sexta-feira, 29 de julho de 2011

Murdoch e o espírito do capitalismo


Murdoch e o espírito do capitalismo

Para romper o véu ideológico que encobre as empresas de comunicação, as comparo com os donos dos velhos armazéns de secos e molhados, sempre de olho na possibilidade de comprar os estabelecimentos dos concorrentes, sonhando com a formação de grandes redes de lojas.

Laurindo Lalo Leal Filho
28 jul 2011

A falta de leitura dos clássicos nos cursos de comunicação – O Capital, entre eles – obriga-me, muitas vezes, a recorrer a comparações singelas para explicar em palestras para estudantes a formação dos monopólios na mídia.

Preciso, antes de tudo, dessacralizar as empresas de comunicação. Por ingenuidade ou má fé, elas são vistas ou apresentadas apenas como instituições sociais, obscurecendo a natureza capitalista de suas estruturas básicas.

Para romper esse véu ideológico, as comparo com os donos dos velhos armazéns de secos e molhados, sempre de olho na possibilidade de comprar os estabelecimentos dos concorrentes, sonhando com a formação de grandes redes de lojas.

Essa mesma lógica, da acumulação capitalista, tão bem descrita por Marx na sua principal obra, preside a formação dos conglomerados de comunicação. De um jornal isolado, empresários mais audazes e bem relacionados, formam redes que, de locais passam a regionais, nacionais e, hoje, são globais. Exemplo a News Corporation, de Rupert Murdoch.

Alguns países impõem limites internos ao processo de concentração. No entanto, as rápidas e recentes transformações tecnológicas têm facilitado a superação desses obstáculos por empresas globalizadas.

Sons e imagens, emitidos de qualquer parte do planeta, circulam quase sem nenhuma possibilidade de restrições. O que, em princípio, pode parecer um avanço na liberdade de informação e opinião, com o processo de acumulação capitalista, torna-se um retrocesso, na medida em que reduz globalmente os criadores e emissores desses produtos.

Se como no caso dos supermercados os monopólios liquidam com a concorrência nas duas pontas, impondo preços aos produtores e aos consumidores, no caso da mídia as conseqüências são ainda mais graves.

Os bens por ela oferecidos não se esgotam, como qualquer mercadoria, no ato do consumo. Ao venderem valores, hábitos e idéias seus produtos permanecem nos corações e mentes do público por muito tempo depois de consumidos, às vezes por toda a vida.

Se a concentração dá ao dono da rede de supermercados um poder brutal para o enriquecimento econômico, ao empresário da comunicação esse poder é somado e combinado com o que lhe dá a possibilidade de impor a sua visão de mundo ao mundo e nele interferir diretamente. É ainda muito mais brutal.

Exemplo dessa imposição é o da invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Mais de 200 editores das empresas de comunicação de Murdoch, espalhadas pelo mundo, foram obrigados a publicar matérias inverídicas justificando o ataque.

Poder político global combinado com uma acumulação de capital tão grande faz com que seus possuidores se sintam senhores do mundo. Não apenas para autorizar bisbilhotagens telefônicas mas para romper com qualquer obstáculo às suas pretensões de seguir ampliando os poderes conquistados.

A crise gerada pela revelação do uso de escutas ilegais pelos jornais de Murdoch permitiu a descoberta de outras práticas, usadas para ampliar ainda mais o seu império. O sonho do magnata australiano de possuir uma rede de televisão no Reino Unido estava prestes a se concretizar.

Num país onde as regras para a concessão de canais abertos são rigorosas e passam por um amplo debate público a empreitada de Murdoch não era fácil. Mas ele encontrou um atalho.

Depois de apoiar o Partido Conservador nas últimas eleições gerais (na anterior havia apoiado o Trabalhista, de Blair), Murdoch se achou no direito de lançar uma nova cartada.

Seus executivos iniciaram contatos diretos com o primeiro ministro David Cameron buscando autorização do governo para comprar por oito bilhões de libras (aproximadamente 20 bilhões de reais) a maior rede de TV por satélite do pais, a BSkyB, com cerca de 10 milhões de assinantes.

O negócio, ao que tudo indica, está suspenso. O que não quer dizer que esteja acabado. A lógica da acumulação é inexorável.

