segunda-feira, 28 de março de 2011

O "entretenimento" inútil e absurdo em ônibus e metrô


O "entretenimento" - leia-se TV's e só - em ônibus e metrôs de São Paulo mascaram uma triste realidade, a do tempo que passamos sem fazer nada, presos no trânsito, em meio a grandes multidões, espremidos, esperando 5, 10 trens passarem para poder embarcar em algum sem nenhuma garantia de conforto.

Ao invés de resolver o problema - ao menos de tentar, investindo pesadamente em metrô, corredores de ônibus e não em transporte individual - a solução encontrada foi a de aumentar os lucros e a de "entreter" o passageiro.

De que importa passar 3 horas dentro do ônibus se você tem a maravilhosa oportunidade de ver Malhação e as novelas com descrição ou milhares de vinhetas sem qualquer graça e "dicas culturais" absolutamente inúteis? No metrô a diversão é, espremido, tentar enxergar alguma coisa em meio às centenas de propagandas repetidas nos pequenos monitores.

A idéia é fazê-lo esquecer do suplício pelo qual você está passando. Mas a idéia falha miseravelmente. Seja pela qualidade duvidosa da programação, pela intenção clara em muitos casos de simplesmente vender propaganda ou pela obrigação de assistir à Globo em pleno engarrafamento.

O cerne da questão, o e resolver o problema do trânsito e das inúmeras horas apertado, suando e desconfortável, não está em questão. Tampouco reverter para os usuários - através de redução do preço da passagem - a grana em propaganda (pelo menos isso) que as empresas de ônibus e o metrô recebem.

Poderíamos até pensar em ler um livro, ou as empresas poderiam incentivar a leitura de livros, jornais e revistas, mas é complicado com quase 10 pessoas por metro quadrado no metrô ou em ônibus em que as portas só não ficam abertas porque é proibido. Impensável para a maioria pensar em ler em ambiente tão inóspito e em situação mais  desagradável. Mas sempre encontramos um ou outro resistente se equilibrando precariamente com um livro nas mãos.

Somos perseguidos por programinhas de conteúdo duvidoso, por pseudo-entretenimento global enquanto perdemos horas de nossas vidas em engarrrafamentos sem solução. Sofremos em dobro.

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