segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Jornalismo, blogs e redes sociais: entre a civilização e a barbárie


"A recusa de considerar-se visões de mundo diferentes da nossa separa-nos da universalidade humana e mantém-nos mais perto do pólo da barbárie" (Tzvetan Todorov)

Em seu livro O medo dos bárbaros, o pensador búlgaro Tzvetan Todorov atualiza os já tão desgastados conceitos de civilização e barbárie, trazendo uma definição muito útil destes termos para pensarmos o mundo contemporâneo.

O autor distancia-se das noções de civilização e barbárie que ficaram conhecidas principalmente com a experiência do neocolonialismo ou com a vertente da antropologia relacionada ao multiculturalismo. Tentando estabelecer critérios transculturais na definição dos dois conceitos, Todorov defende que a barbárie acontece quando negamos a plena humanidade do outro e a civilização, em um movimento contrário, aprimora-se quando reconhecemos a plena humanidade em pessoas diferentes de nós. No entanto, nenhuma cultura (ou indivíduo) seria absolutamente bárbara ou definitivamente civilizada, já que estes dois pólos seriam possíveis em qualquer ação humana, constitutivos de nossa humanidade.

Pensando então que barbárie pode ser entendida como a desumanização do outro, podemos concluir que boa parte das atitudes jornalísticas da grande mídia sempre foi pautada pela característica central da barbárie: deslegitimação de adversários políticos, criminalização de movimentos sociais, desumanização da pobreza e dos “criminosos”, eis alguns dos vários exemplos da incapacidade de muitos meios de comunicação de respeitar as diferenças e as visões de mundo contrárias aos seus interesses.


(...) os jornalistas e demais indivíduos, grupos sociais, partidos políticos, entre outros, não estão (em boa parte) apenas reproduzindo nas novas ferramentas de comunicação os mesmos preconceitos, intolerâncias e práticas de desumanização da diferença que sempre marcaram a maioria dos meios de comunicação não virtuais. Será que os blogs e as redes sociais contribuem para o fortalecimento da civilização, entendida como o reconhecimento da plena humanidade no outro (e na sua cultura e visão de mundo diferente)? Penso que o debate sobre essa questão não deve ser adiado, pois a confusão entre tecnologia e “progresso” (seja no jornalismo em particular ou na sociedade como um todo) ainda reúne um grande contingente de iludidos.

Icaro Bittencourt . Colaboração para o Jornalismo B

Leia o texto cpmpleto clicando aqui.

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