sábado, 25 de fevereiro de 2012

Classificação indicativa de faz de conta...


Classificação indicativa para poucos

Isabella Henriques*
14/02/2012

Cenas de nu frontal masculino. Consumo de drogas injetáveis. Tortura com mutilação. Não foi muito para você? Então pense em algo mais forte, mais pesado. Que tal mais sexo, mais drogas, mais violência? Que tal estupro de crianças e adolescentes, violência familiar e humilhação de minorias? Então, pense em tudo isso junto ao mesmo tempo passando às três da tarde de uma quarta-feira na TV aberta. Ou em uma manhã de domingo.

Sexo, drogas e violência liberados na TV aberta em todos os níveis, a qualquer hora, em qualquer dia da semana, pois bem, é o que a TV aberta brasileira poderá mostrar para nossas crianças se prevalecer o voto do ministro Toffoli no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) nº 2.404, proposta pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Isso porque nesse julgamento está em discussão a constitucionalidade da expressão “em horário diverso do autorizado” constante do artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069/90, que delineia as sanções cabíveis para o caso de descumprimento da chamada “vinculação horária” determinada pelo artigo 220, §3º, I e II da Constituição Federal.

De acordo com o mencionado voto, que, diga-se de passagem, já foi acompanhado pelos ministros Ayres Britto, Cármen Lúcia e Luiz Fux, a regulação por parte do Poder Público acerca dessa questão consubstanciaria censura, ou seja, cerceamento à liberdade de expressão do pensamento. Mas como explicar isso a um pai ou a uma mãe típicos da sociedade brasileira que não têm acesso a outras formas de diversão ou meios culturais e permitem que seus filhos assistam à TV – aberta, claro, porque não fazem parte da minoria da população com acesso à TV por assinatura – nas tardes após o retorno da escola, enquanto estão trabalhando fora de casa para prover seus lares com o mínimo necessário? É uma pergunta e tanto. Não saberia como fazê-lo. Liberdade de expressão de quem? Talvez fosse essa a primeira pergunta que esse pai ou mãe fariam se conseguissem expressar sua quase certa indignação.

Bem-estar infanto-juvenil

Para o ministro, a resposta parece simples: a indicação da adequação do programa que o deve anteceder bastaria para que os pais, exercendo seu poder familiar, permitissem – ou não – que seus filhos assistissem ao conteúdo da programação. Ainda que durante as “sessões da tarde”, enquanto a imensa maioria dos adultos está trabalhando fora de casa e sem condições de atentar para a indicação da faixa etária da programação – a qual, ademais, não é informada durante os comerciais da programação, nem tampouco nos jornais e páginas da internet onde se encontra a programação diária televisiva...

Parece que sob a escusa de se manter intacta a garantia constitucional da liberdade de expressão, o campo da radiodifusão brasileira acabaria por se tornar terra de ninguém, onde nem a Constituição Federal chegaria, nem mesmo em um exame quanto à proporcionalidade de uma restrição em relação à necessidade de proteção de uma parcela da sociedade sabidamente vulnerável, como são crianças e adolescentes.

Aliás, para o voto do ministro relator, a vida dos filhos, sua educação, formação e valores só interessam exclusivamente a seus pais, na medida em que qualquer medida vinda do Poder Público poderia redundar em um paternalismo estatal. Então, fico pensando na obrigatoriedade do uso de cadeirinhas nos automóveis para o transporte de crianças e também na violência doméstica. Será mesmo que não interessa ao Estado garantir o disposto no artigo 227 da Constituição Federal, que, aliás, transfere essa responsabilidade pelo bem-estar infanto-juvenil também ao Estado, de forma compartilhada com os pais e com a sociedade? Parece claro que interessa, sim.

Uma classificação de faz de conta

Permitir que crianças e adolescentes tenham contato com conteúdo audiovisual impróprio à sua faixa etária é, certamente, uma violência. Violência tamanha que já foi comprovada em inúmeros estudos realizados em todo o mundo e que embasaram não só a política da Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, mas diversas outras políticas em países onde a liberdade de expressão e a democracia são presentes – e de fato –, há muito mais tempo do que no Brasil.

