Quando a Classificação Indicativa vai
chegar aos programas locais?
Antenado
Já faz pelo
menos três anos que acompanho mais de perto emissoras locais em todo o Brasil.
O NaTelinha faz um monitoramento e dá espaço para os canais falarem. O site
cobre o país todo.
Muito deste
trabalho, eu toco pessoalmente, com orientação do meu editor-chefe. Ou seja, o
que vou falar aqui é com conhecimento de causa de quem já tem uma experiência
boa:
Por que os
programas locais não são classificados pela Classificação Indicativa feita pelo
Ministério da Justiça?
Em tese, estas
atrações são como outras qualquer, mas é exibida apenas para uma localidade. E
por que defendo esta ideia? Simples: tem programa que abusa, passa do ponto,
apela, ofende e faz sensacionalismo barato.
Esta semana, o
apresentador da versão de Sergipe do "Balanço Geral", Claudio Luís - em uma matéria de enorme repercussão feita pelo NaTelinha,
com 10 mil compartilhamentos no Facebook -, exibiu duas meninas se beijando
como se fosse um crime, e ainda por cima foi desrespeitoso com duas das maiores
atrizes da história da dramaturgia brasileira, Fernanda Montenegro e Nathália
Timberg, chamando-as de "duas velhas sem vergonha" só porque estão
interpretando duas senhoras que se amam e tem um relacionamento sólido na
novela "Babilônia".
O
sensacionalismo exacerbado, o exagero nas palavras e a polêmica pela polêmica,
em 2015, não deveriam ter mais espaço na televisão.
O problema é
que em programas locais, isso é mais comum do que se imagina. Logicamente, a
coisa já foi muito pior. Os canais têm trocado atrações mundo-cão por noticiários
mais elaborados, e até os programas policiais tem pegado mais leve. Só que a
coisa ainda está muito mais grave do que se imagina. Tem atração que apela,
passa do ponto, só falta mostrar cadáver em decomposição, só porque sabe que
não deve ser pego.
Me desculpem
estes programas, mas tem canal local que precisa parar de achar que televisão
regional é bagunça. E isso só vai acontecer se a Classificação Indicativa para
os locais acontecer. Mas pelo visto, nada deve ser feito tão cedo, já que
Claudio Luís se vangloriou da repercussão de suas palavras.
Do que importa
o ódio propagado, não é mesmo? O que vale é o Ibope subindo.
Gabriel Vaquer
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há
vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os
sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com
ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer
Reproduzido de NaTelinha
28 mar 2015
Conheça também:
A pesquisa “Desafios Regionais da Classificação Indicativa: Redes, fusos e o respeito à vinculação horária”, realizada pelo Instituto de Tecnologia & Sociedade, do Rio de Janeiro – ITS-RIO,clicando aqui.
"Desafios e perspectivas da Classificação Indicativa" (DEJUS 2014),clicando aqui.
Conheça também:
A pesquisa “Desafios Regionais da Classificação Indicativa: Redes, fusos e o respeito à vinculação horária”, realizada pelo Instituto de Tecnologia & Sociedade, do Rio de Janeiro – ITS-RIO,clicando aqui.
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