Se há 20 bilhões de reais para serem investidos eles serão, de uma forma ou de outra. Resta saber se Murdoch insistirá no sonho inglês ou buscará ocupação para o seu dinheiro em outras plagas.

As escutas telefônicas realizadas pelos jornais da News Corporation são, sem dúvida, um crime grave. Mas o pensamento único globalizado, produto da acumulação do capital, é um crime ainda mais grave, praticado contra a humanidade.

De positivo, a partir dessas revelações, temos a esperança de que a conversa fiada sobre liberdade de imprensa no capitalismo seja, pelo menos, um pouco mais relativizada.

Reproduzido de Carta Maior

Leia também "A necessidade de (alguma)  regulação para a imprensa", por Lilia Diniz no clippind do FNDC, e no Observatório da Imprensa, clicando aqui.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Secom/RS promove seminário sobre o que mudou e o que precisa mudar na Comunicação


Secom/RS promove seminário sobre o que mudou e o que precisa mudar na Comunicação

 

Secretaria Estadual de Comunicação do Rio Grande do Sul promove uma série de seminários regionais com o tema "Comunicação em Pauta - O que já mudou e o que ainda precisa mudar". Ao todo, serão realizados nove encontros regionais e, no final do ano, um seminário estadual em Porto Alegre. Para o primeiro encontro, que será realizado nesta quinta-feira (28), em Santa Maria, foram convidados especialistas em televisão pública, direito à comunicação e em inclusão digital.

 

O primeiro encontro ocorre nesta quinta-feira (28), em Santa Maria, a partir das 18h30min, no auditório da Câmara de Indústria e Comércio (Cacism), rua Venâncio Aires, 2035. Ao todo, serão realizados nove encontros regionais. Dois deles serão temáticos, com pautas voltadas à discussão sobre a mulher e a mídia e o negro e a mídia.

Além disso, será realizado um seminário estadual, previsto para o mês de dezembro, em Porto Alegre, que deverá finalizar a série de debates.

Organizados pela Diretoria de Políticas Públicas da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital (Secom), os seminários pretendem debater o marco regulatório das comunicações no país, os processos de convergência tecnológica e o fortalecimento do sistema público de comunicação.

Segundo Cláudia Cardoso, diretora de Políticas Públicas da Secom/RS, que irá mediar os debates, os seminários “Comunicação em Pauta” tem como objetivo reativar os movimentos sociais pró-conferência estadual de comunicação, conhecer a realidade e acolher as demandas de quem faz comunicação nas diversas regiões do Estado e promover a participação do poder público no debate sobre o direito à comunicação. Para o encontro inaugural de Santa Maria, foram convidados especialistas em televisão pública, em direito à comunicação e em inclusão digital. Também participarão dos debates a secretária estadual de Comunicação, Vera Spolidoro, e o diretor-geral da Secom, Luciana Ribas.

A programação do encontro em Santa Maria, dia 28 de julho de 2011:

Painel 1: Direito à Comunicação - Importância de um novo marco regulatório e dos conselhos de comunicação social
Painelista: Andréa de Freitas - Delegada à Confecom 2009, Secretária Adjunta da Secretaria de Comunicação de Canoas – RS

Painel 2: Inclusão Digital
Painelista: Cláudio Dutra - Vice-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs)

Painel 3: TV Comunitária - Comunicação pública e a Telesur
Painelista: Carlos Alberto Almeida - Jornalista, presidente da TV Cidade Livre de Brasília

Josué Lopes, telefone (51)3210 4270, josue-lopes@secom.rs.gov.br ou Ramênia Cunha, (51)3210 4310, ramenia-cunha@secom.rs.gov.br

Secom/RS no Twitter

terça-feira, 26 de julho de 2011

Consumir ou ser consumido...


Consumir ou ser consumido: dilema cristão pós-moderno*

A diferença entre consumo e consumismo é que no primeiro as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para sobrevivência. Já no consumismo a pessoa gasta tudo aquilo que tem em produtos supérfluos. Podem não ser de boa qualidade nem os mais indicados, porém ela tem curiosidade de experimentar devido à propaganda e ao apelo dos produtos de marca.