Liberdade não deve ser confundida com libertinagem. Nem mesmo a garantia constitucional da liberdade de expressão é absoluta. Não existe garantia constitucional absoluta. E na discussão do presente caso, há um flagrante confronto com a também constitucional garantia do desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Urge que o Poder Judiciário retome com serenidade o caminho da Justiça e não jogue no ralo um dos pouquíssimos avanços havidos recentemente no campo da comunicação brasileira.

A Classificação Indicativa é uma conquista de toda a sociedade brasileira. Pais, mães, filhos, filhas, avôs, avós, netos e netas. É o interesse dessa sociedade que merece ser observado e respeitado nesse julgamento. Sob pena de se ter uma classificação indicativa de faz de conta, que em última análise poderia, vá lá, servir tão somente para os poucos pais e mães que não trabalham fora ou contam com a ajuda de babás para cuidarem de seus filhos 24h e, assim, acompanharem em tempo real tudo o que os pequenos consomem em termos de programação televisiva.

* É advogada, São Paulo, SP

Reproduzido de Clipping FNDC

Leia também da mesma autora, "A problemárica da televisão na vida das crianças brasileiras", na página do Instituto Alana, clicando aqui

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mafalda e a televisão


Mafalda: El televisor






Veja também:

"Psicanálise e Educação: uma transmissão possível", na Revista da APPOA, clicando aqui.

"Apenas dor, sem angústia", por Jurandir de Freire Costa", clicando aqui.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Infância na programação da TV brasileira: “A TV perdeu a vergonha”


“A TV perdeu a vergonha”

Por Marcus Tavares

Daniel Azulay é um nome conhecido por muitas gerações. Desenhista, músico e arte-educador brasileiro, ele foi o criador da Turma do Lambe-Lambe, que invadiu a programação infantil brasileira entre as décadas de 70 e 90. O programa misturava desenho, histórias e um quadro bem popular, o mãos mágicas, que ensinava as crianças a criar.

Longe da TV, Daniel vem realizando exposições de arte contemporânea no Brasil e no exterior, incluindo projetos sociais de arte-educação. Acaba, inclusive, de lançar o livro de arte ‘A porta’. Por sua vez, a Turma do Lambe-Lambe, que ganhou versão animada, pode ser vista no Canal Futura e na TV Ra-Ti-Bum.

A revistapontocom conversou com o desennhista sobre o atual momento da programação infantil na TV aberta brasileira. Para ele, “a TV hoje em dia perdeu a vergonha, todo mundo sabe que virou um balcão de negócios onde o dinheiro pode tirar um telejornal do ar no horário nobre e transmitir, em rede nacional, um programa religioso para dizimistas”.

Acompanhe:

revistapontocom – Como você avalia a história da programação brasileira voltada para as crianças?

Daniel Azulay – Do ponto de vista de conteúdo educativo, nos programas antigos existia sempre a preocupação educativa e por que não dizer, ética e moral de contribuir de forma construtiva com a formação das crianças. Era muito comum em produtos ou programas infantis incluir o rótulo “Educa-diverte-instrui”. Havia também a dramatização com adaptação para a TV de autores de literatura infantil como o Teatrinho Trol e apresentadores como Gladys e seus bichinhos, Capitão AZA, National KID, Circo do Carequinha e Capitão Furacão.

revistapontocom – E hoje, há espaço de qualidade para a infância na programação da TV brasileira?

Daniel Azulay – Espaço sempre há se houver boa vontade e respeito pela criança que assiste à televisão.  Enquanto as emissoras olharem a criança apenas como produto, como alvo de merchandising e objeto de consumo, estamos crescendo como o rabo do cavalo, para baixo no nível da mediocridade que está aí.

revistapontocom – Por que, nos dias de hoje, programação infantil na TV aberta se resume a desenhos animados e em sua grande maioria estrangeiros?

