Juventude, tecnologia e inovação
No contexto do Fórum Mundial de Educação, movimento que discute a cidadania e o direito universal à educação, diversos profissionais da área de diferentes países estiveram reunidos para participar do II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, evento que aconteceu entre dias 28/5 a 1/6/2012, em Florianópolis.
Na diversidade da programação com inscrições gratuitas, o debate Juventude, tecnologias e inovação contou com a participação de Juana M. Sancho Gil (Espanha), Professora de Tecnologia Educacional no Departamento de Didática e Organização Educativa da Universidade de Barcelona, Alberto Croce (Argentina),Educador popular e professor, fundador e presidente da Fundação SES – Sustentabilidade, Educação, Solidariedade (Argentina), FernandoAntonio Albuquerque Costa (Portugal), professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, atua na área de currículo, didática e formação de professores com ênfase no uso das TIC, e a minha mediação.
A mesa Juventude, Tecnologia e Inovação começou com a minha participação para contextualizar o tema em questão no cenário mundial. Pontuei aspectos dos cenários da cultura digital, os jovens e os usos das mídias e tecnologias em contextos formais e informais, as diversas formas de participação, sociabilidade e as novas formas aprendizagens que a neurociência discute. Para situar os desafios da educação na perspectiva da cidadania, pontuei algumas questões das multiliteracies e da formação com algumas questões aos debatedores.
“Analógico dentro, digital fora?”. Com essa pergunta Juana Sancho esclareceu o uso da metáfora para enfatizar que nenhum aluno ou professor é analógico ou digital e nem todos os espaços são analógicos ou digitais, e que devemos cuidar com certas etiquetas que usamos. Ao abordar as distancias entre aluno e escola, destacou a importância de perguntar com que noção de conhecimento trabalhamos e que noção de aprendizagem temos. Nesse sentido, muitas universidades estão trabalhando com teorias desatualizadas sobre o que é aprender, e que precisamos pensar nos novos alfabetismos que acontecem dentro e fora da escola. Destacou também a necessidade de entendermos que as tecnologias não são só instrumentos, são também simbólicas, organizativas e tecnologias de poder.
Em “Como aprender usando as novas tecnologias”, Alberto Croce começou fazendo uma saudação a todos os povos presentes no fórum, e fez uma saudação a “pacha mama”, mãe terra, representada por um belo arranjo de flores que enfeitava o lugar, jogando água sobre elas com minha ajuda para simbolizar a vida e presença do masculino e feminino. Com sua filosofia do bem viver, destacou o valor fundamental da educação para formar “pessoas boas” e como as TIC, entendidas em sua transversalidade, podem contribuir nos processos ensino-aprendizagem e para motivar e empoderar os jovens. Destacou os usos que os jovens fazem do Google, Wikipédia, Youtube, Facebook e jogos on line e a necessidade de pensar a educação popular nesse contexto da tecnologia.
Por sua vez, ao tratar das "Questões sobre ensino-aprendizagem com TIC no século XXI", Fernando A. Costa iniciou sua fala sobre os usos da tecnologia citando S. Papert sobre e a pressão que tanto os jovens como as indústrias de tecnologias digitais estão fazendo na escola, e que equipá-las é a parte mais fácil, mas que as TIC não vão resolver os problemas da educação. Diante da incapacidade da escola nesse cenário, a palavra chave deve ser inquietação, e as perguntas giram em torno das competências que alunos, professores e escola devem ter. A esse respeito, enfatizou que os modelos de formação têm sido inadequados, que a inserção das TIC no currículo deveria ser na perspectiva transversal e que necessitamos novas formas de avaliar os usos das tecnologias digitais, pensando-as como estratégia de desenvolvimento social.
Evidentemente que essa síntese deixou de fora muitos outros aspectos, mas vale destacar o grande número de questões suscitadas no debate por participantes dos mais diversos lugares (Maranhão, Goias, MG, RJ, SC,): a relação absolutamente inseparável da didática e as TIC, a questão do plágio e a pergunta sobre até que ponto estamos preparando os alunos para irem além das cópias, a importância de conhecer e não confundir as redes sociais com os serviços das redes sociais, a discussão dos critérios de uso, a impossibilidade de o professor não se dispor a usar ou a necessidade de aprender a usar as tecnologias, e o medo de usar as TIC como indicador de um fracasso que não considera a condição de continuar a aprender sempre, e os riscos de associar os usos da tecnologia com resultados. Sem dúvida, essa discussão foi e vai longe...
Reproduzido do Blog “Educação, Mídia e Cultura” por Monica Fantin
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