No entanto, a definição de necessidade e de supérfluo é algo relativo, já que um produto considerado supérfluo para alguém pode ser essencial para outra pessoa, de acordo com as camadas sociais a que a população pertence. Isso pode gerar violência, pois as pessoas que cometem crimes na maioria das vezes não roubam ou furtam por necessidade, e sim por vontade de ter aquele produto e não possuir condições de adquiri-lo. Nesses casos, a necessidade de consumo se torna uma doença, uma compulsão, que deve ser tratada para evitar maiores danos à pessoa. Muitas vezes, o consumismo chega a ser uma patologia comportamental. Pessoas compram compulsivamente coisas que não irão usar ou que não têm utilidade, apenas para atender à vontade de comprar.

A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. Trouxe o desenvolvimento num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados. Trouxe também várias consequências negativas por não se ter preocupado com o meio ambiente.

Maria Clara Lucchetti Bingemer
Teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio

Leia o texto completo em Adital, clicando aqui.

*Copyright 2011 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

Reproduzido aqui no Filosomídia com a permissão da autora.

Uso de tablets em escolas no lugar de livros didáticos: o que muda?


Especialista faz ressalvas ao uso de tablets em escolas

O uso de tablets no lugar de livros didáticos pode até piorar o aprendizado dos alunos caso os professores não mudem a maneira como trabalham os conteúdos.

Essa é a opinião do professor da Escola de Educação e da Escola de Engenharia da Universidade Stanford (EUA), Paulo Blikstein, 39, que desenvolve projetos com foco em tecnologia de ponta para uso em escolas.

Em entrevista à Folha, ele defende a exclusão de conteúdos curriculares, especialmente nas áreas de matemática e ciências, e diz ser positivo o fim da obrigatoriedade do ensino da letra cursiva nos EUA.

Formado em engenharia pela Escola Politécnica da USP, mestre pelo MIT Media Lab e doutor pela Northwestern University (Chicago), Blikstein estará no Brasil nos dia 17 e 18 de agosto, quando participa da Sala Mundo Curitiba 2011 --encontro internacional de educação que reúne educadores do mundo todo.


Folha Online
25 jul 2011

Leia a entrevista completa na Folha/UOL clicando aqui.

Leia também “Impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido, diz OCDE” clicando aqui.


Leia também "Gilberto Dimmenstein: a ponte de invenções de Paulo Blikstein" clicando aqui.

Conheça a página de Paulo Blikstein clicando aqui.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

OCDE: impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido


Impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido, diz OCDE

Redação
Folha Online
25/07/2011

Relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), divulgado no final de junho, compara dados de acesso às tecnologias da informação e comunicação, em casa ou na escola, com alguns dos resultados do Pisa, de 2009 (íntegra em inglês aqui).

Dos 70 que participam do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), apenas alunos de 15 anos de 16 países foram analisados neste novo relatório.

Uma das principais conclusões a que se chegou é que ainda não se pode medir o impacto do acesso a computadores e internet em sala de aula a resultados acadêmicos mais positivos. Segundo afirma seus redatores, é preciso investigar a qualidade das atividades desenvolvidas durante o período escolar para poder chegar a alguma conclusão.

Por outro lado, de maneira surpreendente, o relatório afirma no entanto que o mesmo acesso em casa tem influência positiva nas habilidades de leitura em ambiente digital e nas competências de navegação. Como, nesse caso, as atividades estão em geral mais ligadas ao interesse particular dos alunos, é essa motivação diversa que, segundo os autores, deve se refletir de maneira diferente nos dados.

Inclusão digital

A média de acesso nos países que participam do Pisa aumentou nos últimos dez anos. Em 2000, a porcentagem de estudantes que tinha computadores em casa era de 72%; em 2009, 94%. Acesso à internet em casa saltou de 45% para 89% no mesmo período.

Mas a diferença de inclusão digital ainda persiste entre países. Enquanto os cidadãos da Holanda, Finlândia e Noruega têm acesso quase universal ao computador e à internet em casa, menos da metade dos estudantes mexicanos têm tal condição. Onze países membros têm acesso considerado baixo, sendo os piores o Quirguistão (14%) e Indonésia (8%).

O uso de tecnologias da informação nas escolas parece compensar a falta de acesso nas residências em países como Portugal, Itália, Polônia, Hungria, Grécia e Suiça.

