Publicidade infantil
Por Marcus Tavares
Mais lenha na fogueira. A expressão parece bem apropriada para a campanha que a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) acabou de lançar na web e nas redes sociais: somos todos responsáveis. A campanha quer convidar todos os segmentos da sociedade para discutir como a publicidade interage com as crianças. Quais são os cuidados que devem ser adotados por pais e mães, quais são os benefícios e quais são as consequências?
No site oficial da campanha, os idealizadores propõem um espaço de debate longe de visões “bastante radicais” que, segundo eles, ocorrem ainda aqui no Brasil. Porém, em nenhum momento, eles nomeiam os grupos que possuem tais visões “bastante radicais”, cuja solução para a questão da publicidade infantil está na proibição.
Mas quem acompanha a discussão no Brasil sabe que um dos grupos que vem discutindo, com fundamentos jurídicos e seriedade, os limites da publicidade infantil é o Instituto Alana, de São Paulo. A instituição vem lutando por uma melhor regulação da publicidade infantil no país, trabalho que leva em conta os direitos de crianças e adolescentes, respaldados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que vem promovendo uma discussão até então inexistente e velada nos próprios meios de comunicação.
Saiba mais sobre o trabalho do Instituto Alana, clicando aqui.
De acordo com a Abap, o objetivo da campanha é ‘contribuir com informações objetivas e argumentos legítimos para promover uma discussão equilibrada’. “Se a ideia é proteger as crianças da mídia não adianta mais desligar a televisão, abaixar o volume do rádio e ficar longe das bancas de jornais”, diz Dalton Pastore, presidente do Conselho Superior da Abap. “A questão é mais complexa e merece uma discussão mais profunda, baseada em educação e não em proibição”, complementa.
O site da campanha vem publicando depoimentos em vídeo de pais, mães e especialistas com o objetivo de proporcionar um’ ‘debate aberto e amplo’. Porém, todos os depoimentos têm uma mesma visão: são a favor da publicidade para crianças e adolescentes, uma publicidade, sim, de qualidade.
Não questiono a opinião dos entrevistados que a campanha reuniu. Acho que o tema é bastante sério e deve, cada vez mais, ser discutido pela sociedade como um todo, por quem produz, quem financia, quem exibe, quem lucra e, é claro, por quem consome ou permite o consumo por parte das crianças.
Porém, questiono é que só há depoimentos a favor da publicidade o que vai de encontro aos objetivos da campanha de promover uma discussão equilibrada. Ela só está favorecendo um dos lados.
A revistapontocom reproduz, abaixo, alguns dos vídeos/depoimentos já postados pela camanha para que você, leitor, reflita sobre o tema e, inclusive, sobre a intencionalidade da campanha.
Participe também.
Reproduzido de Revista Pontocom
Destaques, 3/3/2012
Leia também:
"Consumismo infantil: um problema de todos", na página do Instituto Alana clicando aqui.
Aprenda mais na página do Projeto Criança e Consumo/Instituto Alana, clicando aqui.
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