segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Globo quer popularizar telejornais: o que muda para o telespectador?


Globo quer popularizar telejornais: o que muda para o telespectador?

Emanuelle Najjar

Há muito tempo o brasileiro está acostumado com um padrão bastante específico de telejornal: o quadradão, super sério, formal e com ares de imparcialidade. Ou seja, o padrão Globo, importado diretamente do jeitão americano de ser. O padrão dura muito tempo, imerso em uma quase eternidade, mas parece que algo pode mudar.

Aparentemente algo novo tem acontecido. A Globo parece mais interessada em fisgar o público da classe C e D, e esse interesse não é gratuito: esse público ainda tem a televisão como opção válida e maciça de diversão e informação. Com isso, a emissora vem tentando popularizar os seus programas e evitar que o telespectador mude de canal. Não naquilo que diz respeito à teledramaturgia – embora este setor passe por processo semelhante – mas sim aos seus outros programas. Principalmente seus telejornais.

A notícia veio da Folha Online:

Globo deixa jornais mais populares e libera âncoras para comentar

A partir de setembro o telespectador assistirá a uma significativa mudança no telejornalismo da Globo, hoje líder de audiência em praticamente todos os horários na TV aberta. Baseada em pesquisas, a Globo vai promover, ao mesmo tempo, uma dança das cadeiras entre apresentadores e uma mudança editorial, em busca de um conteúdo menos sofisticado e mais popular.

Além de mudanças na pauta jornalística, a emissora deve liberar alguns âncoras para fazer comentários. Chico Pinheiro, que substituirá Renato Machado no "Bom Dia Brasil"; César Tralli, que ocupará o lugar de Chico no "SPTV 1ª Edição"; e Evaristo Costa, no "Hoje", poderão comentar livremente o noticiário, sempre que acharem conveniente.

[…]

Historicamente, na Globo, com exceção do esporte, os comentaristas sempre estiveram confinados ao último jornal da grade, o "Jornal da Globo". Agora o "Bom Dia Brasil" já conta com um comentarista policial (Rodrigo Pimentel). Trata-se de expediente que outras TVs, como Record e SBT, já usam há décadas.

Aparentemente, a pesquisa feita pela Globo apontou que os telespectadores aprovam os comentários de âncoras, mas sentem mais facilidade em entender um assunto quando ele é tratado por um especialista ou convidado --especialmente nos casos de segurança publica e política. (continue lendo)


Claro, não estamos falando aqui em um Jornal Nacional, mas será que em breve dá para esperar um Willian Bonner esboçando mais que um singelo exercício de levantamento de sobrancelha? Ok, um pensamento bastante peculiar, mas já é engraçado por si só. Na prática, também não dá para esperar em nenhum dos jornalísticos da casa algo no estilo Rachel Sheherazade, atualmente com tendência a opinar sobre a batatinha-quando-nasce. Nada de excessos, mesmo porque a ideia é ir aos poucos.

Os telejornais que ganharam essa pequena liberdade não são exatamente aqueles de horário nobre global. Não são os mais importantes da casa, porém apresentam audiência considerável para levar a ideia adiante. O público que assiste os telejornais durante o dia não exigem o padrão inflexível como sinal de credibilidade, portanto dá para arriscar. Aliás, Evaristo Costa e Sandra Annenberg, âncoras do Jornal Hoje já estão acostumados a tal expediente, então para eles pode ser que a tarefa não seja tão difícil.

Se agora há a previsão de tal liberdade, tanto melhor para quem gosta de mídia. Já para os telespectadores o negócio pode ser outro afinal é preciso bastante cautela para agradar a um público que as vezes se comporta de forma tão paranoica. Porém, esta não é a questão mais importante. Outras parecem ser mais interessantes quando a intenção é entender a dinâmica da mídia especialmente por se tratar da emissora líder:

Esta é uma tendência que será realmente levada a sério? Quais serão os limites dessa determinação? Quanto tempo a magia vai durar?

Até o momento, sem respostas. O negócio é esperar para ver. Algum palpite?

Reproduzido de Limão em Limonada
04 jul 2011

Leia também "Dieta informacional: a Rede Globo "está investindo em telejornais mais soltos e informais", clicando aqui.

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