Reproduzido da Folha
Via clipping FNDC


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Murdoch é produto da mídia sem regulação


Murdoch é produto da mídia sem regulação

Virginia Toledo
19/07/2011

Episódio das escutas telefônicas ilegais na Inglaterra mostra necessidade de que sociedade disponha de mecanismos democráticos para coibir abusos da indústria da informação

Presidente-executivo da News Corp, Murdoch, é envolvido em escândalos de escutas telefônicas feitas por um de seus jornais (Foto: Paul Hackett/Reuters)

São Paulo – Os mais de 4 mil grampos ilegais relacionados ao tabloide inglês News of the World acenderam as chamas de muitas polêmicas acerca do poder ilimitado de um conglomerado, como o do empresário australiano Rupert Murdoch. E nem a onda de pedidos de demissão, depoimentos e prisões é capaz de apagá-las. Ao contrário.

O episódio fornece ainda mais combustível para os defensores de que as práticas jornalísticas sejam revistas, sobretudo a diferenciação entre a liberdade de imprensa e liberdade dos donos da imprensa, o que passa pela regulação da mídia, a eficiência de governos e o poder da sociedade em conter a formação e o reinado de oligopólios midiáticos – em que interesses econômicos e políticos sobrepõem-se ao interesse público.

O professor Venício Artur de Lima, em entrevista ao Terra Magazine, considera que apesar de haver códigos de ética nas redações dos jornais, o comportamento que violou direitos individuais era originado de uma atividade empresarial, pois tinha o conhecimento dos proprietários do jornal, e não somente de um ou outro jornalista.

Ele vê no episódio a comprovação de que comissões autorregulatórias, como as que existem na Inglaterra, não bastam para coibir abusos. Segundo ele, há inúmeras comprovações de que a autorregulação é necessária, mas de caráter complementar a uma regulação feita por mecanismos democráticos.

Venício considera inadiável a regulação da mídia no Brasil, mas por motivos claros, o debate não progride porque os grupos empresariais do setor não têm interesse.

"Nem mesmo o Conselho de Comunicação Social, como órgão auxiliar do Congresso Nacional, sem qualquer poder deliberativo, nem isso, que foi regulamentado em 1991, consegue funcionar", lamenta, lembrando que o órgão foi instalado pela primeira vez em 2002, funcionou não mais do que precariamente e por curtos períodos. "É uma vergonha", lamentou o professor.

Murdoch foi ouvido nesta terça-feira (19) pelo Comitê de Cultura, Mídia e Esportes da Câmara dos Comuns do Parlamento britânico para se defender das acusações de escutas telefônicas ilegais que envolveram seu grupo de mídia. O empresário lamentou não ter agido antes para evitar a proporção da crise. Mas negou alguma responsabilidade direta pelos escândalos.

Os grampos feitos pelos jornais do grupo foram de celebridades a políticos britânicos, como o ex-primeiro ministro, Gordon Brown, passando também por Alex Pereira, primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia londrina em 2006.

O jornalista Alberto Dines, em artigo no Observatório da Imprensa, considerou promíscua a relação da imprensa – neste caso, os veículos de Murdoch – com o poder econômico . "A promiscuidade da imprensa com o poder econômico é ruinosa para ambos. Murdoch vive desta promiscuidade, cresceu graças a ela", escreveu Dines.

Dines afirma que o australiano conseguiu acabar com a credibilidade da instituição jornalística porque os órgãos de controle nos EUA e no Reino Unido – encarregados de desativar oligopólios – não o impediram. "Se Murdoch atuasse no segmento da aviação comercial ou da indústria farmacêutica, mesmo que fosse mais inescrupuloso do que é, não teria chegado aonde chegou", observou.

Reproduzido do clipping FNDC

Leia "Murdoquinho e Murdocão: uma dupla que não convence" no Blog do Velho Mundo na Rede Brasil Atual clicando aqui, e também "Rupert Murdoch: um império na alça da mira" clicando aqui. Por Flávio Aguiar.


