincar começou a fazer parte da educação formal?

Há registros arqueológicos que indicam que o brincar existe desde que o homem é homem e, antigamente, os adultos brincavam e se misturavam com as crianças.

Hoje, o brincar entra na escola como um instrumento de ensino e se pedagogizou. O prazer de brincar ainda fica restrito para a hora do recreio. E o que vem acontecendo? As gerações dos últimos 20 anos são de crianças que não ficam quietas, não prestam atenção. O brincar como instrumento de ensino pode virar uma obrigação e, paralelamente a isso, o tempo de recreio vem diminuindo a cada ano. As crianças estão ficando mais reprimidas e com menos tempo para se descobrirem.

Você é uma pessoa otimista em relação à situação atual da infância?

Sou otimista sim. Na década de 1980, quando começamos a falar da importância do brincar, não havia interlocução. Hoje, nós temos muitos formadores, temos o brincar nas leis, o brincar na escola, o brincar como direito, os fabricantes de brinquedos com a consciência de que o que eles estão fabricando é especial, que deve existir um cuidado com o material, com a segurança. Sinto que ao mesmo tempo em que a situação está tão caótica, há um contraponto de um grupo muito grande em favor do brincar. Há um potencial que está perpassando todas as instâncias para humanizar a era da tecnologia.

Conheça o livreto completo "Criança e Consumo - Entrevistas - A importância do brincar"  contendo as entrevistas com vários autores clicando aqui, ou baixando/descarregando aqui.

Adriana Friedmann

Conheça outras entrevista com Adriana Friedmann, por Larissa Linder, em Revista Guia Fundamental clicandoaqui.

Trecho:

Como o professor pode lidar com as brincadeiras na escola?

O professor recebe uma formação “pedagógica” e é, em geral, cobrado para seguir um currículo que fica limitado a conhecimentos que passam mais pelo acúmulo de informações em todas as áreas, deixando de lado o corpo e outras formas de expressão não verbais. Nesse sentido, ele vê o brincar como um tempo determinado de ócio (não trabalho), ou que só pode acontecer nos espaços do recreio ou do tempo livre. Ele muitas vezes desconhece o potencial educacional das brincadeiras e, por isso mesmo, nem imagina a possibilidade de trazê-las para o seu cotidiano para dar oportunidade para as crianças crescerem, desenvolverem-se e aprenderem por meio delas. O professor precisa vivenciar as brincadeiras para, na sequência, refletir a respeito dos seus potenciais e, assim, conscientizar-se da importância de devolvê-las à vida das crianças e ao seu próprio trabalho.

Outra entrevista no Mapa do Brincar da Folha.

Trecho:

O que a mediação do adulto, mais comum hoje, faz com a brincadeira?

A maioria dos adultos censura a brincadeira. Eles querem formatar, orientar ou conduzir a criança e têm dificuldade de aceitar que as brincadeiras de agora são diferentes daquelas do seu tempo. Mas também há os que entram na brincadeira. O meio-termo é aprender e, ao mesmo tempo, mostrar coisas novas. Às vezes, elas gostam; outras vezes, acham tudo ridículo. Mas, certamente, acabam fazendo releituras. 

sábado, 2 de novembro de 2013

Precisamos de uma Educação transformadora


Precisamos de uma Educação transformadora

Leo Nogueira Paqonawta

Nos últimos 50 anos o mundo e a sociedade como um todo se modificaram profundamente e, as pessoas que viveram esse tempo se modificaram mais ou menos, de acordo com suas próprias decisões em relação com o que acontece ao seu redor. Nas escolas isso não foi diferente.

Pessoas que nasceram e viveram em um regime autoritário como na ditadura militar no Brasil, onde se devia obediência cega e irrestrita às normas e valores convencionados como os ideais para se viver em sociedade, ainda manifestam em suas ações e se comportam em seus pensamentos e sentimentos com resquícios daquele tempo em que os dirigentes censuravam tudo aquilo que fosse contrário às suas regras. Simplesmente se calava a voz do outro, se discriminava e se fazia de tudo para “sumir com as pessoas do mapa” no mundo de equilíbrio entre quem mandava e quem obedecia.

Hoje há uma maior conscientização dos jovens a respeito de sua existência nesse mundo em transformação, quando as decisões ou imposições que antes eram tomadas sem levar em consideração seus sonhos e aspirações, de maneira autoritária, não são mais aceitas de maneira passiva, nem cegamente obedecidas. As crianças, muito mais, que sempre questionaram com seus “porquês” aquilo que não entendem ou não faz sentido para elas, são atualmente um claro sinal de que realmente muita coisa se modificou ao longo desse tempo todo.

