terça-feira, 29 de março de 2011

A África nos meios de comunicação social


"A África nos meios de comunicação

(...) Para os africanos, as palavras não são neutras. Elas fazem o que dizem. O contínuo chamar a África como uma terra de enfermidades, pobreza, corrupção e miséria, equivale a uma opressão perpétua. Chegou a hora de cantar para a África um canto novo, de rechaçar aquelas vozes que só podem falar das calamidades da África, inclusive quando querem falar bem da África. Não se pode prescrever um completo tratamento de uma enfermidade sem atacar suas causas. Para deter o diário massacre da África nos meios de comunicação, é absolutamente necessário identificar os responsáveis e as razões que os levam a isso. Por trás da falsa propaganda se sente que há um grande medo de que, se disser a verdade sobre isso, a África poderia levar a uma radical revisão de posições, pressupostos e crenças sobre a África, e em alguns casos poderia querer exigir compensação para a África. Mas a falta de verdade não beneficia a ninguém, nem aos que mentem nem àqueles a quem se mente. Pertencemos juntos à família humana. O que afeta um indivíduo ou uma nação afeta a inteira família humana. Se uma pessoa for super-rica e outra vive na extrema pobreza, o desequilíbrio afeta todos, pois ninguém resulta ser autenticamente humano.

A imagem da África nos meios de comunicação social (MCS) chama o mundo a um auto-exame. Se a África for um «continente escuro» quem está nessa escuridão precisa revisar seu esquema de cores, vendo que a África é a terra de flores, fauna e flora de extraordinárias cores, uma terra de gente morena, sorridente e feliz. Se a África for o continente esquecido, o peso desta lembrança recai sobre aqueles que a esquecem, de forma que eles também possam crescer em conhecimento libertador. Se a imagem é distorcida nos MCS, tais meios precisam mudar seus métodos, por seu próprio bem e integridade.

A África oferece ao resto do mundo sua vibrante existência, sua humanidade, seu perdão, sua compaixão, seu sentido de hospitalidade e seus muitos outros valores evangélicos inatos. A verdade liberta e proporciona nova energia para viver. A existência da África é um convite à comunidade mundial para reconsiderar sua atitude, fazer um repasse de sua memória, empreender uma purificação, reavivar seu sentido de verdade e justiça em favor de sua própria auto-libertação, em primeiro lugar. Que o mundo seja sincero e verdadeiro a respeito do conhecimento da África. Que lembre os incalculáveis lucros que extraiu e continua extraindo da África, o berço da humanidade, da ciência e da religião organizada, desde tempos imemoriais. Que fique claro então que o mundo não ganha nada ignorando este continente, raiz de sua própria origem, massacrando-o diariamente nos MCS e alimentando as pessoas com uma informação distorcida.

A verdade nos faz livres. Também faz alguém sentir-se bem por dentro e transmitir energia positiva. A pessoa racista, como a sexista, é sua própria vítima (vítima do racismo ou do sexismo respectivamente). Se o mundo estiver verdadeiramente interessado em conhecer e em dizer a verdade sobre a África e sua relação com ela (econômica, política e moralmente), comporá uma nova canção para o continente. As canções revelam algo de seus compositores. Que os meios componham novas canções para a África como um sinal de sua renovada consciência e desejo de crescer com a África para uma nova Humanidade. O mundo mesmo se beneficiará disso, pela verdade que libera. A África possui esta verdade, para que o mundo faça ressonar sua poesia – não sua elegia  nos MCS mundiais. Quando isto acontecer, o mundo deixará de utilizar o estereótipo de que na África tudo é mau. Então, o velho adágio «Pode algo de bom vir da África?» deixará lugar a um novo: «O que há de bom para a Humanidade, que não venha da África?».

Teresa OKURE, SHCJ
Lagos, Nigeria

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