Leia também "News Corp. ficará mais forte após escândalo', diz Murdoch", por Parbul revista Veja, no FNDC, clicando aqui,

Blogs mantidos em portais são mais lidos que jornais impressos


Blogs mantidos em portais são mais lidos que jornais impressos

Izabela Vasconcelos
Comunique-se
20/07/2011

Você sabe a abrangência de um blog? Com 73 milhões de internautas no Brasil, em alguns casos, ela pode ser maior que a dos jornais impressos. É o caso dos blogs de Juca Kfouri (UOL), Patrícia Kogut, Fernando Moreira, Ricardo Noblat (O Globo) e Marcelo Tas (Terra). A maioria deles supera a circulação dos dez maiores jornais brasileiros, que variam entre 295 e 125 mil exemplares diários, de acordo com dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

O blog de Patrícia Kogut, que aborda cultura e televisão, atinge mais de cinco milhões de leitores por mês (visitantes únicos), com 14 milhões de páginas visualizadas.

O blog de esportes de Juca Kfouri chega a ter três milhões de visitantes únicos por mês, com quase cinco milhões de visualizações de página.

Fernando Moreira, do Page Not Found, com assuntos inusitados, se destaca com uma média de quatro milhões de páginas visualizadas mensalmente, com 1,7 milhão de visitantes únicos.

Ricardo Noblat, que cobre política, aparece com uma média de 257 mil visitantes únicos/mês (mais de um milhão de page views), e Marcelo Tas, apresentador do CQC, com 200 mil/mês, com picos de 300 mil.

Blogs são aliados do impresso

Apesar da diferença no número de leitores, os blogs e os jornais/portais, não aparecem como rivais, mas se complementam, já que os donos de grandes veículos mantêm as páginas líderes de audiência hospedadas em seus sites, como é o caso do UOL/Folha, O Globo e Terra.

Reproduzido do clipping FNDC

Criança, a alma do negócio: debate em Salvador/BA



Documentário disponível em seis partes clicando aqui.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mídia comercial, preconceitos e estereótipos: favelas, páginas policiais e programas populares de rádio e TV


Mídia comercial só mostra a violência das favelas e ignora as reivindicações dos pobres, reclamam comunidades

Rio de Janeiro – A mídia comercial não deve restringir a cobertura do cotidiano das favelas às páginas policiais ou aos programas populares de rádio e TV. O apelo foi feito hoje (18) durante a abertura do 1º Encontro Nacional de Correspondentes Comunitários do Viva Favela, que se estenderá até a próxima sexta-feira (22), no Memorial Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Segundo os participantes do evento, a chamada grande imprensa vem reforçando, aos longos de décadas, preconceitos e estereótipos em relação às comunidades pobres.

Além de debater a forma como a mídia comercial cobre os temas que envolvem as populações mais carentes, o evento tem outros dois objetivos: avaliar os dez anos do site criado pela organização não governamental Viva Rio e incentivar o jornalismo comunitário a produzir reportagens para as redes sociais.

De acordo com jornalistas que trabalham em veículos comunitários, há uma grande resistência da mídia comercial (jornais, site, rádios e TVs) em mostrar conteúdos positivos sobre a vida em suas comunidades ou reivindicações que pressionem governos por serviços públicos.

Da comunidade da Maré, na zona norte da cidade do Rio, a jornalista Rosilene Miliotti criticou a presença de equipes de reportagens nas comunidades pobres apenas para cobrir ações policiais violentas. "Quando é uma coisa legal, eles não vão dizendo que o local não é violento, não tem UPP [Unidade de Polícia Pacificadora]. Mas quando tem tiroteio, eles estão lá."

A jornalista reclama também da pouca visibilidade ou da falta de acompanhamento por parte da imprensa de crimes ocorridos dentro das comunidades, como sequestros, assassinatos e roubos. Rosilene aproveitou para denunciar mais um arrombamento da sede do Movimento Enraizados, no Complexo do Alemão, na zona norte. Até agora, o crime não foi esclarecido.

Na periferia de Salvador, a situação é semelhante, conta o jornalista Ivan Luiz. Lá, relata, as equipes de reportagem acompanham ao vivo as operações policiais. "A imprensa invade a comunidade com a polícia, mas não faz reportagens sobre a nossa cultura ou nossos artistas. Temos uma classe média que cresce com a oferta de serviços e que ninguém descobriu."

Estar na grande imprensa é uma das formas de romper preconceitos, mas não é a única, segundo a jornalista Angelina Miranda, de Capão Redondo, em São Paulo. "Não estou certa de que as corporações por trás desse sistema querem mudá-lo. O melhor é que continuemos nós mesmos a produzir e republicar nosso conteúdo sem intermediários".