Com a luta e os esforços de muitos a sociedade vai se modificando das relações autoritárias para as relações democráticas e participativas. As decisões não podem mais partir de apenas uma pessoa, ou grupo, impondo seus pontos de vistas sem levar em consideração todos os sujeitos envolvidos em alguma questão de interesse geral. Nas escolas isso também acontece.

É a Comunidade Escolar com todos aqueles que a formam quem deve se responsabilizar e se comprometer pelo destino, rumos e finalidades da Escola.  Os alunos, familiares, pais e responsáveis, Professores, funcionários, coordenadores pedagógicos (diretores, administradores, orientadores e supervisores educacionais) é que são os sujeitos que fazem essa Escola. São os que devem se unir em torno de um “projeto” comum, amplamente discutido, debatido, refletido a partir de suas próprias realidades, vivências e experiências e construir os “porquês” de a Escola seguir em direção ao bom cumprimento de suas finalidades enquanto instituição de ensino. Essas discussões formam um documento que chamamos de “Projeto Político-Pedagógico” da Escola. É um documento que vai orientar os passos da Escola e de toda a sua comunidade, os passos de todos em comum na realização de todos os processos que se unem em favor de uma Escola democrática, participativa, com a colaboração de todos. Nem sempre nas escolas foi assim.

Podemos perceber que no mundo inteiro há pessoas, grupos organizados na luta pela defesa dos direitos humanos (a quem chamamos de sociedade civil) e outros bons representantes e setores da sociedade (poderes executivo, legislativo e judiciário) insatisfeitos com os desrespeitos às conquistas que garantiriam a todos uma melhor qualidade de vida e condições plenas de humanização para viver. Acontecem ao redor do planeta manifestações gigantescas que estão sendo observadas entre todos os povos, em todos os países, e crianças, jovens, adultos e idosos já não aceitam situações que lhes foram impostas arbitrariamente por algumas poucas pessoas, ou grupos interessados em controlar o mundo e tudo e todos que nele habitam.

Quando as mídias, os jornais, a televisão e a Internet não distorcem os fatos, constatamos essas manifestações como pura expressão de um descontentamento com o que está posto ou se impõem às pessoas.

Como é que é estar insatisfeito com os rumos e as decisões que acontecem nas escolas? Como é que os sujeitos que compõem a comunidade escolar se manifestam a favor ou contra do que acontece nas escolas? Essas insatisfações acontecem E, são ouvidas, acolhidas, e os sujeitos da comunidade escolar que manifestam suas reivindicações são respeitados em seus direitos de falar e participar dos rumos e destinos da escola?

As insatisfações das crianças e jovens acontecem? E as dos pais e responsáveis? E os professores e funcionários? Como, quando, onde, por quê? Quais são essas insatisfações?

O momento especial da discussão, debate e reflexão em torno da eleição para o cargo de diretor das escolas é uma oportunidade imperdível para tomarmos posições sobre o que temos e o que queremos para as escolas. É nesse momento que também expressamos nossa confiança - ou desconfiança - sobre o projeto de gestão que vai sendo construído para a discussão com a comunidade escolar.

Esses projetos são de continuísmo e conformação com o que está posto, ou é um projeto que tenha concepção na participação democrática e efetiva de todos os participantes da comunidade escolar? Esses projetos são de “direção” da escola ou de “gestão democrática” da escola?

O mundo, a sociedade, as pessoas, as crianças, os jovens, os adultos e idosos que querem o Bem Viver estão se transformando profundamente, porque as relações precisam ser mais democráticas e mais humanizadas nesse planeta em que vivemos. Nessa realidade global tudo está relacionado, todos estamos interligados uns aos outros.

Ou estamos conectados como “coisas”, como peças descartáveis dentro de um sistema desumanizador, ou estamos interligados como “sujeitos” de direitos e deveres, no compromisso de resgatar nossa humanidade que nos foi retirada sutil ou escancaradamente por uns poucos que dirigem nossas vidas.

É preciso modificar uma dinâmica que foi imposta às pessoas por anos e séculos, para que estas se formatassem como “peças descartáveis” do sistema que privilegia poucos e oprime a muitos. Essa “roda” do continuísmo irresponsável e impunemente arrastando, atropelando, moendo e triturando consciências, sonhos, aspirações, as pessoas, os grupos e o mundo já não funciona mais como funcionou antigamente. Um antigamente que ainda se faz forte, quase irresistível, presente em muitas pessoas, grupos, projetos e propostas de direção das escolas.

É preciso modificar nossas atitudes, modificarmos nossas consciências, é preciso reconhecer nossa dignidade de sujeitos com direitos iguais, é preciso que nos transformemos em seres humanos para recriarmos um mundo melhor para todos, onde todos sigamos juntos nessa caminhada e evolução, nos co-movendo por um projeto de vida emancipador, democrático, participativo, responsável.


É preciso que essa transformação se realize nas escolas.