Daniel Azulay - É facil entender: porque é mais barato quando não é de graça, e ainda gera lucros. As emissoras de TV adoram chamar programa de criança como “Sessão Desenho”. Os desenhos animados de praticamente todas os canais não custa um centavo para as emissoras. Há uma enorme disputa e oferta mundial para distribuir esses desenhos. Tudo para veicular os personagens de licensing e merchandising que geram fortunas em dinheiro para os distribuidores e emissoras que repartem percentuais das vendas milionárias de lancheiras, mochilas, cadernos, livros, brinquedos etc. As crianças, pobres coitadas, imploram aos pais que comprem tudo o que elas assistem na TV. Haja salário familiar e compensação afetiva para cobrir todas essas compras de produtos que escoam nas prateleiras na chamada “venda emocional”. Os americanos incluem o rótulo que atesta “a fama” do produto “As seen on TV”.

revistapontocom – Eis o motivo pelo qual a Turma do Lambe Lambe não tem espaço hoje na TV aberta? Ela está no Futura e na TV Ra ti bum, certo? Foram feitas 104 tiras animadas da Turma Lambe Lambe, não foi?

Daniel Azulay – Na minha opinião, para voltar à telinha em rede nacional é mais fácil eu fundar uma igreja, bolar um programa de Baile Funk e comprar horário na TV ou inventar um Carnê do Baú, como o Silvio Santos fez para comprar sua emissora de televisão. Aí como dono de uma emissora, eu poderia continuar a apresentar meu programa para crianças como sempre gostei de fazer. A TV hoje em dia perdeu a vergonha, todo mundo sabe que virou um balcão de negócios onde o dinheiro pode tirar um telejornal do ar no horário nobre e transmitir, em rede nacional, um programa religioso para dizimistas. A televisão aberta, como um todo, está tão abandonada que até o governo se esqueceu de que tem obrigação de fiscalizar a programação das emissoras. Não sou pessimista, sou realista. Infelizmente a mediocridade está tão disseminada nas cabeças que dirigem  nossas emissoras que a única coisa que sabem administrar é a cultura do “quanto-eu-levo-nisso” ou do maior lucro que posso gerar a curto prazo. Afinal de contas a TV é de graça, o telespectador não paga para ver a TV aberta. É triste ver que a programação de um modo geral reflete a linha de montagem de fórmulas desgastadas, os mesmos formatos, os mesmos protagonistas, nivelando por baixo a criação artística. Só para lembrar, não é de hoje que adultos, jovens e crianças não têm espaço para mostrar e divulgar seu talento na televisão. Mas nem tudo está perdido. De tão supérflua, a TV aberta caminha para a obsolescência, pois não compete com a TV do primeiro mundo, a TV a cabo altamente avançada em conteúdo, inovação e informação. Meu trabalho de TV hoje se resume a reprises no canal Futura e na TV Rá-Tim-Bum.

revistapontocom – E a sua opinião sobre desenho animado, os quadrinhos? Como você analisa o atual mercado brasileiro voltado para a infância? Há espaço para novos autores? Novas propostas?

Daniel Azulay – É um mercado em franca expansão. Carlos Saldanha e o sucessos da Era do Gelo e Rio, lavaram a alma não só de todos nós brasileiros como tb um orgulho da nossa capacidade técnica e artística para o mundo.

Reproduzido de Revistapontocom
07 fev 2012

E uma onda chega e o Macaco diz...


Mensajes Del Agua
Macaco

Y que le voy a hacer si yo, amo lo diminuto
Y que le voy a hacer si yo, no quiero que el oceano sea tan profundo
Y que le voy a hacer si yo, de pequeño encontre la fuerza de mi mundo
Y que le voy a hacer si yo, si yo pienso que ellos y nosotros sumamos uno
Que le voy a hacer
Y es que gota sobre gota somos ola que hacen mares
Gotas diferentes pero gotas todas iguales
Y una ola viene y dice

Somos una marea de gente todo diferente remando al mismo compas
Y es que somos una marea de gente todo es diferente remando al mismo compas

Y una ola viene y te dice
Parece que te sigue
Y el mundo repite

Y que le voy a hacer si yo, naci en el mediterraneo
Y que le voy a hacer si yo, perdi las gotas de tú llanto
De tus gotas me inunde transparencias en mi sed soñe torrenciales de amor y fe
Como lluvia de primavera borrando grietas y igualando mareas
Y es que gota sobre gota somos ola que hace mares
Gotas diferentes pero gotas todas iguales
Y una ola viene y dice

Somos una marea de gente todo diferente remando al mismo compas
Y es que somos una marea de gente todo es diferente remando al mismo compas

Y una ola viene y te dice
Parece que te sigue
Y el mundo repite

Para Monica con cariño....

