"Quando Alexander Graham-Bell inventou o telefone, na segunda metade do século 19, ele era pouco mais do que uma curiosidade. Nada que a poderosa Western Union, que controlava a comunicação telegráfica nos EUA, pudesse temer. E, no entanto, enquanto a velha tecnologia ruía em desuso, telefones espalharam-se por todo o país.
A AT&T, empresa fundada por Bell, teve um grande executivo: Theodore Vail. Empresas de telefonia com redes independentes surgiram pelos EUA, Vail comprou umas, sufocou outras. Convenceu governo e público de que suas intenções eram as melhores. De que prestava um serviço público e que esta obrigação era posta pela empresa acima do lucro. Ganhou o jogo.
Mas, bem no início, a telefonia era não apenas uma curiosidade como também uma tecnologia com ares de liberdade. Um cheiro de anarquia perante o monopólio odiado do telégrafo.
É um ciclo que se repente de novo e de novo. Uma tecnologia libertária surge promissora, desbanca uma indústria consolidada e conservadora, assume seu lugar. Transforma-se ela própria numa indústria consolidada que tenta sufocar quaisquer inovações.
A mesma AT&T tentou estancar o surgimento de fitas magnéticas para gravação de sons pois temia que pudesse concorrer em seu mercado.
(...) O rádio, por exemplo, teve um início amador. Estava nas mãos de gente fascinada com suas possibilidades na comunicação. Ninguém ganhava dinheiro. Quem montava uma pequena rádio em casa transmitia música e informes com o desejo único de ajudar e divertir. Blogueiros de seu tempo.
Evidentemente, tudo mudou com o tempo. Grandes cadeias dominaram o rádio e fizeram fortunas com a invenção da propaganda radiofônica.
Todas as tecnologias do tipo surgiram com um discurso de liberdade e terminaram monopólios. Por que com a internet seria diferente?"
Por Pedro Doria, no Link (Jornal O Estado de São Paulo)
Leia o texto acima completo no caderno Link do jornal O Estado de São Paulo , clicando aqui.
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