É tudo culpa do Sr. Cabeça de Batata?
Consumismo e Infância . Instituto Alana
Um artigo recente da BBC News Magazine mostra o primeiro anúncio dirigido a crianças, um comercial para tevê do boneco Sr. Cabeça de Batata, exibido nos Estados Unidos em 1962. O anúncio foi considerado uma grande sacada da indústria publicitária, que, até aquele momento, anunciava os produtos – brinquedos inclusive – para os pais, e não para os filhos.
Com isso, descobriu-se um novo “nicho” de mercado, mais vulnerável aos apelos publicitários e que os identifica como entretenimento. Para o autor da matéria, Jon Kelly, o Sr. Cabeça de Batata abriu o caminho para o chamado nag factor, ou “fator amolação”, estratégia publicitária para induzir os filhos a pedir de modo insistente aos pais para que comprem os mais diversos produtos.
O artigo debate o quanto a responsabilidade na luta contra o nag factor é dos pais ou do Estado, que deveria regular a publicidade dirigida a crianças, e cita uma pesquisa realizada pela Mother’s Union, em 2010. Segundo o estudo, 75% dos pais concordaram que os legisladores são responsáveis pelo conteúdo anunciado aos seus filhos, ao mesmo tempo que 61% acreditam que é responsabilidade também dos pais regular o acesso das crianças a esse conteúdo.
A luta, no entanto, está cada vez mais desigual. Além de as crianças serem expostas a uma quantidade alarmante de publicidades na televisão, as marcas invadem também os jogos e os personagens preferidos dos pequenos estampam desde roupas até cadernos e embalagens de alimentos. Isso sem falar nos anúncios disfarçados nas redes sociais e nos jogos dirigidos ao público infantil na internet. Sozinhos, os pais não conseguem ganhar.
Reproduzido de Consumismo e Infância . Instituto Alana
16 maio 2012
Leia também:
"Regulação da publicidade dirigida a crianças, um desejo para 2012", Por Gabriela Vuolo (Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana) e comentários de Filosomídia sobre texto de Fernanda Rovari, clicando aqui.
"Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque", livro de Fernanda T. Roveri lançado em 2012. Leia a entrevista da autora em Revistapontocom (17/03/2012) clicando aqui.
"Brinquedos antigos populares dos anos 50", em The People History, clicando aqui.
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"Brinquedos antigos populares dos anos 50", em The People History, clicando aqui.
Comentários de Filosomídia:
Segundo Fernanda T. Roveri (2007, p. 2), é com a boneca Barbie, criada em 1959, que pela primeira vez na história da televisão americana, e mundial, uma empresa faz publicidade direcionada diretamente à criança:
“A criança foi descoberta como consumidora em potencial após a Segunda Guerra Mundial, época em que a Mattel consagrava-se como pioneira no uso de técnicas de marketing e comerciais voltados ao público infantil. Se antes a venda de brinquedos era direcionada aos pais, com o lançamento da Barbie, os comerciais capturavam a menina para que ela mesma tivesse os argumentos necessários para convencer os adultos a comprarem a boneca. Um desses argumentos era o de que Barbie, com toda sua elegância, ajudava meninas travessas a se comportarem como pequenas damas. Assim, as propagandas iniciais da boneca sempre foram testadas antes com um grupo de meninas e, se o comercial não lhes chamasse a atenção, não era veiculado na rede televisiva.”
Pelo comercial abaixo percebemos, então, que já no final dos anos 50 podemos creditar à Barbie o lugar de primeira propaganda dirigida às crianças em grande escala. Informação semelhante em "Barbie's First Commercial" (12/06/2011), por William Sellers clicando aqui.
ROVERI, Fernanda Theodoro. A boneca Barbie e a educação das meninas: um mundo de disfarces. In Anais da 30ª. Reunião Anual da ANPED. Acesso em 30 set 2009, disponível aqui.
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