Y una ola viene y te dice
Parece que te sigue
Y el mundo repite

Mensgens Da Água
Macaco

E o que posso fazer se eu, amo a pequena
E o que posso fazer se eu, não quero que o mar é tão profundo
E o que posso fazer se eu, encontrei a pequena força do meu mundo
E o que posso fazer se eu, se eu penso que eles e nós somos um
O que posso fazer?
E isso é que nós deixamos cair gota sobre as ondas do mar que fazem
gotas diferentes, mas todas as gotas são iguais
E uma onda vem e diz

Somos uma maré de pessoas todos diferentes remando o mesmo compasso
E nós somos uma maré de pessoas, todos diferentes remando o mesmo compasso

E uma onda chega e diz:
Parece que você segue
E o mundo se repete

E o que posso fazer se eu nasci no Mediterrâneo
E o que posso fazer se eu perdi você está chorando gotas
Larguem-me seus slides na minha sede chuvas inundando sonhava de amor e fé
Como a chuva da primavera apagar rachaduras e igualando marés
E isso é que nós deixamos cair gota sobre as ondas do mar que fazem
gotas diferentes, mas todas as gotas são iguais
E uma onda vem e diz

Somos uma maré de pessoas todos diferentes remando o mesmo compasso
E nós somos uma maré de pessoas, todos diferentes remando o mesmo compasso

E uma onda chega e diz:
Parece que você segue
E o mundo se repete

Para Monica com carinho....

E uma onda chega e diz:
Parece que você segue
E o mundo se repete





Via Camaron/Córdoba/Argentina



Macaco: Mensajes Del Agua



A partir de un concepto de producción inédito, Macaco no sólo se reafirma en sus principios éticos y estéticos sino que los eleva a su máxima potencia. El rocksteady se hace rumba, las mandolas se afinan en clave hip hop y el puerto se scratechea en un espléndido CANCIONERO de amor y evolución. Macaco, además, está acompañado de artistas de distintos países con un más que posible dream team de la música popular: Youssou N’Dour y Oumou Sangaré, Ximena Sariñana, Michael Franti & Spearhead, entre otros.

Moving – Macaco
Tengo – Macaco
Mama Tierra (Feat. Natalia Lafourcade)
Monkey Man (Feat. Michael Franti)
One Step (feat. Youssou N´Dour & Oumou Sangare)
Mundo Roto (Feat. Ximena Sariñana)
Mensajes Del Agua (Feat. andrea Echeverri)
Sideral (Feat. Fidel Nadal)
Puerto Presente – Macaco
Amor Marinero – Macaco
Seguiremos – Macaco
Somos Luz (feat. Lamari De Chambao)

Escucha también: 

Mama Tierra - Macaco

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Rede Globo partidariza notícia e descumpre princípios editoriais


Globo partidariza notícia e descumpre princípios editoriais

Rogério Tomaz Jr.
Portal Vermelho
02/02/2012

Em agosto de 2011 as Organizações Globo lançaram, com grande estardalhaço, um documento intitulado “Princípios Editoriais”, contendo as “normas e condutas que os veículos do grupo devem seguir para que seja cumprido o compromisso de oferecer jornalismo de qualidade”, conforme noticiou o G1, portal do grupo.

Caricatura do que representa a TV Globo.

Quem conhece minimamente o histórico dos meios de comunicação da família Marinho – no conjunto da população brasileira, é um contingente ínfimo de pessoas – sabe que os tais “princípios” não passam de alegoria, balela, conversa pra boi dormir, (mais uma) tentativa de iludir ou enganar incautos sobre a verdeira natureza do grupo Globo: uma instituição política disfarçada de empresa de informação e entretenimento.

Indo ao que interessa, na edição do Jornal Nacional – principal produto jornalístico da Globo, que é assistido todas as noites por dezenas de milhões de pessoas em todo o Brasil – de terça-feira (31/1), foi exibida uma reportagem sobre a visita da presidente Dilma a Cuba.

A abordagem da emissora, que considera Cuba uma ditadura onde a liberdade é sufocada e o povo vive oprimido, não espanta e nem sequer incomoda muito, embora a parcialidade se transforme muitas vezes em desonestidade.