A veiculação das colaborações para o site Viva Favela já rendeu prêmio a ONG Viva Rio e hoje constitui um acervo importante de memória das comunidade e de denúncia social, de acordo com o coordenador Rubem Cesar Fernandes. Segundo ele, o projeto continuará com foco na produção de textos, imagens e áudios, com a possibilidade de expandir a rede para outros países.

"O Viva Favela é um veículo de comunicação nacional, colaborativo, que vem da favela para fora, para o mundo. O site ajudou a quebrar o grandes mitos. E temos espaço para expansão. Um Viva Favela falando inglês, francês, espanhol, com outras favelas mundo afora."

O evento inclui ainda oficinas, debates sobre políticas de comunicação e de cultura, além de shows.

Isabela Vieira
Agência Brasil
19/07/2011


Edição: João Carlos Rodrigues

Reproduzido do clipping FNDC

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os donos da mídia e a resistência necessária


Os donos da mídia e a resistência necessária

Não é nenhuma novidade. O abuso de poder imposto pela propriedade privada dos meios de comunicação públicos é, sem sombra de dúvidas, um atentado à democracia e precisa ser enfrentado. No entanto, a forma com que os agentes políticos e econômicos operam no setor das comunicações, seja no Brasil, seja na Europa, demonstra que o embate a ser feito necessita de uma base social sólida; autônoma das decisões do Estado e do mercado e, sobretudo, consciente do seu papel decisivo para a transformação social. Neste sentido, é preciso apontar na direção de outras esferas de extensão da vida em sociedade, as quais ultrapassam o domínio político para se legitimarem em ações de cunho coletivo, mesmo as de pouca visibilidade.

Confere-se, assim, papel de destaque às iniciativas midiáticas essencialmente independentes. Em âmbito acadêmico, comunitário ou sindical, não são poucas as experiências de caráter não hegemônico o que, por si só, não representa uma ameaça ao modelo comercial, mas indica o avanço da comunicação que se reivindica alternativa. Por falta de incentivo do governo e considerando as amarras da legislação brasileira, que não permite o apoio comercial e ameaça a sustentabilidade destes veículos, provoca-se um anonimato estratégico, colaborando para a manutenção da ordem conservadora.

Na Europa, os exemplos de Rupert Murdoch e Silvio Berlusconi atestam para os riscos da liberalização do capital, principalmente quando está direcionada ao uso do poder exercido através dos meios de comunicação. A legislação italiana também se mostra falha, pois permite que o atual primeiro-ministro, no cargo há mais de 16 anos, mantenha o controle dos principais meios de comunicação do país. Através do grupo audiovisual de maior expressão na Itália, o Mediaset, Berlusconi promove a marketização de projetos pessoais, tanto a nível institucional, quanto ideológico. Na mesma linha atua Murdoch, dono da News Corporation, hoje disputando espaço com os principais conglomerados de mídia do mundo como o The Walt Disney Company e a Time Warner.

Murdoch não enfrentou problemas em concretizar a aquisição do principal concorrente no mercado de serviço de televisão por satélite, tendo, inclusive, o aval do governo Thatcher. A News Corporation obteve o sinal verde para evitar uma análise da operação e começar a negociar os termos do acordo do contrato, efetuando a compra total das ações da transmissora de TV por satélite BSkyB, algo em torno de 14 bilhões de dólares. Os casos europeus comprovam o poder exercido pelos donos das megacorporações midiáticas sobre os governos de turno.

Diferente do que ocorre na Europa, onde existe o predomínio do sistema público, no Brasil, evidencia-se a atuação da propriedade privada dos meios de comunicação. Contudo, esta mudança de paradigma não diminui as ingerências dos empresários de mídia sobre os órgãos deliberativos do Estado, espaço propício para a utilização do serviço de concessões como moeda de troca, sempre que convém ao governo. Fator que acaba sendo reforçado pelo controle exercido sobre alguns veículos ditos comunitários, prática comum entre políticos da base e da oposição.

