Proibido para menores de 13 anos, Facebook é cheio de crianças; saiba como protegê-las
Ana Carolina Prado, do UOL, em São Paulo, clicando aqui.
Na teoria, só pode fazer um perfil no Facebook quem tenha 13 anos ou mais. Apesar de estar nos termos de uso do site, essa não era a vontade de Mark Zuckerberg, seu criador e diretor-executivo: ele já declarou acreditar que a rede social traria benefícios para a educação das crianças e que, por isso, gostaria de permitir que os mais jovens também pudessem usá-la. Na prática, não é difícil encontrar usuários mirins que estão mais alinhados com a vontade de Zuckerberg do que com a política do site.
Se esses jovens estão na maior rede social do mundo, seus pais não podem ignorar o fato. Erika Kobayashi, coordenadora da Childhood Brasil, braço nacional de uma organização mundial pela proteção da criança, afirma que o diálogo é a forma mais eficiente de proteger os filhos pequenos nesse ambiente. Isso envolve conscientizar as crianças sobre os perigos, conhecer bem sua vida e mostrar-se aberto para a conversa.
“A internet é uma grande praça pública onde circulam bilhões de pessoas. Você deixaria seu filho andar sozinho na Praça da Sé? Tampouco deve deixá-lo sozinho na internet”, compara Erika.
Apesar de não haver estatísticas oficiais sobre os jovens brasileiros na internet, você certamente já se deparou com o perfil de diversos deles – alimentados, regularmente, por fotos e comentários que muitas vezes revelam mais do que deveriam sobre sua localização, por exemplo.
O filho da professora universitária Yara Frateschi tem oito anos e criou um perfil no Facebook aos sete. “Ele quis fazer porque os amigos tinham. Disse que seria legal ter para conversar com eles e ver fotos”, explica ela, que não usa a rede social. “Eu acho uma grande besteira, um meio de comunicação inútil.”
Mas a coisa gerou briga em casa: Valentim, o menino, criou o perfil antes de comunicar à mãe e, para poder fazer isso, alterou a data do seu nascimento. “Ele mentiu a idade e eu já não gostei começando daí”, conta ela. Os dois discutiram e, no fim, Yara abriu o Facebook com o filho para analisar o que havia em seu perfil. Ela então confiou no diálogo para alertá-lo sobre os perigos da rede.
“Farmville”, um jogo de tirar o sono
Guilherme, hoje com 10 anos, também insistiu para entrar no Facebook quando tinha oito. O que o motivou foi o jogo “Farmville”. “Ele viu uma vizinha jogando e quis saber o que era. Ela explicou, ele achou legal e quis jogar também”, conta a mãe, Mônica Santos.
Ela concordou em deixá-lo fazer um perfil, mas foi seu marido quem preencheu as informações para garantir que Guilherme não iria se expor demais. Ela também sempre procura conversar com o filho e aconselhá-lo a não publicar informações pessoais que lhe permitissem ser localizado, não postar fotos da família e não aceitar a amizade de estranhos. “Falei com ele sobre pedofilia, contei que algumas pessoas mentem a idade”, conta ela, que também acha importante conhecer bem a rede social e dar um bom exemplo.
O jogo da fazenda virou um vício e colher as plantações a tempo tirou o sono de Guilherme. Ou melhor, da mãe dele. Literalmente. “Ele programava o meu celular para me despertar de madrugada com um recado pedindo para eu colher as coisas na sua fazenda, senão elas iriam estragar. Ele estava me deixando louca com esse jogo. Imagina que eu iria levantar e ligar o computador para colher frutas de mentira?”, ri Mônica.
Empolgação passageira
Muitas vezes, o Facebook é uma questão de empolgação e passa rápido. Foi o que aconteceu com Valentim e Guilherme. Inicialmente empolgados, eles foram parando de usar a rede social aos poucos e hoje entram raramente.
“Fico mais tranquila com isso, e sempre procuro oferecer alternativas. Quando ele manifesta vontade de ligar o computador, chamo para jogar bola, comprar figurinha ou tomar sorvete. Funciona”, conta Yara.
Guilherme chegou a jogar “Farmville” por até quatro horas diariamente, mas hoje estuda à tarde e não tem mais tempo para ficar na internet. Mas as mães continuam atentas.
Yara procura sempre entrar no Facebook com o filho para ver o que está acontecendo por lá e Mônica fica de olho no perfil não só de Guilherme, mas também das pessoas com quem ele inicia uma amizade.
O diálogo é a melhor proteção
Erika, da Childhood Brasil, explica que um erro comum nesses casos é criar uma cultura do pânico: “As crianças dessa geração já nascem em um mundo em que a tecnologia é mediadora de relações, então não é possível evitá-la. A questão é como iremos orientá-los”, afirma. E completa: “A internet é um espaço de busca e troca de conhecimentos que permite o acesso a informações muito importantes para as crianças”. Para ela, a saída é mesmo o diálogo.
“Redes sociais não são questão de ter ferramenta de segurança instalada no computador. É necessário orientação dos pais e monitoramento pessoal. É ter o comportamento de pai aplicado àquele ambiente virtual, dizendo aos filhos para não falar com estranhos e coisas do tipo”, explica.
E o cuidado todo não deve se limitar ao uso de desktops: hoje, as crianças podem se conectar à internet por meio de videogames e celulares. Tudo isso deve ser fiscalizado. No celular, por exemplo, é importante se certificar de que o serviço de geolocalização esteja desativado em aplicativos com conexão à internet, evitando assim que informem onde a criança está caso postem algo em uma rede social.
Também é importante não postar fotos às quais estranhos tenham acesso, já que existe o risco de serem usadas por redes de pornografia infantil. “E essas fotos nem precisam ser reveladoras: essas pessoas podem fazer montagens usando o rosto das crianças”, completa Erika.
As configurações de privacidade do Facebook funcionam de maneira diferente para menores de idade. Entenda as diferenças clicando aqui.
Reproduzido de UOL Tecnologia
09 mar 2012
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