“O diabo está nos detalhes”, diz um célebre ditado inglês.

No encerramento da matéria, o apresentador William Bonner leu nota que seria uma manifestação da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Federal. Para isso o JN recorreu ao 2º vice-presidente do órgão.

“Sobre as declarações de Dilma, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Arnaldo Jordí, do PPS do Pará, lamentou que o governo brasileiro tenha deixado a garantia dos direitos individuais fora da pauta de discussões em Cuba. O deputado disse ainda que a comunidade internacional não aceita mais a privação de direitos como a liberdade de expressão e de organização política”. (William Bonner, JN, 31/01/2012)

Curioso a emissora ter recorrido a terceira pessoa na hierarquia da CDH – a presidenta é a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e o 1º vice-presidente é o deputado Domingos Dutra (PT-MA) – apenas para garantir a manifestação de um deputado que faz oposição ao governo federal, embora apresentado como porta-voz de uma instituição especializada nas questões de direitos humanos.

Questionei a deputada Manuela D’Ávila pelo Twitter e ela confirmou que não foi procurada pela reportagem, como eu suspeitara.

E falei por telefone com o deputado Dutra, que também não foi contatado pela Globo.

O fato grave, gravíssimo, é que a emissora, ao ignorar a hierarquia institucional da Comissão de Direitos Humanos, apenas para emprestar à sua reportagem um ar de isenção e legitimidade que o órgão reconhecidamente possui, desrespeitou o órgão e, assim, assinou o atestado de partidarização da pauta, o que fere os seus princípios editoriais (leia abaixo).

Pior ainda, pregou uma peça em toda a audiência do telejornal, que saiu com a impressão de ter ouvido uma declaração da Comissão de Direitos Humanos criticando o governo.

Essa é a ética da Rede Globo. Esse é o respeito pelos princípios editoriais que os herdeiros de Roberto Marinho assinaram, em nome dos seus filhos e netos.

Da Manuela D’ávila e de Domingos Dutra, a Globo jamais arrancaria uma crítica à postura do governo de não abraçar a pauta da oposição, que só fala de direitos humanos em países inimigos dos EUA: Cuba, Irã, Venezuela, entre outros.

Jamais você vai ouvir alguém do PSDB ou do DEM (ou algum veículo da Globo) falar – talvez algum político do PPS fale – sobre as violações de direitos humanos no Iraque, no Afeganistão, na Arábia Saudita ou mesmo nos EUA, que tem extensa folha corrida de desrespeito aos direitos básicos da sua própria população.


Para a Rede Globo, prisões em massa na ocupação de Wall Street não são violações de direitos humanos (Foto: Centro de Mídia Independente/EUA)

Daí a forjar uma manifestação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é uma prática típica dos assassinos que dizem, com as mãos ensanguentadas diante da vítima: “a culpa é do punhal”.

Seria muito importante, a bem da verdade, que a Comissão se pronunciasse a respeito dessa fraude político-jornalística.

Lamentável. Mas não surpreendente.

Mais uma vez, a Rede Globo mostra – ainda que sutilmente – a sua verdadeira natureza: uma organização política.

Leia alguns trechos dos Princípios Editoriais da Globo que rejeitam a partidarização do trabalho noticioso.

“(…)

Um jornal de um partido político, por exemplo, não deixa de ser um jornal, mas não pratica jornalismo, não como aqui definido: noticia os fatos, analisa-os, opina, mas sempre por um prisma, sempre com um viés, o viés do partido. E sempre com um propósito: o de conquistar seguidores. Faz propaganda. Algo bem diverso de um jornal generalista de informação: este noticia os fatos, analisa-os, opina, mas com a intenção consciente de não ter um viés, de tentar traduzir a realidade, no limite das possibilidades, livre de prismas. Produz conhecimento. As Organizações Globo terão sempre e apenas veículos cujo propósito seja conhecer, produzir conhecimento, informar.

(…)
h) É imperativo que não haja filtros na composição das redações.
i) As Organizações Globo são apartidárias, e os seus veículos devem se esforçar para assim ser percebidos;

As Organizações Globo serão sempre independentes, apartidárias, laicas e praticarão um jornalismo que busque a isenção, a correção e a agilidade (…).”


Via Clipping FNDC