Diante disso, é preciso reforçar o caráter independente das produções midiáticas, as quais estão contidas no domínio daquilo que se convencionou chamar de comunicação alternativa. A viabilidade de novos agentes no mercado, premissa forte da liberalização, pode ser utilizada como estratégia democratizante quando aplicada tanto ao modelo público, monopolista, quanto ao privado, oligopolista. Empregado para fins particulares, o mercado, mesmo quando regulado, não costuma responder aos interesses públicos mais básicos. Como é o caso da participação social no processo produtivo.

A descentralização na produção de conteúdos e na gestão das emissoras de caráter alternativo permite a autonomia dos sujeitos sociais envolvidos no processo de construção das novas experiências comunicacionais. Tais medidas permitem, ainda, a experimentação, geralmente descartada pelos administradores do modelo público e do privado, já que estão em jogo as regras de sobrevivência e aceitação de cada sistema.


Isto implica a necessidade de opor-se a qualquer medida que procure assegurar o domínio de uma classe sobre a outra. É comum, por meio de pressões políticas ou psicológicas, que um grupo dirigente tente coibir a atividade crítica e a resistência às suas tomadas de decisão. Portanto, infere-se que todo consenso formado em torno destes aparelhos prejudica a livre atividade de expressão e de manifestação dos atores sociais não hegemônicos.

Quando se coloca frente a frente os dois modelos, sem discutir a distribuição de poder, não se estão evidenciando os riscos de fracasso aos quais estão submetidas as experiências alternativas. O simples afastamento da estrutura de mercado não é suficiente para evitar os abusos de poder, que podem assumir uma postura autoritária sob o véu da regulação pública. Esta tomada de posição, sem as devidas ressalvas, poderia equivaler a submeter-se em operar enquanto aparelho privado do Estado, não aderindo às regras de jogo do mercado, mas, também, não exercendo livremente o direito à comunicação. Na verdade, a mídia independente precisa achar as brechas para operar em qualquer um dos casos, pois, no atual contexto, ambos reproduzem uma ideologia particular e estão a serviço das forças dominantes.


Eduardo Silveira de Menezes
CEPOS . Unisinos

Publicado originalmente na Revista do Instituto Humanitas Unisinos
360 - Ano XI 09.05.2011 
IHU ON-Line
Via Exílio Midiático

Leia também "Os magnatas da mídia no mundo e Brasil" clicando aqui.

Veja também a página "Donos da Mídia", no Brasil, clicando aqui.

Os magnatas da mídia no mundo e Brasil


Conheça os principais magnatas da mídia no mundo


Redação
BBC Brasil
16/07/2011

O escândalo provocado pela revelação de que o tabloide News of The World, pertencente ao bilionário australiano Rupert Murdoch, teria grampeado celulares de milhares de pessoas aumentou a preocupação sobre o nível de controle exercido por uma só empresa na mídia britânica.

No entanto, em todo o mundo, empresas de mídia – seja veículos impressos ou de telecomunicações – são dominadas por magnatas que ostentam grandes fortunas e exercem influência considerável.

Crise na imprensa

Conheça alguns dos principais nomes da mídia em diversos países:

Brasil

O mercado de mídia no Brasil é dominado por um punhado de magnatas e famílias. Na indústria televisiva, três deles têm maior peso: a família Marinho (dona da Rede Globo, que tem 38,7% do mercado), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo (dono da Rede Record, com 16,2%) e Silvio Santos (dono do SBT, 13,4% do mercado).

A família Marinho também é proprietária de emissoras de rádio, jornais e revistas – campo em que concorre com Roberto Civita, que controla o Grupo Abril (ambos detêm cerca de 60% do mercado editorial).

Famílias também controlam os principais jornais brasileiros – como os Frias, donos da Folha de S.Paulo, e os Mesquita, d’O Estado de S. Paulo (ambos entre os cinco maiores jornais do país). No Rio Grande do Sul, a família Sirotsky é dona do grupo RBS, que controla o jornal Zero Hora, além de TVs, rádios e outros diários regionais.
Famílias ligadas a políticos tradicionais estão no comando de grupos de mídia em diferentes regiões, como os Magalhães, na Bahia, os Sarney, no Maranhão, e os Collor de Mello, em Alagoas.

América Latina

No México, o grupo Televisa tem três canais de TV nacionais, duas operadoras de TV a cabo e um ramo editorial, além de ser dono de três clubes de futebol. O grupo ainda tem 5% das ações da Univisión, o maior canal hispânico dos Estados Unidos.

O diretor-executivo do grupo, Emilio Azcarraga Jean, é um dos mais influentes empresários do país.

Os programas da Televisa concentram 70% do mercado publicitário mexicano televisivo. O restante fica com a principal concorrente, a TV Azteca.

Na América Central, boa parte da mídia é controlada pelo mexicano Ángel González, baseado em Miami. Para driblar as leis que restringem estrangeiros no comando das empresas, ele usa laranjas para controlar 26 canais de TV e 82 estações de rádio em 12 países, o que lhe rendeu o apelido de “Fantasma”.

Na Colômbia, o segundo homem mais rico do país segundo a revista Forbes, Julio Mario Santo Domingo, tem participação nos negócios mais variados, de cervejarias a companhias aéreas. Ele se destaca, no entanto, por ser o dono da TV Caracol (com 58% da audiência e 52% do mercado publicitário, em dados de 2004) e do segundo jornal do país, o El Espectador.

O principal concorrente é o Casa Editorial El Tiempo, dono do maior jornal do país, o El Tiempo, além de várias revistas e de um canal de TV a cabo. A empresa é controlada pelo grupo espanhol Prisa.

África

A Nation Media Group (NMG) é a maior empresa de mídia do leste da África, com braços de mídia eletrônica e impressa. Aga Khan - o líder espiritual da comunidade ismaelita, um ramo do islamismo xiita - é o maior acionista da empresa, com 49% das ações.

No Quênia, o grupo é dono do jornal diário de maior circulação, o Daily Nation, além de outras duas publicações diárias e uma semanal, duas estações de rádio e uma emissora de TV.

Em Uganda, o NMG tem um jornal, o Daily Monitor, uma estação de rádio e uma emissora de TV. Na Tanzânia, Aga Khan se diz proprietário de duas publicações diárias.

O grupo também planeja sua expansão em Ruanda, onde tem planos de comandar um jornal diário e uma emissora de TV. Aga Khan tem o objetivo de estabelecer um conglomerado de mídia pan-africano.

Estados Unidos

A americana Anne Cox Chambers, 91 anos, controla o maior grupo de mídia do país, chamado Cox Enterprises, fundado por seu pai em 1898.

O império controla jornais, emissoras de rádio e TV e canais a cabo em diversos Estados americanos.

Segundo a revista Forbes, o patrimônio de Anne em 2010 estava em US$ 12,4 bilhões, duas vezes maior que o de Rupert Murdoch, dono da News Corporation.
Emilio Azcarraga, da Televisa

A Televisa de Emilio Azcarraga é dona de 70% do mercado publicitário das televisões no México

Rússia

O governo russo continua a ser o maior controlador da mídia local desde que o ex-presidente e atual primeiro-ministro Vladimir Putin reestatizou o maior canal de TV do país, o ORT, em 2000. Ele também transferiu o controle privado do canal NTV para a petrolífera estatal Gazpom.

Além disso, o governo comanda o grupo Rossia, controlador das três únicas TVs de cobertura nacional, além de canais a cabo e dezenas de emissoras locais. Atualmente, o Kremlin controla todas as principais TVs russas.

A mídia impressa é menos concentrada. O principal jornal, o Kommersant, é propriedade do magnata Alisher Usmanov, um dos donos do time inglês Arsenal.

Outro magnata, o ex-espião da KGB Alexander Lebedev, é dono do principal jornal de oposição, o Novaya Gazeta. Ele também tem negócios no Reino Unido, onde controla os jornais The Independent e The Evening Standard.

Sudeste asiático

Homem mais rico da Malásia, o empresário de origem chinesa Tiong Hiew King controla cinco jornais diários e 30 revistas nas comunidades de língua chinesa na Malásia, em Hong Kong, nos Estados Unidos e no Canadá.

Reproduzido do FNDC

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Leia também "Os donos da mídia e a resistência necessária", por Eduardo Silva de Menezes na Revista do Instituto Humanitas Unisinos clicando aqui, ou no "Exílio Midiático" clicando aqui. Do mesmo autor, leia "O que Murdoch, teixeira e a Seleção Brasileira têm em comum" clicando aqui.